Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

Não se trata somente de ir à Missa

Não se entende um católico sem a Missa aos Domingos.


O problema é que, nos dias de hoje, parece que alguns daqueles que vão à Missa não sabem explicar porque vão nem o sentido mais profundo que possui essa “reunião semanal”.


E, ao não saber explicar a si próprios porque vão à Missa, diante da primeira dificuldade deixam de ir, ou assistem pela televisão, enganando-se com a desculpa de que “é a mesma coisa” e, além disso, muito mais “prático”.


Entender e dar a conhecer o valor infinito da Missa, Sacrifício Eucarístico, é tarefa de todos nós, de um modo especial depois deste contexto de “ausência de Missas presenciais” devido à pandemia.


A Missa não é algo bom que “nós” fazemos. O Santo Sacrifício da Missa não é o nosso santo sacrifício de ir à Missa. O sacrifício é de Cristo. Nós vamos lá, em primeiríssimo lugar, por gratidão, porque Ele morreu e ressuscitou por nós para nos salvar. E nos disse claramente: “Fazei isto em memória de Mim”.


Somos cristãos porque Deus nos salvou em Jesus Cristo. E em cada Missa actualiza-se esse mistério de salvação: paixão, morte e ressurreição de Jesus. Isto é o que nos diz claramente a nossa fé católica.


Recomendo a leitura pausada dos pontos 271 a 294 do Compêndio do Catecismo da Igreja Católica.


Se não meditarmos com calma na grandeza da Eucaristia, acabamos por ir à Missa como se entrássemos num museu de arte moderna, sem nenhuma chave de interpretação. Podemos parecer, como diz o povo, um boi a olhar para um palácio: vê algo, mas não entende nada.


E, atenção: não se trata simplesmente de ir à Missa, mas de se deixar transformar por esse mistério insondável de Amor de Deus por cada um de nós.


E não esquecer que existe uma estreita relação entre a Vida Eterna, já presente pela graça dentro de nós, e a participação frutuosa na Missa Dominical, “penhor da futura glória” (Compêndio 294).

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

Véspera do Natal Ortodoxo

Cristãos de rito Bizantino, que seguem o calendário juliano, preparam a celebração da Natividade

A Natividade é celebrada pelos cristãos ortodoxos na Europa Central e de Leste e um pouco por todo o mundo a 7 de Janeiro, por causa da diferença do Calendário Gregoriano – 13 dias depois dos outros cristãos. No leste, a Natividade é precedida de 40 dias de jejum, que começam a 15 de Novembro. Este é um tempo de reflexão, contenção pessoal e cura pelo Sacramento da Reconciliação.

A Festa Ortodoxa da Natividade tem início na Véspera de Natal (6 de Janeiro) e termina com a Festa da Epifania.

Normalmente, na Véspera de Natal, os cristãos ortodoxos jejuam até tarde, ao anoitecer, até que a primeira estrela apareça. Quando a estrela é avistada, as pessoas preparam a mesa para a ceia de Natal. A ceia da Véspera de Natal, ou “Sviata Vecheria” (Santa Ceia), junta a família para partilhar alimentos próprios e dá início à festa com vários costumes e tradições, que remontam à antiguidade. Os rituais da Véspera de Natal são dedicados a Deus, para protecção e bem-estar da família e em memória dos antepassados.

A mesa é coberta com duas toalhas, uma para os antepassados da família, a outra para os elementos vivos. Nos tempos pagãos, os antepassados eram considerados espíritos benévolos, que, sendo devidamente respeitados, traziam boa sorte aos elementos da família.

Debaixo da mesa, bem como debaixo das toalhas, é espalhada alguma palha para lembrar que Cristo nasceu num estábulo. A mesa tem sempre um lugar a mais para os membros da família já falecidos, cujas almas, de acordo com a crença, vêm na Véspera de Natal tomar parte na refeição.

Há doze pratos (iguarias) na mesa, porque, de acordo com a tradição cristã, cada prato é dedicado a cada um dos Apóstolos de Cristo. Na antiga crença pagã, os pratos correspondiam às doze luas-cheias do ano. Os pratos não têm carne, por causa do período de jejum pedido pela Igreja até ao dia de Natal. Porém, para os pagãos, a abstinência de carne era a forma de oferecerem sacrifícios a Deus sem derramamento de sangue.

Enquanto muitos costumes ortodoxos da Véspera de Natal se revestem de uma natureza solene, o costume de cantar é alegre e divertido. Os cânticos de Natal tem a sua origem na antiguidade, tal como muitos outros costumes praticados nesta quadra.

Há dois grupos principais de cânticos na Ucrânia: os “koliadky”, cujo nome deriva provavelmente do latim “calendae”, significando primeiro dia do mês, que são cantados na Véspera e no Dia de Natal; o segundo grupo, “shchedrivky”, que é uma derivação do significado “generosidade”, é cantado durante a festa da Epifania.

No Dia de Natal as pessoas participam na Divina Liturgia, no fim da qual, muitos se deslocam em procissão para mares, rios e lagos. Todos se juntam, na neve, para as cerimónias exteriores da bênção da água. Muitas vezes os rios estão congelados e as pessoas fazem buracos no gelo para a bênção. Então, em casa, há uma grande festa - todos se juntam para comer, beber e divertir-se.

Tal como há diferenças, há também semelhanças entre a Celebração do Natal no Leste e no Ocidente. O Natal no Leste tem um grande significado familiar e social, tal como o tem no Ocidente. Junta as pessoas de todas as gerações para celebrarem o nascimento de Jesus Cristo.

Não importa em que cultura ou sociedade estamos – entendemos o nascimento de Cristo tal como S. João Crisóstomo escreveu: “Desde aquela altura, toda a alegria e júbilo! Eu também quero alegrar-me! Eu também quero participar do coro e da dança para celebrar a festa! Mas eu faço a minha parte: não tocando harpa nem flauta, nem erguendo a chama, mas erguendo nos meus braços o berço de Cristo. Aqui está toda a minha esperança! Aqui está toda a minha vida! Aqui está toda a minha salvação! Isto é a minha flauta e a minha harpa!”

Também eu, tendo recebido pelo Seu poder o dom da fala, eu também, com os anjos e os pastores, canto “Glória a Deus nas alturas e paz na Terra aos homens de boa vontade”!

Arquimandrita Philip Jagnisz
Vigário Geral de Portugal e Galiza
Patriarcado Ecuménico de Constantinopla

Tradução: Secretariado Diocesano das Migrações do Porto

Nota: Calendário juliano

É um calendário solar criado em 45 a.C. pelo imperador romano Júlio César para trazer os meses romanos ao seu lugar habitual em relação às estações do ano, confusão gerada pela adopção de um calendário de inspiração lunissolar. César impõe 12 meses com duração predeterminada e a adopção de um ano bissexto a cada 4 anos.

No ano da mudança, para fazer a concordância entre o ano civil e o ano solar, ele inclui no calendário mais dois meses de 33 e 34 dias, respectivamente, entre Novembro e Dezembro, além do 13º mês, o “mercedonius”, de 23 dias. O ano fica com 445 dias distribuídos em 15 meses e é chamado “o ano da confusão.”

Esse calendário, que tem um desfasamento de 13 dias em relação ao nosso, começa a ser substituído pelo calendário gregoriano a partir do século XVI - a Rússia e a Grécia só fazem a mudança no século XX.

(Fonte: site Agência Ecclesia em 2009)

Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer?

A humildade é outro bom caminho para chegar à paz interior. – Foi Ele que o disse: "Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração... e encontrareis paz para as vossas almas". (Caminho, 607)

Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Também eu, instado por esta pergunta, contemplo agora Jesus, deitado numa manjedoura, num lugar que só é próprio para os animais. Onde está, Senhor, a tua realeza: o diadema, a espada, o ceptro? Pertencem-lhe e não os quer; reina envolto em panos. É um rei inerme, que se nos apresenta indefeso; é uma criança. Como não havemos de recordar aquelas palavras do Apóstolo: aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo.

Nosso Senhor encarnou para nos manifestar a vontade do Pai. E começa a instruir-nos estando ainda no berço. Jesus Cristo procura-nos – com uma vocação, que é vocação para a santidade –, a fim de consumarmos com Ele a Redenção. Considerai o seu primeiro ensinamento: temos de co-redimir à custa de triunfar, não sobre o próximo, mas sobre nós mesmos. Tal como Cristo, precisamos de nos aniquilar, de sentir-nos servidores dos outros para os conduzir a Deus.

Onde está o nosso Rei? Não será que Jesus quer reinar, antes de mais, no coração, no teu coração? Por isso se fez menino: quem é capaz de ter o coração fechado para uma criança? Onde está o nosso Rei? Onde está o Cristo que o Espírito Santo procura formar na nossa alma? Cristo não pode estar na soberba, que nos separa de Deus, nem na falta de caridade, que nos isola dos homens. Aí não podemos encontrar Cristo, mas apenas a solidão.

No dia da Epifania, prostrados aos pés de Jesus Menino, diante de um Rei que não ostenta sinais externos de realeza, podeis dizer-lhe: Senhor, expulsa a soberba da minha vida, subjuga o meu amor-próprio, esta minha vontade de afirmação pessoal e de imposição da minha vontade aos outros. Faz com que o fundamento da minha personalidade seja a identificação contigo. (Cristo que passa, 31)

São Josemaría Escrivá

Jesus sol que orienta a existência da humanidade inteira

"Jesus é o sol que apareceu no horizonte da humanidade para iluminar a existência pessoal de cada um de nós", afirmou o Pontífice durante o Angelus de 6 de Janeiro de 2012, Solenidade da Epifania do Senhor.

Prezados irmãos e irmãs

Hoje, solenidade da Epifania do Senhor, ordenei na Basílica de São Pedro dois novos Bispos, e assim perdoai-me o atraso. Esta solenidade da Epifania é uma festa muito antiga, que tem a sua origem no Oriente cristão e põe em evidência o mistério da manifestação de Jesus Cristo a todos os povos, representados pelos Magos que vieram adorar o Rei dos judeus, recém-nascido em Belém, como narra o Evangelho de São Mateus (cf. 2, 1-12). Aquela "luz nova" que se acendeu na noite de Natal (cf. Prefácio de Natal I), hoje começa a resplandecer no mundo, como sugere a imagem da estrela, um sinal celeste que chamou a atenção dos Magos e que os orientou na sua viagem rumo à Judeia.

Todo o período do Natal e da Epifania é caracterizado pelo tema da luz, ligado também ao facto de que, no hemisfério norte, depois do solstício de Inverno, o dia recomeça a aumentar em relação à noite. Mas, para além da sua posição geográfica, para todos os povos vale a palavra de Cristo: "Eu sou a luz do mundo; quem me segue, não caminhará nas trevas, mas terá a luz da vida" (Jo 8, 12). Jesus é o sol que apareceu no horizonte da humanidade para iluminar a existência pessoal de cada um de nós e para nos orientar todos juntos rumo à meta da nossa peregrinação, rumo à terra da liberdade e da paz, onde viveremos para sempre em plena comunhão com Deus e entre nós.

O anúncio deste mistério de salvação foi confiado por Cristo à sua Igreja. "Ele - escreve são Paulo - foi revelado aos seus santos Apóstolos e Profetas, no Espírito: os gentios são admitidos à mesma herança, membros do mesmo Corpo e participantes da mesma promessa em Jesus Cristo, por meio do Evangelho" (Ef 3, 5-6). O convite que o profeta Isaías dirigia à cidade santa de Jerusalém pode ser aplicado à Igreja: "Levanta-te e resplandece, porque está a chegar a tua luz! A glória do Senhor amanhece sobre ti! Olha, as trevas cobrem a terra, e a escuridão os povos, mas sobre ti amanhecerá o Senhor. A sua glória vai aparecer sobre ti!" (Is 60, 1-2). É assim, como diz o Profeta: o mundo, com todos os seus recursos, não é capaz de dar à humanidade a luz para orientar o seu caminho. Vemos isto também nos nossos dias: a civilização ocidental parece ter perdido a orientação, navega à vista. Mas a Igreja, graças à Palavra de Deus, vê através destas trevas. Não possui soluções técnicas, mas mantém o olhar dirigido para a meta, e oferece a luz do Evangelho a todos os homens de boa vontade, de qualquer nação e cultura.

Esta é também a missão dos Representantes pontifícios junto dos Estados e Organizações internacionais. Precisamente hoje de manhã, como já disse, tive a alegria de conferir a Ordenação episcopal a dois novos Núncios Apostólicos. Confiemos à Virgem Maria o seu serviço e a obra evangelizadora de toda a Igreja.

Bento XVI  na Angelus na Solenidade da Epifania do Senhor

(© L'Osservatore Romano - 7 de Janeiro de 2012)