Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 5 de julho de 2020

Faz tudo o que puderes para conheceres a Deus

Em cada dia faz tudo o que puderes para conheceres a Deus, para te dares com Ele, para te enamorares mais em cada instante e não pensares senão no seu Amor e na sua glória. – Cumprirás este plano, filho, se não deixares, por nada!, os teus tempos de oração, a tua presença de Deus (com jaculatórias e comunhões espirituais para te inflamarem), a tua Santa Missa pausada, o teu trabalho bem acabado por Ele. (Forja, 737)

Meus filhos, onde estiverem os homens, vossos irmãos; onde estiverem as vossas aspirações, o vosso trabalho, os vossos amores, é aí que está o sítio do vosso encontro quotidiano com Cristo. É no meio das coisas mais materiais da Terra que devemos santificar-nos, servindo Deus e todos os homens.

Tenho ensinado constantemente com palavras da Sagrada Escritura: o mundo não é mau porque saiu das mãos de Deus, porque é uma criatura Sua, porque Iavé olhou para ele e viu que era bom [Cfr. Gen. 1, 7 e ss.]. Nós, os homens, é que o tornamos mau e feio, com os nossos pecados e as nossas infidelidades. Não duvideis, meus filhos: qualquer forma de evasão das honestas realidades diárias é, para vós, homens e mulheres do mundo, coisa oposta à vontade de Deus.

Pelo contrário, deveis compreender agora – com uma nova clareza – que Deus vos chama a servi-Lo em e a partir das ocupações civis, materiais, seculares da vida humana: Deus espera-nos todos os dias no laboratório, no bloco operatório, no quartel, na cátedra universitária, na fábrica, na oficina, no campo, no lar e em todo o imenso panorama do trabalho. Ficai a saber: escondido nas situações mais comuns há um quê de santo, de divino, que toca a cada um de vós descobrir. (Temas Actuais do Cristianismo, 113–114)

São Josemaría Escrivá

Bom Domingo do Senhor!

Correspondamos ao apelo do Senhor como nos fala o Evangelho de hoje (Mt 11, 25-30) e imitando Maria juntemo-nos a Ele submetendo-nos ao seu jugo porque o Senhor é doce, manso e humilde de coração.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor!

Os filhos aprendem do exemplo na família

Desde muito pequenos, os filhos testemunham o que acontece em casa. E percebem logo se os pais se comportam de acordo com o que ensinam, se se sacrificam com alegria pelos outros, se encaram com paciência e compreensão os defeitos, se sabem desculpar e perdoar e, quando é necessário, corrigir de modo afável mas claro. Ou seja, explicava o nosso Fundador, tudo o que acontece em casa influi, para bem ou para mal, nas vossas crianças. Procurai dar-lhes bom exemplo, procurai não esconder a vossa vida de oração, procurai ser limpos no vosso comportamento. E então aprenderão, e serão a coroa da vossa maturidade e da vossa velhice. Sois para eles como um livro aberto. Por isso deveis ter vida interior, lutar por ser bons cristãos. Se não, é inútil o trabalho que pretendeis fazer com os vossos filhos ou com os filhos dos vossos amigos [9].

Para dar vigor a esta primeira e maior responsabilidade, os pais e os outros educadores devem esforçar-se pessoalmente por aprofundar os conteúdos da fé, através do estudo e da consulta a quem está bem preparado, de forma que a luz da doutrina ilumine o seu entendimento e inflame o seu coração. Tudo isto se vai refletir na sua atuação quotidiana, e então poderão afirmar o que o Espírito Santo põe na boca dos pais quando os filhos, pelo exemplo e conselhos dos seus progenitores, procuram os caminhos de Deus: meu filho, se o teu coração for sábio, o meu também se alegrará, e hei-de rejubilar no meu íntimo quando os teus lábios disserem coisas retas [10].

Comentando estas palavras, o Papa Francisco acrescenta: Não se poderia expressar melhor o orgulho e a emoção de um pai que reconhece que transmitiu ao seu filho aquilo que realmente conta na vida, ou seja, um coração sábio (…). Um pai sabe bem quanto custa transmitir esta herança: quanta proximidade, quanta meiguice e quanta firmeza. No entanto, que consolação e recompensa se recebe quando os filhos honram esta herança! É uma alegria que compensa todos os esforços, que supera qualquer incompreensão e que cura todas as feridas [11].

Apesar destes cuidados, não é raro, sobretudo nalguns países, que a entrada na adolescência ou na juventude vá acompanhada por uma aparente perda da fé. Mais que de abandono, costuma tratar-se de tibieza ou desleixo na prática religiosa, que passam a considerar como uma imposição exterior, que contrasta com o ambiente da escola, da universidade, dos amigos ou amigas. A primeira reação dos pais ou amigos cristãos é sempre rezar mais por essas pessoas, tratá-las com afeto, procurar compreender. Como és uma mãe cristã, comentava S. Josemaria a uma mãe atribulada, descobriste a primeira forma e a mais eficaz: a oração. Invoca a Santíssima Virgem, que entende muito bem as mães, porque ela é Mãe de Deus, tua Mãe e dos teus filhos, e minha Mãe.

Depois, procura encontrar bons amigos para os teus filhos (…).Muitas vezes, as mães não se devem impor porque eles se podem queixar de que não lhes dais liberdade, mas através desses amigos, irão voltando, a pouco e pouco (…). E, protegidos pela tua oração, outras pessoas farão bem aos teus filhos, para que voltem à Igreja, com amor [12].

[9]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 12-XI-1972.
[10]. Pr 23, 15-16.
[11]. Papa Francisco, Discurso na Audiência geral, 4-II-2015.
[12]. S. Josemaria, Notas de uma reunião familiar, 22-X-1972.

(D. Javier Echevarría na carta do mês de julho de 2015)
© Prælatura Sanctæ Crucis et Operis Dei

Pragmatismo e historicismo

Num livro de sucesso publicado nos anos quarenta, Cartas do diabo ao seu sobrinho, o escritor e filósofo CS. Lewis mostrou magnificamente como não é moderno perguntar pela verdade. O livro compõe-se de cartas fictícias de um demónio superior, Screwtape, que dá lições a um principiante na arte de seduzir o homem [...]. O demónio pequeno tinha manifestado aos seus superiores a preocupação de que justamente os homens mais inteligentes poderiam ler os livros dos sábios antigos e descobrir assim os rudimentos da verdade. Screwtape tranquiliza-o esclarecendo que os espíritos infernais felizmente conseguiram persuadir os eruditos do mundo ocidental a aderir ao "ponto de vista histórico", o que significa que "a única questão que com certeza nunca levantarão é a relativa à verdade do que leram; em vez disso, perguntar-se-ão sobre as repercussões e as influências recíprocas, sobre a evolução do escritor estudado, sobre a história da sua autoridade e outras coisas desse tipo".

Josef Pieper, que reproduz essa passagem de CS. Lewis no seu tratado sobre a interpretação, assinala a esse respeito que as edições de um Platão ou de um Dante, por exemplo, nos países dominados pelo comunismo, antepunham ao texto uma introdução que pretendia proporcionar ao leitor uma compreensão histórica e assim excluir a questão da verdade. Uma cientificidade exercida dessa forma torna os espíritos imunes à verdade. A questão de saber se o que foi dito pelo autor é ou não verdadeiro, e em que medida, seria uma questão "não-científica"; tirar-nos-ia do campo do demonstrável e do verificável e nos faria recair na ingenuidade do mundo pré-crítico. Deste modo, neutraliza-se também a leitura da Bíblia: podemos explicar quando e em que circunstâncias surgiu determinado texto, e assim conseguimos classificá-lo dentro do "histórico", que no fim das contas não nos afeta.

Por trás desse modo de interpretação histórico há uma filosofia, uma atitude apriorística ante a realidade, que nos diz: não faz sentido perguntar sobre o que é, só podemos perguntar-nos sobre o que podemos fazer com as coisas. A questão não é a verdade, mas a práxis, o domínio das coisas para nosso proveito. Diante dessa redução aparentemente iluminadora do pensamento humano, surge sem mais a pergunta: e o que é realmente o que nos traz proveito? E para que nos aproveita? Aliás, para que é que nós mesmos existimos?

O observador profundo verá nessa atitude fundamental moderna uma falsa humildade e, ao mesmo tempo, uma falsa soberba: falsa humildade, porque nega ao homem a capacidade de conhecer a verdade; e falsa soberba, porque esse homem se situa acima das coisas, acima da própria verdade, e - na medida em que erige como meta do seu pensamento a ampliação do seu poder - acima da realidade.

O que em Lewis aparece sob a forma de ironia, podemos encontrá-lo hoje apresentado "cientificamente' na crítica literária. Nela descarta-se abertamente a questão da verdade como não-científica. O exegeta alemão Mário Reiser chamou a atenção para uma passagem de Umberto Eco no seu best-seller O nome da rosa, em que diz: "A única verdade consiste em aprender a libertar-se da paixão doentia pela verdade".

(Cardeal Joseph Ratzinger in ‘Fe, verdade y cultura’)

«Escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos»

São Gregório de Nissa (c. 335-395), monge, bispo 
Discurso Catequético, 23-26; SC 453


O facto de que Deus, que é todo-poderoso, ter sido capaz de Se abaixar até à humildade da condição humana é uma prova maior do seu poder do que o aparato e o carácter sobrenatural dos milagres. Na verdade, quando o poder divino realiza uma acção de grandeza sublime, isso é, de alguma forma, consistente e adequado à natureza de Deus. […] Em contrapartida, que Deus tenha descido até à nosso baixeza é, de alguma forma, a expressão de um poder superabundante, que não é de modo algum limitado pelo que é contrário à sua natureza. […]

Nem a extensão dos céus, nem o brilho das estrelas, nem a ordem do universo, nem a harmonia das coisas criadas revelam tão bem o magnífico poder de Deus como a sua indulgência, que O leva a abaixar-Se até à fraqueza da nossa natureza. […] A bondade, a sabedoria, a justiça e o poder de Deus revelam-se nos seus desígnios a nosso favor: a bondade na vontade de «salvar o que estava perdido» (Lucas 19,10); a sabedoria e a justiça, na sua forma de nos salvar; o poder, no facto de que Cristo «Se tornou semelhante aos homens» (Fil 2,7-8) e Se conformou com a humildade da nossa natureza.