Acordo às seis da manhã, mais uma vez, e o meu pensamento vai directo para Deus.
Já estou habituado a este acordar a esta hora, sem nenhuma razão aparente, e como sempre, lembro-me de Samuel e digo baixinho, interiormente: «Fala, Senhor, que o teu servo escuta.»
Como sempre também, nada acontece, não ouço voz nenhuma, não recebo nenhuma mensagem, nem uma “luzinha” sequer!
Deixo-me ficar e lentamente começam a vir ao meu coração as “coisas” que tenho de fazer brevemente, “coisas” de Deus, claro, a que sou chamado por outros, (em Seu nome, quero acreditar), e que, em vez de com o tempo se tornarem mais fáceis, pelo contrário, cada vez mais sinto um peso de responsabilidade, de ignorância, de receio de não dizer o que Ele quer, mas, apenas e só, o que eu acho.
É também, nesses momentos, que me surgem de repente textos que mais tarde escrevo e partilho com os outros.
Fecho os olhos, tento dormir porque ainda é tão cedo, mas nada!
Nem um bocadinho de sono!
É então que começam a surgir no meu pensamento versículos da Bíblia, frases lidas aqui e acolá, pensamentos ouvidos ou já falados, e que vão construindo dentro de mim a estrutura daquilo que mais tarde hei-de dizer, falar, rezar.
A minha vontade é levantar-me e escrever tudo para não me esquecer, mas algo me diz que não me preocupe, que quando chegar a hora me hei-de lembrar daquilo que agora me vem ao coração.
E é aí que regressa o receio!
E se eu não me lembro?
E se eu deixo que o meu orgulho ou vaidade “apaguem” a voz d’Ele em mim, e apenas seja a minha voz a falar?
E porquê eu?
Mas alguém acredita num “tipo” como eu?
Invoco o Espírito Santo, “remédio” para os receios, as dúvidas, as incertezas.
Rezo as orações da manhã e assim já é “meio caminho andado”!
E sem me aperceber, adormeço novamente.
E agora, à medida que escrevo, vou-me apercebendo que este texto, escrevi-o hoje às seis da manhã no meu coração, no meu pensamento.
Se serve para alguma coisa não sei, pois deixo isso nas Suas mãos.
Eu apenas o plantei, a semente é d’Ele, a rega é d’Ele, o crescimento é com Ele, o fruto é d’Ele, sempre para os outros, e unicamente para Sua maior glória.
No fim, no meio de uma gratidão imensa e eterna ao meu Deus e Senhor, um só pensamento:
«Ele é que deve crescer, e eu diminuir.» Jo 3, 30
Marinha Grande, 3 de Maio de 2018
Joaquim Mexia Alves