Apareceu hoje uma notícia informando que a balaustrada de uma ponte em Paris caiu por causa do peso dos cadeados que lá foram colocando, como “juras de amor eterno”.
Realmente a notícia tem a importância que tem, mas já aquilo que provoca a notícia tem uma enorme importância, pois faz perceber como parece ser errada a concepção que se faz do amor.
Querer simbolizar o amor com um cadeado fechado, do qual se atira a chave fora, é dar uma ideia do amor como de uma prisão da qual não se pode sair, um espaço confinado a dois, um sentimento que tem de ser fechado à chave para poder resistir ao tempo.
Nada mais errado!
O amor deve ser o sentimento mais livre que o homem vive, e ao escrever isto não estou a fazer a apologia do chamado “amor livre”, que nada tem de amor.
Para aqueles que acreditam em Deus, foi Deus quem nos amou primeiro e assim nos ensinou, nos deu a graça, nos concedeu o dom do amor.
Ora o amor de Deus é livre, é inteira doação, que nada exige em troca.
Deus que nos criou, ama-nos de tal maneira, que nos dá total liberdade de O amarmos ou não.
Assim, o amor verdadeiro é totalmente livre, não é um cadeado, uma prisão, não é sequer uma porta fechada à chave, mas sim em todos os momentos, uma porta aberta, porque está aberta ao amor na relação a dois e na relação com os outros.
O amor nunca se completa se não for para além da relação a dois, ou seja, quando se abre ao amor aos filhos, ao amor aos outros, sempre e mesmo quando não haja filhos.
O ritual do Matrimónio, «eu N., recebo-te … a ti N., e prometo ser-te fiel, amar-te e respeitar-te, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, todos os dias da nossa vida», parte da mais inteira e total liberdade daquele/a que o aceita, comprometendo-se, e se parte da liberdade nunca constitui uma prisão, mas uma liberdade que todos os dias se renova no compromisso assumido.
Só assim o amor é verdadeiro amor, porque é assente na liberdade que constrói o amor.
O amor existe e acontece, não porque a porta está fechada e a chave foi atirada fora e como tal não há maneira de sair, mas sim porque ele se renova todos os dias, «na alegria e na tristeza, na saúde e na doença», no respeito mútuo, porque a liberdade do amor faz dele um sentimento de graça, de dom, mas também da vontade.
O amor não tem “peso”, porque quem ama, ama para além das circunstâncias, ama para além das portas fechadas, ama porque é livre.
Se naquela ponte estivesse o verdadeiro amor, ela nunca cairia, mas antes pelo contrário, seria eterna.
Mas assim, num amor entendido como “prisão”, o peso é insuportável, e a ponte, ou parte dela colapsou, como acabará todo o “amor” que não seja livre no dar e receber, de e a cada um, e aos outros.
«O amor jamais passará.» 1 Cor 13.8
Monte Real, 9 de Junho de 2014
Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.pt/2014/06/o-amor-jamais-passara-1-cor-138.html