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quinta-feira, 28 de janeiro de 2021
S. Tomás de Aquino (1225-1274) – Dominicano e grande figura da teologia
Frei Tomás: o "boi mudo"
S. Tomás de Aquino |
sexta-feira, 22 de janeiro de 2021
'Gens' Cornelia
Desde há muitos séculos, a Igreja continua a celebrar no dia 26 de Janeiro (próxima terça-feira) a memória de uma mulher que morreu nessa data em Belém no ano 404. Chamava-se Paula, nascida em Roma 57 anos antes (5 de Maio de 347), da estirpe dos Cornelia, uma família da mais alta nobreza romana, que deu ao Império romano mais homens de Estado que qualquer outra na história de Roma. Com 16 anos, Paula casou-se com Toxotius, um senador ilustre, com quem teve cinco filhos: quatro filhas (Blesila, Paulina, Eustóquia, Rufina) e um filho, Toxotius, com o mesmo nome do pai.
Paula e o marido possuíam uma
cultura invulgar. Ele descendia de gerações de jurisconsultos célebres e ela,
no meio do luxo em que foi educada, teve oportunidade de estudar. Sabemos da
história com algum pormenor porque S. Jerónimo, que a conheceu bem, escreveu a
sua biografia («Epitaphium sanctae Paulae»).
O palácio onde viviam, no centro
de Roma, situava-se onde existem hoje a igreja e os edifícios de San Girolamo
della Carità. No antigo palácio se hospedou S. Jerónimo quando esteve em Roma
e, na construção actual, viveu S. Filipe de Neri no século XVI, funcionaram durante
vários séculos uma obra assistencial e um importante centro cultural (célebre sobretudo
no âmbito da música) e encontram-se hoje a igreja de S. Jerónimo da Caridade e
a biblioteca central da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, confiadas ao
Opus Dei.
No seu enorme palácio, por onde
passava meia Roma, Paula conheceu alguns cristãos e ainda mais nas suas viagens,
refastelada num trono carregado em ombros por uma comitiva de escravos. Em
particular, conheceu Marcela, também de ascendência nobre, uma mulher de
qualidades extraordinárias, em cuja casa se reuniam muitas senhoras, em obras
de assistência, de estudo e de oração. Paula, cada vez mais amiga de Marcela e
de todo o grupo, decide converter-se. Quando o marido morre, tinha Paula 32
anos, muda-se praticamente para o palácio de Marcela, onde o grupo vivia com
grande austeridade, que surpreendia a cidade de Roma. Que umas nobres romanas
fossem viver naquelas condições causou furor e escândalo violento.
Foi Marcela quem apresentou Paula a S. Jerónimo, chegado a Roma em 382, com os bispos de Salamina e de Antioquia, chamado pelo Papa S. Dâmaso, para rever a tradução latina da Bíblia, participar num concílio e o ajudar nalgumas tarefas. Paula compreendeu o alcance do trabalho de revisão das traduções e foi essa a razão de S. Jerónimo e os dois companheiros se terem hospedado em casa de Paula nos três anos que viveram em Roma.
Em 385, um mês depois de S.
Jerónimo regressar à Terra Santa, Paula parte com a filha Eustóquia para seguirem
lá uma vida monástica austera. Em Belém, fundam dois mosteiros, um de homens e
outro de mulheres, que deixaram uma grande marca espiritual e cultural e foram
centros de acolhimento de gente necessitada.
O convento foi completamente
destruído pelas hordas de assaltantes que aterrorizavam a Terra Santa, tiveram
de fugir, mas voltaram e recomeçaram.
Paula e a filha, além de
dominarem o grego e o latim, estudaram hebraico a fundo para colaborarem com S.
Jerónimo na tradução e no comentário teológico da Bíblia. Trabalhavam também na
execução de cópias manuscritas dos textos, que eram enviadas de Belém para todo
o mundo. Ao mesmo tempo, tiveram êxito numa tarefa difícil: embora santo, o
grande Jerónimo era um pessimista inveterado, de trato muito azedo com todos, e
o conselho delas foi providencial para lhe corrigir o mau génio.
No mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa,
não podia faltar uma referência a Santa Paula. A pintura é de André Reinoso,
século XVII. Em primeiro plano, o túmulo de Luís de Camões, o mais conhecido
poeta português.
A amiga Marcela continuou em
Roma, trocando cartas com Paula, que lhe contava notícias dos conventos de
Belém e não desistia de a tentar convencer a ir ter com elas à Terra Santa.
A filha Blesila casou-se com um
nobre, enviuvou passados 7 meses e levou uma vida desleixada até que, pela
oração da mãe, se converteu e se juntou ao grupo de cristãs em casa de Marcela.
Paulina casou-se com Pamáquio, um senador da estirpe dos Camilli, modelo de
patrício cristão. Eustóquia acompanhou a mãe, como se disse, e sucedeu-lhe como
abadessa do convento feminino. Rufina morreu de parto, muito nova. O filho
Toxotius também se converteu e uma das suas filhas juntou-se ao convento de
Belém e acompanhou S. Jerónimo no leito de morte.
Quando Paula morreu, no tal dia
26 de Janeiro de 404, colocaram o corpo na basílica da Natividade, em Belém.
Participou no funeral todo o episcopado da Palestina, juntamente com os monges
e as monjas dos conventos, muitos cristãos e uma multidão imensa de pobres;
contam os relatos que a afluência foi impressionante. Anos depois, a filha
Eustóquia foi sepultada ao lado da mãe e, ao lado delas, sepultaram S.
Jerónimo, o antigo sábio irrascível mudado em sábio simpático.
A Igreja canonizou Marcela, Paula,
Eustóquia, Blesila e Jerónimo. Tão diferentes, tão amigos.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2021
Tradição
domingo, 10 de janeiro de 2021
«No Qual pus todo o Meu agrado»
sexta-feira, 8 de janeiro de 2021
Abaixo «um-homens»!
Embora este político seja pastor metodista, não sabia que «ámen» vem do hebraico «confirmo» e que, por isso, em todas as línguas, os cristãos terminam as orações com «ámen».
Como Cleaver tem dificuldades na ortografia, confundiu «amen» com «a man», que significa em inglês «um homem», e deduziu que as orações cristãs terminavam com o apelo machista: «um homem»!
A confusão ainda é mais divertida por causa da mistura do singular com o plural. Em inglês, «a-men» significa «um-homens». Se é «um», não devia ser «homens», no plural; mas isso é o de menos.
Convencido de que os cristãos de todo o mundo (incluídos os pastores protestantes, como ele), terminavam as orações com uma exclamação machista, Cleaver resolveu ser inclusivo e inventar aquele «um-“homens” e uma-mulher» («a-“men” and a-woman»).
– «“Amen” is indeed a Hebrew word, but we
must acknowledge that “Awoman” is a Shebrew word». (É facto que «um-homens» é uma palavra «he»braica, mas
temos de concordar que «uma-mulher» é uma palavra «she»braica).
Outros, adaptaram frases românticas:
– «When Amen loves Awomen!»
(Quando «um-homens» ama «uma-mulheres»!).
Em inglês, os possessivos dele e
dela são «his» e «her» e, forçando um bocadinho a pronúncia de «hys»:
– «I’m laughing hersterically». (Estou a rir «dela»-estericamente).
Outros protestaram em nome da
ideologia do género, porque Cleaver só se lembrou dos homens e das mulheres:
– «They mustn’t say Amen and Awoman and then
end there. They should continue to say Agay, Alesbian, A-lgbtq+». (Não deviam dizer apenas «um-“homens” e uma-mulher» e mais
nada, deviam continuar: «um-homossexual», «uma-lésbica», um «sabe-se lá o quê»).
Quando o politicamente correcto invade
tudo e a arrogância se mistura com a ignorância, o resultado é esta amostra de
ridículo. Na versão benigna, faz rir; nas formas agressivas, é impertinente e chega
a ser cruel.
Nos antípodas culturais de «um-“homens”
e uma-mulher», a agenda da Biblioteca Apostólica Vaticana de 2021 celebra a
mulher e o livro. Na introdução da agenda, o Cardeal Tolentino conta que Santo
Ambrósio, Bispo de Milão no século IV, estava convencido de que a leitura do
profeta Isaías tinha sido útil a Nossa Senhora como preparação para a
Anunciação do Anjo e essa opinião inspirou muitos artistas a representarem
Nossa Senhora com um livro nas mãos. Divulgou-se assim uma imagem de Maria culta,
atarefada com a lide da casa mas não dispensando uma biblioteca em pano de
fundo.
Encontramos dezenas de livros
diferentes nos vários quadros da Virgem, porque ninguém sabe o que Nossa
Senhora lia naquele momento, o importante é que o livro se tornou indissociável
da vida espiritual.
O Cardeal explica ainda que a
história da Biblioteca dos Papas está ligada ao contributo de muitas mulheres,
escritoras, artistas, teólogas, protagonistas da vida da Igreja, mecenas, mulheres
de ciência e de cultura... e termina com uma estatística interessante. Ámen!
segunda-feira, 4 de janeiro de 2021
Distrações e perda de tempo
Como se explica essa repugnância que
cada um de nós experimenta por manter a
atenção numa atividade intelectual?
Segundo Eyal, a procura de
distrações é, em geral, uma fuga a algo que
custa, mais do que a procura de um bem. Fugimos sobretudo daquilo que nos
incomoda. O perverso desta atitude é que essa fuga nos faz perder o tempo, o que ativa o sentimento de culpa por não
ter feito aquilo que deveríamos e aumenta a dor da qual estávamos precisamente
a fugir.
Quando uma distração é eficaz para nos afastar de algo que nos custa, é muito mais fácil que ela se converta numa
adição. E não é preciso ler um livro como este para nos darmos conta de que o
mundo atual está cheio de possíveis adições que “facilitam” a fuga daquilo que
nos exige esforço.
As palavras do escritor alemão
Hebbel (parafraseando uma conhecida frase dos gladiadores romanos) «o que sou
saúda tristemente aquele que poderia ser» resumem poeticamente a insatisfação
que se experimenta diante da perda de tempo. Porque deixamos de ver no tempo
algo essencial: aquilo que nos permite chegar a ser precisamente o que estamos
chamados a ser.
Já o dizia Victor Frankl: «quem se convenceu de que é insubstituível
naquilo que faz e dedica a isso o seu tempo (sem se preocupar se é valorizado
ou não socialmente) enche a sua vida de sentido e pode considerá-la consumada».
Por tudo isto, Eyel aconselha-nos: «Procura quem estás chamado a ser e dedica a isso a tua vida, o teu tempo. O
resto será entretido, mas deixar-te-á vazio».