Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 14 de abril de 2020

Senhor, socorre-me

Sinais inequívocos da verdadeira Cruz de Cristo: a serenidade, um profundo sentimento de paz, um amor disposto a qualquer sacrifício, uma eficácia grande, que dimana do próprio Lado de Jesus, e sempre – de modo evidente – a alegria: uma alegria que procede de saber que, quem se entrega de verdade, está junto da Cruz e, por conseguinte, junto de Nosso Senhor. (Forja, 772)

Aconselharei a quem quiser aprender com a experiência de um pobre sacerdote que não pretende falar senão de Deus, que, quando a carne tentar recobrar os seus foros perdidos, ou a soberba – que é pior – se revoltar e se encabritar, correr a abrigar-se nessas divinas fendas abertas no Corpo de Cristo pelos cravos que O seguraram à Cruz e pela lança que atravessou o Seu peito. Vamos como nos comover mais; derramemos nas Chagas de Nosso Senhor todo esse amor humano... e esse amor divino. Que isto é desejar a união, sentir-se irmão de Cristo, ser seu consanguíneo, filho da mesma Mãe, porque foi Ela que nos levou até Jesus.

Afã de adoração, ânsias de desagravo com sossegada suavidade e com sofrimento. Far-se-á vida na nossa vida a afirmação de Jesus: aquele que não toma a sua cruz para me seguir, não é digno de mim. E Nosso Senhor manifesta-se-nos cada vez mais exigente, pede-nos reparação e penitência, até nos fazer experimentar o fervoroso desejo de querer viver para Deus, pregado na cruz juntamente com Cristo. Mas guardamos este tesouro em vasos de barro frágil e quebradiço, para que se reconheça que a grandeza do poder que se vê em nós é de Deus e não nossa.

Vemo-nos acossados por toda a espécie de atribulações e nem por isso perdemos o ânimo; encontramo-nos em grandes apuros, mas não desesperados, ou sem recursos; somos perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não inteiramente perdidos: trazemos sempre no nosso corpo por toda a parte a mortificação de Jesus.

Parece-nos, além disso, que Nosso Senhor não nos escuta, que andamos enganados, que só se ouve o monólogo da nossa voz. Encontramo-nos como se não tivéssemos apoio na terra e fossemos abandonados pelo Céu. No entanto, é verdadeiro e prático o nosso horror ao pecado, mesmo ao pecado venial. Com a obstinação da Cananeia, prostramo-nos rendidamente como ela, que O adorou, implorando: Senhor, socorre-me. E desaparece a obscuridade, superada pela luz do Amor. (Amigos de Deus, 303–304)

São Josemaría Escrivá

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

27º Dia. Terça-feira da oitava da Páscoa, 14 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Jo 20, 11-18)

Mulher, porque choras?

Não tinha sido pacífica, para Maria Madalena, aquela madrugada do primeiro dia da semana: de manhã, muito cedo, levantara-se com as outras santas mulheres, para se dirigirem ao sepulcro de Jesus. Na sexta-feira, quando aí depositaram o Corpo do Senhor, não tiveram tempo para o lavar e perfumar. O dia seguinte, sábado, era-lhes vedado qualquer contacto com um cadáver, mas no primeiro dia da semana, já podiam terminar o que, na antevéspera, tinham deixado inacabado.

Para sua surpresa, o Corpo de Jesus não estava lá! Ela e as outras mulheres pensaram que se tratava de um roubo e, escandalizada, foi logo dizê-lo a Pedro e João. Estes, sabendo que tal não seria possível, acompanharam-na, na esperança de que não fosse verdade o que lhes tinha dito. Mas era e os discípulos, verificada a misteriosa ausência do Corpo de Jesus, regressaram a Jerusalém.

Maria Madalena, no entanto, já cansada de tantas idas e vindas de Jerusalém, permaneceu junto ao sepulcro, chorando. Até que lhe apareceu Jesus, mas não O reconheceu. Só quando o Mestre a chamou, com voz forte e meiga, como só Ele o sabia fazer, pelo seu nome – Maria! – ela despertou para a realidade de Cristo ressuscitado e vivo.
Não, a fé e a religião não são nenhuma alienação; alienação é, pelo contrário viver à margem da fé cristã e da verdade da Boa Nova. Sempre que as lágrimas turvam o nosso olhar e entristecem o nosso coração, é porque nos falta fé em Cristo ressuscitado. Senhor, não permitas que nenhuma pena humana sufoque ou ofusque a alegria da minha fé pascal! Jesus, se alguma vez a tristeza ameaçar a minha alma, grita com força o meu nome, para que eu desperte para a realidade do teu amor vivo!

Intenções para os mistérios dolorosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A oração de Jesus no horto. Tão só, Jesus, em oração, no horto das oliveiras. Contudo é aparente essa solidão, porque quem reza nunca está só, porque está com Deus. Senhora, ensina-nos a rezar!
2º - A flagelação de Jesus. A brutalidade dos padecimentos de Cristo não tem comparação com a glória da sua ressurreição. Senhora, na hora da tribulação, dá-nos esperança!
3º - A coroação de espinhos. Os espinhos converteram-se em glória, mas a glória dos prazeres do pecado é ameaça de eterna condenação. Senhora, não nos deixes cair em tentação!
4º - Jesus com a cruz às costas. O madeiro da Cruz é o trono de Cristo Rei: “Eu, quando for levantado da terra, atrairei todos os homens a Mim” (Jo 12, 32). Senhora, queremos estar contigo, junto da Cruz da Jesus!
5º - Jesus morre na Cruz. A dolorosa ausência dos apóstolos e dos outros discípulos foi compensada pela presença de Maria e das santas mulheres. Senhora, faz que também nós saibamos estar próximos dos mais necessitados!

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

A ideologia de género

As referências, muito duras, do Papa Francisco à ideologia de género e o recente discurso, igualmente forte, do representante do Vaticano nas Nações Unidas (9 de Março passado) chamaram a atenção dos comentadores. Desafio quem achar estas declarações exageradas, a rir durante 4 minutos e 13 segundos, com um vídeo que saiu há poucos dias: www.youtube.com/watch?v=xfO1veFs6Ho ou www.youtube.com/watch?v=4XMi_Ins_dQ (com legendas em português).



Joseph Backholm, um jovem norte-americano andou, de microfone em punho, a fazer um inquérito a estudantes da Universidade de Washington. Primeiro, perguntou-lhes se estavam a par do actual debate, em Washington, acerca da identidade de género e do acesso a vestiários e casas de banho. As respostas traduziram a doutrina «politicamente correcta»: nenhum problema. Um rapaz ou uma rapariga podem ir à casa de banho do outro sexo, desde que se identifiquem interiormente assim. Viva a liberdade!

A segunda pergunta foi apenas uma variante:

– Se eu te disser que sou uma mulher, que responderias?

Todos os entrevistados riram com a brincadeira, mas a consistência ideológica obrigou-os a aceitar: «Se achas isso, ok», «tu é que sabes», «não tenho problemas com isso»... Algum entrevistado sentiu que a pergunta continha uma ratoeira e tentou resistir sem responder: «A sério? Sentes-te rapariga?»
A terceira pergunta era menos esperada:

– E se eu te disser que sou chinês?

A primeira reacção foi desatar a rir. Depois, pensando melhor, cada um encontrou uma saída diplomática: «Eu ficava surpreendido, mas pronto...»; «... pensaria que tens um antepassado chinês na família»; «perguntava-te como chegaste a essa conclusão...».

– E se eu disser que tenho 7 anos de idade?

As respostas tornaram-se mais difíceis: «Humm... começaria por duvidar»; «humm... talvez não acreditasse». Algum, mais consistente com a doutrina radical, respondeu «se achas interiormente que tens 7 anos de idade, então é assim».

– Nesse caso, se eu quiser matricular-me na primeira classe da Primária, deviam aceitar-me? –  Era impossível não rir, mas o politicamente correcto continuava a ditar as respostas: «Provavelmente...»; «se sentes isso, deviam admitir-te»; «se não prejudica a sociedade, não vejo problema».

– Se eu te disser que tenho 2 metros de altura? (O entrevistador tinha claramente menos).

Desta vez, surpresa! Alguém desiste da coerência ideológica e troca-a pela sensatez: «Duvidava!» «Duvidavas porquê?» «Porque não tens 2 metros de altura!». Outros resistem a meias: «Se achas que tens 2 metros de altura, não vejo mal nisso. Não me importo que digas que és mais alto do que realmente és». «Então, dirias que estou errado?» «Não diria que estás errado, mas humm..».

– Então, eu poderia ser uma mulher chinesa? – ...Grande risota!

– Claro!

–  Mas não poderia ser uma mulher chinesa de 2 metros?

«Sim... humm». «Se me apresentares argumentos, ...estou aberto a aceitar isso».

O vídeo é engraçado pela cara de surpresa dos entrevistados e pelo seu evidente desconforto ao tentarem ser coerentes com a ideologia da moda. Essa ideologia pretendeu convencê-los de que o sexo é uma convenção trivial, tão irrelevante que cada um o pode escolher ou modificar. Em vez de «sexo», que aponta para um corpo real e responsabilidades reais, esta ideologia fala-nos em «géneros», como arbitrariedades ao nível do género gramatical que dita que a palavra «mão» seja feminina e a palavra «pé» masculina.

Fazendo-se eco do que disseram os bispos de todo o mundo, o Papa Francisco não hesitou em enumerar a ideologia do género e a ditadura de pensamento por ela imposta como um dos flagelos do nosso tempo: «Não caiamos no pecado de pretender substituir-nos ao Criador. Somos criaturas, não somos omnipotentes. A criação precede-nos e deve ser recebida como um dom. Ao mesmo tempo somos chamados a guardar a nossa humanidade, e isto significa, antes de tudo, aceitá-la e respeitá-la como ela foi criada» (Exortação apostólica «Amoris Laetitia», 56).

Noutros momentos, Francisco comparou as escolas que aceitam a ideologia de género com a Juventude Hitleriana e usou outras expressões igualmente duras. Talvez se apliquem a certas escolas portuguesas. A alternativa a compreender isto é fazer figuras ridículas, como as do vídeo.

José Maria C.S. André

Uma demonstração de amor

«Não é nada fácil, hoje em dia, encontrar alguém que saiba escutar. Muitos ouvem, mas são poucos os que escutam. Já o diferencia o dicionário da nossa amada língua portuguesa: “ouvir” é ter o sentido da audição; “escutar” é ouvir prestando atenção. Prestar atenção não é um detalhe de pouca importância ― faz toda a diferença! Sobretudo, quando experimentamos a necessidade vital de que alguém nos compreenda.

«Nesse caso, agradecemos que a pessoa com quem falamos não somente nos ouça, mas pedimos-lhe encarecidamente que também nos escute. Que procure sintonizar com aquilo que lhe estamos a tentar dizer. Só assim, sentimos de verdade paz na alma e alívio no coração».

Sábias palavras! De se lhe tirar o chapéu, sim senhor! É verdade: actualmente são poucos os que realmente escutam os outros com interesse. E é certo e sabido que, se as pessoas não se escutam umas às outras, a sociedade deixa de existir.

E se a “sociedade” é a lá de casa, deixa de haver família. No lugar dos familiares que convivem no mesmo lar, surge um conjunto de indivíduos que, por pura coincidência, vivem na mesma casa. E, evidentemente, não desejam ser aborrecidos com problemas que não são os seus. “Está alguém metido numa alhada? Que se desenvencilhe sozinho! O que é que eu tenho a ver com isso?”.

É uma descrição ― talvez um pouco exagerada ― daquilo que conhecemos como isolamento. E o isolamento, por muito atraente e simplificador que possa parecer à primeira vista, acaba por gerar apatia. E a apatia, se não for contrariada, mais cedo ou mais tarde leva ao desespero, por muito dissimulado que ele esteja.

É relativamente fácil constatar que, na vida de um casal, quando há problemas no relacionamento mútuo, geralmente esses problemas começaram quando se deixou de escutar o outro. Escutar às vezes pode ser sinónimo de sofrer, como diz A. Polaino. E o sofrimento leva à infelicidade ― quando não se aceita como uma demonstração de amor. Sem sentido cristão, o sofrimento no convívio com os familiares pesa muito, fecha o horizonte de felicidade e torna-se uma tragédia. Se não for “curado” a tempo, pode gerar cinismo com o passar dos anos.

Escutar é, naturalmente, uma demonstração de amor. Uma demonstração de genuíno interesse pela pessoa amada. Deixar de escutar é, simplificando, começar a deixar de amar. Porque ainda que possa parecer exagerado, quando marido e mulher não se escutam, estão a começar a perder o respeito um pelo outro. E sem respeito, não há amor ― excepto nas sociedades da caverna onde a marretada era uma demonstração de carinho.

Aprender a escutar com interesse. Escutar é, entre outras coisas, saber colocarmo-nos nas circunstâncias dos outros. Assim, veremos os acontecimentos com serenidade e compreensão. E mais facilmente desculparemos, quando isso for necessário. Mas sobretudo, como dizia S. Josemaria, encheremos este nosso mundo de caridade, que é aquilo que ele tem mais necessidade.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Iniciar os mais novos nas orações e na Missa dominical

À medida que as filhas e os filhos crescem, é lógico usar outras orações: o Pai Nosso e a Avé Maria, a bênção da mesa, o terço… E quando têm idade suficiente, é muito oportuna a sua assistência à Missa dominical, mesmo que ainda não percebam muito do que presenciam. Assim, a semente da existência cristã, semeada no batismo, desenvolve-se de modo harmónico, equilibrado. E preparam-se para a Primeira Comunhão, que a Igreja aconselha ser precedida pela confissão sacramental [7].

O nosso Padre ensinou sempre a conveniência de iniciar as crianças na prática dos sacramentos logo que a idade o permita. Reparai no seu conselho a uma mãe: Leva-os tu cedinho, cedinho, mal alcançam o uso da razão, à Confissão. E, se os puderes preparar tu, prepara-os: se não, um sacerdote da tua confiança. Não é verdade que as crianças sofram um trauma!Não é verdade que lhes faz mal! A mim, fez-me muito bem e foi a minha mãe que me levou aos seis anos à confissão [8].

No próximo dia 23, celebraremos um novo aniversário da Primeira Comunhão de S. Josemaria: um dia particularmente adequado para agradecermos a Jesus Cristo o momento em que se alojou, sacramentalmente, pela primeira vez, no coração do nosso Fundador, e no de cada uma e de cada um de nós.

As considerações precedentes servem-nos a todos: aos pais e mães de família, aos professores e professoras do ensino básico ou secundário, aos que ajudam no trabalho formativo da Prelatura com pessoas de mais idade e, aos mais novos que, com os seus amigos, prestam uma grande colaboração em clubes juvenis e noutras iniciativas semelhantes.

Estou muito agradecido aos preceptores ou monitores que se ocupam com sentido profissional e apostólico dessa assistência, em estreita união com as famílias. Tende presente que, sem a cooperação dos pais, sem o bom exemplo no seio da família, facilmente se perderiam os frutos do vosso trabalho, realizado frequentemente com grande sacrifício. Por isso, não me canso de recordar que convideis os pais e as mães para as atividades dos clubes e para colaborarem no bom andamento dos colégios. Recordai-lhes que levem a sério os seus deveres educativos, oferecendo com generosidade o seu tempo, a ajuda material, as suas iniciativas, na excelente tarefa de preparar cidadãos exemplares e bons cristãos, nessa ampliação da família que são os colégios e os clubes juvenis.

[7]. Cfr. Catecismo da Igreja Católica, n. 1457.
[8]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar,14-VII-1974.

(D. Javier Echevarría na carta do mês de abril de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Homem de consciência

Não ouso dizer que o seja. Mas parece-me bastante importante não colocar a aprovação ou o ambiente simpático do meio a que se pertence acima da verdade, embora isto seja sempre uma grande tentação. É claro que o apelo à consciência pode transformar-se na mania de ter sempre razão, de modo que uma pessoa pense que tem de se opor a tudo. Mas, entendido num sentido correto, o homem que ouve a sua consciência, e para quem aquilo que se conhece - o bem - está acima da aprovação e da aceitação dos outros, é para mim, de facto, um ideal e uma tarefa. E figuras como Thomas More, o Cardeal Newman e outras grandes testemunhas – entre elas, os que foram implacavelmente perseguidos pelo regime nazi, como por exemplo Dietrich Bonhoeffer * - são, para mim, grandes modelos.

* Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), teólogo e pastor luterano alemão que se opôs à ditadura nazi; foi condenado à morte e enforcado (N. do T.)

(Cardeal Joseph Ratzinger em ‘O sal da terra’, págs. 55-56)