Desde o século XVIII chama-se assim às três cartas dirigidas a Timóteo (duas cartas) e a Tito, discípulos e auxiliares destacados de São Paulo. A primeira a Timóteo deve ter sido escrita em fins do ano 65, possivelmente na Macedónia. Muito próxima em data e lugar, possivelmente também em fins do ano 65 e na Macedónia, é a carta a Tito. Em ambas as cartas São Paulo goza de liberdade. Pelo contrário, a terceira, que é a segunda a Timóteo, foi escrita durante o último cativeiro do Apóstolo, certamente já em Roma e próximo do seu martírio; deve indicar-se, pois, a data do ano 66 ou 67. A finalidade dos três escritos é orientar e ajudar os dois discípulos na sua tarefa de auxiliares de São Paulo no governo pastoral de várias Igrejas.
A tradição secular da Igreja reteve sempre a autenticidade paulina das três. Desde o século XIX, bastantes racionalistas e protestantes liberais puseram em dúvida ou rejeitaram tal paternidade, tomando como argumento principal que não se podia já que em vida do Apóstolo tivessem aparecido as noções de sucessão e tradição apostólicas, ordenações sagradas por imposição das mãos e uma certa hierarquia e disciplina eclesiástica. Tais noções, que aparecem nestas três cartas, ainda que de modo incipiente, repugnam a esses críticos como existentes já em anos tão antigos. Mas na realidade, tal como afirma a Pontifícia Comissão Bíblica, não há verdadeiros argumentos contra a autenticidade paulina das Epístolas Pastorais, mas opções de princípio acerca de como e quando se devia ir desenvolvendo a organização hierárquica da Igreja.
(Bíblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra – Volume II, edição em língua portuguesa – Edições Theologica – Braga – As Epístolas de São Paulo – pág. 445) Continua
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