A vida espiritual e apostólica do novo Beato esteve fundamentada em saber-se, pela fé, filho de Deus em Cristo. Dessa fé se alimentava o seu amor ao Senhor, o seu ímpeto evangelizador, a sua alegria constante, mesmo nas grandes provas e dificuldades que teve de suportar. "Ter a cruz é encontrar a felicidade, a alegria, – diz-nos numa das suas meditações –; ter a cruz é identificar-se com Cristo, é ser Cristo e, por isso, ser filho de Deus".
Com sobrenatural intuição, o Beato Josemaría pregou incansavelmente o chamamento universal à santidade e ao apostolado. Cristo convoca todos a santificar-se na realidade da vida quotidiana; por isso o trabalho é também meio de santificação pessoal e de apostolado quando se vive em união com Jesus Cristo, pois o Filho de Deus, ao encarnar, se uniu de certo modo a toda a realidade do homem e a toda a criação (cfr. Dominum et vivificantem, 50). Numa sociedade em que o afã desenfreado de possuir coisas materiais, as converte num ídolo e motivo de afastamento de Deus, o novo Beato recorda-nos que essas realidades, criaturas de Deus e do engenho humano, se se usam rectamente para Gloria do Criador e ao serviço dos irmãos, podem ser caminho para o encontro dos homens com Cristo. "Todas as coisas da terra – ensinava –, também as actividades terrenas e temporais dos homens, têm de ser levadas a Deus" (Carta, 19-III-1954).
"Bendirei para sempre o Teu nome, meu Deus e meu Rei". Esta aclamação que fizemos no Salmo responsorial é como o compêndio da vida espiritual do Beato Josemaría. O seu grande amor a Cristo, por quem se sente fascinado, leva-o a consagrar-se para sempre a Ele, e a participar no mistério da sua paixão e ressurreição. Ao mesmo tempo, o seu amor filial à Virgem Maria, leva-o a imitar as suas virtudes. "Bendirei o Teu nome para todo o sempre": eis o hino que brotava espontaneamente da sua alma e que o impelia a oferecer a Deus tudo aquilo que era seu e quanto o rodeava. De facto, a sua vida reveste-se de humanismo cristão com o selo inconfundível da bondade, da mansidão de coração, o sofrimento escondido com que Deus purifica e santifica os seus eleitos.
João Paulo II - excerto homilia da Missa do dia 17 de Maio de 1992
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