Fui Eu
que vos escolhi e vos destinei para que vades e deis fruto e o vosso
fruto permaneça (Jo 15, 16). Aqui aparece o dinamismo da existência do
cristão, do apóstolo: Escolhi-vos para que vades... Devemos
animar-nos nesta santa inquietação: a inquietação de levar a todos o dom da
fé, da amizade com Cristo. Em verdade, o amor, a amizade de Deus foi-nos dada para
que chegue também aos outros.
Recebemos a fé
para dá-la aos outros - somos sacerdotes para servir os outros. E devemos dar
um fruto que permaneça.
Todos os
homens querem deixar um rasto que permaneça. Mas o que é que permanece?
O dinheiro,
não. Os edifícios, também não; e muito menos os livros. Após um certo tempo,
mais ou menos longo, todas essas coisas desaparecem. A única coisa que permanece
eternamente é a alma humana, o homem criado por Deus para a eternidade.
O fruto que
permanece é, portanto, aquilo que semeamos nas almas humanas - o amor, o conhecimento;
o gesto capaz de tocar o coração; a palavra que abre a alma à alegria do Senhor.
Então vamos e
rezemos ao Senhor para que nos ajude a dar fruto, um fruto que permaneça.
Somente assim a terra se transforma, de vale de lágrimas, em jardim de Deus.
(Cardeal
Joseph Ratzinger in homilia da Missa Pro
Eligendo Pontífice, Vaticano, 18.04.2005)