Não é estranho que muitos cristãos – pausados e até solenes na vida social (não têm pressa), nas suas pouco activas actuações profissionais, na mesa e no descanso (também não têm pressa) – se sintam apressados e apressem o Sacerdote na sua ânsia de encurtar, de abreviar o tempo dedicado ao Santíssimo Sacrifício do Altar?
(São Josemaría Escrivá - Caminho, 530)
Toda a Trindade está presente no sacrifício do Altar. Por vontade do Pai, com a cooperação do Espírito Santo, o Filho oferece-Se em oblação redentora. Aprendamos a conhecer e a relacionar-nos com a Santíssima Trindade, Deus Uno e Trino, três pessoas divinas na unidade da sua substância, do seu amor e da sua acção eficaz e santificadora.
Logo a seguir ao lavabo, o sacerdote invoca: Recebei, ó Santíssima Trindade, esta oblação que Vos oferecemos em memória da Paixão, Ressurreição e Ascensão de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, no final da Santa Missa, há outra oração de inflamada reverência ao Deus Uno e Trino: Placeat tibi, Sancta Trinitas, obsequium servitutis meae... agradável Vos, seja, ó Trindade Santíssima, o obséquio da minha vassalagem: fazei que por misericórdia este Sacrifício oferecido por mim, posto que indigno aos olhos da vossa Majestade, Vos seja aceitável, e que para mim e para todos aqueles por quem o ofereci, seja um sacrifício de perdão.
A Santa Missa – insisto – é acção divina, trinitária, não humana. O sacerdote que celebra serve o desígnio divino do Senhor pondo à sua disposição o seu corpo e a sua voz. Não age, porém, em nome próprio, mas in persona et in nomine Christi, na Pessoa de Cristo e em nome de Cristo.
O amor da Trindade pelos homens faz com que, da presença de Cristo na Eucaristia, nasçam para a Igreja e para a humanidade todas as graças. Este é o sacrifício que profetizou Malaquias: desde o nascer do sol até ao poente, o meu nome é grande entre as nações, e em todo o lugar se sacrifica e se oferece ao meu nome uma oblação pura. É o Sacrifício de Cristo, oferecido ao Pai com a cooperação do Espírito Santo, oblação de valor infinito, que eterniza em nós a Redenção, que os sacrifícios da Antiga Lei não conseguiam alcançar.
(São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 86)
Obrigado, Perdão Ajuda-me
domingo, 6 de fevereiro de 2011
A misericórdia e a clemência de Deus
«Nosso Senhor tem cuidado contínuo dos passos dos Seus filhos, isto é, daqueles que possuem a caridade, fazendo-os caminhar diante d’Ele, estendendo-lhe a Sua mão nas dificuldades. Assim o declarou por Isaías: ‘Sou o teu Deus que te toma pela mão e te diz: Não temas, Eu te ajudarei’ (Is 41,13). De modo que, além de muito ânimo, devemos ter suma confiança em Deus e no Seu auxílio, pois se não faltamos à graça, Ele concluirá em nós a boa obra da nossa salvação, que começou»
(Tratado do amor de Deus, liv. 3, cap. 4 – São Francisco de Sales)
(Tratado do amor de Deus, liv. 3, cap. 4 – São Francisco de Sales)
Mozart Symphony No.5 K.22
Ton Koopman (Conductor)
Amsterdam Baroque Orchestra
Tokyo Metropolitan Art Space May 20, 1991
Papa reza pela "convivência pacífica" no Egipto, num "empenho partilhado a favor do bem comum": Bento XVI ao Angelus, neste domingo
O Papa segue com atenção a “delicada situação” com que se confronta a “cara nação egípcia” e pede a Deus que “reencontre a tranquilidade e a convivência pacífica, no empenho partilhado a favor do bem comum”. Declarou-o o próprio Bento XVI neste domingo, ao meio-dia, depois da recitação do Angelus, da janela dos seus aposentos.
Na breve catequese antes das Ave-Marias, o Papa evocou o Evangelho deste domingo - “sal da terra” e “luz do mundo”, pondo-o em comparação com a primeira leitura, do Livro de Isaías, que refere a “luz” que iluminará aquele que abrir o seu coração ao faminto e ao aflito:
“A sapiência resume em si os efeitos benéficos do sal e da luz: os discípulos do Senhor estão chamados a dar ao mundo um novo sabor, preservando-o da corrupção, com a sapiência de Deus, que resplende plenamente no rosto do Filho, porque é Ele a luz que ilumine todos os homens”.
Bento XVI recordou o Dia Mundial do Doente, que se celebra na próxima sexta-feira, 11 de Fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Ocasião para “reflectir, rezar e incrementar a sensibilidade das comunidades eclesiais e da sociedade civil para com os irmãos e irmãs doentes”. Este ano o tema desta Jornada é tirado da primeira Carta de São Pedro: “Pelas suas chagas fomos curados”:
“Convido todos a contemplar Jesus, o Filho de Deus, o qual sofreu, morreu, mas ressuscitou. Deus opõe-se radicalmente à prepotência do mal. O Senhor preocupa-se com o homem em cada situação , partilha o sofrimento e abre o coração à esperança.
Exorto portanto todos os trabalhadores no campo da saúde a reconhecerem no doente não só um corpo marcado pela fragilidade, mas antes de tudo uma pessoa, , à qual dar toda a solidariedade e oferecer respostas adequadas e competentes”.
Neste contexto, Bento XVI recordou que decorria neste domingo, em Itália, “a Jornada da Vida”, fazendo votos de que todos se empenhem em fazer crescer a cultura da vida, para colocar no centro, em todas as circunstancias, o valor do ser humano”:
“Segundo a fé e a razão, a dignidade da pessoa não se pode reduzir às suas faculdades ou às capacidades que pode manifestar, e portanto não fica em causa quando a própria pessoa se encontra numa situação de fraqueza, invalidade, necessitando de ajuda”.
Foi depois da recitação do Angelus que Bento XVI referiu a “atenção” com que acompanha a situação que se vem vivendo no Egipto…
“Peço a deus que aquela Terra, abençoada pela presença da Sagrada Família, reencontre a tranquilidade e a pacífica convivência, no empenho partilhado a favor do bem comum”.
Presentes hoje, na Praça de São Pedro, delegações das Faculdades de Medicina e de Cirurgia das Universidades de Roma, acompanhadas pelo Cardeal Vigário, por ocasião do Congresso promovido pelos Departamentos de Ginecologia e Obstetrícia sobre o tema da assistência de saúde durante a gravidez, facto expressamente mencionado pelo Papa:
“Quando a investigação científica e tecnológica é guiada por autênticos valores éticos é possível encontrar soluções adequadas para acolher a vida nascente e promover a maternidade. Faço votos de que as novas gerações de agentes da saúde sejam portadores de uma renovada cultura da vida”.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
Na breve catequese antes das Ave-Marias, o Papa evocou o Evangelho deste domingo - “sal da terra” e “luz do mundo”, pondo-o em comparação com a primeira leitura, do Livro de Isaías, que refere a “luz” que iluminará aquele que abrir o seu coração ao faminto e ao aflito:
“A sapiência resume em si os efeitos benéficos do sal e da luz: os discípulos do Senhor estão chamados a dar ao mundo um novo sabor, preservando-o da corrupção, com a sapiência de Deus, que resplende plenamente no rosto do Filho, porque é Ele a luz que ilumine todos os homens”.
Bento XVI recordou o Dia Mundial do Doente, que se celebra na próxima sexta-feira, 11 de Fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes. Ocasião para “reflectir, rezar e incrementar a sensibilidade das comunidades eclesiais e da sociedade civil para com os irmãos e irmãs doentes”. Este ano o tema desta Jornada é tirado da primeira Carta de São Pedro: “Pelas suas chagas fomos curados”:
“Convido todos a contemplar Jesus, o Filho de Deus, o qual sofreu, morreu, mas ressuscitou. Deus opõe-se radicalmente à prepotência do mal. O Senhor preocupa-se com o homem em cada situação , partilha o sofrimento e abre o coração à esperança.
Exorto portanto todos os trabalhadores no campo da saúde a reconhecerem no doente não só um corpo marcado pela fragilidade, mas antes de tudo uma pessoa, , à qual dar toda a solidariedade e oferecer respostas adequadas e competentes”.
Neste contexto, Bento XVI recordou que decorria neste domingo, em Itália, “a Jornada da Vida”, fazendo votos de que todos se empenhem em fazer crescer a cultura da vida, para colocar no centro, em todas as circunstancias, o valor do ser humano”:
“Segundo a fé e a razão, a dignidade da pessoa não se pode reduzir às suas faculdades ou às capacidades que pode manifestar, e portanto não fica em causa quando a própria pessoa se encontra numa situação de fraqueza, invalidade, necessitando de ajuda”.
Foi depois da recitação do Angelus que Bento XVI referiu a “atenção” com que acompanha a situação que se vem vivendo no Egipto…
“Peço a deus que aquela Terra, abençoada pela presença da Sagrada Família, reencontre a tranquilidade e a pacífica convivência, no empenho partilhado a favor do bem comum”.
Presentes hoje, na Praça de São Pedro, delegações das Faculdades de Medicina e de Cirurgia das Universidades de Roma, acompanhadas pelo Cardeal Vigário, por ocasião do Congresso promovido pelos Departamentos de Ginecologia e Obstetrícia sobre o tema da assistência de saúde durante a gravidez, facto expressamente mencionado pelo Papa:
“Quando a investigação científica e tecnológica é guiada por autênticos valores éticos é possível encontrar soluções adequadas para acolher a vida nascente e promover a maternidade. Faço votos de que as novas gerações de agentes da saúde sejam portadores de uma renovada cultura da vida”.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
Comunhão eclesial, na sucessão apostólica, sublinhada pelo Papa na ordenação episcopal de cinco bispos, na Basílica de São Pedro
Cinco novos bispos que exercitarão o seu ministério ao serviço da Santa Sé receberam a ordenação episcopal das mãos de Bento XVI, neste sábado de manhã, na basílica de São Pedro: Savio Hon Tai-Fai, chinês, 59 anos, salesiano, Secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos; Marcelo Bartolucci, italiano, 66 anos, Secretário da Congregação para as Causas dos Santos; Celso Morga Iruzibieta, espanhol, 63 anos, Secretário da Congregação para o Clero; António Guido Filipazzi, italiano, 47 anos, Núncio Apostólico; e Edgar Peña Parra, venezuelano, 50 anos, Núncio Apostólico.
Na homilia, recordando uma vez mais a passagem dos Actos dos Apóstolos sobre a comunidade primitiva de Jerusalém – tema da recente Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, Bento XVI sublinhou alguns aspectos da missão episcopal, observando que "o Pastor não deve ser uma cana de um pântano que se inclina conforme o vento que sopra, um servo do espírito do seu tempo"...
"O ser intrépido, ter a coragem de se opor às correntes do momento, pertence de modo essencial à tarefa do Pastor. Não há-de ser uma cana de pântano, mas sim – segundo a imagem do Salmo 1 – ser como uma árvore que tem raízes profundas, nas quais permanece firme e bem fundamentado”.
“O que – precisou o Papa – não tem nada que ver com a rigidez ou a inflexibilidade. Só onde existe estabilidade existe também crescimento”. Recordado o cardeal Newman, com as suas três “conversões”. Ele dizia que “viver é transformar-se”. Mas – insistiu Bento XVI – “as suas três conversões e as transformações correspondentes constituem, contudo, um único caminho coerente: o caminho da obediência em direcção à verdade, em direcção a Deus; o caminho da verdadeira continuidade que precisamente assim faz progredir”.
“A fé tem um conteúdo concreto” – sublinhou depois o Papa, comentando a expressão “perseverar no ensinamento dos Apóstolos”. (A fé) “não é uma espiritualidade indeterminada, uma sensação indefinível pela transcendência. Deus agiu e falou, precisamente Ele. Fez realmente algo, disse efectivamente algo… Podemos contar sobre a estabilidade da sua Palavra”. “Estando em comunhão com os Apóstolos, permanecendo na sua fé, nós próprios estamos em contacto com o Deus vivo".
"Caros amigos, é para este objectivo que serve o ministério dos Bispos: que não se interrompa esta cadeia (esta sucessão) da comunhão.
É esta a essência da Sucessão apostólica: conserva a comunhão com aqueles que encontraram o Senhor de modo visível e tangível, mantendo assim aberto o Céu, a presença de Deus no meio de nós. Só mediante a comunhão com os Sucessores dos Apóstolos estamos também em contacto com o Deus encarnado”.
Vale também o contrário – observou o Papa: “só graças à comunhão com Deus, só graças à comunhão com Jesus Cristo, se mantém unida esta cadeia das testemunhas”.
“Nunca se é bispo sozinho – diz-nos o Vaticano II, mas sempre só no colégio dos Bispos. E isto não se pode confinar no tempo da própria geração. À colegialidade pertence o entrelaçar de todas as gerações, a Igreja viva de todos os tempos. Vós, caros Confrades, tendes a missão de conservar esta comunhão católica.
Sabeis que o Senhor encarregou são Pedro e os seus sucessores de serem o centro desta comunhão, os garantes do estar-na-totalidade da comunhão apostólica e da sua fé. Oferecei o vosso contributo para que permaneça viva a alegria pela grande unidade da Igreja, pela comunhão de todos os lugares e tempos, pela comunhão da fé que abraça o céu e a terra”.
Na sua homilia de ordenação de cinco novos bispos, Bento XVI comentou depois a “fracção do pão”, que caracteriza a comunidade inicial de Jerusalém, recordando que “a santa Eucaristia é o centro da Igreja e deve ser o centro do nosso ser cristãos e da nossa vida sacerdotal”. O Senhor, que se dá a nós e deseja transformar-me para fazer-me entrar numa profunda comunhão com Ele”, abre-me assim a todos os outros. De facto – fez notar o Papa – a fracção do pão exprime também o partilhar, o transmitir aos outros o nosso amor.
“A dimensão social, a partilha não é um apêndice moral que se acrescenta à Eucaristia, mas é parte dela… Estejamos atentos a que a fé se exprima sempre no amor e na justiça de uns para com os outros e que a nossa praxis social se inspire na fé; que a fé seja vivida no amor”.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
Na homilia, recordando uma vez mais a passagem dos Actos dos Apóstolos sobre a comunidade primitiva de Jerusalém – tema da recente Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, Bento XVI sublinhou alguns aspectos da missão episcopal, observando que "o Pastor não deve ser uma cana de um pântano que se inclina conforme o vento que sopra, um servo do espírito do seu tempo"...
"O ser intrépido, ter a coragem de se opor às correntes do momento, pertence de modo essencial à tarefa do Pastor. Não há-de ser uma cana de pântano, mas sim – segundo a imagem do Salmo 1 – ser como uma árvore que tem raízes profundas, nas quais permanece firme e bem fundamentado”.
“O que – precisou o Papa – não tem nada que ver com a rigidez ou a inflexibilidade. Só onde existe estabilidade existe também crescimento”. Recordado o cardeal Newman, com as suas três “conversões”. Ele dizia que “viver é transformar-se”. Mas – insistiu Bento XVI – “as suas três conversões e as transformações correspondentes constituem, contudo, um único caminho coerente: o caminho da obediência em direcção à verdade, em direcção a Deus; o caminho da verdadeira continuidade que precisamente assim faz progredir”.
“A fé tem um conteúdo concreto” – sublinhou depois o Papa, comentando a expressão “perseverar no ensinamento dos Apóstolos”. (A fé) “não é uma espiritualidade indeterminada, uma sensação indefinível pela transcendência. Deus agiu e falou, precisamente Ele. Fez realmente algo, disse efectivamente algo… Podemos contar sobre a estabilidade da sua Palavra”. “Estando em comunhão com os Apóstolos, permanecendo na sua fé, nós próprios estamos em contacto com o Deus vivo".
"Caros amigos, é para este objectivo que serve o ministério dos Bispos: que não se interrompa esta cadeia (esta sucessão) da comunhão.
É esta a essência da Sucessão apostólica: conserva a comunhão com aqueles que encontraram o Senhor de modo visível e tangível, mantendo assim aberto o Céu, a presença de Deus no meio de nós. Só mediante a comunhão com os Sucessores dos Apóstolos estamos também em contacto com o Deus encarnado”.
Vale também o contrário – observou o Papa: “só graças à comunhão com Deus, só graças à comunhão com Jesus Cristo, se mantém unida esta cadeia das testemunhas”.
“Nunca se é bispo sozinho – diz-nos o Vaticano II, mas sempre só no colégio dos Bispos. E isto não se pode confinar no tempo da própria geração. À colegialidade pertence o entrelaçar de todas as gerações, a Igreja viva de todos os tempos. Vós, caros Confrades, tendes a missão de conservar esta comunhão católica.
Sabeis que o Senhor encarregou são Pedro e os seus sucessores de serem o centro desta comunhão, os garantes do estar-na-totalidade da comunhão apostólica e da sua fé. Oferecei o vosso contributo para que permaneça viva a alegria pela grande unidade da Igreja, pela comunhão de todos os lugares e tempos, pela comunhão da fé que abraça o céu e a terra”.
Na sua homilia de ordenação de cinco novos bispos, Bento XVI comentou depois a “fracção do pão”, que caracteriza a comunidade inicial de Jerusalém, recordando que “a santa Eucaristia é o centro da Igreja e deve ser o centro do nosso ser cristãos e da nossa vida sacerdotal”. O Senhor, que se dá a nós e deseja transformar-me para fazer-me entrar numa profunda comunhão com Ele”, abre-me assim a todos os outros. De facto – fez notar o Papa – a fracção do pão exprime também o partilhar, o transmitir aos outros o nosso amor.
“A dimensão social, a partilha não é um apêndice moral que se acrescenta à Eucaristia, mas é parte dela… Estejamos atentos a que a fé se exprima sempre no amor e na justiça de uns para com os outros e que a nossa praxis social se inspire na fé; que a fé seja vivida no amor”.
(Fonte: site Rádio Vaticano)
À VOLTA DO VOTO - entrevista do Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada à "Voz da Verdade"
A Igreja, a abstenção e o voto útil
Nas eleições presidenciais a abstenção ultrapassou os cinquenta por cento. Há quem entenda que o generalizado abstencionismo é um voto de protesto da maioria dos eleitores. Sobre esta questão, quisemos ouvir o Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada.
1. Nas vésperas das eleições presidenciais, assinou dois artigos de opinião que foram entendidos como uma tentativa de influenciar o voto dos cristãos.
P.GPA – Foram então muito mal entendidos, porque tive o cuidado, precisamente para não dar azo a esse tipo de leituras, de não referir nenhuma candidatura, nenhum nome de nenhum candidato, nem nenhum partido ou força política. Também não abordei questões de política partidária, nem emiti qualquer juízo sobre matéria opinável.
2. Mas a alusão ao voto inútil e ao voto em consciência não era, de algum modo, um convite a não votar na candidatura presidencial vencedora?
P. GPA – Era, sobretudo, uma chamada de atenção contra o relativismo a que necessariamente se apela quando se recorre ao argumento do voto útil, e um apelo para a necessidade de votar em consciência. Confesso que me repugna a impunidade política dominante e uma atitude indulgente dos eleitores significa uma certa cumplicidade com essas incoerências.
3. Mas isso não implica um juízo moral dos candidatos?
P. GPA – Enquanto pessoas, é óbvio que ninguém os deve julgar, mas os seus actos políticos podem e devem ser objecto de apreciação moral. Se um candidato defraudar sistematicamente as legítimas expectativas dos seus eleitores e esse facto não tiver quaisquer consequências, é caso para dizer que, em política, o crime compensa. É esta perversa lógica que me pareceu importante denunciar.
4. Mas é evidente que os artigos desfavoreciam a candidatura presidencial que veio a ganhar as eleições, embora com um resultado muito inferior ao total das abstenções.
P.GPA – Pelo contrário, porque em vez de considerar em pé de igualdade todas as candidaturas, afirmei sempre que, se algumas não seriam de modo nenhum admissíveis para um cristão coerente, outras, como a que veio a ganhar, poderiam ser uma opção lícita, em virtude do princípio do mal menor, para quem se revê na Doutrina Social da Igreja.
5. Então, como explica algum mal-estar suscitado por esses seus artigos de opinião?
P. GPA – Não creio que haja motivo para essa admiração se tivermos presente que a pregação de Jesus Cristo também causava escândalo, sobretudo entre os fariseus e os pusilânimes. Hoje, seria preciso acrescentar também os inimigos da liberdade e da Igreja.
6. Como assim?!
P. GPA – O voto dos cristãos é sempre apetecível, nomeadamente num país cuja matriz cultural é essencialmente cristã. Por isso, há sempre quem queira apropriar-se desse voto, recorrendo ao argumento do «voto útil»: os cristãos devem votar e devem votar bem, isto é, votar na candidatura menos má.
7. Mas, não é correcto este argumento?
P. GPA – Claro que não! Ninguém, mesmo sendo católico, é dono do voto dos cristãos, nem a Igreja pode ficar refém de nenhuma força ou partido político. Que os fiéis possam votar na candidatura menos má não quer dizer que estejam obrigados a votar nela, porque também é moralmente legítimo o voto em outras candidaturas, desde que compatíveis com a fé cristã, bem como a abstenção, o voto em branco ou o voto nulo.
8. De todos os modos, uma tal atitude parece, em termos políticos, pouco razoável e pouco ou nada construtiva.
P. GPA – Talvez, mas em termos morais, que são os únicos que me interessam, é importante defender a liberdade da Igreja e a dos fiéis nestas matérias. Acho curioso que os mesmos políticos que apelaram energicamente à participação no sufrágio e censuraram, com azedume, a abstenção, foram também os que impediram essa mesma participação, quando excluíram a possibilidade de um referendo sobre o casamento de pessoas do mesmo sexo, que dezenas de milhares de eleitores tinham pedido.
9. Mas, não lhe parece que se trata de uma questão eminentemente política?
P. GPA – Antes de o ser, é ética e pastoral. Depois de publicados os artigos que referiu, muitos fiéis confidenciaram-me que tinham ficado muito aliviados nas suas consciências, porque erradamente pensavam que estavam obrigados a votar e a votar útil, apesar disso lhes parecer uma violência e uma falsidade, na medida em que não se identificavam minimamente com nenhuma candidatura. É missão dos pastores esclarecer as almas dos fiéis sobre estas questões e defender a sua liberdade de consciência.
10. De todos os modos, não teria sido mais conveniente que esse esclarecimento não tivesse ocorrido em plena campanha eleitoral?
P. GPA – Desculpe-me a ingenuidade, mas pensava que a campanha eleitoral servia precisamente para abordar estes assuntos. É recorrente essa tentativa de amordaçar a Igreja, com a desculpa de que se não deve intrometer em política. Nas vésperas do referendo do aborto, também não faltou quem quisesse silenciar a Igreja, mas os pastores devem pregar a vida nas vésperas dos referendos, nos dias dos referendos e nos dias seguintes aos referendos, porque a nossa agenda é o Evangelho e não o calendário político ou eleitoral.
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1960
“Começar é de muitos; acabar, de poucos. Nós que procuramos comportar-nos como filhos de Deus, temos de estar entre os segundos. Não o esqueçais: só as tarefas terminadas com amor, bem acabadas, merecem aquele aplauso do Senhor, que se lê na Sagrada Escritura: “é melhor o fim de uma obra do que o seu princípio” (Ecli VII, 9)”. Com estas palavras começa a homilia “Trabalho de Deus”, que prega nesta data e se recolhe no livro Amigos de Deus.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Bom Dia e Bom Domingo!
Um olhar sobre a vida humana
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Reino Unido: católicos e ateus dispostos a discordar com cortesia
A agressiva hostilidade mostrada por alguns grupos aquando da visita de Bento XVI ao Reino Unido entre 16 e 18 de Setembro de 2010 levou alguns ateus britânicos a proporem a adopção de um tom mais respeitoso nas suas críticas. A ideia poderia resumir-se do seguinte modo: se discordamos dos católicos, pelo menos façamo-lo com boas maneiras e sem distorcer as suas posições.
O estilo visceral dos chamados "novos ateus" acabou por fazer corar os ateus que se limitam a negar a existência de Deus, e mesmo aqueles que, assumindo posições mais combativas, promovem o ateísmo sem cair nas estridências de Richard Dawkins e companhia.
O estilo visceral dos chamados "novos ateus" acabou por fazer corar os ateus que se limitam a negar a existência de Deus, e mesmo aqueles que, assumindo posições mais combativas, promovem o ateísmo sem cair nas estridências de Richard Dawkins e companhia.
Meditação de Francisco Fernández Carvajal
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