A parábola evangélica dos talentos teve influência também "no plano histórico-social", promovendo "uma mentalidade activa e empreendedora" entre os cristãos. Disse o Papa durante o Angelus de domingo 16 de Novembro, aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.
Queridos irmãos e irmãs
A Palavra de Deus deste domingo o penúltimo do ano litúrgico convida-nos a ser vigilantes e empreendedores, à espera da volta do Senhor Jesus no fim dos tempos. A página evangélica narra a célebre parábola dos talentos, citada por São Mateus (cf. 25, 14-30). O "talento" era uma antiga moeda romana, de grande valor, e precisamente por causa da popularidade desta parábola tornou-se sinónimo de dote pessoal, que cada um é chamado a fazer frutificar. Na realidade, o texto fala de "um homem que, ao partir para uma viagem, chamou os seus servos e lhes confiou os seus bens" (Mt 25, 14). O homem da parábola representa o próprio Cristo, os servos são os discípulos e os talentos são os dons que Jesus lhes confia. Por isso tais dons, além das qualidades naturais, representam as riquezas que o Senhor Jesus nos deixou em herança, para que as fecundemos: a sua Palavra, despositada no Santo Evangelho; o Baptismo, que nos renova no Espírito Santo; a oração o "Pai-Nosso" que elevamos a Deus como filhos unidos no Filho; o seu perdão, que Ele ordenou de levar a todos; o sacramento do seu Corpo imolado e do seu Sangue derramado. Em síntese: o Reino de Deus, que é Ele mesmo, presente e vivo no meio de nós.
Este é o tesouro que Jesus confiou aos seus amigos, no final da sua breve existência terrena. A parábola hodierna insiste na atitude interior com que acolher e valorizar este dom. A atitude errada é a do receio: o servo que tem medo do seu senhor e teme o seu retorno, esconde a moeda debaixo da terra e ela não produz qualquer fruto. Isto acontece por exemplo com quem, tendo recebido o Baptismo, a Comunhão e a Crisma, depois enterra tais dons debaixo de uma camada de preconceitos, sob uma falsa imagem de Deus que paralisa a fé e as obras, a ponto de atraiçoar as expectativas do Senhor. Mas a parábola põe em maior evidência os bons frutos produzidos pelos discípulos que, felizes pelo dom recebido, não o conservaram escondido, com receio e inveja, mas fizeram-no frutificar, compartilhando-o, comunicando-o. Sim, o que Cristo nos concedeu multiplica-se quando é doado! É um tesouro feito para ser despendido, investido, compartilhado com todos, como nos ensina aquele grande administrador dos talentos de Jesus, que é o Apóstolo Paulo.
O ensinamento evangélico, que hoje a liturgia nos oferece, incidiu também no plano histórico-social, promovendo nas populações cristãs uma mentalidade activa e empreendedora. No entanto, a mensagem central diz respeito ao espírito de responsabilidade com que acolher o Reino de Deus: responsabilidade em relação a Deus e à humanidade. Encarna perfeitamente esta atitude do coração a Virgem Maria que, recebendo o mais precioso dos dons, o próprio Jesus, ofereceu-O ao mundo com imenso amor. A Ela peçamos-lhe que nos ajude a ser "servos bons e fiéis", para que possamos um dia participar "na alegria do nosso Senhor".
No final da prece mariana, o Santo Padre saudou os fiéis presentes na Praça, recordando antes da celebração do Dia de oração pelas comunidades religiosas de clausura.
Na próxima sexta-feira, 21 de Novembro, na memória litúrgica da Apresentação de Maria Santíssima no Templo, celebrar-se-á o Dia pro Orantibus, pelas comunidades religiosas de clausura. Demos graças ao Senhor pelas irmãs e irmãos que abraçaram esta missão, dedicando-se totalmente à oração e que vivem daquilo que recebem da Providência. Por nossa vez, oremos por eles e pelas novas vocações, empenhando-nos a sustentar os mosteiros nas suas necessidades materiais. Amadas irmãs e amados irmãos, a vossa presença na Igreja e no mundo é indispensável. Estou próximo de vós e abençoo-vos com grande afecto.
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