Também gostava que fixássemos a nossa atenção nas festas que terão lugar em meados do mês: a Exaltação da Santa Cruz, no dia 14 e, no dia seguinte, a memória litúrgica da Virgem Maria ao pé da Cruz, que é também o aniversário da eleição do queridíssimo D. Álvaro, primeiro sucessor do nosso Padre à frente do Opus Dei.
São datas intimamente relacionadas com a Igreja, que recebe a sua força salvífica do lado aberto de Cristo na Cruz, com a colaboração da Sua Mãe, a nova Eva que, por desígnio divino, cooperou com Cristo, o novo Adão, na Redenção da humanidade. Por esta razão, o Papa Paulo VI, ao concluir uma das sessões do Concílio Vaticano II, a proclamou Mãe da Igreja, «quer dizer, Mãe de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos Pastores que a chamam Mãe amorosa, e queremos que de agora em diante seja honrada e invocada por todo o povo cristão com este gratíssimo título» [1]. É difícil descrever o júbilo do nosso Padre ao invocar Nossa Senhora com esse título, que, já em tempos anteriores, repetia na sua devoção privada.
Em Maria, brilham com máximo esplendor todas as características essenciais da Igreja: a estreitíssima unidade com Deus e com os homens, a eminente santidade, a catolicidade, pela qual o seu coração está aberto a todas as necessidades dos seus filhos. E também a apostolicidade. Para estas semanas, enche-me de alegria recordar-vos esta nota, com a qual confessamos que a Igreja «está edificada sobre alicerces duradouros, que são os Doze Apóstolos do Cordeiro (cfr. Ap 21, 14); é indestrutível (cfr. Mt 16, 18); mantem-se infalivelmente na Verdade: Cristo é quem a governa por meio de Pedro e dos outros Apóstolos, presentes nos seus sucessores, o Papa e o Colégio dos Bispos» [2].
Na Virgem Maria brilha este aspeto da Igreja. De facto, foi ela que em Caná da Galileia facilitou que os primeiros discípulos do Mestre tivessem fé n’Ele, preparando-os para a chamada ao apostolado que depois haviam de receber [3]. E foi à Sua Mãe que Jesus se dirigiu, da Cruz, confiando-lhe o cuidado do Apóstolo amado e, nele, de todos os discípulos [4]. Santa Maria, fiel a este encargo, manteve os Apóstolos unidos na espera do Pentecostes [5]. Comove-nos verificar com que dedicação seguiu os primeiros passos de todos eles na primeira evangelização, depois da vinda do Paráclito, como alguns testemunhos da Igreja antiga deixaram registado. «A Virgem Maria não só animava os Santos Apóstolos e os outros fiéis a serem pacientes e a suportar as provas, como era solidária com todas as suas fadigas, sustentava-os na pregação, estava em união espiritual com os discípulos do Senhor nas suas privações e suplícios, nas suas prisões» [6]. Agora, do Céu e com maior eficácia, continua a impulsionar o apostolado da Igreja em todo o mundo: fortalece os Pastores e os fiéis para que, cada um, segundo os dons e graças recebidos, dê testemunho de Jesus Cristo e leve o Seu nome, como S. Paulo, até aos gentios, os reis e os filhos de Israel [7], ao sítio onde a sua vocação humana e divina o colocou.
[1]. Paulo VI, Discurso no encerramento da 3ª etapa conciliar, 21-XI-1964, n. 25.
[2]. Catecismo da Igreja Católica, n. 869.
[3]. Cfr. Jo 2, 11; Mc 3, 13-15.
[4]. Cfr. Jo 19, 26-27.
[5]. Cfr. At 1, 12-14.
[6]. S. Máximo, o Confessor, Vida de Maria VIII, 97 (“Testi mariani del primo millennio”, Roma 1989, vol 2, p 260).
[7]. At 9, 15.
(D. Javier Echevarría, Prelado do Opus Dei na carta do mês de setembro de 2013)
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