Romanos (2)
Depois de uma longa saudação, cheia de interesse teológico, estende-se numa visão da humanidade não redimida, afastada e com inimizade com Deus depois da queda de Adão. Contempla a degradação moral dos gentios e os pecados semelhantes dos Judeus, para concluir com a absoluta necessidade da Redenção de Cristo para alcançar o perdão de Deus e a graça. Quatro noções nos parece importante sublinhar para entender a Epístola: o pecado, a morte, a carne e a Lei. Delas se tratará mais adiante, na Introdução à «Teologia» de São Paulo. O homem não redimido, submetido a essas quatro forças, só poderá livrar-se delas pela obra da Redenção operada por Cristo Jesus. A salvação provém, pois, unicamente de Jesus Cristo Nosso Senhor, e a ela aderimos pela fé, dom gratuito de Deus, não efeito das nossas obras. Mas uma vez abertos para a fé, e mediante o baptismo que nos enxerta em Cristo, podemos e devemos fazer o bem, praticar a virtude, pelo Espírito Santo, que habita em nós e completa a obra da justificação operada por Cristo, tornando-nos santos e filhos adoptivos do Pai. Assim passamos do estado de inimizade com Deus ao de amizade, do de irredenção ao da graça, a ser uma nova criatura, aberta à esperança da glória dos filhos de Deus.
Na segunda parte da Epístola São Paulo aplica a doutrina anterior à vida e ao comportamento do fiel que abraçou a fé: vêm então, como conclusão, as exigências morais da fé, da «vida no Espírito», e os conselhos práticos do Apóstolo para se saber conduzir no meio do mundo que os rodeia, ainda por remir, mas que deve aproximar-se da salvação.
A Epístola aos Romanos representa um momento cume da Revelação divina transmitida pelo Apóstolo. O resto das cartas aprofundará alguns dos aspectos já esboçados na teologia recolhida em Romanos.
(Bíblia Sagrada anotada pela Faculdade de Teologia da Universidade de Navarra – Volume II, edição em língua portuguesa – Edições Theologica – Braga – As Epístolas de São Paulo – pág. 439-440) Continua
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