São Bruno de Segni (c. 1045-1123), bispo
Comentário ao Evangelho de Lucas, 2, 14; PL 165, 406
O Senhor tinha sido convidado para umas bodas. Ao observar os convivas, reparou que todos escolhiam os primeiros lugares […], cada um desejando sentar-se antes de todos os outros e passar à frente de todos. Então, contou-lhes uma parábola (Lc 14,16ss) que, mesmo tomada no seu sentido literal, é muito útil e necessária a todos os que gostam de usufruir da consideração dos outros e têm receio de ser rebaixados. […]
Mas como esta história é uma parábola, possui um significado que ultrapassa o seu sentido literal. Vejamos então que bodas são estas e quem são os convidados. Estas realizam-se quotidianamente na Igreja. Todos os dias o Senhor celebra bodas, pois todos os dias se une às almas fiéis por ocasião do seu baptismo ou da sua passagem deste mundo para o Reino dos Céus. E nós, que recebemos a fé em Jesus Cristo e o selo do baptismo, somos todos convidados para estas bodas, onde foi posta uma mesa para nós, uma mesa sobre a qual dizem as Escrituras: «Preparais-me um banquete frente aos meus adversários» (Sl 22,5). Aí encontramos os pães da oferenda, o vitelo gordo, o Cordeiro que tira os pecados do mundo (Ex 25,30; Lc 15,23; Jo 1,29). Aí nos são oferecidos o pão que desceu do Céu e o cálice da Nova Aliança (Jo 6,51; 1Co 11,25). Aí nos são apresentados os evangelhos e as epístolas dos apóstolos, os livros de Moisés e dos profetas, que são como alimentos extremamente deliciosos.
Que mais poderíamos desejar? Porque havemos de escolher os primeiros lugares? Seja qual for o lugar que ocupamos, temos tudo em abundância e nada nos faltará.