Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 30 de junho de 2015

Francisco visita Bento XVI antes de este partir por 15 dias para Castel Gandolfo

«Porque temeis?»

Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara 
Meditação «Oito dias em Efrém», a tempestade acalmada


Meus filhos, seja o que for que vos aconteça, lembrai-vos de que Eu estou sempre convosco. Lembrai-vos de que, visível ou invisível, parecendo agir ou parecendo dormir e esquecer-vos, Eu velo sempre, estou em toda a parte e sou omnipotente. Nunca tenhais medo, nem preocupações: Eu estou presente, Eu velo, Eu amo-vos. […] Eu sou todo-poderoso. Que mais quereis? […] Lembrai-vos das tempestades que acalmei com uma palavra, transformando-as numa grande calmaria. Lembrai-vos da maneira como sustive Pedro quando caminhava sobre as águas (cf Mt 14,28ss). Estou sempre tão perto de cada homem como estou agora de vós. […] Tende confiança, fé, coragem; não vos inquieteis com o vosso corpo nem com a vossa alma (cf Mt 6,25), uma vez que Eu estou presente, sou omnipotente e vos amo.

Mas […] que a vossa confiança não nasça da negligência, da ignorância dos perigos, nem da confiança em vós mesmos ou noutras criaturas. […] Os perigos que correis são iminentes: os demónios, inimigos fortes e manhosos, a vossa natureza, o mundo, fazem-vos continuamente uma oposição encarniçada. […] Nesta vida, a tempestade é quase contínua e a vossa barca está sempre prestes a soçobrar. Mas Eu estou presente e comigo ela é insubmersível. Desconfiai de tudo e sobretudo de vós mesmos, mas tende em Mim uma confiança total, capaz de banir toda a inquietação.

O Evangelho do dia 30 de junho de 2015

Subindo para uma barca, seguiram-n'O os Seus discípulos. E eis que se levantou no mar uma grande tempestade, de modo que as ondas alagavam a barca; Ele, entretanto, dormia. Aproximaram-se d'Ele os discípulos, e acordaram-n'O, dizendo: «Senhor, salva-nos, que perecemos!». Jesus, porém, disse-lhes: «Porque temeis, homens de pouca fé?». Então, levantando-Se, ordenou imperiosamente aos ventos e ao mar, e seguiu-se uma grande bonança. Eles admiraram-se, dizendo: «Quem é Este, a quem até os ventos e o mar obedecem?».

Mt 8, 23-27

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Sinto-me indignado e preocupado

Impotente, salvo na oração, a minha proximidade com os reformados gregos e todos aqueles que estão a passar por enormes dificuldades é grande e sincera, mesmo para com aqueles que no seu desespero assumiram opções de voto com as quais estou em total desacordo.

Lamentavelmente vejo, leio e ouço hipocrisia de todos os lados, sobretudo ausência de valores éticos e morais de pessoas que escondendo-se debaixo do guarda-chuva “democracia” preconizam soluções profundamente violadoras da honestidade que deveria ser dado adquirido em qualquer cidadão. Quando criança frequentemente ouvi a minha Mãe dizer-me “quem não tem dinheiro não tem vícios”, realidade hoje tida como retrógrada pois vive-se sob o lema “ter sem olhar a como”.

Vejo ainda políticos desnorteados e sem qualquer capacidade de assumir posições por total falta de visão estratégica incapazes de assumirem um fio condutor sem se preocuparem com o politicamente correto, é o relativismo no seu expoente máximo.

A solidariedade propalada por comentadores e políticos para com o povo grego não passam de frases bonitos que lhes enchem o ego e nada resolvem. Já repararam que se esqueceu por completa uma enorme faixa de idosos com não têm cartão multibanco e ainda não se sabe quando poderão ter acesso às suas pensões, mas com estes sem poder reivindicativo ninguém verdadeiramente se preocupa e se calhar nem eles próprios são capazes de identificar os causadores da sua atual situação.

O povo grego tem sido usado por todos como fichas de um jogo muito semelhante ao “poker” e independentemente do resultado do referendo continuarão a sê-lo e que ninguém tenha ilusões o governo grego já delineou como jogar consoante os resultados, já da Europa só me permito prever que irá ceder, não por convicção, mas por cobardia.

Termino conforme comecei, resta-me a oração, sabendo que só o Senhor é verdadeiramente bom e justo.

JPR

DIÁLOGOS COM O MEU EU (19)

É difícil, não é?
O quê, podes dizer-me?

Testemunhar com a vida, o que dizes com a boca e o que escreves com a mão.
Muito difícil, sobretudo em certas coisas.

Quais, por exemplo?
Quando falamos ou escrevemos do amor ao próximo, às vezes com palavras tão bonitas, mas depois no dia-a-dia esquecemo-nos delas, porque este é “chato”, porque aquele incomoda, porque o outro é isto ou aquilo.

Pois é! E incomoda, não incomoda?
Incomodar, é pouco! Faz-me sentir mentiroso, indigno de falar d’Ele, um “sepulcro caiado”, como Ele falou.

Está bem, mas sabes que és humano, que és fraco e que podes cair muitas vezes, não é verdade?
Sem dúvida, tens razão! O que mais me custa, a maior parte das vezes, é pensar que já me estou a “aperfeiçoar” e reconhecer afinal como sou tão imperfeito.

Pronto, não é preciso obcecares-te com isso! Olha que os outros talvez não reparem nessas imperfeições.
Pois não, mas reparo eu interiormente e isso me basta para perceber como sou fraco e pecador.

Ele ama-te, com todos os teus defeitos.
Eu sei, e o meu problema é muitas vezes esquecer que sem Ele, sem O deixar conduzir a minha vida, tudo o que faço e fizer, não tem sentido, por isso mesmo, tantas vezes o meu testemunho não corresponde ao que digo e ao que escrevo.

É bom reconheceres isso!
Pois é muito bom, porque é fruto do seu amor, que sempre concorre para a nossa santificação. Louvor a Ele e a Ele a glória. Sim, agora e para sempre!

Marinha Grande, 15 de Março de 2014

Joaquim Mexia Alves

Homilia do Santo Padre por ocasião da bênção dos pálios na Santa Missa na Solenidade de S. Pedro e S. Paulo

A leitura tirada dos Atos dos Apóstolos fala-nos da primeira comunidade cristã assediada pela perseguição. Uma comunidade duramente perseguida por Herodes, que «mandou matar à espada Tiago (...) e mandou também prender Pedro (...). Depois de o mandar prender, meteu-o na prisão» (12, 2-4).

Mas não quero deter-me nas atrozes, desumanas e inexplicáveis perseguições, infelizmente ainda hoje presentes em tantas partes do mundo, muitas vezes sob o olhar e o silêncio de todos. Prefiro hoje venerar a coragem dos Apóstolos e da primeira comunidade cristã; a coragem de levar por diante a obra de evangelização, sem medo da morte nem do martírio, no contexto social dum império pagão; venerar a sua vida cristã, que para nós, crentes de hoje, é um forte apelo à oração, à fé e ao testemunho.

Um apelo à oração. A comunidade era uma Igreja em oração: «Enquanto Pedro estava encerrado na prisão, a Igreja orava a Deus, instantemente, por ele» (At 12, 5). E, pensando em Roma, as catacumbas não eram lugares para escapar das perseguições, mas principalmente lugares de oração, para santificar o domingo e para elevar, do seio da terra, uma adoração a Deus que nunca esquece os seus filhos.

A comunidade de Pedro e Paulo ensina-nos que uma Igreja em oração é uma Igreja de pé, sólida, em caminho! Na verdade, um cristão que reza é um cristão protegido, guardado e sustentado, mas sobretudo não está sozinho.

E a primeira leitura continua: «Diante da porta estavam sentinelas de guarda à prisão. De repente apareceu o anjo do Senhor e a masmorra foi inundada de luz. O anjo despertou Pedro, tocando-lhe no lado (…) e as correntes caíram-lhe das mãos» (12, 6-7).

Pensamos porventura nas vezes sem conta que o Senhor respondeu à nossa oração enviando-nos um Anjo? Aquele Anjo que, inesperadamente, vem ao nosso encontro para nos salvar de situações difíceis? Para nos arrancar das mãos da morte e do maligno; para nos apontar o caminho perdido; para reacender em nós a chama da esperança; para nos fazer uma carícia; para consolar o nosso coração dilacerado; para nos despertar do sono existencial; ou simplesmente para nos dizer: «Não estás sozinho».

Quantos anjos coloca Ele no nosso caminho, mas nós, dominados pelo medo ou a incredulidade ou então pela euforia, deixamo-los fora da porta – precisamente como aconteceu a Pedro quando bateu à porta da casa e «uma serva chamada Rode veio atender. Reconheceu a voz de Pedro e com alegria, em vez de abrir, correu a anunciar que Pedro se encontrava em frente da porta» (12, 13-14).

Nenhuma comunidade cristã pode prosseguir sem o apoio da oração perseverante! A oração que é o encontro com Deus, com Deus que jamais desilude; com o Deus fiel à sua palavra; com Deus que não abandona os seus filhos. Assim Jesus nos punha a questão: «E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que a Ele clamam dia e noite?» (Lc 18, 7). Na oração, o crente exprime a sua fé, a sua confiança, e Deus exprime a sua proximidade, inclusive através do dom dos Anjos, os seus mensageiros.

Um apelo à fé. Na segunda leitura, São Paulo escreve a Timóteo: «O Senhor, porém, esteve comigo e deu-me forças, a fim de que, por meu intermédio, o anúncio [do Evangelho] fosse plenamente proclamado (…). Assim fui arrebatado da boca do leão. O Senhor me livrará de todo o mal e me levará a salvo para o seu Reino celeste» (2 Tm 4, 17-18). Deus não tira os seus filhos do mundo ou do mal, mas dá-lhes a força para vencê-los. Só quem acredita pode verdadeiramente dizer: «O Senhor é meu pastor, nada me falta» (Sal 22/23, 1).

Ao longo da história, quantas forças procuraram – e procuram – aniquilar a Igreja, tanto a partir do exterior como do interior, mas todas foram aniquiladas e a Igreja permanece viva e fecunda! Inexplicavelmente, permanece firme para poder – como diz São Paulo – aclamar, «a Ele, a glória pelos séculos dos séculos» (2 Tm 4, 18).

Tudo passa, só Deus resta. Na verdade, passaram reinos, povos, culturas, nações, ideologias, potências, mas a Igreja, fundada sobre Cristo, não obstante as inúmeras tempestades e os nossos muitos pecados, permanece fiel ao depósito da fé no serviço, porque a Igreja não é dos Papas, dos Bispos, dos padres e nem mesmo dos fiéis; é só e unicamente de Cristo. Só quem vive em Cristo promove e defende Igreja com a santidade da vida, a exemplo de Pedro e Paulo.

Em nome de Cristo, os crentes ressuscitaram os mortos; curaram os enfermos; amaram os seus perseguidores; demonstraram que não existe uma força capaz de derrotar quem possui a força da fé!

Um apelo ao testemunho. Pedro e Paulo, como todos os Apóstolos de Cristo que na vida terrena fecundaram a Igreja com o seu sangue, beberam o cálice do Senhor e tornaram-se os amigos de Deus.

Em tom comovente, Paulo escreve a Timóteo: «Quanto a mim, já estou pronto para oferecer-me como sacrifício; avizinha-se o tempo da minha libertação. Combati o bom combate, terminei a corrida, permanecia fiel. A partir de agora, já me aguarda a merecida coroa, que me entregará, naquele dia, o Senhor, justo juiz; e não somente a mim, mas a todos os que anseiam pela sua vinda» (2 Tm 4, 6-8).

Uma Igreja ou um cristão sem testemunho é estéril; um morto que pensa estar vivo; uma árvore ressequida que não dá fruto; um poço seco que não dá água! A Igreja venceu o mal, através do testemunho corajoso, concreto e humilde dos seus filhos. Venceu o mal, graças à convicta proclamação de Pedro: «Tu és Cristo, o Filho de Deus vivo», e à promessa eterna de Jesus (cf. Mt 16, 13-18).

Amados Arcebispos que, hoje, recebestes o pálio! Este é o sinal que representa a ovelha que o pastor carrega aos seus ombros como Cristo, Bom Pastor, sendo, pois, símbolo da vossa tarefa pastoral; é «sinal litúrgico da comunhão que une a Sé de Pedro e o seu Sucessor aos Metropolitas e, através deles, aos outros Bispos do mundo» (Bento XVI, Angelus do dia 29 de Junho de 2005).

Hoje, com o pálio, quero confiar-vos este apelo à oração, à fé e ao testemunho.

A Igreja quer-vos homens de oração, mestres de oração: que ensinam ao povo que o Senhor vos confiou que a libertação de todas as prisões é apenas obra de Deus e fruto da oração; que Deus, no momento oportuno, envia o seu anjo para nos salvar das muitas escravidões e das inúmeras cadeias mundanas. E sede vós também, para os mais necessitados, anjos e mensageiros da caridade!

A Igreja quer-vos homens de fé, mestres de fé: que ensinem os fiéis a não terem medo de tantos Herodes que afligem com perseguições, com cruzes de todo o género. Nenhum Herodes é capaz de apagar a luz da esperança, da fé e da caridade daquele que crê em Cristo!

A Igreja quer-vos homens de testemunho: como dizia São Francisco aos seus frades, pregai sempre o Evangelho e, se for necessário, também com as palavras! (cf. Fontes Franciscanas, 43). Não há testemunho sem uma vida coerente! Hoje sente-se necessidade não tanto de mestres, mas de testemunhas corajosas, convictas e convincentes; testemunhas que não se envergonham do Nome de Cristo e da sua Cruz, nem diante dos leões que rugem nem perante as potências deste mundo. Seguindo o exemplo de Pedro e Paulo e de muitas outras testemunhas ao longo de toda a história da Igreja; testemunhas que, embora pertencendo a diferentes confissões cristãs, contribuíram para manifestar e fazer crescer o único Corpo de Cristo. Apraz-me sublinhá-lo na presença – sempre muito grata – da Delegação do Patriarcado Ecuménico de Constantinopla, enviada pelo querido irmão Bartolomeu I.

O motivo é muito simples: o testemunho mais eficaz e mais autêntico é aquele que não contradiz, com o comportamento e a vida, aquilo que se prega com a palavra e aquilo que se ensina aos outros!

Ensinai a oração, orando; anunciai a fé, acreditando; dai testemunho, vivendo!

Deus é sempre capaz de nos transformar, como transformou Pedro e Paulo

São Pedro e São Paulo, tão diferentes um do outro no plano humano, foram escolhidos pessoalmente pelo Senhor Jesus e responderam ao chamado, oferecendo toda a sua vida. Em ambos a graça de Cristo realizou grandes coisas, transformou-lhes: Simão havia negado Jesus no momento dramático da paixão; Saulo havia perseguido duramente os cristãos. Mas ambos acolheram o amor de Deus e se deixaram transformar pela Sua misericórdia; assim se tornaram amigos e apóstolos de Cristo. Por isso, eles continuam a falar à Igreja e ainda hoje nos mostram o caminho da salvação.

Nós, também, se por acaso caíssemos nos pecados mais graves e na noite mais escura, Deus é sempre capaz de nos transformar, como transformou Pedro e Paulo; transformar nosso coração e nos perdoar de tudo, transformando assim a nossa escuridão do pecado em um amanhecer de luz. Mas Deus é assim: ele nos transforma, nos perdoa sempre, como fez com Pedro e, como fez com Paulo.

Papa Francisco - Ângelus de 29.06.2014

O Evangelho do dia 29 de junho de 2014 - Solenidade de São Pedro e São Paulo

Tendo chegado à região de Cesareia de Filipe, Jesus interrogou os Seus discípulos, dizendo: «Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?». Eles responderam: «Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». Jesus disse-lhes: «E vós quem dizeis que Eu sou?». Respondendo Simão Pedro, disse: «Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo». Respondendo Jesus, disse-lhe: «Bem-aventurado és, Simão filho de João, porque não foi a carne e o sangue que to revelaram, mas Meu Pai que está nos céus. E Eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus; e tudo o que ligares sobre a terra, será ligado também nos céus, e tudo o que desatares sobre a terra, será desatado também nos céus».

Mt 16, 13-19

domingo, 28 de junho de 2015

Bom Domingo do Senhor!

Saibamos sempre ter a humildade e confiança total no Senhor à semelhança do chefe da sinagoga e da mulher doente havia muito tempo como nos narra o Evangelho de hoje (Mc 5, 21-43), pois Ele é o nosso maior Bem e é, e será sempre Ele a ajudar-nos nas nossas aflições.

Louvor e glória a vós Jesus Cristo Rei e Senhor de toda a humanidade!

«Levanta-te!»

São João Paulo II (1920-2005), papa
Discurso de 2/4/1987 aos jovens do Chile, 4.6


Amados jovens, […] só Cristo pode dar a verdadeira resposta a todas as vossas dificuldades! O mundo precisa da vossa resposta, uma resposta pessoal às palavras, cheias de vida, do Senhor — «sou Eu que te digo: levanta-te!» Assim, vemos como, nas situações mais penosas e difíceis, Jesus sai ao encontro da humanidade. O milagre realizado na casa de Jairo mostra-nos o seu poder sobre o mal. Ele é o Senhor da vida, o vencedor da morte. […] Buscai a Cristo! Contemplai a Cristo! Vivei em Cristo! É esta a minha mensagem: «Que Jesus seja a pedra angular (cf Ef 2,20) da vossa vida e da civilização nova que, em generosa e compartilhada solidariedade, haveis de construir. Não pode haver autêntico crescimento humano na paz e na justiça, na verdade e na liberdade, se Cristo não estiver presente com a sua força salvadora» [Mensagem para as II Jornadas Mundiais da Juventude, 30/11/1986, 3].

O que quer dizer construir a vida em Cristo? Quer dizer deixar-se comprometer pelo seu amor, um amor que exige coerência de comportamento e que a conduta de cada um se adapte à doutrina e aos mandamentos de Jesus Cristo e da sua Igreja; um amor que enche a nossa vida duma felicidade e duma paz que o mundo não consegue dar (cf Jo 14,27), apesar de tanto precisar dela. Não tenhais medo das exigências do amor de Cristo. Pelo contrário, temei antes a pusilanimidade, a ligeireza, o comodismo, a procura do próprio interesse, o egoísmo, tudo aquilo que queira calar a voz de Cristo que, dirigindo-Se a cada um e a cada uma de vós, insiste: «Sou Eu que te digo: levanta-te!» (Mc 5,41).

Contemplai a Cristo com valentia, meditando na sua vida através da leitura sossegada do Evangelho, dirigindo-vos a Ele com confiança na intimidade da vossa oração e nos sacramentos, em especial na Sagrada Eucaristia. […] Se vos dirigirdes a Cristo, ouvireis igualmente, e no mais íntimo da vossa alma, os rogos e as solicitações do Senhor que continua a dirigir-Se a vós, repetindo-vos sem cessar: «Sou Eu que te digo: levanta-te!»

sábado, 27 de junho de 2015

Testemunhas da verdade

Concílio Vaticano II 
Declaração sobre a liberdade religiosa, 11

Cristo deu testemunho da verdade (Jo 18.37), mas não a quis impor pela força aos Seus contraditores. O Seu reino não se defende pela violência (Mt 26, 51-53) mas implanta-se pelo testemunho e pela audição da verdade; e cresce pelo amor com que Cristo, elevado na cruz, a Si atrai todos os homens (Jo 12, 32). 

Os Apóstolos, ensinados pela palavra e exemplo de Cristo, seguiram o mesmo caminho [...], não com a coação ou com artifícios indignos do Evangelho, mas primeiro que tudo com a força da palavra de Deus (1Cor 2, 3-5). A todos anunciavam com fortaleza a vontade de Deus Salvador «o qual quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade» (1Tim. 2, 4); ao mesmo tempo, respeitavam os fracos, mesmo que estivessem no erro, mostrando assim como «cada um de nós dará conta de si a Deus» (Rom. 14, 12) (24) e, nessa medida, tem obrigação de obedecer à própria consciência. [...] Acreditavam firmemente que o Evangelho é a força de Deus, para salvação de todo o que acredita (Rom 1, 16). E assim é que, desprezando todas as «armas carnais» (2Cor 10, 4), seguindo o exemplo de mansidão e humildade de Cristo, pregaram a palavra de Deus (Ef 6, 11-17) com plena confiança na sua força para destruir os poderes opostos a Deus [...]. Como o Mestre, também os Apóstolos reconheceram a legítima autoridade civil [...]. Ao mesmo tempo, não temeram contradizer o poder público que se opunha à vontade sagrada de Deus: «deve-se obedecer antes a Deus do que aos homens» (At. 5, 29). Inúmeros mártires e fiéis seguiram, no decorrer dos séculos e por toda a terra, este mesmo caminho.

O Evangelho de Domingo dia 28 de junho 2015

Tendo Jesus passado novamente na barca para a outra margem, acorreu a Ele muita gente, e Ele estava junto do mar. Chegou um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo, que, vendo-O, lançou-se a Seus pés, e suplicava-Lhe com insistência: «Minha filha está nas últimas; vem, impõe sobre ela as mãos, para que seja salva e viva». Jesus foi com ele; e uma grande multidão O seguia e O apertava. Então, uma mulher que havia doze anos padecia um fluxo de sangue, e tinha sofrido muito de muitos médicos, e gastara tudo quanto possuía, sem ter sentido melhoras, antes cada vez se achava pior, tendo ouvido falar de Jesus, foi por detrás entre a multidão e tocou o Seu manto. Porque dizia: «Se eu tocar, ainda que seja só o Seu manto, ficarei curada». Imediatamente parou o fluxo de sangue e sentiu no seu corpo estar curada do mal. Jesus, conhecendo logo em Si mesmo a força que saíra d'Ele, voltado para a multidão, disse: «Quem tocou os Meus vestidos?». Os Seus discípulos responderam: «Tu vês que a multidão Te comprime, e perguntas: “Quem Me tocou?”». E Jesus olhava em volta para ver quem tinha feito aquilo. Então a mulher, que sabia o que se tinha passado nela, cheia de medo e a tremer, foi prostrar-se diante d'Ele, e disse-Lhe toda a verdade. Jesus disse-lhe: «Filha, a tua fé te salvou; vai em paz e fica curada do teu mal». Ainda Ele falava, quando chegaram da casa do chefe da sinagoga, dizendo: «Tua filha morreu; para que incomodar mais o Mestre?». Porém, Jesus, tendo ouvido o que eles diziam, disse ao chefe da sinagoga: «Não temas; crê somente». E não permitiu que ninguém O acompanhasse, senão Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Ao chegarem a casa do chefe da sinagoga, viu Jesus o alvoroço e os que estavam a chorar e a gritar. Tendo entrado, disse-lhes: «Porque vos perturbais e chorais? A menina não está morta, mas dorme». E troçavam d'Ele. Mas Ele, tendo feito sair todos, tomou o pai e a mãe da menina e os que O acompanhavam, e entrou onde a menina estava deitada. Tomando a mão da menina, disse-lhe: «Talitha kum» , que quer dizer: «Menina, Eu te mando, levanta-te». A menina imediatamente levantou-se e andava, pois tinha já doze anos. Ficaram cheios de grande espanto. Jesus ordenou-lhes com insistência que ninguém o soubesse. Depois disse que dessem de comer à menina.

Mc 5, 21-43

«Muitos virão do Oriente e do Ocidente sentar-se à mesa do banquete no Reino do Céu»


Catecismo da Igreja Católica 
§§ 830-835

A Igreja é católica: a palavra «católica» significa «universal» no sentido de «segundo a totalidade» ou «segundo a integralidade» «A Igreja é católica em duplo sentido: é católica porque nela Cristo está presente. 'Onde está Cristo Jesus, está a Igreja católica'.» (Santo Inácio de Antioquia); nela subsiste a plenitude do Corpo de Cristo unido à sua Cabeça (Ef 1,22-23). [...] Neste sentido fundamental, a Igreja era católica no dia de Pentecostes e sê-lo-á sempre, até o dia da Parusia.

Ela é católica porque é enviada em missão por Cristo à universalidade do género humano (Mt 28,19). «Todos os homens são chamados a pertencer ao novo Povo de Deus. Por isso este Povo, permanecendo uno e único, deve estender-se a todo o mundo e por todos os tempos, para que se cumpra o desígnio da vontade de Deus, que no início formou uma natureza humana e finalmente decretou congregar os Seus filhos que estavam dispersos». (Vaticano II, LG 13). [...]

Cada igreja particular é católica. [...] Essas Igrejas particulares «são formadas à imagem da Igreja universal; é nelas e a partir delas que existe a Igreja católica una e única» (LG 23). As Igrejas particulares são plenamente católicas pela comunhão com uma delas: a Igreja de Roma, «que preside à caridade» (Santo Inácio de Antioquia). «Pois com esta Igreja, em razão da sua origem mais excelente, deve necessariamente concordar cada Igreja, isto é, os fiéis de toda a parte» (Santo Ireneu). [...] A rica variedade de disciplinas eclesiásticas, de ritos litúrgicos, de patrimónios teológicos e espirituais próprios das Igrejas locais «mostra mais luminosamente a catolicidade da Igreja indivisa, devido à sua convergência na unidade» (LG 23).

O Evangelho do dia 27 de junho de 2015

Tendo entrado em Cafarnaum, aproximou-se d'Ele um centurião, e fez-Lhe uma súplica, dizendo: «Senhor, o meu servo jaz em casa paralítico e sofre muito». Jesus disse-lhe: «Eu irei e o curarei». Mas o centurião, respondeu: «Senhor, eu não sou digno de que entres na minha casa; diz, porém, uma só palavra, e o meu servo será curado. Pois também eu sou um homem sujeito a outro, mas tenho soldados às minhas ordens, e digo a um: “Vai”, e ele vai; e a outro: “Vem”, e ele vem; e ao meu servo: “Faz isto”, e ele o faz». Jesus, ouvindo estas palavras, admirou-Se, e disse para os que O seguiam: «Em verdade vos digo: Não achei fé tão grande em Israel. Digo-vos, pois, que virão muitos do Oriente e do Ocidente, e se sentarão com Abraão, Isaac e Jacob no Reino dos Céus, enquanto que os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores, onde haverá pranto e ranger de dentes». Então disse Jesus ao centurião: «Vai, seja feito conforme tu creste». E naquela mesma hora ficou curado o servo. Tendo chegado Jesus a casa de Pedro, viu que a sogra dele estava de cama com febre; e tomou-a pela mão, e a febre deixou-a, e ela levantou-se e pôs-se a servi-los. Pela tarde apresentaram-se muitos possessos do demónio, e Ele com a Sua palavra expulsou os espíritos e curou todos os enfermos; cumprindo-se deste modo o que foi anunciado pelo profeta Isaías, quando diz: “Ele mesmo tomou as nossas fraquezas e carregou com as nossas enfermidades”.

Mt 8, 5-17

sexta-feira, 26 de junho de 2015

São Josemaría dentro de mim

Perdoem-me se ao falar da minha pessoa vos possa parecer um ato de vaidade e de enaltecimento pessoal, mas creiam-me que não é essa a minha intenção, mas sim compartilhar convosco o meu amor a S. Josemaría Escrivá, a quem eu apenas permiti que entrasse na minha vida há cerca de dez anos.

Contrariamente a um Sacerdote, que muito admiro e respeito, e que na sua juventude sentiu como uma explosão espiritual quando leu pela primeira vez o Caminho, sim a primeira vez, porque o Caminho lê-se, relê-se e consulta-se toda a vida, comigo deu-se um processo de primeiro estranhar-se a linguagem direta, apaixonada e incisiva do seu legado escrito, que depois se entranhou de tal maneira, que espiritualmente sinto a necessidade de ler e consultá-lo por temas assiduamente.

Procuro modestamente contribuir para a divulgação dos textos de S. Josemaría, na esperança que eles possam ter o mesmo impacto que tiveram junto de milhares e milhares de pessoas. Atualmente uso como ferramenta de divulgação diversas plataformas na internet, que em boa hora os sites de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/ e do Opus Dei http://www.opusdei.pt/ introduziram a possibilidade de compartilhar nesta plataforma, dando assim uma maior visibilidade e possibilidade de divulgação da sua vida e obra.

Espiritualmente não sigo nenhuma regra rígida, mas todos os dias logo pela manhã recorro à sua intercessão para me ajudar a aumentar a minha Fé e a amar mais e mais o Senhor e durante dia quando confrontado com as múltiplas situações próprias da minha vida corrente, recorro de memória a reflexões que li nas suas obras e procura corrigir intenções e transformá-las em atos de louvor a Deus, aspecto em que S. Josemaría foi e é, pois ele vive nos seus textos e na nossa alma, um grande mestre ao fazê-lo com amor e simplicidade inexcedível.

Hoje, dia 26 de Junho dia da sua festa litúrgica não poderei participar na Solene Concelebração Eucarística, momento alto em que costumo estar presente como humilde fiel na Sagrada Eucaristia e escutar a voz de quem ama certamente muito mais do que eu S. Josemaría e com quem vou descobrindo um cantinho não descortinado na vida e obra do Santo da minha devoção, Josemaría Escrivá de Balaguer, mas a ausência será apenas física pois estarei em comunhão espiritual.

Louvado seja Deus Nosso Senhor pelo Santo que deu a volta à minha vida!

JPR
(texto escrito em 25.06.2013 e adaptado em detalhes para a data de hoje)

«Jesus estendeu a mão e tocou-o»

Beata Teresa de Calcutá (1910-1997), fundadora das Irmãs Missionárias da Caridade
«A Simple Path»


Atualmente, a doença mais terrível do Ocidente não é a tuberculose nem a lepra; é sentimo-nos indesejados, não amados, abandonados. Sabemos tratar as doenças do corpo pela medicina, mas o único remédio para a solidão, a angústia e o desespero é o amor. São muitas as pessoas que morrem por falta de um pedaço de pão, mas são muitas mais as que morrem por falta de um pouco de amor. A pobreza no Ocidente é outro tipo de pobreza: não é apenas pobreza de solidão, mas também de espiritualidade. Existe fome de amor como existe fome de Deus.

O Evangelho do dia 26 de junho de 2015

Tendo Jesus descido do monte, seguiu-O uma grande multidão. E eis que, aproximando-se um leproso, se prostrou, dizendo: «Senhor, se Tu quiseres, podes curar-me». Jesus, estendendo a mão, tocou-o, dizendo-lhe: «Quero, sê curado». E logo ficou curado da sua lepra. E Jesus disse-lhe: «Vê, não o digas a ninguém, mas vai, mostra-te ao sacerdote, e faz a oferta que Moisés preceituou em testemunho da tua cura».

Mt 8, 1-4

quinta-feira, 25 de junho de 2015

Faro - 26 de junho - Missa na festa de S. Josemaria Escrivá


O homem prudente edificou a sua casa sobre a rocha

Vida de São Francisco de Assis, conhecida como «Colectânea de Perúgia» (c. 1311), § 102

Desde o momento da sua conversão que o bem-aventurado Francisco, sábio como era, quis, com a ajuda do Senhor, estabelecer solidamente a sua casa, isto é, a sua Ordem dos Frades Menores, sobre rocha sólida, ou seja, sobre a altíssima humildade e a suprema pobreza do Filho de Deus.

Sobre uma profunda humildade porque, desde o princípio, mal os irmãos começaram a crescer em número, recomendou-lhes que permanecessem nos hospícios para tratarem dos leprosos. Então, quando os postulantes se apresentavam, quer fossem nobres, quer plebeus, eram avisados de que deviam ficar a cuidar dos leprosos e a viver nas suas enfermarias.

Sobre uma imensa pobreza porque na sua Regra se diz, com efeito, que os irmãos devem habitar nas suas casas «como estrangeiros ou peregrinos, a nada aspirando neste mundo» a não ser à santa pobreza, graças à qual o Senhor os alimentará nesta vida com a virtude e o alimento corporal, o que lhes valerá o céu como herança na outra.

Também para si próprio Francisco escolheu o alicerce duma perfeita humildade e duma completa pobreza, e embora tenha sido uma grande figura da Igreja de Deus, por escolha própria quis ser dos últimos, não só na Igreja, como também entre os seus irmãos.

O Evangelho do dia 25 de junho de 2015

«Nem todo o que Me diz: “Senhor, Senhor”, entrará no Reino dos Céus, mas só o que faz a vontade de Meu Pai que está nos céus. Muitos Me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizámos nós em Teu nome, e em Teu nome expulsámos os demónios, e em Teu nome fizemos muitos milagres?”. E então Eu lhes direi bem alto: “Nunca vos conheci. Apartai-vos de Mim, vós que praticais a iniquidade”. «Todo aquele, pois, que ouve estas Minhas palavras e as observa será semelhante ao homem prudente que edificou a sua casa sobre rocha. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava fundada sobre rocha. Todo aquele que ouve estas Minhas palavras e não as pratica será semelhante a um homem insensato que edificou a sua casa sobre areia. Caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram e investiram os ventos contra aquela casa, e ela caiu, e foi grande a sua ruína». Quando Jesus acabou estes discursos, estavam as multidões admiradas com a Sua doutrina, porque os ensinava como quem tinha autoridade, e não como os seus escribas.

Mt 7, 21-29

quarta-feira, 24 de junho de 2015

Papa Francisco na Audiência geral (resumo em português)

Locutor: Quero hoje reflectir convosco sobre as feridas que se abrem no interior da convivência familiar e do mal que fazem à alma dos filhos. Palavras, acções e omissões que, em vez de exprimir amor, corroem-no e mortificam-no. E o esvaziamento do amor conjugal gera ressentimento nas relações e desemboca em lacerações profundas que dividem os esposos. Quando os adultos perdem cabeça, quando cada um pensa apenas em si mesmo, quando o pai e a mãe se agridem, a alma dos filhos sofre imensamente, sentem-se desesperados. Na família, tudo está interligado: quando a sua alma é ferida num ponto qualquer, a infecção contagia a todos. Quando um homem e uma mulher, que se comprometeram a ser «uma só carne» e formar uma família, pensam obsessivamente nas próprias exigências de liberdade e gratificação, esta distorção fere profundamente o coração e a vida dos filhos. Devemos compreender bem isto: o marido e a mulher são uma só carne; mas as suas criaturas são carne da sua carne. Quando se pensa na dura advertência que Jesus fez aos adultos para não escandalizarem os pequeninos, pode-se compreender melhor a sua palavra sobre a grave responsabilidade de salvaguardar o vínculo conjugal que dá início à família humana. Dado que o homem e a mulher se tornaram uma só carne, todas as feridas e todo o abandono do pai e da mãe incidem na carne viva dos filhos.

Santo Padre:
Carissimi pellegrini di lingua portoghese, benvenuti! Nel salutarvi tutti, specialmente i fedeli brasiliani di Palmeira e le famiglie di Sesimbra, vi invito a chiedere al Signore una fede grande per guardare la realtà con lo sguardo di Dio e una grande carità per accostare le persone con il suo cuore misericordioso. Fidatevi di Dio, come la Vergine Maria! Volentieri benedico voi e i vostri cari.

Locutor: Queridos peregrinos de língua portuguesa, sede bem-vindos! A todos vos saúdo, especialmente aos fiéis brasileiros de Palmeira e às famílias de Sesimbra, convidando-vos a pedir ao Senhor uma fé grande para verdes a realidade com o olhar de Deus e uma grande caridade para vos aproximardes das pessoas com o seu coração misericordioso. Confiai em Deus, como a Virgem Maria! De bom grado abençoo a vós e aos vossos entes queridos.

Seremos reconhecidos pelos frutos

Santo Inácio de Antioquia (? - c. 110), bispo e mártir
Carta aos Efésios, 13-15

O nascimento de João o Baptista está repleto de milagres. Um arcanjo anunciou a vinda de Nosso Senhor e Salvador, Jesus; igualmente, um arcanjo anuncia o nascimento de João (Lc 1, 13) e diz: «será cheio do Espírito Santo já desde o ventre da sua mãe» (Lc 1, 16). O povo judaico não via que Nosso Senhor realizava «milagres e prodígios» e curava muitas doenças, mas João exulta de alegria estando ainda no seio materno; não se consegue detê-lo e, à chegada da mãe de Jesus, a criança tenta sair do seio de Isabel: «Pois, logo que chegou aos meus ouvidos a tua saudação, o menino saltou de alegria no meu seio» (Lc 1,44). Ainda no seio de sua mãe, João recebeu o Espírito Santo [...].

A Escritura diz depois: «E reconduzirá muitos dos filhos de Israel ao Senhor, seu Deus» (Lc 1, 16). João reconduziu «um grande número»; o Senhor não reconduziu apenas um grande número, mas todos. Com efeito, a Sua obra é reconduzir todos os homens a Deus Pai [...].

A meu ver, o mistério de João realiza-se no mundo até aos nossos dias. Todo aquele que está destinado a crer em Cristo Jesus necessita primeiro que o espírito e a força de João entrem na sua alma para «proporcionar ao Senhor um povo com boas disposições» (Lc 1, 17) e para que, nas asperezas do seu coração, toda a ravina seja preenchida, todo o monte e colina sejam abatidos. Não foi apenas naquele tempo que os caminhos foram aplainados e as veredas endireitadas (Lc 3, 5); ainda hoje o espírito e a força de João precedem o advento do Senhor, nosso Salvador. Ó sublimidade do mistério do Senhor e do Seu desígnio sobre o mundo!

O Evangelho do dia 24 de junho de 2015

Completou-se para Isabel o tempo de dar à luz e deu à luz um filho. Os seus vizinhos e parentes ouviram falar da graça que o Senhor lhe tinha feito e congratulavam-se com ela. Aconteceu que, ao oitavo dia, foram circuncidar o menino e chamavam-lhe Zacarias, do nome do pai. Interveio, porém, sua mãe e disse: «Não; mas será chamado João». Disseram-lhe: «Ninguém há na tua família que tenha este nome». E perguntavam por acenos ao pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu assim: «O seu nome é João». Todos ficaram admirados. E logo se abriu a sua boca, soltou-se a lingua e falava bendizendo a Deus. O temor se apoderou de todos os seus vizinhos, e divulgaram-se todas estas maravilhas por todas as montanhas da Judeia. Todos os que as ouviram as ponderavam no seu coração, dizendo: «Quem virá a ser este menino?». Porque a mão do Senhor estava com ele. Ora o menino crescia e se fortificava no espírito. E habitou nos desertos até ao dia da sua manifestação a Israel.

Lc 1, 57-66.80

terça-feira, 23 de junho de 2015

«Entrai pela porta estreita»

São Bento (480-547), monge, co-padroeiro da Europa 
Regra, Prólogo

Ao procurar no meio da multidão um trabalhador ao qual lance o Seu convite, o Senhor diz: «Quem quer a vida e deseja conhecer dias felizes?» (Sl 33,13) Se, ao ouvires isto responderes: «Eu!», Deus diz-te: «Se queres ter a vida, a verdadeira vida eterna, protege a tua língua do mal, e que os teus lábios não digam palavras enganadoras. Afasta-te do mal e faz o bem, procura a paz e persegue-a» (Sl 33,14-15). [...] Não há para nós, irmãos muito queridos, coisa tão doce como esta voz do Senhor que nos convida. Eis que, na Sua bondade, o Senhor nos indica o caminho da vida. Tendo, pois, cingido os nosso rins (Ef 6,14) da fé e da prática de boas obras, sob a direcção do Evangelho, avancemos nos Seus caminhos, para merecermos ver Aquele que nos chamou ao Seu Reino (1Tess 2,12). Se queremos habitar nas tendas deste Reino, a menos que nelas entremos pelas boas obras, não chegaremos lá de outra forma. Com o profeta, interroguemos o Senhor e digamos-Lhe: «Senhor, quem habitará na Vossa tenda? Quem repousará na Vossa montanha santa?» (Sl 14,1) Depois desta pergunta, irmãos, escutemos o Senhor a responder-nos, mostrando-nos o caminho. [...]

Vamos, portanto, estabelecer uma escola de serviço do Senhor, onde esperamos não estabelecer nada de rigoroso, nada de esmagador. Mas, se te aparecer alguma coisa um pouco mais severa, exigida por uma razão de justiça com vista à correção dos vícios e à manutenção da caridade, não abandones imediatamente, tocado pelo medo, o caminho da salvação, onde temos de passar pela porta estreita. Para além do mais, graças aos progressos da vida e da fé, de coração dilatado na inefável doçura do amor, corremos na via dos mandamentos de Deus (Sl 118,32). Assim, não nos afastando nunca dos Seus ensinamentos e perseverando na Sua doutrina [...] até à morte, participaremos pela paciência nos sofrimentos de Cristo (1Pe4,13), para merecermos participar também no Seu Reino.

O Evangelho do dia 23 de junho de 2015

«Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para que não suceda que eles as calquem com os seus pés, e que, voltando-se contra vós, vos despedacem. «Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; esta é a Lei e os Profetas. «Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta, e espaçoso o caminho que leva à perdição, e muitos são os que entram por ele. Que estreita é a porta, e que apertado o caminho que leva à Vida, e quão poucos são os que dão com ele! 

Mt 7, 6.12-14

segunda-feira, 22 de junho de 2015

DIÁLOGOS COM O MEU EU (18)

Então, como te sentes?
Não sei bem, o que te responder!

Porquê?
Entre a graça de serviço que Deus me deu, e os parabéns de tantos que me os expressam com amizade, fico assim, sem palavras!

Achas que não os mereces?
Não é uma questão de merecer, porque nunca merecerei nada. É uma questão de verem em mim aquilo que eu não consigo ver!

Como assim?
Porque Deus sabe melhor, e assim não me deixa ver o que os outros vêem, mas apenas me mostra a minha pequenez.

Achas-te “pequeno”?
Pois, o problema é esse mesmo. É que a maior parte das vezes me acho “maior” do que os outros, e assim Ele me vai conduzindo no caminho para perceber que sem Ele eu nada sou.

Marinha Grande, 23 de Outubro de 2013

Joaquim Mexia Alves

D. Javier Echevarría recorda, neste vídeo, alguns conselhos de S. Josemaría às famílias, por ocasião do próximo 26 de junho, 40º aniversário da ida para o Céu de S. Josemaría

Legendado em português

«Não julgueis, para não serdes julgados»

Imitação de Cristo, tratado espiritual do século XV, Livraria Moraes, 1959 
Livro II, cap. 3


Sabes bem desculpar e colorir as tuas ações, mas não queres atender às desculpas dos outros.
Seria mais justo que te acusasses, e desculpasses o teu irmão.
Se queres ser suportado, suporta tu os outros.
Vê quão longe estás ainda da verdadeira caridade e humildade, que só sabe irritar-se e indignar-se contra si própria.
Não tem valor conviver com os que são bons e pacientes, pois isso agrada naturalmente a todos; qualquer pessoa quer de boa vontade a paz, e gosta mais do que pensam como ela.
Mas poder viver em paz com os duros e os maus, com os indisciplinados, com os que se nos opõem, é grande graça e ação digna de louvor e corajosa. […]
Aquele que melhor sabe sofrer, maior paz conseguirá. Este é o que se vence a si mesmo e o senhor do mundo, o amigo de Cristo e o herdeiro do céu.

O Evangelho do dia 22 de junho de 2015

«Não julgueis, para que não sejais julgados; pois, segundo o juízo com que julgardes, sereis julgados; e com a medida com que medirdes, vos medirão também a vós. Porque olhas tu para a palha que está no olho de teu irmão, e não notas a trave no teu olho? Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar-te do olho uma palha, tendo tu uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então verás para tirar a palha do olho de teu irmão.

Mt 7, 1-5

domingo, 21 de junho de 2015

«Qualquer coisa de grande, de imaterial»

Mais de 30 esculturas de Canto da Maia podem ser admiradas até 31 de Dezembro de 2015 no Museu Carlos Machado, de Ponta Delgada. Ernesto Canto da Maia foi um dos nossos mais originais escultores de meados do século XX, o que diz muito, porque nessa época Portugal teve várias figuras de nível verdadeiramente mundial.

Na minha opinião, o período artístico mais fecundo de Canto da Maia foram os seus longos anos de Paris, mas não me esqueço de que ele nasceu e morreu nos Açores, além de que é evidente que ele colheu inspirações na cultura açoriana. O Museu Carlos Machado está de parabéns por hospedar, até finais de Dezembro, esta exposição.

Para quem acompanha as preocupações pastorais do Papa Francisco, o legado artístico de Canto da Maia cobra uma oportunidade singular, porque ele soube esculpir, de forma magistral, o amor na família. Não vou reduzir a riqueza multifacetada do seu trabalho a uma só perspectiva, mas qualquer admirador reconhece que ele foi particularmente brilhante e original a tratar este tema. É só visitar a exposição, salta à vista...

A obra de Canto da Maia inclui painéis de grande escala, figuras de heróis, estátuas comemorativas, que se podem admirar em várias cidades do país, e um conjunto singular de peças mais pequenas. As grandes esculturas foram geralmente feitas por encomenda, mas o melhor que ele deixou para a posteridade é o tal conjunto de peças não monumentais, que ninguém lhe pediu, mas ele sentiu necessidade de realizar. O mistério do amor conjugal e o vínculo familiar foram a inspiração central destas esculturas. Pegando no tema sob vários ângulos, ele enfrentou o desafio de dizer, com a força da imagem, o que há de mais espiritual e subtil na vida humana.

Canto da Maia tinha a consciência de que há mistérios tão sublimes que não cabem em palavras. Em 1913, ele escrevia aos pais que «a escultura devia realizar qualquer coisa de grande, de imaterial, na via para atingir a intensa verdade do infinito».
Esta espécie de milagre que lhe inspirou a vida, cumpriu-se. Modelada pela sua arte, a terracota foi capaz de exprimir qualquer coisa de grande, de imaterial. Transfigurou-se. Até atingir uma eloquência sublime. Contempla-se cada uma daquelas peças e percebe-se. Tentamos explicar e não somos capazes.

Repare-se em peças como «Adão e Eva» ou «Hino do Amor», «Bendito seja o Fruto do Teu Ventre», «Baiser», ou a «Virgem com Menino», ou qualquer das outras, sobretudo do período de Paris. Por exemplo, a primeira, «Adão e Eva» ou «Hino do Amor», que tem várias versões em Ponta Delgada e uma no Museu de Arte Contemporânea em Lisboa: um homem e uma mulher estão frente a frente, nus. A composição sugere simetria, igual dignidade e, ao mesmo tempo, uma diferença patente, sem estereótipo. A distinção joga-se em curvas imperceptíveis, em proporções levemente diferentes. É evidente quem é o homem e quem é a mulher. Assim como é evidente que a harmonia da conjunção só é possível porque a simetria acontece num plano de igualdade em que os papéis são diferentes. As esculturas encaixam-se idealmente, mas não se tocam. Há um gesto de respeito, de pudor, que exclui a mera exuberância da carne. A forma estilizada dos dois corpos sugere que não se expõe tudo, mas também não se esconde. A carne está presente, mas elevada num amor pausado, cheio de cerimónia, que sabe apreciar e honrar o outro. Os olhos cerrados de ambos parece que vêem (como é que o escultor conseguiu esta proeza?). Os dois admiram-se, para além até dos corpos, de olhos fechados a fitarem um horizonte que nós não vemos, mas eles sim. A boca parece que vai abrir-se, mas é como se os lábios não chegassem a dizer nada, como quem adora em silêncio, ou como quem reza.

Há oferta e acolhimento naquelas figuras, no entanto, a iniciativa generosa do homem é diferente da dádiva da mulher. Complementam-se, oferecem-se, não se copiam. Não nos passa pela cabeça separar o grupo escultórico em duas partes, apesar de as duas esculturas serem, de facto, peças totalmente soltas. Nem nos imaginamos a rodar as figuras, de modo que deixassem de estar uma diante da outra, frente a frente. À medida que a atenção se prende aos pormenores, começamos a perceber que, para além de uma tonalidade idêntica e de serem constituídos por um mesmo material, não há verdadeiramente duplicação entre o homem e a mulher. Cada figura requer a outra e a simetria consiste nessa correspondência, mais do que na exactidão da forma.

É igualmente interessante apreciar o espaço que se cria entre os corpos: os dois braços do homem e o braço direito da mulher definem um recinto protegido. O movimento de cada um dirige-se primariamente ao outro, mas esse mesmo gesto de amor (espiritual, à distância) cria o lugar em que a mulher coloca, com a outra mão, o fruto simbólico do amor. Por isso o escultor chamou à composição «Hino do Amor».

Mas também chamou à escultura «Adão e Eva», sugerindo a responsabilidade do ser humano. Quando não se vigia, mesmo no Paraíso ideal, o mal pode infiltrar-se e ferir o amor.

Não tenho culpa. Estas esculturas não são para descrever. Quem quiser ver Canto da Maia e não puder ir proximamente a Ponta Delgada, pode ir à Gulbenkian, ou ao Museu Soares dos Reis no Porto, ou ao Museu de Arte Contemporânea em Lisboa. Mas o melhor é mesmo fazer uma viagem aos Açores.
José Maria C.S. André
«Correio dos Açores»,  «Verdadeiro Olhar»,  «ABC Portuguese Canadian Newspaper»,  «Spe Deus»
21-VI-2015