Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.
13º Dia. Terça-feira da V Semana da Quaresma, 31 de Março de 2020.
Meditação da Palavra de Deus (Jo 8, 21-30)
Eu vou partir
“Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: ‘Eu vou partir. Haveis de procurar-Me e morrereis no vosso pecado. Vós não podeis ir para onde Eu vou.’” Estas palavras, algo enigmáticas de Nosso Senhor, intrigaram os judeus, que chegaram a temer que fosse pôr termo à sua existência humana. Não era esse, como é óbvio, o sentido dessa sua declaração, que apenas tendia a preparar aqueles homens para a iminência da sua paixão e morte que, ao contrário do que eles poderiam supor, não era nenhum fracasso, mas a consumação da sua missão redentora.
Costuma-se dizer que o futuro a Deus pertence e, de facto, nenhum de nós, nem ninguém, sabe o que está ainda para acontecer. Mas há uma coisa certa: também nós estamos de partida. Um dia, seremos nós a embarcar para a nossa última viagem, em direcção à casa do Pai.
O pensamento da morte sempre atemorizou os pecadores e alegrou os santos. Teresa de Jesus, santa reformadora do Carmelo, dizia até que morria, porque não morria. Mas não era a morte que ela desejava, mas sim, por paradoxal que pareça, a sua antítese, ou seja, a verdadeira Vida. A morte, em si mesma, mais não é do que passagem, ou páscoa para a eternidade. Para um cristão é mais ainda: é, em Cristo e na comunhão do Espírito Santo, passaporte para a casa do Pai. Se fosse possível, dir-se-ia que a eternidade nos vai parecer curta, ante a imensidade do amor de Deus.
“Quando levantardes o Filho do homem, então sabereis que ‘Eu sou’”. Esta expressão, ‘Eu sou’, é o nome próprio de Deus, revelado a Moisés: Jesus diz-nos, portanto, que a maior prova da sua divindade é a sua morte na Cruz. Porque a Cruz, para além de uma tremenda injustiça e um inimaginável suplício é, sobretudo, uma insígnia gloriosa, na medida em que nos manifesta que o amor de Jesus por nós é infinito, ou seja, divino. Por isso, é o símbolo do cristão: não como insígnia do sofrimento, mas do amor que fez possível esse sofrimento e da felicidade eterna de que é, afinal, penhor.
Antes de partir para o Pai, o Senhor morreu na Cruz. Que a nossa vida e a nossa morte sejam também preparação para essa Páscoa eterna, onde o Senhor Jesus e sua Mãe, Maria Santíssima, que nos precederam, já nos esperam.
Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:
1º - A oração de Jesus no horto. As crianças já concebidas mas ainda não nascidas, estão como que num horto, aguardando o momento do seu nascimento. Rezemos por todas elas, em especial por todas as que hoje nascerem.
2º - A flagelação de Jesus. As mães dão à luz com dor, mas depois esquecem-se desse seu sofrimento, pela alegria do dom desse seu filho. Peçamos ao Senhor que abençoe com o dom da maternidade as esposas cristãs.
3º - A coroação de espinhos. A juventude é um tempo de desafios e provações, por vezes espinhosas para os próprios e para os seus pais e familiares. Que Nossa Senhora alcance para todos os jovens um crescimento que seja, como o de Jesus, em sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens.
4º - Jesus com a cruz às costas. A vida adulta é, para muitos, um tempo de trabalhos penosos. Que Maria e José abençoem todos os cristãos desempregados, ou em difícil situação laboral.
5º - Jesus morre na Cruz. A última etapa da vida humana costuma ser de algum sofrimento e incompreensão. Peçamos a Deus pelos mais velhos e, em especial, por todos aqueles que, neste dia, serão chamados à Sua presença.
Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!
Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada