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quinta-feira, 25 de março de 2021
A Anunciação do Senhor
Anunciação do Senhor
domingo, 21 de março de 2021
Trânsito de S. Bento
sábado, 20 de março de 2021
O sonho de Deus
Muitas famílias sofrem, quando deveriam ser forças irradiantes de felicidade. Esta distância entre a realidade e o plano de Deus é um drama tremendo, que mobilizou especialmente a Igreja nas últimas décadas. Foi assim com Paulo VI, mais intensamente com João Paulo II e Bento XVI e é agora um tema central do magistério do Papa Francisco.
O horizonte de partida é um sonho de enorme beleza, mais precisamente, um sonho de Deus.
A família faz parte de um plano divino. É evidente que o Criador tinha mil modos diferentes de criar a humanidade, mas —desde o princípio— sonhou, cheio de bênçãos paternais e de expectativa, que a genealogia de cada ser humano se fundasse no amor indissolúvel do pai e da mãe.
Constituir uma família é tomar consciência deste entusiasmo de Deus e deixar-se entusiasmar por ele. A fé é acreditar na alegria, confiar no sonho de Deus. Fiar-se de Deus é estar seguro de que, mesmo perante as dificuldades da vida, Ele aponta o caminho certo da felicidade. O demónio sussurra que seríamos mais felizes «à nossa maneira»; a preguiça, o cansaço e todos os vícios gritam que lhes temos de obedecer, mas quem tem fé não desiste de acreditar no sonho de Deus.
Há um versículo surpreendente no Evangelho de S. Lucas, quando Jesus ressuscitou: ao princípio, os Apóstolos «não podiam acreditar por causa da alegria» (Lc 24, 41). É bom demais, o sonho de Deus. Muitos pensam igualmente que o plano de Deus para a sua família é maravilhoso, mas não é real. Por isso, a mensagem da Igreja neste tempo é repetir às famílias a grande notícia: o sonho de Deus é mesmo verdade!
Há dias, um casal amigo contou-me a conversa que tiveram com um padre, pouco antes de casarem. Prometer amar-se toda a vida não seria afirmar algo sem ter a certeza de cumprir?
Parecia-lhes honesto prometer um esforço muito grande, mas garantir o resultado... O bom padre sossegou-os: a força do Sacramento servia para isso, Deus não falha. Os noivos compreenderam que ele tinha razão. O conselho encheu-os de alegria e —diziam-me eles— tem-nos ajudado a viver um casamento muito feliz, que dura há 21 anos.
No dia 19 de Março, solenidade de S. José, neste ano dedicado a S. José, o Papa lançou um ano dedicado à família. Explicou em vídeo-conferência que pretende que as famílias recuperem a beleza do plano de Deus, que é uma palavra exigente, «que liberta as relações humanas das escravidões que frequentemente desfiguram as famílias e as tornam instáveis».
As famílias vivem numa «ditadura das emoções, da exaltação do provisório que desencoraja os compromissos para toda a vida, vivem no predomínio do individualismo, no medo do futuro».
O Papa pretende que as famílias descubram o desígnio de Deus, cheio de ternura e beleza, e entendam que as exigências de fidelidade não são uma imposição doutrinal «caída do céu, que não encarna com toda a força no dia-a-dia, arriscando-se a ficar uma bela teoria, talvez vivida apenas por obrigação moral». A palavra exigente de Deus, que liberta as relações humanas das ditaduras emocionais, é uma bênção de alegria e fecundidade, o caminho certo para ser intensamente feliz.
O primeiro passo é compreender que a fidelidade é um dom, um presente maravilhoso que Deus sonhou para nós. A mensagem de Francisco às famílias centra-se nisto: «A Igreja está convosco, o Senhor está próximo de vós, queremos ajudar-vos a guardar o dom que recebestes (...). O casamento, como projecto de Deus, fruto da sua graça, é um chamamento a viver com totalidade, fidelidade e gratuitidade». Este é o caminho para que mesmo as vidas trabalhadas «se abram à plenitude da alegria e da realização humana e se tornem fermento de fraternidade e de amor na sociedade».
É que «esta fidelidade —declarou Francisco numa outra mensagem, neste mesmo dia— é o segredo da alegria».
O Apóstolo S. João escreveu uma frase que o Papa Bento XVI classificou, no primeiro parágrafo da sua Encíclica programática («Deus caritas est»), como síntese da vida cristã:
«Nós conhecemos e acreditámos no amor que Deus nos tem» (I Jo 4, 16).
O programa de Francisco é levar-nos a dizer: conhecemos o sonho maravilhoso de Deus para nós e acreditámos nEle.
José Maria C.S. André
sexta-feira, 19 de março de 2021
Ide a José e encontrareis Jesus
São José
São Josemaría Escrivá nesta data em 1963 sobre a Festa de S. José
sábado, 13 de março de 2021
The Social Dilemma
Recentemente, assisti a um documentário feito pela Netflix que recomendo vivamente: The Social Dilemma.
Este documentário não só reaviva o importante debate sobre os perigos do mau uso das redes sociais, mas também oferece uma abordagem bastante original do tema: manipular as pessoas que utilizam as redes sociais é o fim primário das mesmas.
Isto é dito, com outras palavras, por pessoas que criaram ou trabalharam nessas redes.
A intenção do realizador do documentário, Jeff Orlowski, é bastante clara: mostrar que a manipulação e a adição geradas pelas redes não é um efeito negativo secundário tolerado, mas algo intencional e procurado como modo de ganhar dinheiro.
O verdadeiro produto não é somente o nosso tempo de atenção, mas sim a pequena e quase imperceptível mudança no comportamento de cada um de nós.
Este documentário é uma recordação de uma verdade sempre actual: como é fácil para nós, seres humanos, entregar a nossa liberdade em troca de um pouco de distração!
E como podem ser desastrosas as consequências a médio e longo prazo se prescindirmos da nossa liberdade em troca de um pouco de circo!
É verdade que é preciso estarmos atentos àqueles que podem ser mais vulneráveis a essa manipulação: as crianças e os menores de idade. Mas, seria ingénuo pensar que, no caso dos adultos, esse perigo não existe ou é irrelevante.
A propósito disto, estão muito bem tratados no documentário os fenómenos tão actuais e perigosos da polarização e da radicalização. E são fenómenos que afetam muitas pessoas adultas que se consideram “maduras” e “bem informadas”.
O documentário também aborda um tema de grande importância no mundo actual: as fake news!
Se queremos acabar com este abuso da
liberdade que é propagar notícias falsas, temos de reconhecer que existe a
verdade. A sociedade, desejosa de relativizar toda a informação, não consegue
sobreviver a um relativismo total.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
segunda-feira, 8 de março de 2021
S. João de Deus, †1550
sexta-feira, 5 de março de 2021
Quatro dias de susto
Sexta-feira dia 5, o Papa saiu de Roma para uma viagem de pouco mais de três dias ao Iraque. João Paulo II quis ir lá, há 21 anos, mas o pedido foi rejeitado pelo Governo da época.
A agenda de Francisco inclui
obviamente a capital, Bagdad, mas também numerosas outras cidades. Entre elas, cidades
martirizadas como Mosul, Qaraqosh e Erbil, onde os cristãos sofreram muito. Nos
últimos anos, milhares foram mortos e uma multidão imensa teve de fugir à
pressa para salvar a vida, perseguida pelo chamado «Estado Islâmico». Neste
momento, restam poucos, do milhão e meio de católicos que havia em 2003, quando
Saddam Hussein foi deposto. A primeira intenção do Papa é encorajar os
sobreviventes e dizer à igreja do Iraque, tão duramente provada, que não é secundária,
que faz parte da Igreja universal.
Outro objectivo é contactar com
os muçulmanos e para isso tem encontros ecuménicos e vai à cidade de Najaf falar
com o Grande Ayatollah Ali al-Sistani. Espera-se que este encontro produza bons
frutos, como aconteceu em 2019 com Ahmed al-Tayeb, o Grande Imã de al-Azhar (Cairo),
que subscreveu com o Papa uma declaração histórica acerca da fraternidade
humana.
Na região fala-se uma língua
próxima da de Nosso Senhor e a cidade de Ur é a origem do povo judeu. Abraão
vivia bem instalado na grande Ur dos caldeus quando Deus lhe pediu que se
pusesse em marcha, que abandonasse o património e os direitos adquiridos, o
apoio da família, as garantias de segurança pessoal e económica e se pusesse a
caminho de forma absolutamente singular, como Deus lhe havia de indicar.
Não era só uma questão de coragem, a proposta de se lançar no vazio só fazia sentido na base de uma confiança inabalável em Quem o convidava. Porque Abraão não foi um conquistador, cobiçando mais terras, Abraão será sempre, até ao final dos seus dias, um forasteiro, um vagabundo do espaço aberto em que o deixam habitar. Aproximando-se o fim da vida, compra aos hititas uma sepultura, onde enterra a mulher, Sara, e onde, mais tarde, o enterraram a ele, e depois o filho e as mulheres do filho. Abraão também não é um nómada no sentido habitual. Ele vive sem um chão próprio porque o seu chão é Deus.
Toda a vida de Abraão é um
diálogo intenso entre a generosidade de Deus e a generosidade de Abraão.
Sara era estéril e de idade muito
avançada, de modo que a família parecia caminhar para a extinção. No entanto,
Deus, em quem Abraão confiava, disse-lhe «olha para o Céu e vê se consegues
contar as estrelas» e acrescentou: «assim será a tua descendência» (Gen 15, 5).
De facto, nasceu Isaac.
Deus pede-lhe então que ofereça
Isaac em sacrifício e, mais uma vez, Abraão, mesmo sem compreender o plano de
Deus, confia. Sobe com Isaac ao monte Moriá (em Salém, actual Jerusalém) para
imolar o filho e aí lhes aparece um Anjo segurando a mão de Abraão e
garantindo-lhe, da parte de Deus, uma linhagem numerosa. Renova-se a promessa,
cada vez mais ampla:
— «Juro por Mim mesmo —oráculo do
Senhor— (...) que na tua descendência
serão abençoados todos os povos da terra, porque obedeceste à minha voz» (Gen
22, 16.18).
As sucessivas alianças de Deus
com Abraão são a resposta cada vez mais magnânima de Deus à generosidade cada
vez mais completa de Abraão. Olhando em perspectiva a vida deste homem, o
próprio Deus reconhece que tem uma espécie de dívida de amor para com ele:
— «Eu sou o Senhor teu Deus, que
te fez sair de Ur dos Caldeus» (Gen 15, 7).
É nesta Ur dos Caldeus que Francisco irá falar de Jesus Cristo, descendente de Isaac, descendente de Abraão.
As viagens de um Papa são sempre
arriscadas, mas esta é mais que todas. A Igreja, de coração apertado, está a acompanhar
Francisco e não vamos respirar fundo enquanto o avião não aterrar de novo no
aeroporto de Roma. O Papa conta com as orações de todos (Bento XVI anunciou que
ficou em casa a rezar por esta importantíssima viagem) e Francisco fez questão
de pedir a Nossa Senhora que o acompanhe: como símbolo, leva consigo a imagem
de Nossa Senhora do Loreto e, antes de partir, como sempre, foi à basílica de
Santa Maria Maior, a mais importante basílica dedicada a Nossa Senhora, deixar
o seu destino nas mãos de Maria.