De Éfeso, na Primavera do ano 57, dirigiu São Paulo a sua primeira Epístola aos Coríntios. O motim dos ourives obrigou o Apóstolo a abandonar precipitadamente a cidade e, da Macedónia, no Outono do mesmo ano 57, escreveu a segunda carta aos Coríntios. Naquela época, Corinto, encravado no istmo do seu nome, com dois portos, um no mar Egeu e o outro no Jónio, era uma das cidades comerciais mais importantes de todo o Mediterrâneo, onde arribavam barcos de toda a parte. Tinha uma matizada população, onde confluíam variadíssimas religiões, mas era também célebre pela sua degradação moral. Entre outras aberrações estava o culto de Afrodite e as mil «sacerdotisas», dedicadas ao culto da deusa, dentro do qual exerciam a chamada «prostituição sagrada». Estas e outras aberrações morais tinham criado um ambiente muito difícil para a recente cristandade de Corinto. Não obstante, a Providência divina cumulava de graças e carismas esta Igreja, centro de concorrência de tantas gentes.
A primeira Epístola aos Coríntios é muito importante do ponto de vista doutrinal e histórico. Um primeiro tema que o Apóstolo aborda é o da unidade da Igreja e dos Cristãos, por ocasião de certas divisões surgidas entre aqueles neófitos. São Paulo sublinha a necessidade da unidade de todos, o perigo de se deixar levar por gostos meramente humanos, e a obediência que lhe devem os Coríntios pela sua autoridade de Apóstolo e de pai na fé. Censura com energia alguns abusos morais mantidos por uns poucos convertidos, mas tolerados pela comunidade, como é o caso do incestuoso que continua a viver com a madrasta – coisa não estranha naquela sociedade -, e explicita a natureza do matrimónio e da virgindade, com passos que são fundamentais na doutrina cristã sobre estes temas (cap. 7). Continua
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