Na breve alocução proferida antes da oração Mariana do Angelus, Bento XVI partiu das leituras deste domingo para convidar os cristãos e as pessoas de boa vontade a reflectir sobre a universalidade da missão da Igreja, constituída por povos de todas as raças e culturas. Daí a responsabilidade da comunidade eclesial chamada a ser casa de todos, sinal e instrumento de comunhão de toda a família humana. Uma questão de grande actualidade e sobre a qual é preciso reflectir de maneira aprofundada por forma a ajudar a sociedade civil a ultrapassar todas as possíveis tentações de racismo, intolerância e exclusão, e a organizar-se no respeito da dignidade de cada ser humano. É que embora a superação do racismo seja uma das grandes conquistas da humanidade, infelizmente – disse o Papa – registam-se ainda em diversos países novas e preocupantes manifestações de desprezo e discriminação racial, ligadas, muitas vezes, a problemas sociais e económicos, que não justificam, todavia, tais comportamentos. O Papa convidou, por isso, a rezar a Nossa Senhora a fim de que cresça por todo o lado o respeito por cada pessoa e a consciência de que só no recíproco acolhimento de todos é possível construir um mundo marcado pela autentica justiça e a verdadeira paz.
Bento XVI convidou também a rezar para que os cristãos considerem a condução de automóveis um campo no qual defender a vida e exercer concretamente o amor ao próximo. Um convite que aflorou ao Santo Padre devido aos numerosos e graves acidentes de viação que se verificam, particularmente na Itália, sobretudo neste período de férias. Não devemos habituar-nos a esta triste realidade – disse o Papa – pois que a vida humana é preciosa, e, é indigno do ser humano morrer de acidente de viação ou ficar inválido por toda a vida por razões que se poderiam evitar. É necessário um maior sentido de responsabilidade, antes de mais de quem conduz, o qual deve evitar excesso de velocidade e comportamentos imprudentes, muitas vezes na origem dos acidentes. É preciso sentido moral e cívico quando se conduz – frisou o Pontífice. No que toca ao sentido cívico, Bento XVI pôs a tónica sobretudo na prevenção e na repressão da parte das autoridades. A Igreja, quanto a ela, sente-se interpelada pelo aspecto moral. E aqui o Papa convida os cristãos a fazer um exame de consciência pessoal sobre a forma de conduzir o carro, e convida as comunidades a educarem todos a considerar o acto de conduzir um campo no qual defender a vida e exercer o amor ao próximo.
Ainda antes de saudar os peregrinos presentes em francês, inglês, alemão, polaco e italiano, o Papa falou da situação na Geórgia que disse continuar a seguir com atenção e preocupação, sentindo-se particularmente próximo das vítimas do conflito. Bento XVI lançou um apelo a aliviar, com generosidade, as graves dificuldades por que passam os refugiados, sobretudo mulheres e crianças, e pediu a abertura imediata de corredores humanitários entre a Ossetia do Sul e o resto da Geórgia, por forma a garantir uma digna sepultura aos mortos ainda abandonados, curas adequadas aos feridos e a reunião familiar daqueles que o desejam. O Papa não se esqueceu de recomendar que sejam garantidos a incolumidade e os direitos fundamentais também às minorias étnicas envolvidas no conflito. Por fim, Bento XVI exprimiu o desejo de que a trégua em curso, obtida graças ao contributo da União Europeia, possa consolidar-se e transformar-se numa paz estável. A concluir a sua referência à Geórgia, o Papa convidou a comunidade internacional a continuar a dar o seu apoio com vista na obtenção duma solução duradoura para aquela região, mediante o dialogo e a boa vontade comum.
No Angelus deste domingo, o Papa improvisou algumas palavras de condolências pela morte repentina do bispo de Bolzano-Bressanone, localidade, onde Bento XVI passou duas semanas de férias depois de regressar da sua viagem à Austrália.
Com profunda emoção tive a notícia da morte de Mons. Wilhelm Egger – disse – acrescentando que o tinha deixado há poucos dias aparentemente de boa saúde e que nada deixavam pensar numa sua partida tão rápida deste mundo. O Papa uniu-se depois à dor dos familiares e de toda a diocese de Bolzano-Bressanone, onde Mons. Egger era apreciado e amado pelo seu empenho e a sua dedicação. Elevando fervidas orações de sufrágio por este servo bom e fiel da Igreja, o Papa dirigiu uma bênção apostólica aos parentes, aos sacerdotes, religiosos, religiosas e fiéis da diocese de Bolzano-Bressanone.
Mons. Egger faleceu a noite passada, na sequência de um repentino mal-estar quando se encontrava no bispado. Ele era frade capuchinho e biblista.
(Fonte: Radio Vaticana)
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