Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 31 de outubro de 2018

Em Cristo encontramos a plenitude da nossa vocação esponsal

Locutor: O sexto Mandamento, “não cometerás adultério”, evidencia que o amor fiel de Cristo é a luz para viver a beleza do amor, manifestado na fidelidade, no acolhimento e na misericórdia. Esse mandamento não se dirige só aos casados, mas a todos os batizados. De facto, o caminho da maturidade afetiva conduz o amor a assumir uma atitude esponsal, ou seja, ser capaz de dar-se sem medida aos demais. Por isso, toda vocação cristã é esponsal, pois é fruto do laço de amor com Cristo mediante o qual fomos regenerados. Assim, por exemplo, um sacerdote é chamado a amar o povo de Deus como um pai e se entregar à Igreja como um esposo. O mesmo vale para quem é chamado a viver a virgindade consagrada. Por outro lado, esse mandamento nos leva a evitar tudo o que seja contrário ao dom generoso de si: todas as formas de adultério, infidelidade e luxúria, na certeza de que o corpo humano não é um instrumento de prazer e egoísmo, mas meio pelo qual manifestamos fisicamente a nossa vocação ao amor sem reservas.


Santo Padre:
Cari pellegrini di lingua portoghese, in particolare i fedeli di Leme e di Rio de Janeiro, vi auguro che questo pellegrinaggio rinforzi in voi la fede in Gesù Cristo che chiama ogni uomo e donna a fare dono di se stessi al prossimo. Ritornate a casa con la certezza che l’amore di Dio, riversato nei nostri cuori per mezzo dello Spirito Santo, ci farà diventare sempre più generosi. Iddio benedica ciascuno di voi!


Locutor: Queridos peregrinos de língua portuguesa, especialmente os fiéis do Leme e do Rio de Janeiro, faço votos de que esta peregrinação reforce em vós a fé em Jesus Cristo, que chama cada homem e mulher a fazer dom de si mesmo ao próximo. Regressai aos vossos lares com a certeza de que o amor de Deus, derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo, fará que nos tornemos sempre mais generosos! Que Deus abençoe a cada um de vós!

Relativismo moral


Relativismo moral afirma que moralidade não é baseada em qualquer padrão absoluto. Ao contrário, “verdades éticas” dependem da situação, cultura, sentimentos, etc. Relativismo moral está ficando cada vez mais popular nos dias de hoje.

Há vários argumentos para o relativismo; no entanto, várias coisas podem ser ditas dos argumentos que demonstram sua natureza duvidosa. Primeiro, enquanto muitos dos argumentos usados na tentativa de sustentar essas afirmações podem até parecer bons de primeira, há uma contradição lógica inerente em todos eles, pois todos eles propõem um esquema moral “correcto” – o esquema que todos nós devemos seguir. Mas isso em si é absolutismo. Segundo, mesmo os tão chamados relativistas rejeitam o relativismo na maioria dos casos – eles não diriam que um assassino ou violador não são culpados contanto que não tenham violado seus próprios padrões. Terceiro, o facto de que temos palavras como "certo", "errado", "deve", “melhor", etc. Mostra que essas coisas existem. Se moralidade fosse realmente relativa, essas palavras não teriam qualquer significado, diríamos: - “isso me faz sentir mal”, e não “isso é errado”.

Os relativistas podem até argumentar que valores diferentes entre culturas diferentes mostram que morais são relativas para pessoas diferentes. Mas esse argumento confunde as acções dos indivíduos (o que eles fazem) com padrões absolutos (se eles devem fazer ou não). Se a cultura é o que determina certo e errado, como poderíamos ter julgado os nazis? Afinal de contas, eles estavam seguindo a moralidade de sua própria cultura. Eles estavam errados apenas se assassinato fosse universalmente errado. O facto de que tinham “sua moralidade” não muda isso. Além disso, apesar de muitas pessoas demonstrarem moralidade de formas diferentes, elas ainda compartilham uma moralidade em comum. Por exemplo, os pró-aborto e pró-vida concordam que assassinato está errado, mas discordam em se aborto é assassinato ou não. Até aqui moralidade universal absoluta é demonstrada ser verdade.

Alguns afirmam que situações diferentes causam moralidades diferentes – em situações diferentes actos diferentes são julgados de uma forma que talvez não seriam correctos em outras situações. Há três coisas pelas quais devemos julgar uma acção: a situação, o acto e a intenção. Por exemplo, podemos condenar uma pessoa que tentou cometer assassinato (intenção) mesmo se falhou (acto). Então, situações fazem parte da decisão moral, pois preparam o contexto no qual podemos escolher o acto moral específico (a aplicação dos princípios universais). 

O argumento principal que os relativistas tentam usar é o da tolerância. Eles afirmam que dizer a alguém que sua moralidade é errada é intolerante, e relativismo tolera todas as posições. Mas isso é simplesmente um engano. Antes de tudo, o mal nunca deve ser tolerado. Devemos tolerar o ponto de vista de um violador de que mulheres são objectos de prazer a serem usadas? Segundo, esse argumento destrói-se porque relativistas não toleram intolerância ou absolutismo. Terceiro, relativismo não pode explicar porque qualquer pessoa deve ser tolerante em primeiro lugar. O facto que devemos tolerar pessoas (mesmo quando discordamos) é baseado na regra absoluta moral que devemos sempre tratar as pessoas justamente – mas isso é absolutismo de novo! Na verdade, sem princípios universais morais, a bondade não pode existir.

O facto é que todas as pessoas nascem com uma consciência e todos nós instintivamente sabemos quando ofendemos ou fomos ofendidos. Agimos como se esperássemos que as outras pessoas reconhecessem isso também. Mesmo como crianças, conhecíamos a diferença entre "justo" e "injusto". É necessária uma filosofia maldosa para nos convencer de que estamos errados.

(este texto não de autoria do blogue ou do deu editor, infelizmente perdeu-se a identificação do seu autor)

Evangelho do dia 31 de outubro de 2018

Ia pelas cidades e aldeias ensinando, e caminhando para Jerusalém. Alguém Lhe perguntou: «Senhor, são poucos os que se salvam?». Ele respondeu-lhes: «Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, porque vos digo que muitos procurarão entrar e não conseguirão. Quando o pai de família tiver entrado e fechado a porta, vós, estando fora, começareis a bater à porta, dizendo: Senhor, abre-nos. Ele vos responderá: Não sei donde sois. Então começareis a dizer: Comemos e bebemos em tua presença, tu ensinaste nas nossas praças. Ele vos dirá: Não sei donde sois; “afastai-vos de mim vós todos os que praticais a iniquidade”. Ali haverá choro e ranger de dentes, quando virdes Abraão, Isaac, Jacob, e todos os profetas no reino de Deus, e vós serdes expulsos para fora. Virão muitos do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa do reino de Deus. Então haverá últimos que serão os primeiros, e primeiros que serão os últimos».

Lc 13, 22-30

terça-feira, 30 de outubro de 2018

A concepção virginal de Jesus

A concepção virginal de Jesus trata-se de uma obra divina no seio de Maria semelhante à criação. Isto é impossível de aceitar para o não crente, tal como o era para os judeus e para os pagãos, entre os quais se inventaram toscas histórias acerca da concepção de Jesus, como a que a atribui a um soldado romano chamado Pantheras. Na realidade, esse personagem é uma ficção literária sobre a qual se inventa uma lenda para fazer troça dos cristãos. Do ponto de vista da ciência histórica e filológica, o nome Pantheras (ou Pandera) é um a paródia viciada da palavra parthénos (que em grego significa virgem). Aqueles povos, que utilizavam o grego como língua de comunicação em grande parte do império romano de oriente, ouviam os cristãos falar de Jesus como do Filho da Virgem (huiós parthénou), e quando queriam troçar deles chamavam-no «o filho de Pantheras». Tais histórias, ao fim e ao cabo, apenas testemunham que a Igreja acreditava na virgindade de Maria, ainda que parecesse impossível. 

(Excerto dos textos elaborados por uma equipa de professores de Teologia da Universidade de Navarra, dirigida por Francisco Varo)

Que significado tem a virgindade de Maria? - Respondem os especialista da Universidade de Navarra

Para uma melhor leitura no blogue favor usar a opção de full screen (1º botão a contar da esquerda da barra inferior do Scibd.) caso deseje ler online. Obrigado!

Evangelho do dia 30 de outubro de 2018

Dizia também: «A que é semelhante o reino de Deus; a que o compararei? É semelhante a um grão de mostarda que um homem tomou e semeou na sua horta; cresceu, tornou-se uma árvore, e as aves do céu repousaram nos seus ramos». Disse outra vez: «A que direi que o reino de Deus é semelhante? É semelhante ao fermento que uma mulher tomou e misturou em três medidas de farinha, até que tudo ficasse levedado».

Lc 13, 18-21

segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Pela confiança e o amor

Santa Teresinha do Menino Jesus (1873-1897), carmelita, doutora da Igreja 
Manuscrito autobiográfico C, 36 rº-vº

Eis a minha oração, caríssima Madre. Peço a Jesus que me atraia para as chamas do Seu amor, que me una tão estreitamente a Ele, que Ele viva e atue em mim. Estou certa de que quanto mais o fogo do amor abrasar o meu coração, tanto mais eu direi: «Atraí-me»; e também, quanto mais as almas se aproximarem de mim (pobre pedacito de ferro inútil, se me afastasse do braseiro divino), tanto mais essas almas correrão com ligeireza ao odor dos perfumes do seu Bem-Amado. [...

Minha querida Madre, queria agora dizer-vos o que entendo por odor dos perfumes do Bem-Amado. Uma vez que Jesus subiu de novo ao céu, não posso segui-Lo senão pelos vestígios que deixou. Mas como esses vestígios são luminosos! Basta-me lançar o olhar para o santo evangelho, e logo respiro os perfumes da vida de Jesus, e sei para que lado correr. Não é para o primeiro lugar, mas para o último que eu corro. Em vez de avançar como o fariseu, repito, cheia de confiança, a oração do publicano. Imito, sobretudo, a conduta de Madalena; a sua surpreendente, ou melhor, a sua amorosa audácia, que encanta o Coração de Jesus, seduz o meu.

Sim, estou certa de que mesmo que tivesse na minha consciência todos os pecados que se possam cometer, iria, com o coração despedaçado de arrependimento, lançar-me nos braços de Jesus, pois sei quanto ama o filho pródigo que para Ele volta. Não é porque Deus, na Sua previdente misericórdia, preservou a minha alma do pecado mortal, que me elevo para Ele pela confiança e pelo amor.

Evangelho do dia 29 de outubro de 2018

Jesus estava a ensinar numa sinagoga em dia de sábado. Estava lá uma mulher possessa de um espírito que a tinha doente havia dezoito anos; andava encurvada, e não podia levantar a cabeça. Jesus, vendo-a, chamou-a, e disse-lhe: «Mulher, estás livre da tua doença». Impôs-lhe as mãos e imediatamente ficou direita e glorificava a Deus. Mas, tomando a palavra o chefe da sinagoga, indignado porque Jesus tivesse curado em dia de sábado, disse ao povo: «Há seis dias para trabalhar; vinde, pois, nestes e sede curados, mas não em dia de sábado». O Senhor disse-lhe: «Hipócritas, qualquer um de vós não solta aos sábados o seu boi ou o seu jumento da manjedoura para os levar a beber? E esta filha de Abraão, que Satanás tinha presa há dezoito anos, não devia ser livre desta prisão ao sábado?». Dizendo estas coisas, todos os Seus adversários envergonhavam-se e alegrava-se todo o povo com todas as maravilhas que Ele realizava.

Lc 13, 10-17

domingo, 28 de outubro de 2018

Homilia Santa Missa conclusão do Sínodo

O episódio escutado é o último narrado pelo evangelista Marcos no ministério itinerante de Jesus, que, pouco depois, entra em Jerusalém para morrer e ressuscitar. Assim, Bartimeu é o último que segue Jesus ao longo do caminho: de mendigo na margem da estrada para Jericó, torna-se discípulo que vai juntamente com os outros para Jerusalém. Também nós caminhamos juntos, «fizemos sínodo» e agora este Evangelho corrobora três passos fundamentais no caminho da fé.

Antes de mais nada, olhemos para Bartimeu: o seu nome significa «filho de Timeu». O próprio texto o especifica: «Bartimeu, o filho de Timeu» (Mc 10, 46). Mas o Evangelho, ao mesmo tempo que o reitera, põe a descoberto um paradoxo: o pai está ausente. Bartimeu jaz sozinho na estrada, fora de casa e sem pai: não é amado, mas abandonado. É cego e não tem quem o ouça; e, quando queria falar, mandavam-no calar. Jesus ouve o seu grito. E, quando Se encontra com ele, deixa-o falar. Não era difícil intuir o pedido que faria Bartimeu: é óbvio que um cego queira ver ou reaver a vista. Mas Jesus não tem pressa, reserva tempo para a escuta. E aqui temos o primeiro passo para ajudar o caminho da fé: escutar. É o apostolado do ouvido: escutar, antes de falar.

Em vez disso, muitos dos que estavam com Jesus repreendiam Bartimeu para que estivesse calado (10, 48). Para estes discípulos, o indigente era um transtorno no caminho, um imprevisto no programa pré-estabelecido. Preferiam os seus tempos aos do Mestre, as suas palavras à escuta dos outros: seguiam Jesus, mas tinham em mente os seus projetos. Trata-se dum risco do qual sempre nos devemos precaver. Ao contrário, para Jesus, o grito de quem pede ajuda não é um transtorno que estorva o caminho, mas uma questão vital. Como é importante, para nós, escutar a vida! Os filhos do Pai celeste prestam ouvidos aos irmãos: não às críticas inúteis, mas às necessidades do próximo. Ouvir com amor, com paciência, como Deus faz connosco, com as nossas orações muitas vezes repetitivas. Deus nunca Se cansa, sempre Se alegra quando O procuramos. Peçamos, também nós, a graça dum coração dócil a escutar. Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós, adultos: desculpai, se muitas vezes não vos escutamos; se, em vez de vos abrir o coração, vos enchemos os ouvidos. Como Igreja de Jesus, desejamos colocar-nos amorosamente à vossa escuta, certos de duas coisas: que a vossa vida é preciosa para Deus, porque Deus é jovem e ama os jovens; e que, também para nós, a vossa vida é preciosa, mais ainda necessária para se avançar.

Depois da escuta, um segundo passo para acompanhar o caminho de fé: fazer-se próximo. Vejamos Jesus, que não delega em ninguém da «grande multidão» que O seguia, mas encontra Ele pessoalmente Bartimeu. Diz-lhe: «Que queres que Eu faça por ti?» (10, 51). Que queres – Jesus amolda-Se a Bartimeu, não prescinde das suas expetativas – que Eu faça – fazer, não se limita a falar – por ti – não segundo ideias pré-estabelecidas para todos, mas para ti, na tua situação. É assim que Deus procede, envolvendo-Se pessoalmente com um amor de predileção por cada um. Na sua maneira de proceder, ressalta já a sua mensagem: assim a fé germina na vida.

A fé passa para a vida. Quando a fé se concentra apenas em formulações doutrinárias, arrisca-se a falar apenas à cabeça, sem tocar o coração. E quando se concentra apenas na ação, corre o risco de tornar-se moralismo e reduzir-se ao social. Ao contrário, a fé é vida: é viver o amor de Deus que mudou a nossa existência. Não podemos ser doutrinaristas ou ativistas; somos chamados a levar para a frente a obra de Deus segundo o modo de Deus, na proximidade: unidos intimamente a Ele, em comunhão entre nós, próximo dos irmãos. Proximidade: aqui está o segredo para transmitir, não algum aspeto secundário, mas o coração da fé.

Fazer-se próximo é levar a novidade de Deus à vida do irmão, é o antídoto contra a tentação das receitas prontas. Interroguemo-nos se somos cristãos capazes de nos tornar próximo, capazes de sair dos nossos círculos para abraçar aqueles que «não são dos nossos» e a quem Deus ansiosamente procura. Sempre existe aquela tentação que reaparece tantas vezes na Escritura: lavar as mãos, desinteressar-se. É o que faz a multidão no Evangelho de hoje, é o que fez Caim com Abel, é o que fará Pilatos com Jesus: lavar as mãos. Nós, pelo contrário, queremos imitar Jesus e, como Ele, meter as mãos na massa, sujá-las. Ele, o caminho (cf. Jo 14, 6), por Bartimeu deteve-Se ao longo da estrada; Ele, a luz do mundo (cf. Jo 9, 5), inclinou-Se sobre um cego. Reconhecemos que o Senhor sujou as mãos por cada um de nós e, fixando a Cruz, recomecemos de lá, da lembrança de Deus que Se fez meu próximo no pecado e na morte. Fez-Se meu próximo: tudo começa de lá. E, quando por amor d’Ele também nós nos fazemos próximo, tornamo-nos portadores de vida nova: não mestres de todos, não especialistas do sagrado, mas testemunhas do amor que salva.

Testemunhar é o terceiro passo. Olhemos os discípulos que chamam Bartimeu: não vão junto dele, que mendigava, levar uma moedinha para o contentar ou dar-lhe conselhos; vão em nome de Jesus. De facto, dirigem-lhe apenas três palavras, todas de Jesus: «Coragem, levanta-te que Ele chama-te» (10, 49). No resto do Evangelho, só Jesus diz «coragem!», porque só Ele ressuscita o coração. No Evangelho, só Jesus é que diz «levanta-te», para curar o espírito e o corpo. Só Jesus chama, mudando a vida de quem O segue, colocando de pé quem está por terra, levando a luz de Deus às trevas da vida. Tantos filhos, tantos jovens, como Bartimeu, procuram uma luz na vida! Procuram amor verdadeiro. E como Bartimeu que, apesar da multidão, só invoca Jesus, também eles imploram vida, mas frequentemente só encontram promessas falsas e poucos que se interessem verdadeiramente por eles.

Não é cristão esperar que os irmãos inquietos batam às nossas portas; somos nós que devemos ir ter com eles, não lhes levando a nós mesmos, mas Jesus. Ele manda-nos, como aqueles discípulos, para encorajar e levantar em seu nome. Manda-nos dizer a cada um: «Deus pede para te deixares amar por Ele». Quantas vezes, em vez desta mensagem libertadora de salvação, nos levamos a nós mesmos, as nossas «receitas», as nossas «etiquetas» na Igreja! Quantas vezes, em vez de fazer nossas as palavras do Senhor, despachamos como palavra d’Ele as nossas ideias! Quantas vezes as pessoas sentem mais o peso das nossas instituições que a presença amiga de Jesus! Então aparecemos como uma ONG, uma organização parestatal, e não como a comunidade dos redimidos que vivem a alegria do Senhor.

Ouvir, fazer-se próximo, testemunhar. No Evangelho, o caminho de fé termina, de maneira bela e surpreendente, com Jesus que diz: «Vai, a tua fé te salvou» (10, 52). E todavia Bartimeu não fez profissões de fé, não realizou ação alguma; pediu apenas piedade. Sentir-se necessitado de salvação é o início da fé. É o caminho direto para encontrar Jesus. A fé, que salvou Bartimeu, não estava nas suas ideias claras sobre Deus, mas no facto de O procurar, de O querer encontrar. A fé é questão de encontro, não de teoria. No encontro, Jesus passa; no encontro, palpita o coração da Igreja. Então serão eficazes, não as nossas homilias, mas o testemunho da nossa vida.

E a todos vós que participastes neste «caminhar juntos», digo obrigado pelo vosso testemunho. Trabalhamos em comunhão e com ousadia, com o desejo de servir a Deus e ao seu povo. Que o Senhor abençoe os nossos passos, para podermos escutar os jovens, fazer-nos próximo e testemunhar-lhes a alegria da nossa vida: Jesus.

Bom Domingo do Senhor!

Não nos cansemos nunca cheios de fé de chamar o Senhor como Bartimeu de que nos fala o Evangelho de hoje (Mc 10, 46-52), pois ele está sempre atento e disposto a ouvir-nos e ajudar-nos.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor que nos consola e guia!

A CAPA... (a propósito do Evangelho de hoje ‘Mc 10, 46-52’)

Detenhamo-nos num pormenor desta Palavra, desta descrição do milagre da recuperação da vista, para quem andava nas trevas.

Porquê os pormenores?



Se acreditamos que a Palavra escrita é inspirada no e pelo espírito Santo, então os pormenores têm de ter algum significado e esse significado será conforme o mesmo Espírito nos leva a discernir em cada momento.


«E ele, atirando fora a capa, deu um salto e veio ter com Jesus»
O cego Bartimeu, atirou fora a capa…

Quantas vezes a capa que “usamos” nas nossas vidas, não nos deixa ver o caminho, não nos deixa ver a verdade, não nos deixa viver o amor.

É a capa do orgulho, a capa do respeito humano, a capa do dinheiro, a capa do prazer, a capa do egoísmo, a capa da auto-suficiência, a capa do sofrimento, a capa da comiseração, a capa do queixume, a capa da critica, a capa da má-lingua, a capa das “minhas certezas”, a capa da “minha fé”…

Cada um pode escolher, ou melhor, descobrir a sua capa, ou capas…
E por isso muitas vezes não “vemos”, não temos luz para o caminho das nossas vidas.

Vemos tudo com os olhos do corpo, mas os “olhos” do nosso coração estão fechados, estão cegos, não vêem a luz da paz, da alegria, da vida nova com e em Cristo.

Por vezes tiramos a capa, mas não a atiramos fora, guardamo-la e tornamos a usá-la…

O cego Bartimeu «atirou fora a capa», não quis mais saber dela, só lhe interessava Jesus Cristo que lhe podia fazer recuperar a vista, a vista que lhe trazia uma vida nova…

Nada mais lhe interessava! Ele queria aquela vida nova, porque sabia no seu intimo que era uma vida abundante, em que podia “ver”…

E a fé de Bartimeu?!

Ele não se levantou e caminhou!

Não, ele «deu um salto», como quem mergulha em algo que não sabe o que é, mas tem a certeza de que é bom, a certeza de quem confia, de quem espera, a certeza de quem tem Fé…

Ah, Senhor dá-nos a força para também atirarmos fora as nossas capas, para bem longe de nós.

Melhor Senhor, toma Tu conta delas, para que não caiamos na tentação de as querermos reaver…

Ah Senhor, dá-nos a coragem para darmos o salto para Ti, de olhos fechados, sem medo do “que lá vem”, mas na certeza da Fé de que Tu nos abrirás os olhos e nos darás a luz para caminharmos no Teu amor.

Monte Real, 1 de Outubro de 2007

Joaquim Mexia Alves

sábado, 27 de outubro de 2018

O Evangelho de Domingo dia 28 de outubro de 2018

Chegaram a Jericó. Ao sair Jesus de Jericó, com os Seus discípulos e grande multidão, Bartimeu, mendigo cego, filho de Timeu, estava sentado junto ao caminho. Quando ouviu dizer que era Jesus Nazareno, começou a gritar: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim!». Muitos repreendiam-no para que se calasse. Mas ele cada vez gritava mais forte: «Filho de David, tem piedade de mim!». Jesus, parando, disse: «Chamai-o». Chamaram o cego, dizendo-lhe: «Tem confiança, levanta-te, Ele chama-te». Ele, lançando fora a capa, levantou-se de um salto e foi ter com Jesus. Tomando Jesus a palavra, disse-lhe: «Que queres que te faça?». O cego respondeu: «Rabboni, que eu veja!». Então Jesus disse-lhe: «Vai, a tua fé te salvou». No mesmo instante recuperou a vista, e seguia-O no caminho.

Mc 10, 46-52

Evangelho do dia 27 de outubro de 2018

Neste mesmo tempo chegaram alguns a dar-Lhe a notícia de certos galileus, cujo sangue Pilatos misturara com o dos sacrifícios deles. Jesus respondeu-lhes: «Vós julgais que aqueles galileus eram maiores pecadores que todos os outros galileus, por terem sofrido tal sorte? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo. Assim como também aqueles dezoito homens sobre os quais caiu a torre de Siloé e os matou; julgais que eles também foram mais culpados que todos os outros habitantes de Jerusalém? Não, Eu vo-lo digo; mas, se não fizerdes penitência, todos perecereis do mesmo modo». Dizia também esta parábola: «Um homem tinha uma figueira plantada na sua vinha. Foi buscar fruto e não o encontrou. Então disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho buscar fruto a esta figueira e não o encontro; corta-a; para que está ela inutilmente a ocupar terreno? Ele, porém, respondeu-lhe: Senhor, deixa-a ainda este ano, enquanto eu a cavo em volta e lhe deito estrume; se com isto der fruto, bem está; senão, cortá-la-ás depois».

Lc 13, 1-9

sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Crendices contemporâneas (título da responsabilidade do blogue)

Chesterton dizia, com o seu notável humor, que o problema de quem faz da descrença profissão não é deixar de acreditar em alguma coisa, mas passar a acreditar em demasiadas.

(Excerto do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura de 23.10.2011)

Santo Evaristo, papa, mártir, †107

Foi o quinto Papa da História, tendo sucedido a Clemente I.

Segundo o antigo Liber Pontificali, era de origem grega mas nasceu em Antioquia, e sofreu o martírio durante o reinado do imperador Trajano, perto do ano 100.

Foi sepultado no Vaticano, junto ao Apóstolo S. Pedro.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Evangelho do dia 26 de outubro de 2018

Dizia também às multidões: «Quando vós vedes uma nuvem levantar-se no poente, logo dizeis: Aí vem chuva; e assim sucede. E quando sentis soprar o vento do sul, dizeis: Haverá calor; e assim sucede. Hipócritas, sabeis distinguir os aspectos da terra e do céu; como, pois, não sabeis reconhecer o tempo presente? E porque não discernis também por vós mesmos o que é justo? Quando, pois, fores com o teu adversário ao magistrado, faz o possível por fazer as pazes com ele pelo caminho, para que não suceda que te leve ao juiz, e o juiz te entregue ao guarda, e o guarda te meta na cadeia. Digo-te que não sairás de lá, enquanto não pagares até o último centavo».

Lc 12, 54-59

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

Perseguidos, mas não esquecidos

Refugiados Igreja de Erbil - Iraque
O sumário do último relatório sobre os cristãos oprimidos por causa da fé (Fundação AIS, Outubro de 2015) estende-se por 170 páginas tristes de ler. Este sumário do relatório é sóbrio, não alimenta aversão contra ninguém, apenas enumera, ao longo daquelas 170 páginas, com factos e datas, a imensa desgraça que aflige grande parte do nosso mundo. Os incidentes de destruição e de sangue estão agrupados por países: a China, a Coreia do Norte, o Vietname, a Indonésia, a Índia, o Sri Lanka, o Paquistão, a Rússia, a Bielorússia, o Turquemenistão, a Turquia, a Ucrânia, a Síria, Israel, a Palestina, o Egipto, o Irão, o Iraque, a Arábia Saudita, a Eritreia, o Sudão, a Nigéria, o Quénia...

Que montanha de ódio explica esta fúria generalizada?

O Papa João Paulo II dizia que o século XX tinha sido o século dos mártires. O Papa Francisco continua a queixar-se das notícias que recebe e não se cansa de enviar emissários a todo o lado, para acalmar esta enxurrada de loucura. A situação é, de facto, aflitiva.

O número de deslocados e refugiados atingiu máximos históricos.

Grupos islâmicos estão a levar a cabo uma limpeza étnica de cristãos, sobretudo na África e no Médio Oriente. O medo do genocídio – que em vários casos aconteceu, apesar de tudo –, levou multidões de famílias cristãs a tentarem a estrada da fuga, sem lugar para onde ir, nem assistência. A fuga do Iraque é dramática. A fuga da Síria mistura-se com o choque dos exércitos.

Nos regimes que ainda são comunistas, e nalguns países que foram comunistas até há pouco tempo, reacenderam-se focos de perseguição, como há umas décadas atrás.

Um pouco por todo o mundo, há grupos nacionalistas que olham para Jesus Cristo como um invasor estrangeiro, que os quer arrancar das superstições ancestrais. O Papa Bento XVI referia que o cristianismo representou para esses povos a grande libertação, ao anunciar que Deus é bom, que o mundo não está sob o domínio oculto do irracional; mas ainda há gente agarrada ao poder do mal.

O panorama é desolador?

A introdução do sumário do relatório são umas palavras do Arcebispo Jeanbart, de Aleppo, na Síria, de que fazem parte estas frases: «Estamos expostos à morte o dia inteiro e outros cristãos também (...). Mesmo assim, estamos convencidos de que o nosso amado Senhor Jesus está presente na sua Igreja e que nunca nos vai abandonar. Sabemos que nada pode intrometer-se entre nós e o amor de Cristo. E que, em todas as provações, saímos vencedores graças ao poder daquele que nos ama».

Há 2000 anos, S. Paulo escrevia aos cristãos recém-chegados a Roma: «Quem poderá separar-nos do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada? (...) Por causa de Ti estamos expostos à morte o dia inteiro, fomos tratados como ovelhas destinadas ao matadouro. Mas, em tudo isso, saímos mais do que vencedores graças Àquele que nos amou».

Segundo as estatísticas da Santa Sé, o número de católicos continua a aumentar no mundo inteiro, excepto na nossa Europa, onde já não corre o sangue precioso dos mártires. Talvez não esteja longe: na visita aos Estados Unidos, o Papa Francisco recebeu uma senhora posta na prisão por não aceitar ir contra a sua consciência cristã.

O título do sumário do relatório AIS é uma interrogação: «Perseguidos e Esquecidos?». Faltou-me coragem para manter a pergunta no cabeçalho deste artigo.
José Maria C.S. André
 Spe Deus
25-X-2015

Nota do autor: A AIS (Ajuda à Igreja que Sofre) é uma fundação da Santa Sé, para ajudar cristãos perseguidos, ou passando grandes necessidades. No início da AIS, a maioria dos crimes cometia-se nas ditaduras comunistas. Hoje em dia, a perseguição estende-se por grande parte da Ásia, pela África do Norte e do Leste e por locais específicos da América Latina.

Evangelho do dia 25 de outubro de 2018

Eu vim trazer fogo à terra; e como desejaria que já estivesse ateado! Eu tenho de receber um batismo; e quão grande é a minha ansiedade até que ele se conclua! Julgais que vim trazer paz à terra? Não, vos digo Eu, mas separação; porque, de hoje em diante, haverá numa casa cinco pessoas, divididas três contra duas e duas contra três. Estarão divididos: o pai contra o filho e o filho contra o pai; a mãe contra a filha e a filha contra a mãe; a sogra contra a nora e a nora contra a sogra».

Lc 12, 49-53

quarta-feira, 24 de outubro de 2018

Não cometer adultério

Locutor: Temos de «guardar castidade nas palavras e nas obras»: assim aprendemos, na catequese, o sexto Mandamento da Lei de Deus. Na Bíblia, aparece sob esta forma mais concreta: «Não cometerás adultério». Trata-se de um apelo direto à fidelidade ao vínculo conjugal. Mas, sem fidelidade e lealdade, nenhuma relação humana é autêntica: um amigo revela-se autêntico, quando permanece amigo em toda e qualquer circunstância; caso contrário, não é um verdadeiro amigo. Consideramos Cristo como nosso Amigo fiel, porque nos acolhe, mesmo quando erramos, e sempre nos quer bem, mesmo quando não o merecemos. A fidelidade é um modo de ser, um estilo de vida: trabalha-se com lealdade, fala-se com sinceridade, permanece-se fiel à verdade nos próprios pensamentos e ações. Uma vida permeada de fidelidade exprime-se em todas as dimensões, fazendo de nós homens e mulheres fiéis e fiáveis em todas as ocasiões. Mas, para se chegar a uma vida assim boa, não basta a nossa natureza humana; é preciso que a fidelidade de Deus entre na nossa existência. Por isso, a chamada à vida conjugal requer um cuidadoso discernimento sobre a qualidade do relacionamento e um período de namoro para o verificar. Para se abeirar do sacramento do Matrimónio, os noivos devem amadurecer a certeza de que há, na sua ligação, a mão de Deus, que os antecede, os acompanha e lhes permitirá dizer: «Com a graça de Cristo, prometo ser-te fiel» sempre. Não poderão prometer amar-se e honrar-se um ao outro na «alegria e na tristeza, na saúde e na doença» todos os dias da sua vida, com base apenas na boa vontade ou na expetativa que as coisas corram bem. Isto não basta! Precisam de se apoiar no terreno sólido do Amor fiel de Deus. Em Deus, e só n’Ele, é possível existir o amor sem reservas nem titubeamentos, a doação completa sem interrupções e a tenacidade de um acolhimento sem medida.

Santo Padre
Con grande affetto saluto i pellegrini di lingua portoghese, in particolare i fedeli della diocesi di Januária, accompagnati dal loro Vescovo José Moreira da Silva, e i fedeli della parrocchia di Nossa Senhora de Fátima di Jundiaí. Vegli sul vostro cammino la Vergine Maria e vi aiuti ad essere segno di fiducia e di speranza in mezzo ai vostri fratelli. Su di voi e sulle vostre famiglie scenda la Benedizione di Dio.

Locutor: Com grande afeto, saúdo os peregrinos de língua portuguesa, em particular os fiéis da diocese de Januária, acompanhados pelo seu Bispo José Moreira da Silva, e os fiéis da paróquia de Nossa Senhora de Fátima de Jundiaí. Vele sobre o vosso caminho a Virgem Maria e vos ajude a ser sinal de confiança e esperança no meio dos vossos irmãos. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção de Deus.

Globalização

Infelizmente tem-se revelado factor de forte exclusão. Ora, cabe-nos, enquanto cristãos contrariarmos este realidade e promovermos, desde logo pela nossa atitude, movimentos de apoio e de inclusão, basta lembrarmo-nos das dezenas de milhões no continente africano afectados pela fome, malária, tuberculose, SIDA/AIDS e pelo Ébola.

Louvados sejam os muitíssimos e incógnitos Missionários e Missionárias e leigos voluntários, que dedicam toda a sua vida a esta causa tão nobre, o mínimo que poderemos fazer é rezar por eles e por aqueles de quem se ocupam.

JPR

«O mundo que só sabe pensar e viver de forma meramente técnica é um mundo que uniformiza, que produz uma linguagem unificada, uma cultura unificada: todos pensam igual, falam igual, vestem igual, têm comportamento igual. Mas precisamente esta uniformidade rígida é causa de rebelião, que pode manifestar-se sob a forma de terrorismo ou em múltiplas formas de insurreição contra uma existência que, aparentemente, oferece tudo, mas que tudo subtrai, ao mesmo tempo que amarra o homem ao poder e ao apetite, e que, justamente desse modo, o torna impotente e angustiado». 

(Joseph Ratzinger - “A Caminho de Jesus Cristo”)

Santo António Maria Claret, bispo, fundador, †1870

António Maria Claret nasceu em 1807, em Allent, província de Barcelona e diocese de Vich. Filho de um modesto tecelão, aos 22 anos ingressou no seminário de Vich, confundido nas aulas de latim com os pequenos de 10 a 12 anos. Trazia no coração a luz do ideal eterno que tinha haurido naquela frase do Evangelho que abriu também horizontes infinitos de luz e entusiasmo a S. Francisco Xavier: “que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro se vier a perder a sua alma?”. Aos 28, foi ordenado sacerdote, dedicando-se de corpo e alma ao serviço ministerial na cidade natal. O seu ideal, entretanto, ultrapassava os limites de sua paróquia. Desejava um apostolado mais amplo. Pensou, então, em se colocar à disposição da Propaganda Fidei. Não era o que sonhava para si. Procurou, pois, ingressar na Companhia de Jesus, o que também não deu certo. Retornou à terra natal como vigário. Logo depois abandonou tudo para se tornar missionário apostólico. Percorreu todas as povoações da Catalunha e das Ilhas Canárias.

Procurou concretizar o seu grande sonho apostólico: fundar uma congregação que se dedicasse ao apostolado das missões, e à evangelização dos povos. Com alguns companheiros sacerdotes, fundou a Congregação dos Missionários Filhos do Coração Imaculado de Maria, popularmente conhecidos como Padres Claretianos. Mais tarde fundou também o Instituto das Irmãs de Ensino de Maria Imaculada. Em 1850 foi nomeado bispo de Santiago de Cuba, onde desenvolveu um apostolado frutuoso. Em 1857 retornou à Espanha, onde exerceu várias responsabilidades eclesiásticas, zelando pela instrução, pelas artes, pelas ciências, fundando bibliotecas. Foi também fecundo escritor, deixando cerca de oitenta obras. Pio XI considerava-o o "precursor da Acção Católica" dos tempos modernos. Com Isabel II esteve também em Lisboa, em Dezembro de 1866. Depois de pregar em várias igrejas da capital, foi agraciado por D. Luís com a Cruz da Real Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa. Morreu em Fontfroide, França, em 1870. Foi beatificado em 1934 por Pio XI e canonizado por Pio XII em 1950.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

Evangelho do dia 24 de outubro de 2018

Sabei que, se o pai de família soubesse a hora em que viria o ladrão, vigiaria sem dúvida e não deixaria arrombar a sua casa. Vós, pois, estai preparados porque, na hora que menos pensais, virá o Filho do Homem». Pedro disse-lhe: «Senhor, dizes esta parábola só para nós ou para todos?». O Senhor respondeu: «Quem é o administrador fiel e prudente que o senhor estabelecerá sobre as pessoas da sua casa, para dar a cada um, a seu tempo, a ração alimentar? Bem-aventurado aquele servo a quem o senhor, quando vier, achar procedendo assim. Na verdade vos digo que o constituirá administrador de tudo quanto possui. Porém, se aquele servo disser no seu coração: O meu senhor tarda em vir, e começar a espancar os criados e as criadas, a comer, a beber e a embriagar-se, chegará o senhor desse servo, no dia em que ele não o espera, e na hora em que ele não sabe; castigá-lo-á severamente e pô-lo-á à parte com os infíeis. Aquele servo, que conheceu a vontade do seu senhor e nada preparou, e não procedeu conforme a sua vontade, levará muitos açoites. Quanto àquele que, não a conhecendo, fez coisas dignas de castigo, levará poucos açoites. Porque a todo aquele a quem muito foi dado, muito lhe será exigido; e aquele a quem muito confiaram, mais contas lhe pedirão.

Lc 12, 39-48

terça-feira, 23 de outubro de 2018

Cristãos anónimos

Para além dos fiéis que formalmente pertencem, pelo Baptismo ou pela profissão de fé, à Igreja católica, também há os que, o não sendo em sentido institucional, são-no contudo espiritualmente. É verdade que a distinção é perigosa, porque poderia levar a crer que a adesão formal não é relevante, na medida em que se poderia ser tanto ou mais católico sem fazer parte, formalmente, da entidade eclesial. Mas também é verdade que, desde sempre, a Igreja reconheceu que, para além das suas fronteiras canónicas, outros, como os catecúmenos, embora não sejam membros da instituição eclesial, de certo modo a ela já pertencem pelo seu desejo do Baptismo ou, melhor dizendo, pelo seu Baptismo de desejo. O mesmo se diga de todos os que, não conhecendo a mensagem de Cristo, ignoram sem culpa a existência da Igreja, à qual certamente adeririam se dela tivessem verdadeiro conhecimento.

O que se pode afirmar da Igreja no seu todo, pode-se também dizer de uma sua estrutura, como é o Opus Dei, cujo 90º aniversário ocorreu no passado dia 2 e foi devidamente recordado em Eucaristia de acção de graças, presidida pelo Patriarca de Lisboa e concelebrada, entre outros, pelo Núncio Apostólico.

Toda a gente sabe que a prelatura do Opus Dei não é secreta nem sequer sigilosa, pois são bem conhecidos os nomes do prelado e dos seus vigários, bem como os dos homens e mulheres que fazem parte dos respectivos conselhos. O boletim oficial da prelatura é público: qualquer pessoa o pode comprar ou consultar (www.romana.org). As pessoas do Opus Dei são conhecidas como tais pelos seus familiares, amigos e colegas. Também os restantes católicos são como tal identificados pelos seus próximos, sem que a paróquia de que fazem parte seja secreta, embora não publique a lista dos seus paroquianos, nem estes usem um distintivo.

Mas é verdade que, se todos os fiéis da prelatura o sabem e não o escondem, também há cristãos que, não o sendo canonicamente, são de facto opus Dei. Era o caso do Manuel – nome fictício – que, antes de aderir à instituição fundada por São Josemaria Escrivá, já era um leigo cristão normalíssimo, casado e pai de uma numerosa prole. Precisamente por ser um leigo como qualquer outro, que participava com frequência na Eucaristia, rezava todos os dias o terço, lia a Palavra de Deus e participava regularmente nas actividades paroquiais, muitos pensavam que era do Opus Dei. Sobretudo quando dizia ter seis filhos, surgia, inexorável, a fatídica pergunta:

- És do Opus Dei?

É verdade que alguns fiéis da prelatura têm bastantes filhos, mas também os há que, embora casados, os têm poucos, ou até nenhum, e não faltam cristãos que, pertencendo a outras instituições católicas, ou não, também têm uma numerosa prole. Como, cada vez que dizia ser pai de seis filhos, surgia a pergunta sobre a sua suposta ligação ao Opus Dei, o Manuel ficou com dúvidas, ao ponto de passar a responder:

- Que eu saiba, não. Mas já não tenho a certeza!

De facto, não lhe constava que fosse do Opus Dei mas, se tantos o tinham como tal, seria ele, sem o saber, dessa obra de Deus?!

Claro que o não era ainda porque, se a adscrição a uma diocese se faz automaticamente, por razão da residência do fiel, mesmo que o próprio não tenha disso consciência, um católico só se pode integrar na prelatura do Opus Dei por um acto explícito da mais livre e consciente vontade. Mas também é verdade que muitos leigos e sacerdotes seculares que, como o Manuel, vivem com naturalidade a sua vocação cristã, procurando santificar-se através dos seus deveres familiares, profissionais e cívicos, dando um testemunho amável da fé cristã, são, de facto, opus Dei! Alguns, como o Manuel, regularizaram a sua situação: já não são membros ‘anónimos’ da prelatura, mas seus fiéis de pleno direito.

Talvez seja esta a explicação para a malfadada suspeita de secretismo da instituição agora nonagenária: como a especialidade dos fiéis da prelatura é mesmo a de não serem especiais, há quem os tenha por secretos! Outro tanto se poderia dizer de tantos outros homens e mulheres cristãos que vivem, com a mesma naturalidade, a sua vocação cristã no meio do mundo. Não será esta a prova mais cabal de que são, afinal, bons discípulos daquele mesmo Mestre que, de tão natural, escandalizou os seus conterrâneos quando se Lhe atribuíram factos extraordinários?!

Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada in Voz da Verdade

Nota JPR: Não sendo, também me sinto como sendo do Opus Dei, a proximidade espiritual leva-me a crer-me como sendo parte da família e até hoje nunca me senti recriminado pelo "abuso de confiança", faço no entanto, por uma questão de verdade, sempre menção à minha condição de não fiel formal da Prelatura. Obrigado à Obra pelo tanto que me tem dado, começando no seu fundador e terminando nos inúmeros sacerdotes que me têm ajudo, bem-haja a todos

Quando Deus quiser..., como Deus quiser..., onde Deus quiser

A certeza da fé, unida à esperança e à caridade, tem a capacidade de desfazer o véu de tristeza e medo com que por vezes se encara o passo final da existência terrena. Mais ainda, com fé - como a partida dos santos desta Terra mostra com particular clareza - é possível acolher a morte em paz, porque se vai ao encontro do Senhor. Não tenhas medo da morte. - Aceita-a, desde agora, generosamente..., quando Deus quiser..., como Deus quiser..., onde Deus quiser. - Não duvides, virá no tempo, no lugar e do modo que mais convier..., enviada pelo teu Pai-Deus. Bem-vinda seja a nossa irmã, a morte! [8]
Estas reflexões são tradicionais na doutrina e na atuação cristã. Não pressupõem nada de negativo, nem pretendem fomentar inquietações irracionais, mas sim um santo temor filial, cheio de confiança em Deus. Encerram um realismo sobrenatural e humano, com sinais claros de que a sabedoria cristã, a partir da fé, dá tranquilidade e confiança à alma.
O nosso Padre ensinou-nos a tirar consequências práticas da meditação sobre este momento e, em geral, sobre as últimas realidades. Não consideremos pois friamente estas coisas, pregava numa ocasião para um grupo de filhos seus, ainda novos. Eu não quero que nenhum de vós morra. Guarda-os, Senhor, não os leves ainda pois são jovens, e aqui em baixo tens poucos instrumentos! Espero que o Senhor me ouça... Mas a morte pode vir a qualquer momento [9]. E concluía: que consciência tão objetiva nos traz a consideração da morte! Que bom remédio para dominar as rebeliões da vontade e a soberba da inteligência! Ama-a, e diz ao Senhor, com confiança: como Tu quiseres, quando Tu quiseres, onde Tu quiseres [10].
Naturalmente que a realidade da morte se torna mais dura quando se trata das pessoas mais queridas: pais, filhos, esposos, irmãos... Mas com a graça de Deus, à luz da Ressurreição do Senhor, que não abandona nenhum daqueles que o Pai Lhe confiou, nós podemos privar a morte do seu «aguilhão», como dizia o apóstolo Paulo (1 Cor 15, 55), podemos impedir que ela envenene a nossa vida, que torne vãos os nossos afetos, que nos leve a cair no vazio mais obscuro [11]. Nada mais certo do que isto: o Senhor quer­‑nos ao Seu lado para desfrutarmos da Sua santa visão e presença. Fomentamos diariamente esta esperança? Rezamos com amor, como o nosso Padre, o vultum tuum, Dómine, requíram [12],procuro, Senhor, o Teu rosto?
Estes momentos, que são acompanhados pela dor, podem ser - se a fé tem raízes profundas na família cristã, e de facto assim acontece muitas vezes - ocasião para reforçar os laços que unem entre si os diversos membros. Nesta fé, podemos consolar-nos uns aos outros, conscientes de que o Senhor venceu a morte de uma vez para sempre. Os nossos entes queridos não desapareceram nas trevas do nada: a esperança assegura­‑nos que eles estão nas mãos bondosas e vigorosas de Deus. O amor é mais forte do que a morte. Por isso, o caminho consiste em fazer aumentar o amor, em torná-lo mais sólido, e o amor preservar-nos-á até ao dia em que todas as lágrimas serão enxugadas, quando já não haverá morte, nem luto, nem pranto, nem dor (Ap 21, 4) [13].
Esta visão cristã oferece o verdadeiro antídoto para o temor que nos costuma assaltar ao comprovarmos a caducidade da existência terrena. Ao mesmo tempo, como já referi, nada mais natural que a morte dos entes queridos nos doa, e que choremos a sua partida. Também Jesus chorou pela morte de Lázaro, o amigo tão querido, antes de o ressuscitar. Mas sem exagerarmos, porque para um cristão coerente, morrer é ir para a festa. Assim se exprimia S. Josemaria, que comentava uma vez: quando nos disserem: ecce spónsus venit, exíte óbviam ei (Mt 25, 6) - sai, porque vem o esposo, porque vem Ele buscar-te - pediremos a intercessão de Nossa Senhora. Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora... e verás, na hora da morte! Que sorriso terás na hora da morte! Não haverá um gesto de medo, porque estarão os braços de Maria para te acolher [14].

[8].S. Josemaria, Caminho, n. 739.
[9]. S. Josemaria, Notas de uma meditação, 13-XII-1948.
[10]. S. Josemaria, Notas de uma meditação, 13-XII-1948.
[11]. Papa Francisco, Audiência geral, 17-VI-2015.
[12]. Cfr. Sl 26 [27], 8.
[13]. Papa Francisco, Audiência geral, 17-VI-2015.
[14]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 23-VI-1974.


(D. Javier Echevarría na carta do mês de novembro de 2015)
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