Todavia, isto não acontece sempre: aliás, com frequência não há vontade alguma de compreensão e prefere-se aproveitar a ocasião para polémicas tão ásperas como preconceituosas, mas sobretudo, sem fundamento real. O que deseja a Igreja? Simplesmente o que sempre procurou este é o sentido da tradição e da sua continuidade, desde a presença do apóstolo Paulo até aos ensinamentos dos Papas mais recentes ou seja, permitir, naturalmente com as suas imperfeições humanas, que a graça de Deus "se torne cada vez mais visível".
Bento XVI recordou as suas viagens, a Jornada Mundial da Juventude e o Sínodo sobre a Palavra de Deus: episódios diferentes mas ligados entre si pelo facto de que a Igreja vive também hoje a presença do Espírito, como no Pentecostes de há quase vinte séculos. Deus fala e está presente também hoje e a Igreja quer escutá-lo e convidar cada ser humano a escutá-lo, ou pelo menos a considerá-lo. Mas a fé fundada na encarnação do Filho de Deus tem necessidade de ver e de tocar. Eis então o verdadeiro sentido do Dia de Sidney: não foi um festival de rock ao redor de um Papa protagonista como o apresentam inclusive algumas "vozes católicas", mas uma celebração longamente preparada e que está destinada a continuar; definitivamente é um evento no qual se considera de maneira séria a questão de Deus e a presença do Espírito criador. E o abrir-se a Deus ou pelo menos à sua possibilidade, mas uma possibilidade que não é insensata tem consequências: sobre a atitude em relação à criação e a uma matéria "estruturada de modo inteligente" e sobre a necessidade de uma "ecologia do homem". Ela não deriva de uma "metafísica superada", afirmou com exactidão Bento XVI, que explicou mais uma vez o modo como ela provém de uma escuta da "linguagem da criação". Na rejeição da ideologia do gender, que nega o ser humano como homem e mulher, e portanto nega a sexualidade. Sim, o Espírito de Deus entrou na história e oferece a sua alegria. Compete a cada ser humano prestar atenção a isto.