Anota nos seus Apontamentos íntimos: “Minha Virgem dos beijos: acabarei por comê-la”. Anos mais tarde explicará: “Eu tinha uma imagem da Virgem que os comunistas me roubaram durante a Guerra de Espanha e a que chamava a Virgem dos beijos. Estava no quarto do Diretor da primeira Residência que tivemos. Eu nunca saía nem entrava em casa sem ir àquele quarto dar um beijo à imagem. Parece-me que tinha medo… Mas tantas vezes tenho dito que não tenho medo de ninguém nem de nada, que não vamos agora falar de medo. Era um beijo de filho que tinha preocupação pela sua excessiva juventude, e que ia buscar em Nossa Senhora toda a ternura do seu carinho. Toda a fortaleza de que necessitava procurava-a em Deus através da Virgem”.
Obrigado, Perdão Ajuda-me
domingo, 13 de agosto de 2017
Bom Domingo do Senhor!
Procuremos ter a firmeza na fé que Pedro momentaneamente não teve como nos narra o Evangelho de hoje (Mt 14, 22-33) e seguros que o Senhor está sempre connosco não hesitemos perante as dificuldades e demos-Lhe graças pelo seu infinito amor.
Louvado seja o Pai pelo Filho que nos enviou e que é Deus com Ele na unidade do Espírito Santo!
A memória do amor
Com a solenidade dos
pergaminhos latinos, o Papa Francisco publicou «junto a S. Pedro, no dia 11 de
Junho de 2017, ano quinto do nosso pontificado», uma Carta apostólica sobre a
memória daquelas pessoas que entregaram a sua vida por amor e perseveraram até
à morte. Os documentos deste tipo são conhecidos pelas palavras iniciais, que neste
caso são «maiorem hac dilectionem»: aquela frase em que Jesus diz que não há
maior amor do que dar a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). Como é que começou a
veneração aos santos?
Não se conhecem todos os
pormenores. Conservar a memória dos mártires foi algo instintivo na Igreja. Os
arquivos da burocracia romana ajudavam a compilar as actas dos martírios, mas o
mais valioso era sempre espreitar o coração daqueles homens, daquelas mulheres,
daquelas crianças. Os nomes dos juízes ou dos carrascos aparecem só de
passagem, sem mais relevo que o local e as circunstâncias, porque as actas não perpetuavam
a memória dos crimes, guardavam a memória do amor, mais forte que a morte, como
diz o Cânticos dos Cânticos. A Igreja entende-se como uma família presente na Terra
e no Céu, de modo que, para ela, os mártires continuam unidos aos vivos. Não em
sentimento, na realidade. E, quem diz os mártires, diz os santos, porque a
morte violenta nunca foi o elemento importante.
Há quem discorde deste culto; o
facto é que tem sido assim há séculos e continua. Deus deu-nos a companhia dos
santos, deveríamos prescindir deles?
Será que Deus esquece os que O
amaram, quando eles morrem? A Igreja deveria deixar de imitar Deus, que guarda
amorosamente a memória dos seus amigos através dos séculos?
Pormenor
de uma das fachadas da catedral anglicana de Westminster, em Londres. A estátua central deste friso representa o Arcebispo católico Óscar Romero. |
Na época em que Óscar Romero
foi bispo, El Salvador sofria uma guerra civil sangrenta. De um lado, os
Esquadrões da Morte, armados pelos militares e pelos Estados Unidos; do outro,
a Frente Farabundo Martí, armada pela União Soviética através de Cuba. Uns e
outros, mataram a eito. Perdeu-se o respeito pela vida, matavam porque sim, por
hábito, por preconceito, por ódio. A morte do Arcebispo atingiu um sadismo requintado:
um automóvel do Esquadrão da Morte parou em frente da porta aberta da capela do
hospital, durante a Eucaristia, a seguir à Consagração, e um atirador disparou
uma bala explosiva, com o gozo de ver o sangue do Arcebispo pingar sobre as
hóstias brancas e a toalha do altar. A Igreja perdoou e reza pelo desgraçado
assassino, mas, sobretudo, guarda no seu coração a memória de Óscar Romero, cristão
vibrante, cheio de zelo pelas almas.
Felizmente, aquela guerra civil
acabou, mas continua a morrer gente às mãos das marras (as organizações de
tráfico de droga) e persistem injustiças gritantes, que afectam um grande
número de pobres. O presente jubileu tem sido uma intensa oração ao Céu, para
que Deus cuide o seu povo que sofre e lhe dê finalmente a justiça e a paz. O
Papa encarregou o enviado especial às celebrações do dia 15 de lembrar aos
salvadorenhos este «bispo e mártir, ilustre pastor e testemunha do Evangelho e
defensor da Igreja e da dignidade dos homens, porta-voz do amor de Cristo entre
todos, especialmente entre os pobres, os marginalizados e descartados», «que
difundiu, a justiça, a reconciliação e a paz».
S. Maximiliano Kolbe |
Carta de D. Álvaro del Portillo ao Arcebispo Óscar romero |
José Maria C.S. André
13-VIII-2017
Spe Deus
«Tu és, realmente, o Filho de Deus!»
Origines (c. 185-253), presbítero e teólogo
Comentário ao Evangelho segundo Mateus, 11, 6; PG 13, 919
Quando nos tivermos mantido firmes durante as longas horas da noite escura que reina nos momentos de provação, quando tivermos dado o nosso melhor [...], estejamos certos de que, quando a noite for adiantada e o dia estiver próximo (Rom 13, 12), o Filho de Deus virá até junto de nós, caminhando sobre as ondas. Quando O virmos aparecer assim, sentiremos receio até ao momento em que compreendermos claramente que é o Salvador que veio para o meio de nós. Julgando ainda ver um fantasma, gritaremos assustados, mas Ele dir-nos-á imediatamente: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais!»
Pode ser que estas palavras façam surgir em nós um Pedro em caminho para a perfeição, que descerá do barco, certo de ter escapado à prova que os agitava. Inicialmente, o seu desejo de ir para o pé de Jesus fá-lo caminhar sobre as águas. Mas sendo a sua fé ainda pouco segura e estando ele próprio com dúvidas, notará «a violência do vento», sentirá medo e começará a ir ao fundo. Contudo, escapará a este mal porque lançará a Jesus este grito: «Salva-me, Senhor!» E mal este outro Pedro acabe de dizer «Salva-me, Senhor!», o Verbo estenderá a mão para o socorrer, e segurá-lo-á no momento em que ele começava a afogar-se, repreendendo-o pela sua pouca fé e pelas suas dúvidas. Note-se contudo que Ele não disse: «Incrédulo», mas «homem de pouca fé», e que está escrito: «Porque duvidaste?», quer dizer: «Tu tinhas um pouco de fé, mas deixaste-te levar em sentido contrário». E Jesus e Pedro subirão para o barco, o vento acalmará e os ocupantes, compreendendo a que perigos tinham escapado, adorarão Jesus dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!», palavras que apenas os discípulos que estão próximo de Jesus no barco podem dizer.
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