Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 24 de março de 2013

Amar a Cristo...

Senhor o nosso egoísmo e egocentrismo conduz-nos, a uns mais que a outros, a sermos impacientes e consequentemente pouco caridosos com o próximo e portanto conTigo.

Damos importância a coisas tão pequenas, que uma vez chegados ao exame de consciência, nos sentimos ridículos e Te pedimos perdão, mas infelizmente, ainda que corrigida, a atitude ficou e frequentemente magoou quem o não merecia.

Querido Jesus, por Ti e por todos aqueles que Te amam, ajuda-nos a estar sempre imbuídos do amor ao próximo incluindo a alegria e a tranquilidade.

JPR 

Companhia de Jesus é a Ordem Religiosa mais numerosa da Igreja Católica (vídeo em espanhol)

No Angelus, Papa confia à Virgem Maria os jovens e o itinerário deles "rumo ao Rio de Janeiro"

No final da missa deste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, início da Semana Santa, presidida pelo Santo Padre na Praça São Pedro, Francisco, antes da bênção final, fez a oração do Angelus. Na alocução que precedeu a oração mariana, o Pontífice confiou os jovens à Virgem Maria, e o itinerário deles rumo à Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. 

A seguir, na íntegra, a alocução do Papa:

"Amados irmãos e irmãs,
No final desta celebração, invoquemos a intercessão da Virgem Maria para que nos acompanhe na Semana Santa. Ela, que seguiu com fé o seu Filho até ao Calvário, nos ajude a caminhar atrás d’Ele, levando com serenidade e amor a sua Cruz a fim de chegarmos à alegria da Páscoa. A Virgem Nossa Senhora das Dores ampare especialmente quem está vivendo situações mais difíceis; lembro de modo particular as pessoas vítimas de tuberculose, sendo hoje o Dia Mundial de luta contra esta doença. E de modo especial entrego a Maria vós próprios, caríssimos jovens, e o vosso itinerário rumo ao Rio de Janeiro.
Um bom caminho a todos!"

Rádio Vaticano

Francisco confirma presença JMJ Rio 2013 (vídeo legendado em espanhol)

Imitação de Cristo, 4 , 2, 3 e 4 - Como neste Sacramento se mostra ao homem a grande bondade e caridade de Deus - A Voz do discípulo

3. Vós sois o Santo dos santos, e eu a escória dos pecadores. Vós baixais para mim, que não sou digno de levantar os olhos para vós. Vindes a mim, quereis estar comigo, convidais-me ao vosso banquete. Quereis dar-me o alimento espiritual e o pão dos anjos, que outro, na verdade, não é senão vós mesmos, pão vivo, que descestes do céu e dais a vida ao mundo.

4. Eis a fonte do amor, donde resplandece a vossa misericórdia! Que ações de graças vos são devidas por este benefício! Oh! quão salutar e proveitoso foi o vosso desígnio, em instituir este Sacramento! Quão suave e delicioso banquete, em que a vós mesmos vos destes em alimento! Quão admiráveis, Senhor, são vossas obras, quão inefável vossa verdade! Porque dissestes - e tudo se fez, e fez-se aquilo que ordenastes.

Angelus Domini - Sinfonia Sacra 1615

Homilia do Papa na missa deste Domingo de Ramos

1. Jesus entra em Jerusalém. A multidão dos discípulos acompanha-O em festa, os mantos são estendidos diante d’Ele, fala-se dos prodígios que realizou, ergue-se um grito de louvor: «Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor! Paz no céu e glória nas alturas!» (Lc 19, 38).
Multidão, festa, louvor, bênção, paz: respira-se um clima de alegria. Jesus despertou tantas esperanças no coração, especialmente das pessoas humildes, simples, pobres, abandonadas, pessoas que não contam aos olhos do mundo. Soube compreender as misérias humanas, mostrou o rosto misericordioso de Deus, inclinou-Se para curar o corpo e a alma. E agora entra na Cidade Santa…
É um espectáculo lindo: cheio de luz, de alegria, de festa.
No início da Missa, também nós o reproduzimos. Agitámos os nossos ramos de palmeira e de oliveira, cantando: «Bendito o Rei que vem em nome do Senhor» (Antífona); também nós acolhemos Jesus; também nós manifestamos a alegria de O acompanhar, de O sentir perto de nós, presente em nós e no nosso meio, como um amigo, como um irmão, mas também como rei, isto é, como farol luminoso da nossa vida. E aqui temos a primeira palavra: alegria! Nunca sejais homens, mulheres tristes: um cristão não o pode ser jamais! Nunca vos deixeis invadir pelo desânimo! A nossa alegria não nasce do facto de possuirmos muitas coisas, mas de termos encontrado uma Pessoa: Jesus, de sabermos que, com Ele, nunca estamos sozinhos, mesmo nos momentos difíceis, mesmo quando o caminho da vida é confrontado com problemas e obstáculos que parecem insuperáveis… e há tantos! Nós acompanhamos, seguimos Jesus, mas sobretudo sabemos que Ele nos acompanha e nos carrega aos seus ombros: aqui está a nossa alegria, a esperança que devemos levar a este nosso mundo. Levemos a todos a alegria da fé!

2. Há uma pergunta, porém, que nos devemos pôr: Para que entra Jesus em Jerusalém? Ou talvez melhor: Como entra Jesus em Jerusalém? A multidão aclama-O como Rei. E Ele não Se opõe, não a manda calar (cf. Lc 19, 39-40). Mas, que tipo de Rei seria Jesus? Vejamo-Lo… Monta um jumentinho, não tem uma corte como séquito, nem está rodeado de um exército como símbolo de força. Quem O acolhe são pessoas humildes, simples. Jesus não entra na Cidade Santa, para receber as honras reservadas aos reis terrenos, a quem tem poder, a quem domina; entra para ser flagelado, insultado e ultrajado, como preanuncia Isaías na Primeira Leitura (cf. Is 50, 6); entra para receber uma coroa de espinhos, uma cana, um manto de púrpura (a sua realeza será objecto de ludíbrio); entra para subir ao Calvário carregado com um madeiro. E aqui temos a segunda palavra: Cruz. Jesus entra em Jerusalém para morrer na Cruz. E é precisamente aqui que refulge o seu ser Rei segundo Deus: o seu trono real é o madeiro da Cruz! Recordemos a eleição do rei David: Deus escolhe não o mais forte, o mais valoroso, mas o último, o mais novo, aquele que ninguém tinha considerado. O que conta não é a força terrena. Diante de Pilatos, Jesus diz: Eu sou Rei; mas a sua força é a força de Deus, que enfrenta o mal do mundo, o pecado que desfigura o rosto do homem. Jesus toma sobre Si o mal, a sujeira, o pecado do mundo, incluindo o nosso pecado, e lava-o; lava-o com o seu sangue, com a misericórdia, com o amor de Deus. Olhemos ao nosso redor… Tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade: guerras, violências, conflitos económicos que atingem quem é mais fraco, avidez de dinheiro, de poder, corrupção, divisões, crimes contra a vida humana e contra a criação! E os nossos pecados pessoais: as faltas de amor e respeito para com Deus, com o próximo e com a criação inteira. Na cruz, Jesus sente todo o peso do mal e, com a força do amor de Deus, vence-o, derrota-o na sua ressurreição. Queridos amigos, todos nós podemos vencer o mal que existe em nós e no mundo: com Cristo, com o Bem! Sentimo-nos fracos, inaptos, incapazes? Mas Deus não procura meios poderosos: foi com a cruz que venceu o mal! Não devemos crer naquilo que o Maligno nos diz: não podes fazer nada contra a violência, a corrupção, a injustiça, contra os teus pecados! Não devemos jamais habituar-nos ao mal! Com Cristo, podemos transformar-nos a nós mesmos e ao mundo. Devemos levar a vitória da Cruz de Cristo a todos e por toda a parte; levar este amor grande de Deus. Isto requer de todos nós que não tenhamos medo de sair de nós mesmos, de ir ao encontro dos outros. Na Segunda Leitura, São Paulo diz-nos que Jesus Se despojou de Si próprio, assumindo a nossa condição, e veio ao nosso encontro (cf. Fil 2, 7). Aprendamos a olhar não só para o alto, para Deus, mas também para baixo, para os outros, para os últimos. E não devemos ter medo do sacrifício. Pensai numa mãe ou num pai: quantos sacrifícios! Mas porque os fazem? Por amor! E como os enfrentam? Com alegria, porque são feitos pelas pessoas que amam. Abraçada com amor, a cruz de Cristo não leva à tristeza, mas à alegria.

3. Hoje, nesta Praça, há tantos jovens. Desde há 28 anos que o Domingo de Ramos é a Jornada da Juventude! E aqui aparece a terceira palavra: jovens! Queridos jovens, imagino-vos fazendo festa ao redor de Jesus, agitando os ramos de oliveira; imagino-vos gritando o seu nome e expressando a vossa alegria por estardes com Ele! Vós tendes um parte importante na festa da fé! Vós trazeis-nos a alegria da fé e dizeis-nos que devemos viver a fé com um coração jovem, sempre… mesmo aos setenta, oitenta anos! Com Cristo, o coração nunca envelhece. Entretanto todos sabemos – e bem o sabeis vós – que o Rei que seguimos e nos acompanha, é muito especial: é um Rei que ama até à cruz e nos ensina a servir, a amar. E vós não tendes vergonha da sua Cruz; antes, abraçai-la, porque compreendestes que é no dom de si mesmo que se alcança a verdadeira alegria e que Deus venceu o mal com o amor. Vós levais a Cruz peregrina por todos os continentes, pelas estradas do mundo. Levai-la, correspondendo ao convite de Jesus: «Ide e fazei discípulos entre as nações» (cf. Mt 28, 19), que é o tema da Jornada da Juventude deste ano. Levai-la para dizer a todos que, na cruz, Jesus abateu o muro da inimizade, que separa os homens e os povos, e trouxe a reconciliação e a paz. Queridos amigos, na esteira do Beato João Paulo II e de Bento XVI, também eu me ponho a caminho convosco. Já estamos perto da próxima etapa desta grande peregrinação da Cruz de Cristo. Olho com alegria para o próximo mês de Julho, no Rio de Janeiro. Vinde! Encontramo-nos naquela grande cidade do Brasil! Preparai-vos bem, sobretudo espiritualmente, nas vossas comunidades, para que o referido Encontro seja um sinal de fé para o mundo inteiro.
Vivamos a alegria de caminhar com Jesus, de estar com Ele, levando a sua Cruz, com amor, com um espírito sempre jovem!
Peçamos a intercessão da Virgem Maria. Que Ela nos ensine a alegria do encontro com Cristo, o amor com que O devemos contemplar ao pé da cruz, o entusiasmo do coração jovem com que O devemos seguir nesta Semana Santa e por toda a nossa vida. Amen.

Vídeo em estilo 'Twitter' narra a vida de Cristo culminando na Semana Santa e gloriosa Ressurreição (original em inglês)

Meditações do Prelado D. Javier Echevarría sobre a Semana Santa

Pedido por Joseph

Amadíssimo Jesus, hoje vimos pedir-Te de coração apertado pelo Teu dileto filho Joseph Ratzinger, que ontem vimos em comoventes imagens com o nosso querido Papa Francisco e que nos pareceu muito frágil de saúde.

É certo que dentro de semanas completará oitenta e seis anos, mas Bom Jesus, Tu que tudo sabes, sabes como o nosso amor por ele cresceu ao longo dos anos do seu pontificado aprendendo a olhá-lo como um bom e carinhoso Pai e daí a nossa amargura ao vê-lo tão debilitado.

No Evangelho de hoje recordamos a Tua Oração no monte das Oliveiras e como Tu disseste a Deus Pai, nós com incondicional amor pelo Pai, por Ti e pelo Espírito Santo, que sois um só Deus, dizemos-Te plenos de fé «não se faça, contudo, a Minha vontade, mas a Tua» (Lc 22, 42).

JPR

Bom Domingo do Senhor!

Que no início da Semana Santa também conhecida como Semana Maior meditemos aprofundadamente na Paixão e Morte do Senhor como nos narra o Santo Evangelho de hoje (Lc 22,14-71.23,1-56) para através delas chegarmos à Gloriosa Sua Ressurreição.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor que cumprindo a vontade do Pai se entregou à Morte para nos Salvar!

O rancor

«O rancor é o descontentamento fundamental do homem consigo mesmo, que se vinga, por assim dizer, no outro, porque através dele não lhe chega aquilo que todavia só lhe pode ser concedido com uma nova abertura da própria alma».

(“Olhar para Cristo” – Joseph Ratzinger) 

Porque está deprimido? (interessantíssimo, com uma forte componente dos pensamentos de São Tomás de Aquino sobre o tema)

Na recente conferência de Pedro Afonso (2012) "A tristeza é sempre sinal de depressão?", o psiquiatra respondia negativamente. A tristeza é um estado passageiro, que não deve confundir-se com a doença, que precisa do correspondente acompanhamento clínico. Portugal é o país europeu que mais consome anti-depressivos, receitados muitas vezes por médicos de família, que não têm a mesma competência no diagnóstico da depressão que um psiquiatra. Um especialista australiano desenvolve este tema, ensaiando também uma explicação cultural e não só uma solução com fármacos.

Será a cultura contemporânea terreno fértil para a epidemia da depressão?

Talvez uma das questões menos útil a colocar a uma pessoa com depressão: "porque estás deprimido?" - seja no entanto a questão que mais sentido faz colocar.

Segundo a Organização Mundial de Saúde a depressão é a principal causa mundial de incapacidade em termos de "Years Lived with Disability - YLD" ("Anos Vividos com Incapacidade") e o quarto maior contribuidor no conjunto de doenças opressivas medido noDisability Adjusted Life Years (DALYs -" A soma de anos potenciais de vida perdidos devido à mortalidade prematura e os anos de vida produtiva perdidos devido a invalidez.")

No entanto, a "depressão" não é uma condição homogénea. É antes sintoma de uma série de doenças e pode surgir devido a várias causas, tanto físicas como psicológicas. Nenhuma dessas causas é aparente ou óbvia para o sofredor o que confere a este estado potencialmente debilitante uma nuvem de mistério. Tal como o 'Black Dog 'de Churchill, podemos até atribuir metáforas sinistras a esta coisa inefável que vai e vem de acordo com sua própria lógica. O "porquê " da depressão é de facto a questão fundamental, não só na busca de tratamento e alívio, mas também para o próprio sofredor que procura compreendê-la e controlá-la. Saber porque se está deprimido deve pelo menos retirar a este estado algum do seu mistério e poder.

Temos tendência a pensar na depressão como um problema do tempo actual, e portanto parece natural procurar soluções actuais. Mas além de procurar os melhores tratamentos médicos e psicológicos não nos fará mal investigar algumas das opiniões pré-modernas sobre a natureza da depressão. Para mim são de particular interesse os pensamentos e as razões do filósofo do século XIII: Tomás de Aquino. Vamos, portanto, ver o que o " Dumb Ox" tinha a dizer sobre o "Black Dog".

Pode causar-nos surpresa saber que apesar de viver no século XIII Tomás de Aquino conhecia o termo "depressão", ou o seu equivalente em latim (aggravatio: desanimado, "em baixo"), com o mesmo sentido geral com que a conhecemos hoje:

"A alma, por estar deprimida e por se achar incapaz de atender livremente às coisas exteriores, retira-se para si mesma, fechando-se."

Não só estava Tomás de Aquino ciente da existência da depressão como também a estudou:

"Os efeitos das paixões da alma são por vezes apelidadas metaforicamente... e assim o fervor é atribuído ao amor, a expansão ao prazer, e a depressão à tristeza. Por isso diz-se que um homem está deprimido por estar impedido de um movimento próprio causado por um peso."

Logo à partida, Tomás de Aquino apresenta uma acuidade que está ausente das discussões actuais sobre a depressão. Ele identifica imediatamente que o termo "depressão" é utilizado apenas metaforicamente para descrever o estado em que a pessoa se encontra. O significado original de depressão é o de estar a ser "pressionado" por alguma coisa, como quando a pessoa está fisicamente sob o peso de um objecto pesado. Tomás de Aquino diz-nos que a realidade psicológica por detrás da metáfora é de facto "sofrimento". Esta observação transfere a discussão do misterioso elemento chamado "depressão" para a muito mais familiar condição psicológica que conhecemos como "tristeza". Tomás de Aquino continua, explicando a função de "tristeza":

"A tristeza é causada por um mal presente; e este mal, pelo simples facto de ser oposto ao movimento da vontade, deprime a alma na medida em que a impede de usufruir o que ela deseja desfrutar."

É importante observar a este ponto que Tomás de Aquino se refere ao "mal" num sentido geral, como qualquer coisa contrária ou prejudicial ao bem. Isto incluiria o "mal físico", como lesões e doenças, bem como o "mal moral", e ainda mais genericamente circunstâncias maléficas como a desgraça e o fracasso. Tomás de Aquino explica que a tristeza é a nossa resposta natural à presença de algum mal ou doença, e que o grau dessa tristeza é inversamente proporcional à nossa confiança de conseguir evitar ou superar esse mal. Pelo que conclui:

"Se por outro lado a força do mal é tal que elimine qualquer esperança de lhe conseguir escapar, então até o movimento interior da alma aflita fica totalmente preso, de tal forma que não consegue pô-lo de parte de forma alguma. Por vezes até o movimento externo do corpo é paralisado, de tal maneira que um homem fica completamente estupidificado."

A depressão é o efeito da tristeza, e a tristeza é a resposta natural a um mal que está presente. Quanto mais forte o mal, menor a nossa esperança de o conseguir evitar e então maior a nossa tristeza e depressão. A questão para muitos casos actuais de depressão é que nós não estamos - colectivamente ou individualmente - cientes de tais causas "maléficas" nas nossas vidas.

Significa isto que a depressão como a conhecemos actualmente entra em confronto com a definição de Tomás de Aquino? Ou estamos nós distraídos ou esquecidos dos "males" de que Tomás de Aquino nos fala?

Como "homem da ética" tenho que concordar com aqueles que suspeitam que a "vida moderna" é de alguma forma contrária à felicidade humana, e que nós estamos de facto esquecidos de como esses males nos afectam. Tendo nós abandonado o entendimento do bem e do mal que nos havia sido entregue pelas anteriores gerações, como poderemos nós determinar por nós próprios os ingredientes necessários para uma vida humana feliz e realizada? Como podemos nós identificar as deficiências existentes na nossa forma de viver, sem uma descrição objectiva das coisas que nos deveriam preencher?

Tendo eu testemunhado esta iliteracia no contexto da ética não constitui surpresa ver as suas repercussões neste aspecto da vida humana.

Consideremos uma breve lista dos bens que a ética tradicional defende como sendo os ingredientes básicos para uma vida humana realizada e feliz: vida (incluindo saúde, e a provisão de necessidades básicas como alimento, protecção, roupa e meio de transporte), amizade, família, trabalho, casamento, descendência, conhecimento da verdade, apreciação da beleza, integridade, respeito pelos outros, amor ao próximo, e até crença e prática religiosa. Tem sido demonstrado ao longo da história da humanidade que cada uma destas coisas (e esta não é uma lista fechada) proporciona uma forma de realização irredutível e insubstituível.

Se quisermos levar a análise de Tomás de Aquino sobre a depressão até às suas conclusões lógicas, poderíamos começar por considerar quão bem ou quão na verdade estão cada um dos bens dessa lista incorporados nas nossas vidas. As tentativas contemporâneas para lidar com a depressão encaixam nesta visão, seja cuidando melhor o sono, a nutrição, o exercício e passando tempo com os amigos, ou através de tratamentos psicológicos, como a terapia de conhecimento do comportamento, que ajuda a quebrar falsos e contraproducentes hábitos do pensamento.

Na verdade, Tomás de Aquino subscreve estas abordagens para tratamento da depressão sob o princípio geral de que: "todo o prazer traz alívio por amenizar qualquer tipo de tristeza". É importante notar que Aquino define prazer como o gozo de um bem adequado, que é muito diferente do conceito moderno de prazer. Para ele, segue que o gozo da amizade é uma forma adequada de prazer, capaz de diminuir a tristeza e a depressão:

"Quando uma pessoa está em sofrimento, é natural que a simpatia de um amigo lhe traga consolação"

Tomás de Aquino defende também o sono e os banhos para o alívio do estado de tristeza, observando que:

"Tudo o que devolve a natureza corporal ao seu devido estado de movimento vital, opõe-se à tristeza e alivia-a."

A recomendação que faz aos "remédios corporais" podia até ser tomada como princípio de apoio para algumas formas de medicação anti-depressiva:

"Além do mais tais remédios causam prazer, pelo simples facto de poderem trazer a natureza de volta ao seu estado normal; porque é isto precisamente em que consiste o prazer, como afirmado acima. Portanto, uma vez que o prazer ameniza o sofrimento, o sofrimento é amenizado por tais remédios corporais."

Mas Tomás de Aquino reserva a sua mais alta recomendação para o prazer implícito na contemplação da verdade:

"O maior de todos os prazeres consiste na contemplação da verdade. Ora, todo o prazer alivia a dor como acima foi dito: logo a contemplação da verdade ameniza a dor e o sofrimento, e tanto mais perfeitamente quanto mais se é um amante da sabedoria. E portanto no meio das tribulações os homens regozijam na contemplação das coisas divinas e da futura Felicidade."

É difícil ler estas palavras finais sem reflectir imediatamente na posição que ocupa a "verdade" na cultura Ocidental contemporânea. Muitos casos de depressão têm uma componente física e respondem bem a tratamentos com medicamentos. Mas certamente outros factores devem ser considerados se estamos de facto perante uma epidemia.

Se a contemplação da verdade é o nosso maior prazer e também um remédio para o sofrimento e depressão, não devíamos estar surpreendidos com a prevalência e crescimento de estados de depressão numa sociedade que tem tudo mas abandonou o conceito de verdade em várias áreas pragmáticas como direito, finanças e ciências. Amizade, nós podemos aceitar; dormir melhor e um banho longo é incontroverso. Mas... verdade ? "- O que é isso?", como alguém disse há cerca de 2.000 anos atrás.

Portanto é improvável que a contemplação da verdade, ou outros bens básicos sejam promovidos como a solução da depressão num futuro próximo - a não ser que possam ser empacotados e vendidos em tablete, ou de alguma forma explorados através das lentes de ensaios clínicos. Mas até então, estaremos nós equipados para encontrar uma solução para o fenómeno puzzle da depressão no meio da abundância do século XXI?

Zac Alstin (trabalha no Southern Cross Bioethics Institute in Adelaide, South Australia.)
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Artigo publicado no original em www.mercatornet.com

Aceprensa

Cristo total

«Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só, formado de muitos [...]. Quer seja a Cabeça que fale, quer sejam os membros, é Cristo que fala: fala desempenhando o papel de Cabeça (ex persona capitis), ou, então, desempenhando o papel do Corpo (ex persona corporis). Conforme ao que está escrito: «Serão os dois uma só carne. É esse um grande mistério; digo-o em relação a Cristo e à Igreja» (Ef 5, 31-32). E o próprio Senhor diz no Evangelho: «Já não são dois, mas uma só carne» (Mt 19, 6). Como vedes, temos, de algum modo, duas pessoas diferentes; no entanto, tornam-se uma só na união esponsal [...] «Diz-se "Esposo" enquanto Cabeça e "esposa" enquanto Corpo»

(Enarratio in Psalmum 74, 4 - Santo Agostinho) 

Benedicamus Domino