34 anos depois, a nossa democracia continua débil, não por culpa dos partidos políticos ou dos governantes, mas por culpa de todos nós, ou seja, da chamada sociedade civil.
É fácil atribuir culpas à oposição ou à classe política por tudo o que de mal acontece no país, mas a verdade é que sem uma sociedade civil devidamente esclarecida e organizada há coisas que nunca se endireitam.
Só num país em que o cidadão não tem de facto nenhum poder, é possível que a EDP diga aos clientes cumpridores que passam a pagar a factura dos que não pagam.
É esta, seguramente, também a razão porque se multiplicam casos de irresponsabilidade e mau uso dos dinheiros públicos, como o da “Águas de Portugal”, cuja administração assumiu, sem que isso tenha consequências, que um ex-administrador, que por acaso agora até é ministro, fez um negócio ruinoso para a empresa com o dinheiro de todos nós.
A tudo isto se junta, é claro, a ineficácia da justiça, que permite que em Portugal quem tem poder não tenha nada a temer.
Em tudo isto haverá muitas responsabilidades a atribuir aos políticos, mas uma democracia madura sabe defender-se com a iniciativa de todos.
Afinal, não terá sido por acaso que no 25 de Abril se ouviu o celebra slogan “o povo é quem mais ordena”. Em democracia pode ser assim, mas temos que abandonar a velha ideia do Estado paternalista de outros tempos.
Raquel Abecasis
(Fonte: site RR)