Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 26 de abril de 2020

Saber-se nada diante de Deus

Grande coisa é saber-se nada diante de Deus, porque é assim mesmo. (Sulco, 260)

Deixa-me que te recorde, entre outros, alguns sinais evidentes de falta de humildade:
– pensar que o que fazes ou dizes está mais bem feito ou mais bem dito do que o que os outros fazem ou dizem;
– querer levar sempre a tua avante;
– discutir sem razão ou, quando a tens, insistir com teimosia e de maus modos;
– dar a tua opinião sem ta pedirem ou sem a caridade o exigir;
– desprezar o ponto de vista dos outros;
– não encarar todos os teus dons e qualidades como emprestados;
– não reconhecer que és indigno de toda a honra e estima, inclusive da terra que pisas e das coisas que possuis;
– citar-te a ti mesmo como exemplo nas conversas;
– falar mal de ti mesmo, para fazerem bom juízo de ti ou te contradizerem;
– desculpar-te quando te repreendem;
– ocultar ao Director algumas faltas humilhantes, para que não perca o conceito que faz de ti;
– ouvir com complacência quem te louva, ou alegrar-te por terem falado bem de ti;
– doer-te que outros sejam mais estimados do que tu;
– negar-te a desempenhar ofícios inferiores;
– procurar ou desejar singularizar-te;
– insinuar na conversa palavras de louvor próprio, ou que dão a entender a tua honradez, o teu engenho ou destreza, o teu prestígio profissional...;
– envergonhar-te por careceres de certos bens... (Sulco, 263)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Que o nosso coração se abrase diariamente na oração como sucedeu aos dois discípulos quando caminhavam com o Senhor e de que nos fala o Evangelho de hoje (Lc 24, 13-35). Tenhamos no entanto a disponibilidade para O reconhecer de imediato.

Que a nossa gratidão ao Senhor seja uma constante no nosso coração!

ESTADO DE EMERGÊNCIA CRISTÃ

Uma proposta diária de oração pessoal e familiar.

39º Dia. Terceiro domingo da Páscoa, 26 de Abril de 2020.

Meditação da Palavra de Deus (Lc 24, 13-35)

A caminho com Jesus

Conversavam entre si sobre tudo o que tinha sucedido. Enquanto falavam e discutiam, Jesus aproximou-se deles e pôs-Se com eles a caminho.

Neste terceiro domingo da Páscoa, a liturgia da Palavra recorda o episódio do encontro de Cristo ressuscitado com os dois discípulos de Emaús. Sabemos que um deles se chamava Cléofas e que esta aparição de Jesus de Nazaré aconteceu no próprio dia da sua ressurreição. Terá sido uma conversa demorada, porque Jesus “explicou-lhes em todas as Escrituras o que Lhe dizia respeito”. Mais ainda, como a conversa foi longa, tiveram que a interromper para jantar qualquer coisa: foi então que reconheceram Jesus, ao partir o pão.

Nesta riquíssima passagem do Evangelho segundo São Lucas, chama a atenção que algo tão surpreendente como uma aparição de Cristo ressuscitado aconteça através de meios tão prosaicos: tudo começa com uma conversa vulgar entre viandantes que percorrem, a pé, a mesma estrada. Depois, os discípulos desalentados confidenciam as suas preocupações ao estranho que os interpela no caminho. A seguir, em jeito de aula de catequese, são-lhes explicadas as Escrituras. Por fim, dá-se, finalmente, o reconhecimento de Cristo, ao partir o pão, mas o Senhor desaparece da vista deles.

Pode-se dizer que aqui está, de forma resumida, todo o itinerário da catequese cristã. Primeiro, o encontro com Cristo por via da confissão do próprio desalento e tristeza. Depois, o aprofundamento dessa relação incipiente na oração, pela escuta da Palavra de Deus, que lhes fazia arder o coração. Por último, o encontro sacramental com Jesus real, verdadeira e substancialmente presente no Pão, ou seja, na Eucaristia. A catequese, pela via da oração, deve levar à intimidade com o Senhor, no Pão e na Palavra.

A história dos discípulos de Emaús não termina com o reconhecimento de Cristo e a sua aceitação, porque faz parte da profissão de fé o anúncio de Cristo aos outros. Ser cristão é viver em comunhão e, por isso, os discípulos de Emaús, depois de se reencontrarem com Cristo, partem imediatamente para Jerusalém, porque o amor a Jesus só é verdadeiro na Igreja e no anúncio da fé.

Neste tempo pascal, peçamos a Nosso Senhor que nos conceda a graça de O podermos receber quanto antes na Sagrada Eucaristia, para depois O podermos anunciar por todo o mundo, fazendo divinos os caminhos da terra.   
     
Intenções para os mistérios gloriosos do Santo Rosário de Nossa Senhora:

1º - A Ressurreição de Nosso Senhor. Cristo vive no nosso coração: oiçamos a sua palavra na oração, para que depois possamos dar testemunho d’Ele aos nossos irmãos. Senhor Jesus, diz-me o que eu devo dizer aos meus irmãos.

2º - A Ascensão de Jesus aos Céus. Como eram rasteiras as preocupações dos discípulos de Emaús. Assim são as ambições terrenas, porque o Senhor nos criou para o Céu. Senhor Jesus, faz que eu só Te queira a Ti e, por Ti, o bem de todos os meus irmãos. 

3º - A vinda do Espírito Santo. Jesus disse aos apóstolos que lhes convinha que Ele fosse para o Pai, para lhes enviar o Espírito Santo. Senhor Jesus, concede-nos o amor inflamado que experimentaram os discípulos de Emaús, quando Te escutavam no caminho!

4º - A Assunção de Nossa Senhora. Maria nunca se inquietou, porque sempre confiou em Deus e nos seus desígnios. Senhor Jesus, concede-nos essa paz e alegria nas nossas tribulações.

5º - A coroação de Maria Santíssima. Quanto teve que sofrer Nossa Senhora antes de ser coroada Rainha! Senhor Jesus, concede aos atribulados a graça da esperança.

Para ler, meditar e partilhar! Obrigado e até amanhã, se Deus quiser!

Com amizade,
P. Gonçalo Portocarrero de Almada

São Nuno de Santa Maria recordemo-lo no décimo aniversário da sua canonização

Nuno de Santa Maria é o oitavo santo do catolicismo português. Às virtudes da sua vida, assumidas segundo a experiência católica de olhar os outros e as coisas, acrescenta-se o facto do seu percurso biográfico estar intimamente relacionado com a História de Portugal, a sua independência e consolidação da nacionalidade.

Nascido a 24 de Junho de 1360, em Cernache do Bonjardim (actual distrito de Castelo Branco), o novo santo português foi um dos portugueses que mais profundamente marcaram a história do nosso país. Filho de D. Álvaro Gonçalves Pereira, Prior dos Hospitalários de Portugal, e de D. Iria Gonçalves de Carvalhal, dama da Infanta Dona Beatriz (filha de D. Fernando), Nuno Álvares Pereira foi 3º conde Ourém, 7º de Barcelos e 2º de Arraiolos. Falecido em 1431, no Carmo de Lisboa, sabe-se que D. Duarte pediu para que se organizasse o seu processo de canonização em 1437, ou seja, apenas seis anos após a sua morte.

REFLEXÕES SOBRE A PESTE DE 2020 (VII) Luís Filipe Thomaz

Na sua fragilidade humana nenhum de nós pode saber quanto tempo durará a situação presente, nem que consequências terá, a curto, médio ou longo prazo. Tampouco sabemos quantos e quais de nós serão atingidos. Pelo menos as consequências económicas, sofrê-las-emos todos; e ainda que não sejamos diretamente tocados, teremos o nosso quinhão de dor e sofrimento — quanto mais não seja ao ver os outros sofrer, já que quem ama padece, porque se compadece.
              Em 261 A. C. o rei indiano Axoca, o primeiro a unificar a Índia, apoderou-se do reino de Kalinga, na costa oriental da península. Foi uma campanha dura, em que pereceram milhares de pessoas, espetáculo de tal modo terrível que o rei se converteu ao budismo, religião pacifista, e, convicto de que "a primeira de todas as vitórias é a vitória da Lei", desistiu de proceder a mais conquistas. E em vários lugares dos seus reinos mandou gravar uma inscrição em que, além de recomendar aos seus sucessores que se abstivessem de novas guerras, deixava exarado:

Oito anos após a sua sagração o rei amigo dos deuses e de olhar amigo conquistou o Kalinga. Cento e cinquenta mil pessoas foram deportadas; cem mil foram mortas; e muitos mais ainda acabaram por perecer. Desde então, ardentes são junto ao rei amigo dos deuses, o exercício da Lei, o amor da Lei e a pregação da Lei (…). E mesmo os felizes que puderam conservar as suas afeições, uma vez que a infelicidade tocou os seus amigos, familiares, companheiros ou parentes, foi também para eles um violento golpe. Esta participação entre todos os homens é um pensamento que aflige o amigo dos deuses…

              Sentimentos idênticos, ou melhores ainda, devemos acalentar nós, os que recebemos a luz do Evangelho. Por isso, sejamos atingidos ou escapemos, na nossa pessoa ou na do outros, todos sofreremos.
              Quer nos seus desígnios inefáveis Deus tenha decidido que pereçamos ou pereçam os nossos, quer não, cantemos pois como cantou Habacuc, ao entrever que o triunfo de Deus envolve dor para as criaturas; mas que acima de todo o sofrimento paira a glória do Senhor:

                  Senhor, ouvi a Tua fama e enchi-me de temor,
contemplei as Tuas obras, fui tomado de estupor. (…)
                 
                  O Senhor virá de Teman,
e o Santo do monte de Faran,
de um monte sombrio e frondoso.
                  A sua majestade cobre os céus,
de seu louvor está cheia a terra. (…)

                  À Sua frente caminha a peste,
jorra a febre de Seus pés. (…)

                  Ouvi e estremeceram-me as entranhas
meus lábios tremeram com a notícia;
a cárie penetrou-me os ossos
e vacilaram os meus passos. (…)

Contudo conclui:

                  Pode não dar rebentos a figueira;
pode faltar na vinha o cacho,
ser um engano a frutificação da oliveira,
e não darem mais os campos que comer;
podem desaparecer as ovelhas do redil
e dos estábulos os bois.
                  Mas eu exultarei no meu Senhor
rejubilarei em Deus meu Salvador.
                  O Senhor meu Deus é a minha força,
Ele dará a meus pés a rapidez da corça;
far-me-á subir às alturas, vencedor,
cantando-lhe salmos ao som da minha lira.
                  (Hab 3, 2, 19)

              Se tivermos de morrer, morramos ao menos como mártires, na acepção etimológica do termo, ou seja, como testemunhas: testemunhando que, como gostam de repetir os muçulmanos, Allahu akbar, "Deus é o maior!".

«Fica connosco»

São Josemaría Escrivá de Balaguer (1902-1975), presbítero, fundador
«Amigos de Deus», §§ 313-314


Os dois discípulos iam para Emaús. O seu caminhar era normal, como o de tantas outras pessoas que transitavam por aquelas paragens. E é aí, com naturalidade, que Jesus lhes aparece e segue com eles, com uma conversa que faz diminuir a fadiga. […] Jesus no caminho! Senhor, que grande és sempre! Mas comoves-me quando Te rebaixas para nos acompanhares, para nos procurares na nossa lida diária. Senhor, concede-nos a simplicidade de espírito, o olhar limpo, a mente clara que permitem entender-Te quando apareces sem nenhum sinal exterior da tua glória.

Termina o trajecto ao chegarem à aldeia, e aqueles dois que – sem o saberem – tinham sido feridos no fundo do coração pela palavra e pelo amor do Deus feito homem, têm pena de que Ele se vá embora. Porque Jesus despede-Se «como quem vai para mais longe». Nosso Senhor nunca Se impõe. Quer que O chamemos livremente, quando entrevemos a pureza do Amor que nos meteu na alma. Temos de O deter à força e de Lhe pedir: «fica connosco, porque é tarde e já o dia está no ocaso», cai a noite.

Somos assim: sempre pouco atrevidos, talvez por falta de sinceridade, talvez por pudor. No fundo pensamos: fica connosco, porque as trevas nos rodeiam a alma e só Tu és luz, só Tu podes acalmar esta ânsia que nos consome! […]

E Jesus fica. Abrem-se os nossos olhos como os de Cléofas e do companheiro, quando Cristo parte o pão; e, mesmo que Ele volte a desaparecer da nossa vista, também seremos capazes de empreender de novo a marcha – anoitece – para falar dele aos outros; porque tanta alegria não cabe num só coração.

Caminho de Emaús. O nosso Deus encheu este nome de doçura. E Emaús é o mundo inteiro, porque Nosso Senhor abriu os caminhos divinos da terra.