Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Veni Veni Emmanuel

Boa noite!

Não ponhas o teu "eu" na tua saúde, no teu nome, na tua carreira, na tua ocupação, em cada passo que dás... Que coisa tão maçadora! Parece que te esqueceste que "tu" não tens nada, é tudo d'Ele. Quando ao longo do dia te sentires, talvez sem razão, humilhado; quando pensares que o teu critério deveria prevalecer; quando notares que a cada instante borbota o teu "eu", o teu, o teu, o teu..., convence-te de que estás a matar o tempo e que estás a precisar que "matem" o teu egoísmo.

(São Josemaría Escrivá - Forja, 1050)

Convém deixar o Senhor meter-se nas nossas vidas e entrar confiadamente sem encontrar obstáculos nem recantos obscuros. Nós, os homens, tendemos a defender-nos, a apegar-nos ao nosso egoísmo. Sempre tentamos ser reis, ainda que seja do reino da nossa miséria. Entendei através desta consideração por que motivo temos necessidade de recorrer a Jesus: para que Ele nos torne verdadeiramente livres e, dessa forma, possamos servir a Deus e a todos os homens. Só assim perceberemos a verdade daquelas palavras de S. Paulo: Agora, porém, livres do pecado e feitos servos de Deus, tendes por fruto a santificação e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, ao passo que o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Nosso Senhor Jesus Cristo.

Estejamos precavidos, portanto, visto que a nossa tendência para o egoísmo não morre e a tentação pode insinuar-se de muitas maneiras. Deus exige que, ao obedecer, ponhamos em exercício a fé, porque a sua vontade não se manifesta com aparato ruidoso; às vezes o Senhor sugere o seu querer como que em voz baixa, lá no fundo da consciência; e é necessário escutar atentamente para distinguir essa voz e ser-Lhe fiel.

(São Josemaría Escrivá - Cristo que passa, 17)

Feliz e Santo Natal para todos

Revitalizar o espírito de reconciliação”…“manter a capacidade de ver o essencial, Deus e o homem: Discurso do Papa á Cúria Romana para a troca de Boas Festas de Natal


“Forte grito dirigido a todas as pessoas com responsabilidade política ou religiosa para que se detenha a cristã-fobia”. Há que “revitalizar o espírito de reconciliação”. “Combater contra a cegueira em relação à razão”, “manter a capacidade de ver o essencial, ver Deus e o homem, o que é bom e verdadeiro” – “é o interesse comum que deve unir todos os homens de boa vontade. Está em jogo o futuro da humanidade”. Para tal, exige-se uma profunda conversão, que constitui uma “viragem copernicana”: o que é verdadeiramente real, o que efectivamente conta, é “Deus e o homem, o próprio ser do homem a nível espiritual”.

– Estes alguns dos aspectos sublinhados por Bento XVI no discurso pronunciado nesta segunda de manhã, no tradicional encontro com os Cardeais, bispos e outros responsáveis da Cúria Romana, para a apresentação das Boas Festas de Natal. Como de costume, o Papa passou em resenha alguns dos principais acontecimentos do ano que agora se conclui, que mais afectaram a sua actividade pastoral e toda a vida da Igreja.

Uma primeira referência reservou-a o Santo Padre ao Ano Sacerdotal, que constituiu uma oportunidade para “renovar a consciência do dom que o sacerdócio da Igreja Católica representa”. Neste contexto, maior foi o abalo que suscitou o chegar ao conhecimento, numa dimensão inimaginável, dos abusos contra os menores, cometidos por sacerdotes, ferindo profundamente a pessoa humana na sua infância, com marcas para toda a vida. Neste contexto, Bento XVI evocou uma visão de Santa Hildegarda de Bingen, em que esta contemplou uma figura feminina, “esposa de Cristo”, representando a Igreja, com o rosto conspurcado e os vestidos rasgados pelos pecados dos homens, nomeadamente dos padres que transgridem o Evangelho e o seu dever sacerdotal. Embora em alguns deles, se reconhecesse o esplendor da verdade.

“Na visão de Hildegarda, o rosto da Igreja está coberto de pó, e foi assim que nós a vimos, com o vestido rasgado, por culpa dos sacerdotes. Como ela a viu e exprimiu, assim a vimos nós este ano. Devemos acolher esta humilhação como uma exortação à verdade e uma chamada à renovação. Só a verdade salva.”

Bento XVI considerou ser necessário “interrogar-nos o que é que estava errado no nosso anúncio, em todo o nosso modo de configurar o ser cristão, para que tal possa ter acontecido. Precisamos de encontrar uma nova determinação na fé e no bem. Temos que ser capazes de penitência” – insistiu o Papa, que agradeceu todos os que cuidam de reparar junto das vítimas o mal cometido, assim como os “muitos bons padres que transmitem com humildade e fidelidade a bondade do Senhor e, no meio das devastações, testemunham a beleza, não perdida, do sacerdócio”.

“Temos consciência da particular gravidade deste pecado cometido por sacerdotes e da nossa co-responsabilidade a esse propósito. Mas não podemos também silenciar o contexto do nosso tempo, em que nos é dado ver estes acontecimentos” – acrescentou o Papa, denunciando a pornografia infantil:

“Existe um mercado da pornografia no que diz respeito às crianças, que de algum modo parece ser considerado cada vez mais pela sociedade como uma coisa normal. A devastação psicológica das crianças, em que pessoas humanas ficam reduzidas a um artigo de mercado, é um horrível sinal dos tempos”.

Idêntica referência do Papa ao problema da droga, que com força crescente estende os seus tentáculos á volta do globo, expressão da ditadura do dinheiro, que perverte o homem, minando e acabando por eliminar mesmo a sua liberdade.

Lançando um olhar sobre os fundamentos ideológicos desta forças, Bento XVI denunciou o facto de nos anos 70 se ter teorizado a pedofilia como algo de conforme ao homem e mesmo à criança. O que – advertiu – “fazia parte de uma perversão de fundo do conceito de ethos”, que contaminou aliás a própria teologia católica. “Segundo os objectivos e as circunstâncias, tudo poderia ser bem, ou também mal”.

O Papa evocou, neste contexto, a Encíclica “Veritatis splendor”, de 1993, na qual “com força profética (disse) João Paulo II apontou na grande tradição racional do ethos cristão as bases essenciais e permanentes do agir moral”.

“Este texto deve ser hoje colocado de novo ao centro, como caminho na formação da consciência. É nossa responsabilidade tornar novamente audíveis e compreensíveis entre os homens estes critérios como vias da verdadeira humanidade, no contexto da preocupação pelo homem, em que estamos imersos”.

Passando a um segundo ponto, nesta evocação da sua actividade ao longo de 2010, Bento XVI referiu o Sínodo das Igrejas do Médio Oriente, preparado já pela viagem a Chipre. O Papa recordou com gratidão o ter podido experimentar a “inesquecível hospitalidade” da Igreja ortodoxa local.

“Embora não nos seja ainda dada a plena comunhão, contudo pudemos constatar com alegria que nos une profundamente uns aos outros a forma basilar da Igreja antiga: o ministério sacramental dos Bispos, como portadores da tradição apostólica; a leitura da Escritura segundo a hermenêutica da Regula fidei, a compreensão da Escritura na unidade multiforme centrada em Cristo, e desenvolvida graças à inspiração de Deus; e, finalmente, a fé na centralidade da Eucaristia na vida da Igreja”.

Recordando a sessão sinodal realizada em Roma, Bento XVI lembrou que esta permitiu alargar o horizonte a todo o Médio Oriente, onde convivem fiéis pertencentes a diferentes religiões e mesmo a múltiplas tradições e ritos distintos. Neste contexto, referiu um crescendo de tensões e divisões:

“Nas convulsões dos últimos anos, ficou abalada a situação de partilha, cresceram tensões e divisões, de tal modo que somos testemunhas com temor de actos de violência em que já não se respeita o que é sagrado para o outro, e em que vêm a faltar as mais elementares regras de humanidade. Na situação actual , os cristãos são a minoria mais oprimida e atormentada. Ao longo de séculos tinham convivido pacificamente com os seus vizinhos judeus e muçulmanos”.

“Tendo por base o espírito da fé e da racionalidade – observou o Papa – o Sínodo desenvolveu um grande conceito de diálogo, de perdão e de acolhimento recíproco, conceito que agora queremos gritar ao mundo”:

“O ser humano é um só, uma só é a humanidade. Aquilo que em qualquer lugar se faz contra o homem, acaba por ferir a todos. Assim as palavras e os pensamentos do Sínodo devem ser um forte grito dirigido a todas as pessoas com responsabilidade política ou religiosa para que detenham a cristão-fobia; para que se levantem em defesa dos prófugos e dos que sofrem; e para que revitalizem o espírito da reconciliação.

Em última análise, o restabelecimento só pode vir de uma fé profunda no amor reconciliador de Deus. Dar força a esta fé, alimentá-la e fazê-la resplandecer é a principal tarefa da Igreja nesta hora”.

Passando finalmente à “inesquecível viagem” ao Reino Unido, Bento XVI deteve-se em dois momentos: o encontro com o mundo da cultura, no Westminster Hall, e a beatificação do cardeal John Henry Newman.

No primeiro caso – observou – tratou-se de “um encontro em que a consciência da responsabilidade comum neste momento histórico criou uma grande atenção, que, em última análise, se concentrou na questão da verdade e da própria fé”. O Papa recordou a afirmação feita a seu tempo por Alexis de Toccqueville, segundo o qual a democracia foi possível e funcionou na América “porque existia um consenso moral de base que, indo para além das denominações de cada um, a todos unia”. Ora – prosseguiu Bento XVI - “só com tal consenso sobre o essencial é que podem funcionar as constituições e o direito”.

“Este consenso de fundo proveniente do património cristão está em perigo quando, no seu lugar, no lugar da razão moral, se substitui a mera racionalidade finalística, que na verdade constitui uma cegueira da razão em relação ao que é essencial. Combater contra esta cegueira da razão e conservar a sua capacidade de ver o essencial, de ver Deus e o homem, isto é, o que é bom e verdadeiro, é o interesse comum que deve unir todos os homens de boa vontade. Está em jogo o futuro do mundo”.

Relativamente ao cardeal John Henry Newman, Bento XVI considerou importante que se aprenda com as suas três conversões, como “passos de um caminho espiritual que vale para todos” e pôs em destaque a primeira dessas conversões: a conversão à fé no Deus vivo. “Na sua conversão, Newman reconhece que é “Deus e a alma, o próprio ser do homem a nível espiritual” aquilo que é verdadeiramente real, aquilo que conta.

“Esta conversão significa uma viragem copernicana. O que até então lhe tinha aparecido irreal e secundário revela-se como a coisa verdadeiramente decisiva. Onde surge tal conversão, não muda simplesmente uma teoria, muda a forma fundamental da vida. É desta conversão que todos nós precisamos, sempre de novo: então estaremos no caminho certo”.

A concluir, Bento XVI lamentou ter de, por falta de tempo, renunciar a falar das “viagens tão significativas” a Malta, Portugal e Espanha.

“Nelas se tornou de novo visível que a fé não é uma coisa do passado, mas sim um encontro com o Deus que vive e actua agora. Ele nos chama em causa e opõe-se à nossa preguiça, e é precisamente assim que nos abre o caminho para a verdadeira alegria”

(Fonte: site Rádio Vaticano)

European Jazz Trio - Europa

Boa Tarde!

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DIA DE NATAL* - Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada

Diálogo entre o Pai Natal e o Menino Jesus

Foi numa esquina qualquer que se encontraram o Pai Natal e o Menino Jesus. Enquanto aquele se preparava para trepar um prédio, com o seu saco às costas, este último, recém-nascido, descia à terra e oferecia-se inerme, num pobre estandarte, que cobria uma mísera janela.

- Quem és tu, Menino – disse o velho – e que fazes por aqui?! É a primeira vez que te vejo!

- Sou Jesus de Nazaré e ando há vinte séculos à procura de uma casa que me receba e, como há dois mil anos em Belém, não há quem me dê pousada.

- Pois não é de estranhar! Não vês que vens quase nu?! Porque não trazes roupas quentes, como as que eu tenho, para me proteger do frio do inverno?

- O calor com que me aqueço é o fogo do meu amor e o afecto dos que me amam.

- Eu trago muitos presentes, para os distribuir pelas casas das redondezas. E tu, que andas por aqui a fazer?

- Eu sou rico, mas fiz-me pobre, para os pobres enriquecer com a minha pobreza. Eu próprio sou o presente de quem me acolher. Não vim ensinar os homens a ter, mas a ser, porque quanto mais despojada é a vida humana, maior é aos olhos do Criador.

- E de onde vens e como vieste até aqui? Eu venho da Lapónia, lá para as bandas do pólo norte.

- Eu venho do céu, de onde é o meu Pai eterno, e vim ao mundo pelo sim de uma virgem, que me concebeu do Espírito Santo.

- Que coisa estranha! Nunca ouvi falar de ninguém que tenha nascido de uma virgem e assim tenha vindo ao mundo! E não tens nenhum animal que te transporte para tão longa viagem, como eu tenho estas renas?

- Um burrinho foi a minha companhia em Belém, e foi também o meu trono real, na entrada triunfal em Jerusalém.

- Um burro?! Não é grande coisa, para trono de um rei…

- O meu reino não é deste mundo e a sua entrada é tão estreita que os meus cortesãos, para lá entrarem, se têm que fazer pequeninos, porque destes é o meu reino.

- E que coisas ofereces? Que tesouros tens para dar? Que prometes?

- Trago a felicidade, mas escondida na cruz de cada dia; trago o céu, mas oculto no pó da terra; trago a alegria e a paz, mas no reverso das labutas do próprio dever; trago a eternidade, mas no tempo gasto ao serviço dos outros; trago o amor, mas como flor e fruto da entrega sacrificada.

- Pois eu trago as coisas que me pediram: jogos e brinquedos para os miúdos e, para os graúdos, saúde, prazer, riqueza e poder. Mas, por mais que lhes dê, nunca estão satisfeitos!

- A quem me dou, quer-me sempre mais na caridade que tem aos outros, porque é nos outros que eu quero que me amem a mim.

- Mais um enigma! De facto, somos muito diferentes, mas pelo menos numa coisa nos parecemos: ambos estamos sós, nesta noite de consoada!

- Eu nunca estou só, porque onde estou, está sempre o meu Pai e onde eu e o Pai estamos, está também o Amor que nós somos e estão aqueles que me amam.

- Bom, a conversa está demorada e ainda tenho muitas casas para assaltar, pela lareira, como manda a praxe.

- Eu estou à porta e bato e só entrarei na casa de quem liberrimamente me abrir a porta do seu coração e aí cearei e farei a minha morada.

- Pois sim, mas eu vou andando que já estou velho e cansado …

- Eu acabo de nascer e quem, mesmo sendo velho, renascer comigo, será como uma fonte de água viva a jorrar para a vida eterna.

O velho Pai Natal, resmungando, subiu ao telhado do luxuoso prédio, atirou-se pela chaminé abaixo e desapareceu.

Foi então que a janela onde estava o estandarte se abriu e uma pobre velhinha de rosto enrugado, como um antigo pergaminho, beijou o reverso da imagem do Deus Menino, que estremeceu de emoção. A seguir, encostou a vidraça, apagou a luz e, muito de mansinho, adormeceu. Depois, o Menino Jesus, sem a acordar, pegou nela ao colo e, fazendo do seu pendão um tapete mágico, levou-a consigo para o Céu.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada

* Os primeiros cristãos chamavam dies natalis, ou seja, natal, ao dia da sua morte, porque entendiam que esse era o dia do seu nascimento para a verdadeira vida.

Bom Dia!

Da Melhoria Pessoal e da Vida Interior


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Conto de Natal

Pedro estava a uma mesa do bar, bebendo uma cerveja e angustiando-se por causa da dívida ao banco. Era como se toda a maldita crise mundial se concentrasse na próxima prestação e na falta de dinheiro para a pagar. Onde arranjá-lo? Então ouviu dizer:

- Porque é que não fazes como na outra?

Pedro levantou os olhos e viu um homem de barba à mesa do lado, que sorria e olhava para ele.
Perante o olhar confuso do jovem, o homem explicou:

- Estás preocupado com a dívida. Porque não fazes como na outra dívida?

- Outra?! Qual outra?

- Tu recebeste dinheiro do banco e, como sabes que não é teu, preocupas-te em pagá-lo. Mas também recebestes dois braços, duas pernas, uma cabeça e um coração, recebestes um chão para pisar, ar para respirar, comida para comer, uma família que te ama, uma carreira e amigos. Um dia recebestes tudo isso, sem saberes de onde, e um dia tudo te vai ser tirado, tal como no dinheiro do banco. A situação é exactamente paralela. Porque é que ligas ao empréstimo da moeda e não ao empréstimo da vida?

Pedro estava mais confuso que nunca.

- Tu, que não acreditas que Deus existe...

- Isso não é verdade! - interrompeu Pedro.

- Ah! Está bem. Há muitos que acham que o banco não existe e têm direito a todo o empréstimo que receberam por causa de umas coisas a que chamam "leis da física e da natureza". Esses agem como se fossem donos disto, sem perceberem que não controlam nada. São os mais tontos de todos. Então tu acreditas que Deus existe mas não te liga nenhuma.

- Também, não é verdade!

- Está bem! É que existem alguns que acreditam na existência do banco, mas pensam que, desde que paguem de vez em quando uma comissãozita, nunca vão precisar de tratar dos juros e devolver o capital. Têm um pacto de não agressão com Deus e vivem respeitosamente à parte. Esses terão uma surpresa ainda mais desagradável que os primeiros. Então tu não pertences a nenhum destes dois grupos. Quer dizer que és do pior dos três: aqueles que acreditam que Deus existe, que Ele liga ao mundo, mas não lhe ligam a Ele. Os piores são os fariseus - disse o homem, com cara enjoada.

Pedro pensou em protestar, mas preferiu ficar calado, a ver o que aconteceria. O homem continuou.

- Tudo o que tu tens, do teu cérebro à tua mulher, passando pelo sistema solar e o teu emprego, não é, nem nunca foi, teu. É do seu verdadeiro dono e foi-te confiado durante um bocadinho de tempo. Mais: como sabes bem, não se trata de um único empréstimo feito ao nascer que se paga na morte, porque estás permanentemente a receber novos benefícios. Mesmo que vás pagando os juros pontualmente, a tua dívida vital aumenta todos os dias exponencialmente. Pior de tudo, a única forma de pagar os juros é com a própria dívida, porque, se pensares bem, vês que nada tens de teu.
Tudo depende de Outro.

- Por isso, a questão central da vida - continuou o homem - não é cumprir regras, ser bonzinho, preocupar-se com os outros. É ser realista e compreender que devemos tudo. Tudo o que somos e temos, devemo-lo a Outrem. A única forma verdadeira de viver é numa total e profunda dependência deste Deus que nos dá tudo. É isso que é ser religioso. Por isso somos bons. Os que vêem a religião como um conjunto de deveres, um código moral ou ritos, costumes, amizades são piores que os ateus honestos. Foi com esses que Ele mais discutiu. Nunca ouviste dizer que antes de tudo deves "amar a Deus sobre todas as coisas"? Amar! Amar mesmo! E sobre todas as coisas. Onde é que leste que bastava "amar o próximo como a si mesmo"? O problema central da vida é a dívida absoluta, esmagadora, totalitária que temos perante o banco divino. Que, felizmente, nos ama mais a nós que nós próprios.

- Não sei se o meu prior gostaria dessa sua comparação de Deus com um banco! - disse Pedro a rir.

- Achas? Nunca ouviste ler: "O reino dos céus é... como um homem que, tendo de viajar para o exterior, chamou os seus escravos e lhes confiou os bens. A um deu cinco talentos, a outro dois e ao terceiro um, segundo a capacidade de cada um."? (Mt 25, 14-15)

João César das Neves

(Fonte: DN online)

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1924


Recebe o diaconado na igreja de São Carlos, em Saragoça, das mãos de D. Miguel de los Santos Díaz Gómara. Tem 22 anos.

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

A pobreza enriquece…

“Vós conheceis a bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. Sendo rico, se fez pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela Sua pobreza” (2Cor 8,8). Mas não sejamos hipócritas, desvirtuando este conceito verdadeiro e real, tentando aliviar a nossa consciência perante a pobreza e a miséria, pois à caridade, uma das três virtudes teologais, não nos podemos subtrair, sobre pretexto algum, sejamos pois, “(…), pessoas cujo coração Cristo conquistou com o seu amor, nele despertando o amor ao próximo”. (Deus Caritas Est, 33)

(JPR)

«Se não podeis entender que a pobreza enriquece, representai-vos em Jesus Cristo e em seguida dissipar-se-ão as vossas dúvidas. Com efeito se Jesus Cristo não se tivesse feito pobre, os homens não teriam podido enriquecer. Essas riquezas inefáveis, que por um milagre incompreensível para os homens encontrou a sua fonte na pobreza, são: o conhecimento de Deus e da verdadeira virtude, a libertação do pecado, a justiça, a santidade, e outros mil benefícios que Jesus Cristo já nos concedeu e que nos concederá ainda».

(Excerto Homilia sobre 2 Cor, 17 – São João Crisóstomo)

O Presépio dos homens encarregados da limpeza das ruas de Roma, vulgo “almeidas”, é desde há anos um dos favoritos do Vaticano (espanhol e inglês)

O BURRICO DO PRESÉPIO DE BELÉM

Hoje, leitor amigo, em quem penso enquanto escrevo, veio-me à lembrança a história do burrico do Presépio de Belém que um dia li deliciado.

Dias a fio, perseverantemente, aquele burrico humilde, aparentemente destinado a não ter história - era apenas um entre tantos outros - aqueceu. com a sua presença e o seu bafo, o Menino Jesus.

Mas um dia, na vida de cada um de nós há sempre um dia, uma grande azáfama inundou o local. Gente da estranja, com fatos multicolores, vasta criadagem, montada em camelos, perguntava afanosamente pelo Rei que vinha adorar.
O burrico estava espantado: quanta luz, quanta riqueza, quanta história maravilhosa de viagens e terras distantes... Mas, o que mais lhe chamava a atenção eram os camelos... "Como deve ser bom - pensava ele - ser camelo! ... esguio, pernas ágeis e resistentes, a bossa coberta de finas roupagens, transportando gente importante..."

Quando os Magos partiram, o burrico, como que hipnotizado, sem um adeus, abandonou o Presépio e seguiu a lustrosa caravana. Seguiu-a de longe, receoso de ser enxotado, com medo das feras e de um formigueiro que sentia percorrer-lhe todo o corpo... Com sede, aproximou-se de um regato que corria perto. Ficou espantado. "Não! Não podia ser!" Olhou em volta e depois olhou para si ... De facto não era ilusão. 0 burrico do Presépio transformara-se num jovem e esbelto camelo orgulhoso, muito orgulhoso da sua bossa.

À noite nem dormiu. Sonhou com o futuro que tão estranhamente, se lhe abria radioso. Depois os dias passaram correndo em tumultuosas e constantes novidades que lhe faziam abrir a boca de espanto.

De vez em quando, durante o tropear das viagens ou no silêncio da noite, parecia-lhe ouvir o galrejar do Menino, sentir a mão da Senhora que lhe acariciava a manchita branca da testa, ver os gestos serenos de José que o mimava com palavras enquanto lhe acomodava a palhita fresca e saborosa. "Atavismos! Falta de maturidade!" pensava o burrico que entretanto se civilizara e aprendera algumas verdades científicas... E de novo se emaranhava no tumulto que o envolvia.

Mas um dia, na vida de cada um de nós há sempre um dia, a saudade do Presépio pungiu-o mais fundamente... E sem hesitações, sem olhar para trás, num rápido galope pôs-se a caminho de Belém.

Quando chegou empurrou a porta com o focinho para entrar. Mas... que desilusão! A bossa aquela bossa de que tanto se orgulhara um dia, impedia-o agora de passar pela porta demasiado pequena para a sua corpulência. Tentou rastejar mas... nem assim.

Então desamparado, deitou-se à porta chorando amargamente... E, mistério profundo! À medida que as lagrimas, lhe caíam dos olhos e regavam o chão, aquela bossa que o impedia de entrar, ia-se desfazendo lentamente... Uma suave brisa afastou as nuvens e o luar inundou a terra... Por entre lágrimas, o burrico viu a sua imagem reflectida, a imagem do burrico do Presépio que regressava a casa. E, sem ruído, foi ocupar o seu lugar.

Aqui interrompo a história do burrico do Presépio. Imagino, que fez história servindo, até ao fim dos seus dias, a Jesus, apesar de algumas teimosias, zurros e pinotes toleráveis num burrico.

Aqui entronca também a história de cada um de nós, os homens e as mulheres, que, vezes sem conta, abandonamos o Presépio ofuscados por ouropéis falaciosos.

Cada dia do ano será Natal, como o leitor e eu desejamos, se, quando fugirmos, soubermos, com dor de amor e humildade, voltar para Jesus. Se o fizermos sentiremos na nossa a Sua mão reconfortante; sentiremos o afago de Santa Maria, Mãe, de Deus e nossa Mãe; ouviremos a voz forte e serena de S. José, nosso Pai e Senhor a dizer-nos: "Ânimo! Arrebita essas orelhas! Juntos temos muito caminho para andar".

Para si leitor, para todos, desejo um Bom Natal e Feliz Ano Novo.

Agradecimento: António Faure

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Bem-Aventurado Guerric de Igny (c. 1080-1157), abade cisterciense
Sermão 3 para a Anunciação, 2-4 (a partir da trad. Sr Isabelle de la Source, Lire la Bible, t. 6, p. 38)

«O próprio Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá»

«O Senhor mandou dizer de novo a Acaz: 'Pede ao Senhor teu Deus um sinal'. Acaz respondeu: 'Não pedirei tal coisa, não tentarei o Senhor'.» (Is 7, 10-12) [...] Pois bem, a este sinal recusado [...] acolhemo-lo nós com uma fé ilimitada e um respeito pleno de amor. Reconhecemos que o Filho concebido pela Virgem é para nós, nas profundezas do inferno, sinal de perdão e de liberdade, e nas alturas dos céus sinal de esperança, de exultação e de glória para nós. [...] Doravante este sinal foi elevado pelo Senhor, primeiramente sobre o chão da cruz, e depois sobre o Seu trono real. [...]

Sim, é um sinal para nós esta mãe virgem que concebe e dá à luz: sinal de que este homem concebido e nascido é Deus. Este Filho que realiza obras divinas e suporta sofrimentos humanos é para nós o sinal, que levará Deus até aos homens pelos quais Ele foi concebido e nasceu, e pelos quais também sofreu.

E, de todas as enfermidades e desgraças humanas que este Deus Se dignou suportar por nós, a primeira no tempo, a maior no Seu abaixamento, parece-me ter sido sem dúvida que esta Majestade infinita tenha suportado ser concebida no seio de uma mulher e aí estar oculta durante nove meses. Onde esteve Ela tão completamente aniquilada como aqui? Quando é que A vimos despojar-Se até este ponto? Durante todo esse tempo, esta Sabedoria não diz nada, esta Potência não opera nada de visível, esta Majestade escondida não Se revela por nenhum sinal. Nem na cruz Cristo pareceu tão fraco. [...] No seio de Maria, pelo contrário, está como se não estivesse; o Todo-Poderoso está inoperante, como se nada pudesse; e o Verbo eterno escondeu-Se no silêncio.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 20 de Dezembro de 2010

São Lucas 1,26-38

26 Estando Isabel no sexto mês, foi enviado por Deus o anjo Gabriel a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré,27 a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de David; o nome da virgem era Maria.28 Entrando o anjo onde ela estava, disse-lhe: «Salve, ó cheia de graça; o Senhor é contigo».29 Ela, ao ouvir estas palavras, perturbou-se e discorria pensativa que saudação seria esta.30 O anjo disse-lhe: «Não temas, Maria, pois achaste graça diante de Deus;31 eis que conceberás no teu ventre, e darás à luz um filho, a Quem porás o nome de Jesus.32 Será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus Lhe dará o trono de Seu pai David;33 reinará sobre a casa de Jacob eternamente e o Seu reino não terá fim».34 Maria disse ao anjo: «Como se fará isso, pois eu não conheço homem?».35 O anjo respondeu-lhe: «O Espírito Santo descerá sobre ti e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a Sua sombra; por isso mesmo o Santo que há-de nascer de ti será chamado Filho de Deus.36 Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na sua velhice; e este é o sexto mês da que se dizia estéril;37 porque a Deus nada é impossivel».38 Então Maria disse: «Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra». E o anjo afastou-se dela.