Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Quando o Espírito Santo habita no nosso coração e ilumina a nossa inteligência, faz-nos crescer na compreensão daquilo que Jesus disse e realizou

A Praça S. Pedro encheu-se para a Audiência Geral desta quarta-feira, em que a chuva dos últimos dias deu lugar ao sol e a uma temperatura mais amena.

Por quase meia-hora, o Papa Francisco fez o giro de toda a Praça com o seu papamóvel, para receber e retribuir o carinho dos fiéis entusiasmados.

Depois do período pascal, o Pontífice retomou o ciclo de catequeses sobre os sete dons do Espírito Santo, falando desta vez sobre o entendimento.

“Não se trata da inteligência humana, da capacidade intelectual de ser mais ou menos dotados. Mas é um dom que torna o cristão capaz de ultrapassar o aspecto exterior da realidade para perscrutar as profundezas do pensamento de Deus e do seu plano de salvação”, explicou Francisco.

Assim o dom do entendimento está intimamente ligado com a fé, pois nos faz analisar uma situação de acordo com a inteligência de Deus, e não com a inteligência humana.

“Quando o Espírito Santo habita no nosso coração e ilumina a nossa inteligência, faz-nos crescer na compreensão daquilo que Jesus disse e realizou”, convidando a multidão a pedir esta graça.

O próprio Jesus prometeu que o Espírito Santo havia de nos recordar os seus ensinamentos e Francisco citou um episódio do Evangelho de Lucas, dos dois discípulos a caminho de Emaús.

À medida que iam ouvindo Jesus explicar nas Escrituras que Ele devia sofrer e morrer para depois ressuscitar, a mente deles abriu-se e reacendeu-se a esperança nos seus corações. “É precisamente o que o Espírito Santo nos faz: nos abre a mente, para entender melhor as coisas de Deus, as coisas humanas, as situações, todas as coisas”, disse o Papa, que concluiu:
“É importante o dom do entendimento para a nossa vida cristã! Peçamos ao Senhor que nos dê esta graça para entender como Ele compreende as coisas que acontecem a para entender, sobretudo, as palavras de Deus no Evangelho.”

Na saudação aos fiéis presentes na Audiência, aos de língua portuguesa disse: “Dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua portuguesa, nomeadamente ao Rancho Folclórico de Macieira da Lixa e ao grupo brasileiro de Araraquara. Agradeço a vossa presença e encorajo-vos a continuar a dar o vosso fiel testemunho cristão na sociedade. Deixai-vos guiar pelo Espírito Santo para entenderdes o verdadeiro sentido da história. De bom grado abençoo a vós e aos vossos entes queridos”.

(Fonte: 'nes.va')

Vídeo da ocasião em italiano

OS "RE-CASADOS" SÃO IGREJA (4)

Nesta segunda reflexão, sobre o mesmo tema dos divorciados re-casados, gostaria de ponderar, (partindo sobretudo da minha experiência pessoal), sobre alguns aspectos mais práticos, (digamos assim), da necessidade de percebermos quais os caminhos, quais as dificuldades, quais as “pedras de tropeço” que tantas vezes se colocam neste acolhimento em Igreja a estes irmãos que vivem estas situações chamadas “canonicamente irregulares”.

Vivemos um tempo em que a família é o tema permanente, e estas famílias merecem toda a nossa atenção, sobretudo porque querem viver a fé em Igreja, porque é em Igreja que elas sabem que encontram Deus, o amor de Deus, imprescindível à sua união familiar e ao sentido das suas vidas.

O facto de nos encontrarmos no Santuário de Fátima, leva-me a pensar quantas famílias nestas situações aqui vêm, tentando encontrar respostas, tentando encontrar compreensão, tentando encontrar paz e acolhimento, pelo que, devem dirigir-se provavelmente aos serviços da Confissão, para além de outros meios que procurem para se sentir em Igreja, para não se sentirem excluídos.

Conheço alguns casos destas famílias que, dada a sua formação cristã de base ou de tradição cristã, os leva a colocar os seus filhos, fruto da nova relação, na catequese, e chamados por causa desse facto a frequentarem as festas e celebrações da Igreja, acabam por sentir a necessidade espiritual de procurarem Deus, e assim procurarem a ajuda da Igreja nesse seu desejo, nessa sua vontade de viver a fé no seu dia-a-dia.

Isto para além de tantos outros casos em que essa ligação à Igreja sempre existiu e continua a existir, mas muitas vezes com incompreensões, dificuldades e algumas revoltas, sobretudo pelo facto de não poderem aceder à comunhão eucarística.

E existem alguns lapsos, incorrecções, muitas vezes proferidas nas nossas conversas com essas pessoas e não só, que sendo muito simples, não deixam de provocar confusão e apreciações erradas, não só daqueles que vivem essas situações, mas também daqueles que em Igreja deviam acolher e amar, e acabam por não conseguirem transmitir o que seria desejável.

Por exemplo, fala-se muitas vezes em anulação do Matrimónio.
Ora sabemos nós, (que tirando casos extremamente raros e específicos), a Igreja não anula Matrimónios.
A Igreja, pelos Tribunais Eclesiásticos, depois de um processo, pode declarar a Nulidade, o que significa, como todos sabemos, que aquele Matrimónio nunca existiu, e se nunca existiu não pode obviamente ser anulado.
Pode parecer que isto não tem importância nenhuma, mas realmente tem, e muita, porque se a Igreja anulasse um Matrimónio estaria no fundo a conceder um divórcio, algo que é impossível acontecer, pois colocaria o Sacramento do Matrimónio no mesmo nível de um qualquer casamento civil.
E se os sacerdotes sabem isto, os leigos, ou um grande número de leigos não o sabem, e ao passarem esta imagem da anulação do matrimónio, acabam por provocar uma ideia que uns, (por qualquer relação de poder ou riqueza), podem conseguir essa anulação e os outros não.
Tive e tenho inúmeras discussões, (no bom sentido, claro), por causa deste assunto e a maior parte das vezes a indignação daqueles com quem discuto vão nesse sentido, de haver uma Igreja para uns que tudo conseguem, e uma Igreja para outros que nada obtêm.

Este tipo de conversas exige de nós uma imensa paciência, porque temos de explicar esta importantíssima diferença entre nulidade e anulação, e mesmo assim, muitas vezes é difícil a compreensão daqueles que vivem essas situações. 

(continua)

Joaquim Mexia Alves

Nota:
Texto da segunda intervenção da recoleção para sacerdotes, no Santuário de Fátima, que orientei no dia 7 de Abril passado, a convite do Senhor D. António Marto.
O texto é, obviamente, algo extenso, pelo que o publicarei aqui em diversas partes.

Saber abrir o caminho a Deus

«Mesmo para as pessoas crentes, totalmente abertas a Deus, as palavras divinas não são à primeira vista compreensíveis e esclarecedoras. Quem pede à mensagem cristã a compreensão imediata do que é banal, fecha o caminho a Deus. Onde não há humildade do mistério acolhido, a paciência que recebe em si, conserva e se deixa lentamente abrir ao que não se compreende, aí a semente da Palavra caiu sobre a pedra; não encontro a boa terra».

(Joseph Ratzinger in ‘Maria primeira Igreja’ – Joseph Ratzinger e Hans Urs von Balthasar)

Credo - Canto Gregoriano



Credo in unum Deum
Patrem omnipoténtem,
factórem cæli et terræ,
visibílium ómnium et invisibílium.
Et in unum Dóminum Iesum Christum,
Fílium Dei Unigénitum,
et ex Patre natum ante ómnia sæcula.
Deum de Deo, lumen de lúmine, Deum verum de Deo vero,
génitum, non factum, consubstantiálem Patri:
per quem ómnia facta sunt.
Qui propter nos hómines et propter nostram salútem
descéndit de cælis.
Et incarnátus est de Spíritu Sancto
ex María Vírgine, et homo factus est.
Crucifíxus étiam pro nobis sub Póntio Piláto;
passus, et sepúltus est,
et resurréxit tértia die, secúndum Scriptúras,
et ascéndit in cælum, sedet ad déxteram Patris.
Et íterum ventúrus est cum glória,
iudicáre vivos et mórtuos,
cuius regni non erit finis.
Et in Spíritum Sanctum, Dóminum et vivificántem:
qui ex Patre Filióque procédit.
Qui cum Patre et Fílio simul adorátur et conglorificátur:
qui locútus est per prophétas.
Et unam, sanctam, cathólicam et apostólicam Ecclésiam.
Confíteor unum baptísma in remissiónem peccatorum.
Et expecto resurrectionem mortuorum,
et vitam ventúri sæculi. Amen.

O Evangelho do dia 30 de abril de 2014

«Porque Deus amou de tal modo o mundo, que lhe deu Seu Filho Unigénito, para que todo aquele que crê n'Ele não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus não enviou Seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por Ele. Quem n'Ele acredita, não é condenado, mas quem não acredita, já está condenado, porque não acredita no nome do Filho Unigénito de Deus. A condenação é por isto: A luz veio ao mundo e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de que não sejam reprovadas as suas obras; mas aquele que procede segundo a verdade, chega-se para a luz, a fim de que seja manifesto que as suas obras são feitas segundo Deus».

Jo 3, 16-21

terça-feira, 29 de abril de 2014

23 Maio 12h30 - 11º almoço MSXXI "Mulher, Política, Valores, um testemunho pessoal" Sofia Guedes


O Espírito faz a unidade, impulsiona ao testemunho

O Papa Francisco celebrou esta manhã a Missa na Capela da Casa Marta. A homilia do Pontífice foi inspirada na leitura extraída do Ato dos Apóstolos, que descreve a primeira comunidade cristã. Francisco se concentrou em três características deste grupo, que era capaz de plena concórdia no seu interior, de testemunhar Cristo fora dela e impedir que nenhum de seus membros sofresse a miséria.

“(A comunidade) ’tinha um só coração e uma só alma’. A paz. Uma comunidade em paz. Isso significa que entre eles não havia lugar para intrigas, para a inveja, para as calúnias, para a difamação. Paz. O perdão: ‘O amor cobria tudo’. Para qualificar uma comunidade cristã, devemos nos questionar como é a atitude dos cristãos. São humildes? Naquela comunidade há brigas pelo poder? Brigas por inveja? Há intrigas? Então não estão no caminho de Jesus Cristo. Esta peculiaridade é tão importante, tão importante, porque o demônio sempre tenta nos dividir. É o pai da divisão”.

Certamente naquela primeira comunidade havia problemas. O Papa citou as “lutas internas, as lutas doutrinais, de poder” que se verificaram depois. Todavia, aquele “momento forte” do início fixou para sempre a essência da comunidade nascida do Espírito. Uma comunidade concorde e, em segundo lugar, uma comunidade de testemunhas da fé, em relação à qual podemos analisar qualquer comunidade de hoje:
“É uma comunidade que testemunha a ressurreição de Jesus Cristo? Esta paróquia, esta comunidade, esta diocese acredita realmente que Jesus Cristo ressuscitou? Ou diz: ‘Sim, ressuscitou’, mas o coração está distante desta força?

Para Francisco, é através do modo como uma comunidade testemunha Jesus que se pode analisar uma comunidade. A terceira característica são “os pobres”. E aqui o Papa inclui outros dois pontos:
“Primeiro: como é a sua atitude ou a atitude desta comunidade com os pobres? Segundo: esta comunidade é pobre? Pobre de coração, pobre de espírito? Ou deposita a sua confiança nas riquezas? No poder? Harmonia, testemunho, pobreza e cuidar dos pobres. E isso é que Jesus explica a Nicodemos: este nascer do Alto. Porque o único que pode fazer isso é o Espírito. Esta é obra do Espírito. É ele quem faz a Igreja. O Espírito faz a unidade, impulsiona ao testemunho. O Espírito nos faz pobres, porque Ele é a riqueza e faz com que cuidemos dos pobres”.

“Que o Espírito Santo – concluiu o Papa Francisco – nos ajude a caminhar sobre esta estrada de renascidos pela força do Batismo”.

(Fonte: 'news.va')

Vídeo da ocasião em espanhol

«Assim também é necessário que o Filho do Homem seja erguido ao alto, a fim de que todo o que nele crê tenha a vida eterna»

São João Crisóstomo (c. 345-407), presbítero de Antioquia, bispo de Constantinopla, doutor da Igreja 
Homilia 1 sobre a Cruz e o Ladrão 1; PG 49, 399-401


Hoje Nosso Senhor Jesus Cristo está na cruz e nós estamos em festa, para que saibais que a cruz é uma festa e uma celebração espiritual. Antigamente a cruz designava um castigo, hoje tornou-se objecto de honra. Outrora símbolo de condenação, ei-la, hoje, princípio de salvação. Porque para nós ela é a causa de inumeráveis bens: libertou-nos do erro, iluminou-nos nas trevas e reconciliou-nos com Deus; fôramos para Ele inimigos e longínquos estrangeiros, e ela deu-nos a sua amizade e fez-nos aproximar-nos dele. A cruz é para nós a destruição da inimizade, o penhor da paz, o tesouro de mil bens.

Graças a ela, deixámos de errar pelos desertos, porque conhecemos agora o verdadeiro caminho. Não ficamos do lado de fora do palácio real, porque encontrámos a porta. Já não tememos as armas inflamadas do diabo, porque descobrimos a fonte. Graças a ela, saímos do estado de viuvez, porque reencontrámos o Esposo. Não tememos o lobo, porque temos o bom pastor. Graças à cruz, não tememos o usurpador, porque moramos  ao lado do Rei.

Eis porque estamos em festa ao celebrar a memória da cruz. O próprio São Paulo nos convida à festa em honra da cruz: «Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho, nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os ázimos da pureza e da verdade» (1Cor 5,8). E deu ainda a razão para tal honra, dizendo: «Pois Cristo, nossa Páscoa, foi imolado por nós» (v. 7).

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 29 de abril de 2014

Então Jesus, falando novamente, disse: «Eu Te louvo ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque ocultaste estas coisas aos sábios e aos prudentes, e as revelaste aos pequeninos. Assim é, ó Pai, porque assim foi do Teu agrado. «Todas as coisas Me foram entregues por Meu Pai; e ninguém conhece o Filho senão o Pai; nem ninguém conhece o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. O «Vinde a Mim todos os que estais fatigados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o Meu jugo, e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para as vossas almas. Porque o Meu jugo é suave, e o Meu fardo leve».

Mt 11, 25-30

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Amar a Cristo...

Senhor, ofereceste-nos a Tua Santíssima e Imaculada Mãe a caminho do Calvário, desculpa-nos as constantes perguntas, mas como Te poderemos agradecer por tamanha bondade?

Ela, como excelsa Mãe intercede sempre por nós mesmo quando não somos merecedores pelas faltas cometidas, milhões e milhões de filhos Teus abrigam-se no seu regaço e nós que Lhe temos muita devoção frequentemente Te esquecemos e virando-Lhe as costas nas épocas de bonança em que cheios de soberba pensamos ser autónomos roçando o pelagianismo.

Perdoa-nos tamanha ingratidão e lapsos de amor para conTigo e com Ela, faz-nos burricos humildes e constantes na fé e no amor!

JPR

"A nós, que não conhecemos D. Álvaro..." (ative as legendas em espanhol e a partir daí a tradução das mesmas para português, com a jovem chinesa o resultado é...)

A festa dos cinco papas

Ontem foi um dia especial. Dois papas vivos declararam perante o mundo que dois papas mortos estavam na vida plena. A canonização de João XXIII e João Paulo II pelo Papa Francisco, na presença do papa emérito Bento XVI, constitui um acto único na história do mundo. Será que interessa ao mundo?

O assunto é precisamente aquele que mais preocupa ao mundo. Podemos dizer que é o único que verdadeiramente preocupa o mundo. A vida e a felicidade constituem o único tema realmente importante. E o dia de ontem tratou só de felicidade. Quatro homens eminentemente felizes, tão diferentes nas suas origens e histórias, carácter e condições, unidos numa mesma felicidade a que dedicaram toda a sua vida, celebraram juntos uma festa de felicidade.

Eles entregaram toda a sua vida a anunciar ao mundo uma felicidade única, plena, invencível. E apresentaram-se a si mesmos como testemunhas dessa felicidade. O que a festa de ontem celebrou foi que dois deles tinham completado a sua missão com êxito e entrado na felicidade plena. Isso garantiam solenemente os outros dois, um dos quais já completou a sua missão com êxito, esperando apenas o transporte para a vida, e o outro está em plenas funções.

Quatro homens simples e frágeis, mas cheios de vida e felicidade, que irradiaram por todo o mundo. Porque todo o mundo soube de João XXIII. Na altura não havia internet nem SMS, mas havia rádio e começava a televisão, e assim o mundo vibrou com o sorriso do bom papa João. Conheceu-o menos de cinco anos, mas bastavam alguns segundos para perceber que era um homem sumamente feliz. E se preocupava com a nossa felicidade. A João Paulo II, esse nem é preciso dizer que todo o mundo o conhece. Começou antes da internet e do SMS, mas durou muito tempo e viajou ainda mais; e também bastavam alguns segundos para saber da felicidade que emitia. Bento XVI era tão diferente de cada um dos outros como eles eram diferentes entre si. Apesar disso também viajou por todo o lado e mostrou a sua felicidade a toda a gente. O Papa Francisco ainda mal conhecemos, mas bastaram uns segundos para ficarmos íntimos, e sabermos como o seu assunto é a minha felicidade, porque ele transborda da sua. Como o fizeram toda a sua vida, ontem estes quatro homens juntaram-se para celebrar a felicidade, a nossa felicidade, que dois deles já têm em plenitude. Estava lá um quinto papa. Mal se falou dele, mas era o que dava sentido à celebração. Olhando com atenção via-se, do lado esquerdo da praça, a estátua de um homem barbudo com duas chaves na mão. A importância dos quatro homens é que eles são sucessores dele. Aquele Pedro, que amava Jesus mais que os outros, e ouviu: "sobre esta pedra edificarei a minha Igreja" (Mt 16, 18).

Este é o segredo de toda esta festa. A felicidade que estes homens espalharam e espalham por todo o mundo não é deles. Não foi por João ser bonacheirão, João Paulo teatral, por Bento ser sábio e Francisco vibrante que difundiram felicidade por toda a terra. Nisso há muitos semelhantes e até melhores que eles. A felicidade que espargiam não era deles. Tinham-na recebido de Outro, do Deus da felicidade que se fez homem como eles, e nos trouxe a felicidade suprema. Trouxe-a e deixou-a com Pedro e alguns amigos, dizendo-lhes para a darem a outros.

Aliás o que Ele disse foi: "Ide, pois, fazei discípulos de todos os povos" (Mt 28, 19). Eles eram poucos, não tinham net nem rádio, só o conseguiram dar a alguns. Mas esses deram a outros, e esses depois a outros e "o seu eco ressoou por toda a terra" (Sl 19(18), 5). Finalmente, no tempo de João, João Paulo, Bento e Francisco, espalhou-se por toda a terra ao mesmo tempo. Foi cumprida a profecia. Todo o mundo pode ver claramente a felicidade que irradia destes quatro homens. E sabe que de onde ela vem.

A festa de ontem foi um acontecimento particular, limitada. Teve dimensão e brilho excepcionais, mas tratou-se de um rito local. No entanto, o seu significado abrangeu todo o mundo. A razão é óbvia: mais ninguém tem uma felicidade assim.

João César das Neves in DN online AQUI

Se não teve a oportunidade reveja toda a cerimónia de Canonização de São João XXIII e São João Paulo II

«Nascer da água e do Espírito»

Santa Gertrudes de Helfta (1256-1301), monja beneditina 
Exercícios, n.º 1, Para recuperar a inocência baptismal; SC 127


Para a imersão na fonte baptismal: Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Jesus, fonte da vida, faz-me beber a taça de água viva na própria fonte que és Tu, a fim de que, tendo-Te saboreado para a eternidade, não tenha outra sede senão de Ti (cf Jo 4,10)! Imerge-me toda inteira nas profundezas da tua misericórdia! Baptiza-me e entrega-me sem mancha à tua preciosa morte. […] Com a água do teu Santíssimo Lado (Jo 19,34), lava-me de toda a mácula com que manchei a inocência baptismal! Preenche-me com o teu Espírito e toma total posse de mim na pureza do corpo e da alma. […]

Para a veste branca: Jesus, sol de justiça (Mal 3,20), consente que seja revestida com a tua pessoa, e assim viva segundo a tua palavra! Permite que, sob a tua direcção, seja capaz de manter branca, santa e imaculada a veste da inocência baptismal para que, apresentando-a sem mácula no teu tribunal, a conserve para a vida eterna!    

Para pedir a iluminação interior na entrega do círio: Jesus, luz inextinguível, acende em mim a candeia ardente do teu amor, e faz que ela nunca se apague; ensina-me a conservar o meu baptismo livre de todo o pecado, para que, convidada então para as tuas bodas, dos pés à cabeça mereça entrar nas delícias da vida eterna, onde Te verei, ó verdadeira luz, e à doce face da tua divindade (cf Mt 25,1 ss)! […]

Senhor, meu Deus, meu Criador e Reparador, renova hoje mesmo o meu coração com o teu Espírito. […] Senhor meu Deus, verdadeiro Rei, torna-me grande na fé, alegre na esperança, paciente na tribulação, digna das delícias dos teus louvores, cheia do fervor do Espírito Santo, fielmente afeiçoada ao teu serviço e perseverante na tua vigilância até ao último dia da minha vida! Desse modo, contemplarei um dia verdadeiramente com os meus olhos aquilo em que creio e espero. Então, ver-Te-ei tal como és, face a face (1Jo 3,2; 1Cor 13,12); então, doce Jesus, Tu me saciarás de Ti próprio; e na contemplação do teu divino rosto serás o meu repouso eterno. Ámen.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 28 de abril de 2014

Havia entre os fariseus um homem chamado Nicodemos, um dos principais entre os judeus. Este foi ter com Jesus, de noite, e disse-Lhe: «Rabi, sabemos que foste enviado por Deus como mestre, porque ninguém pode fazer estes milagres que Tu fazes, se Deus não estiver com ele». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo que não pode ver o reino de Deus, senão aquele que nascer de novo». Nicodemos disse-Lhe: «Como pode um homem nascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e renascer?». Jesus respondeu-lhe: «Em verdade, em verdade te digo que quem não renascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. Aquilo que nasceu da carne, é carne, aquilo que nasceu do Espírito, é espírito. Não te maravilhes de Eu te dizer: É preciso que nasçais de novo. O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem nem para onde vai; assim é todo aquele que nasceu do Espírito». 

Jo 3, 1-8

domingo, 27 de abril de 2014

Homilia do Santo Padre Francisco na Santa Missa de Canonização de São João XXIII e São João Paulo II

No centro deste domingo, que encerra a Oitava de Páscoa e que João Paulo II quis dedicar à Misericórdia Divina, encontramos as chagas gloriosas de Jesus ressuscitado. Já as mostrara quando apareceu pela primeira vez aos Apóstolos, ao anoitecer do dia depois do sábado, o dia da Ressurreição. Mas, naquela noite, Tomé não estava; e quando os outros lhe disseram que tinham visto o Senhor, respondeu que, se não visse e tocasse aquelas feridas, não acreditaria. Oito dias depois, Jesus apareceu de novo no meio dos discípulos, no Cenáculo, encontrando-se presente também Tomé; dirigindo-Se a ele, convidou-o a tocar as suas chagas. E então aquele homem sincero, aquele homem habituado a verificar tudo pessoalmente, ajoelhou-se diante de Jesus e disse: «Meu Senhor e meu Deus!» (Jo 20, 28).

Se as chagas de Jesus podem ser de escândalo para a fé, são também a verificação da fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado, as chagas não desaparecem, continuam, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós, sendo indispensáveis para crer em Deus: não para crer que Deus existe, mas sim que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. Citando Isaías, São Pedro escreve aos cristãos: «pelas suas chagas, fostes curados» (1 Ped 2, 24; cf. Is 53, 5).

João XXIII e João Paulo II tiveram a coragem de contemplar as feridas de Jesus, tocar as suas mãos chagadas e o seu lado trespassado. Não tiveram vergonha da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua cruz; não tiveram vergonha da carne do irmão (cf. Is 58, 7), porque em cada pessoa atribulada viam Jesus. Foram dois homens corajosos, cheios da parresia do Espírito Santo, e deram testemunho da bondade de Deus, da sua misericórdia, à Igreja e ao mundo.

Foram sacerdotes, bispos e papas do século XX. Conheceram as suas tragédias, mas não foram vencidos por elas. Mais forte, neles, era Deus; mais forte era a fé em Jesus Cristo, Redentor do homem e Senhor da história; mais forte, neles, era a misericórdia de Deus que se manifesta nestas cinco chagas; mais forte era a proximidade materna de Maria.

Nestes dois homens contemplativos das chagas de Cristo e testemunhas da sua misericórdia, habitava «uma esperança viva», juntamente com «uma alegria indescritível e irradiante» (1 Ped 1, 3.8). A esperança e a alegria que Cristo ressuscitado dá aos seus discípulos, e de que nada e ninguém os pode privar. A esperança e a alegria pascais, passadas pelo crisol do despojamento, do aniquilamento, da proximidade aos pecadores levada até ao extremo, até à náusea pela amargura daquele cálice. Estas são a esperança e a alegria que os dois santos Papas receberam como dom do Senhor ressuscitado, tendo-as, por sua vez, doado em abundância ao Povo de Deus, recebendo sua eterna gratidão.

Esta esperança e esta alegria respiravam-se na primeira comunidade dos crentes, em Jerusalém, de que nos falam os Actos dos Apóstolos (cf. 2, 42-47). É uma comunidade onde se vive o essencial do Evangelho, isto é, o amor, a misericórdia, com simplicidade e fraternidade. E esta é a imagem de Igreja que o Concílio Vaticano II teve diante de si. João XXIII e João Paulo II colaboraram com o Espírito Santo para restabelecer e actualizar a Igreja segundo a sua fisionomia originária, a fisionomia que lhe deram os santos ao longo dos séculos. Não esqueçamos que são precisamente os santos que levam avante e fazem crescer a Igreja. Na convocação do Concílio, João XXIII demonstrou uma delicada docilidade ao Espírito Santo, deixou-se conduzir e foi para a Igreja um pastor, um guia-guiado. Este foi o seu grande serviço à Igreja; foi o Papa da docilidade ao Espírito.

Neste serviço ao Povo de Deus, João Paulo II foi o Papa da família. Ele mesmo disse uma vez que assim gostaria de ser lembrado: como o Papa da família. Apraz-me sublinhá-lo no momento em que estamos a viver um caminho sinodal sobre a família e com as famílias, um caminho que ele seguramente acompanha e sustenta do Céu.

Que estes dois novos santos Pastores do Povo de Deus intercedam pela Igreja para que, durante estes dois anos de caminho sinodal, seja dócil ao Espírito Santo no serviço pastoral à família. Que ambos nos ensinem a não nos escandalizarmos das chagas de Cristo, a penetrarmos no mistério da misericórdia divina que sempre espera, sempre perdoa, porque sempre ama.

Vídeo com a homilia completa não legendado

Em Roma, capital


Quando o leitor tiver na mão este jornal, o trânsito automóvel terá sido erradicado em extensas áreas de Roma, até 4 de Maio. «Écrans» gigantes estarão a funcionar, na praça de S. Pedro, nas avenidas adjacentes e em várias outras praças, algumas bem distantes de S. Pedro. Os transportes públicos estarão abertos a todo o povo, sem necessidade de pagar bilhete. Milhares de polícias, agentes da protecção civil e voluntários estarão ao serviço de uma multidão gigantesca, vinda de todas as partes do mundo. Os números são curiosos: por exemplo, há 4 milhões de garrafas de água para oferecer aos peregrinos, para evitar desidratações. Uma constelação de satélites de telecomunicações, maior do que para os jogos olímpicos, alimentará canais de televisão de todos os continentes, redes sociais, pavilhões e salas de cinema. Pela primeira vez na história, poder-se-á ver em todo o mundo uma emissão em 3D. Tudo está previsto a uma escala que ultrapassa a minha imaginação. De Portugal, estão confirmadas umas mil pessoas. Do resto da Europa, sobretudo da Itália e da Polónia, será uma multidão difícil de contar. Evidentemente, a própria cidade de Roma é a que mais se mobilizou, para não perder um acontecimento tão importante.

Para os universitários, a preparação e as confissões começaram solenemente na terça-feira passada, 22 de Abril, na basílica de S. João de Latrão. As actividades para vários grupos intensificaram-se ao longo da semana. Por decisão do Papa, no sábado 26 de Abril as igrejas do centro de Roma estão abertas, mesmo de noite, para os peregrinos poderem rezar e confessar-se. A vigília na praça de S. Pedro começa às 21 horas e dura a noite toda.

Finalmente, Domingo 27 de Abril, exactamente às 10 horas de Roma (9 horas em Lisboa, 8 horas nos Açores), começa a Missa em que o Papa Francisco canonizará João XXIII e João Paulo II.

Não vão ser declarados santos por causa das audiências. Nem dos discursos. Nem dos aplausos. Escusamos de dar voltas: Deus quis tê-los consigo no Céu. Mas este favoritismo da parte de Deus não é exclusivo, Ele olha para cada um com a expectativa de que também vamos corresponder.

Embora o processo canónico tenha demonstrado que João XXIII e João Paulo II corresponderam heroicamente à graça de Deus, mesmo assim, está prevista uma certa discussão, que vai ser em latim, como de costume.

O Cardeal Amato vai pedir ao Papa Francisco que canonize os beatos João XXIII e João Paulo II e o Papa responde pedindo a todos que rezem a Deus Pai, por Jesus Cristo, invocando Nossa Senhora e todos os Santos.

O Cardeal insiste e, à segunda vez, o Papa diz-lhe que reze ao Espírito Santo para assistir a Igreja num momento tão importante, que compromete no mais alto grau a autoridade pontifícia. O coro e o povo cantam o «Veni, Creator Spiritus», pedindo a assistência do Espírito Santo.

O Cardeal Amato não se dá por vencido e, desta vez, o Papa Francisco usa a sua autoridade máxima: «...com a autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, ...declaramos e definimos...».

Na praça de S. Pedro, nas avenidas à volta e diante de todos os «écrans» gigantes espalhados pela cidade de Roma, o povo responde três vezes: «Ámen»!

E diante de tantas televisões, de todos os continentes, uns milhões de pessoas talvez se emocionem um bocadinho e pensem: é mesmo verdade que Deus espera que eu também seja santo?

José Maria C. S. André

«Correio dos Açores», «Verdadeiro Olhar» (27-IV-2014)

Bom Domingo do Senhor!

Hoje a Igreja celebra a Festa da Divina Misericórdia, certos dela entreguemo-nos totalmente na mão de Deus e renovemos os nossos propósitos de ser bons filhos Seus e imitadores dos dois Papas que são canonizados.

No Evangelho de hoje (Jo 20, 19-31) o Senhor, na sua infinita misericórdia, através do Espírito Santo conferiu aos apóstolos o dom de perdoar os pecados, saibamos pois nós ser dignos dela e fujamos a qualquer tentação de não acreditar Nele, como fez Tomé, que precisou de ver para crer.

Glória e gratidão a Jesus Cristo Nosso Senhor pelos séculos dos séculos!

A transparência cristã de João Paulo II - D. Javier Echevarría

Qual foi o segredo da eficácia evangelizadora deste Papa extraordinário? É evidente que Wojtyla foi um defensor incansável da dignidade humana

Há anos que se ouvem testemunhos de jovens, e menos jovens, que se sentiram atraídos por Cristo graças às palavras, ao exemplo e à proximidade de João Paulo II. Com a ajuda de Deus, alguns empreenderam um caminho de procura da santidade sem mudar de estado, na vida matrimonial ou no celibato, outros, no sacerdócio ou na vida religiosa. São vários milhares e há quem lhes chame "a geração João Paulo II".

Qual foi o segredo da eficácia evangelizadora deste Papa extraordinário? É evidente que Karol Wojtyla foi um defensor incansável da dignidade humana, um pastor solícito, um comunicador credível da verdade e um pai, para crentes e não crentes. Mas o Papa que nos guiou na transição do segundo para o terceiro milénio foi acima de tudo um homem apaixonado por Jesus Cristo e identificado com Ele.

"Para saber quem é João Paulo II é preciso vê-lo rezar, sobretudo na intimidade da sua capela privada", escreveu um dos biógrafos deste santo pontífice. E assim é, de facto. Uma das últimas fotografias da sua caminhada terrena retrata-o na capela privada acompanhando, pela televisão, a Via-Sacra que decorria no Coliseu. Naquela Sexta-Feira Santa de 2005, João Paulo II não pôde presidir fisicamente ao evento, como fizera nos anos anteriores. Já não conseguia nem falar nem andar, mas essa imagem espelha a intensidade do momento que vivia. Agarrado a um grande crucifixo de madeira, o Papa abraça Jesus na cruz, aproxima o Crucificado do seu coração e beija-O. A imagem de João Paulo II, ancião e doente, unido à Cruz, é um discurso tão eloquente como as suas palavras vigorosas ou as viagens extenuantes.

O novo beato cumpriu com generosidade heróica o mandato de Cristo aos Seus discípulos: "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura" (Mc 16, 15). Na ânsia de chegar ao último recanto de África, da América, da Ásia, da Europa e da Oceânia, João Paulo II não pensava em si próprio; tinha o ímpeto de gastar a vida em serviço dos outros, o desejo de mostrar a dignidade do ser humano - criado à imagem e semelhança de Deus e redimido por Cristo - e de transmitir a mensagem do Evangelho.

Certa vez, ao fim da tarde, acompanhei D. Álvaro del Portillo - então prelado do Opus Dei - aos aposentos pontifícios. Enquanto esperávamos a chegada do Papa ouvimos os passos cansados, de alguém que arrastava os pés, aproximar-se por um corredor. Era João Paulo II, muito cansado. D. Álvaro del Portillo exclamou: "Santo Padre, está tão cansado!" O Papa olhou para ele e, com voz amável, explicou: "Se por esta altura não estivesse cansado, seria sinal de que não teria cumprido o meu dever." O zelo pelas almas transportou-o ao último canto da Terra para levar a mensagem de Cristo. Há alguém no mundo que tenha estreitado mais mãos na sua vida, ou tenha cruzado o seu olhar com o de tantas pessoas como ele? Esse esforço, também humano, era outro modo de abraçar e de se unir ao Crucificado.

A universalidade do coração de João Paulo II não o conduzia só a uma actividade que poderíamos chamar exterior: também no seu interior agia operativamente este espírito, assumindo as inquietações do mundo inteiro. Diariamente, a partir da capela privada no Vaticano, percorria o globo. Por isso foi natural a resposta a um jornalista que perguntou como rezava: a oração do Papa - respondeu - é uma "peregrinação pelo mundo inteiro rezando com o pensamento e o coração".

Na sua oração - explicava - emerge "a geografia das comunidades, das igrejas, das sociedades e também dos problemas que angustiam o mundo contemporâneo", e deste modo o Papa "expõe diante de Deus todas as alegrias e esperanças e ao mesmo tempo as tristezas e preocupações que a Igreja partilha com a humanidade contemporânea".

Esse coração universal e esse impulso missionário levaram-no a dialogar com pessoas de todos os tipos. Isso tornou-se patente durante o Jubileu do ano 2000; quis encontrar-se com crianças, jovens, adultos e idosos; com desportistas, artistas, governantes, políticos, polícias e militares; com trabalhadores do campo, universitários, presos e doentes; com famílias, pessoas do mundo do espectáculo, emigrantes e nómadas... 

A biografia de Karol Wojtyla pode também ler-se como um contínuo levar o Evangelho aos mais variados sectores da sociedade humana: às famílias, à escola e à fábrica, ao teatro e à literatura, às cidades de arranha-céus e aos bairros de barracas. A sua história levou-o a perceber com clareza que é possível tornar presente Cristo em todas as circunstâncias, também nos momentos trágicos da guerra mundial e das dominações totalitárias que imperaram na sua terra natal. Nos cenários mais diversos da modernidade, João Paulo II levou a luz de Jesus Cristo à humanidade inteira. Com a sua existência ensina-nos a descobrir Deus nas circunstâncias em que nos toca viver.

Numa das suas obras, S. Josemaría Escrivá de Balaguer, contempla Jesus na cruz como Sacerdote Eterno, que "abre os seus braços à humanidade inteira". Penso que a caminhada terrena de João Paulo II foi uma réplica fiel desse Senhor a acolher no Seu coração todos os homens e mulheres, derramando amor e misericórdia em cada um, com um acento especial para os doentes e os desvalidos.

A vida do cristão é procurar configurar-se com Cristo; e João Paulo II cumpriu-o de modo sublime: por causa da sua heróica correspondência à graça, da sua alegria de filho de Deus, pessoas de todas as raças e condições sociais viram brilhar nele o rosto do Ressuscitado.

A fotografia que referi no início destas reflexões parece-me uma síntese visual da vida de João Paulo II: um Papa exausto pelo longo tempo de serviço às almas, que conduz o olhar do mundo para Jesus na cruz, para que cada um e cada uma encontre aí respostas para as suas interrogações mais profundas. A vida do novo beato é pois um exemplo de transparência cristã: tornar visível, através da própria vida, o rosto e os sentimentos misericordiosos de Jesus. Penso que é essa a razão e o segredo da sua eficácia evangelizadora. E estou convencido - assim o peço a Deus - de que a sua elevação aos altares induzirá no mundo e na Igreja uma onda de fé e de amor, de desejos de servir os outros e de gratidão ao Senhor.

(...)

Aos que o conhecemos em vida, cabe-nos agora o gostoso dever de o dar a conhecer às gerações vindouras.

 Javier Echevarría - Prelado do Opus Dei

Domingo da Divina Misericórdia

A liturgia deste Domingo apresenta-nos essa comunidade de Homens Novos que nasce da cruz e da ressurreição de Jesus: a Igreja. A sua missão consiste em revelar aos homens a vida nova que brota da ressurreição.

Na primeira leitura temos, numa das "fotografias" que Lucas apresenta da comunidade cristã de Jerusalém, os traços da comunidade ideal: é uma comunidade formada por pessoas diversas, mas que vivem a mesma fé num só coração e numa só alma; é uma comunidade que manifesta o seu amor fraterno em gestos concretos de partilha e de dom e que, dessa forma, testemunha Jesus ressuscitado.

No Evangelho sobressai a ideia de que Jesus vivo e ressuscitado é o centro da comunidade cristã; é à volta dele que a comunidade se estrutura e é dele que ela recebe a vida que a anima e que lhe permite enfrentar as dificuldades e as perseguições. Por outro lado, é na vida da comunidade (na sua liturgia, no seu amor, no seu testemunho), que os homens encontram as provas de que Jesus está vivo.

A segunda leitura recorda aos membros da comunidade cristã os critérios que definem a vida cristã autêntica: o verdadeiro crente é aquele que ama Deus, que adere a Jesus Cristo e à proposta de salvação que, através dele, o Pai faz aos homens e que vive no amor aos irmãos. Quem vive desta forma, vence o mundo e passa a integrar a família de Deus.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

«Recebei o Espírito Santo»

São João Paulo II (1920-2005), papa
Encíclica «Dominum et vivificantem» §2

Os eventos pascais — a paixão, a morte e a ressurreição de Cristo — são também o tempo da nova vinda do Espírito Santo, como Paráclito e Espírito da verdade (Jo 14,16-17). Eles constituem o tempo do «novo princípio» da comunicação de Si mesmo da parte de Deus uno e trino à humanidade, no Espírito Santo, por obra de Cristo Redentor. Este novo princípio é a Redenção do mundo: «Com efeito, Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho unigénito». (Jo 3,16). Ao «dar» o Filho, no dom do Filho, já se exprime a essência mais profunda de Deus, o qual, sendo Amor, é uma fonte inexaurível de generosidade. No dom concedido pelo Filho completam-se a revelação e a prodigalidade do Amor eterno: o Espírito Santo, que nas profundezas imperscrutáveis da divindade é uma Pessoa-Dom, por obra do Filho, isto é, mediante o mistério pascal de Cristo, é dado de uma maneira nova aos Apóstolos e à Igreja e, por intermédio deles, à humanidade e ao mundo inteiro.

A expressão definitiva deste mistério surge no dia da Ressurreição. Neste dia, Jesus de Nazaré, «nascido da descendência de David segundo a carne» — como escreve o apóstolo São Paulo —, é «constituído Filho de Deus com todo o poder, segundo o Espírito de santificação, mediante a ressurreição dos mortos» (Rm 1,3-4).  Pode dizer-se, assim, que a «elevação» messiânica de Cristo no Espírito Santo atingiu o auge na Ressurreição, quando Ele Se revelou como Filho de Deus, «cheio de poder». E este poder, cujas fontes jorram da imperscrutável comunhão trinitária, manifesta-se, antes de mais nada, pelo duplo feito de Cristo Ressuscitado: realizar, por um lado, a promessa de Deus já expressa pela boca do Profeta: «Dar-vos-ei um coração novo. [...] Porei dentro de vós um espírito novo, o Meu espírito»; (Ez 36,26-27), e cumprir, por outro lado, a Sua própria promessa, feita aos Apóstolos com estas palavras: «Quando Eu for, vo-Lo enviarei» (Jo 16,7). É Ele: o Espírito da verdade, o Paráclito enviado por Cristo Ressuscitado para nos transformar e fazer de nós a própria imagem do Ressuscitado.

sábado, 26 de abril de 2014

Bento XVI concelebrará com Francisco a missa de canonização de João XXIII e João Paulo II

Bento XVI concelebrará com o Papa Francisco a missa de canonização dos Papas João XXIII e João Paulo II, neste domingo, 27 de abril, na Praça São Pedro. O anúncio, muito esperado, foi dado pelo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, no início da última conferência de imprensa realizada neste sábado, 26, véspera deste evento histórico.

"O Papa emérito Bento XVI aceitou o convite e comunicou ao Papa Francisco que estará presente na celebração, na manhã deste domingo, e que concelebrará, ou seja, será também concelebrante, isso não quer dizer que estará no altar", sublinhou o porta-voz vaticano.

"Estarão presentes no altar os Cardeais Angelo Sodano, Giovanni Battista Re, Stanislaw Dziwisz, e Agostino Vallini, e também o bispo de Bergamo.'

"O Papa emérito estará com os cardeais e bispos à esquerda do adro e estaremos todos felizes de contar com a sua presença", concluiu Pe. Lombardi.

Rádio Vaticano

DOIS EM UM

Dois novos santos em uma única celebração: no segundo domingo da Páscoa, também chamado de Pascoela, ou ainda da divina misericórdia, dois papas serão canonizados, ou seja, incluídos na lista, ou cânone, dos bem-aventurados aos quais a Igreja, depois de lhes reconhecer virtudes heróicas e o poder de realizar milagres, tributa culto universal.

São João XXIII é, sobretudo, o grande papa que convocou o Concílio Vaticano II e que impulsionou o ecumenismo. Com o seu sor...riso e humildade, introduziu um novo estilo eclesial. Coube a São João Paulo II aplicar o Concílio, nomeadamente através do Catecismo da Igreja Católica e do novo código canónico. O papa polaco foi ainda o protagonista da ‘conversão’ da Rússia, da queda do muro de Berlim e da libertação dos países do Leste. Ambos guardam, também, uma especial relação com Portugal.

Ângelo Giuseppe Roncalli, para além de um muito remoto parentesco com famílias lusitanas, foi, depois de 624 anos, o primeiro sucessor de Pedro a reassumir, como papa, o nome do único papa português, João XXI.

Karol Wojtyla, por sua vez, estabeleceu uma fortíssima relação com Fátima, por ocasião do atentado que padeceu na praça de São Pedro, a 13 de Maio de 1981. A coincidência com o aniversário da primeira aparição mariana na Cova da Iria foi, para João Paulo II, providencial. Desde então, agradeceria à ‘Senhora mais brilhante do que o sol’ o milagroso resgate da sua vida, identificando-se com a vítima vestida de branco a que se aludia na terceira parte do segredo, revelada em 2000, na beatificação de os beatos Francisco e Jacinta Marto.

A Igreja está de parabéns, mas Portugal também.

São João XXIII e São João Paulo II, rogai por esta terra de Santa Maria, rogai por nós!

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Gonçalo Portocarrero de Almada

jornal i - 26 abril 2014

«Também vós dareis testemunho»

Santo António de Lisboa (c. 1195-1231), franciscano, Doutor da Igreja
Sermões para o domingo e as festas dos santos (a partir da trad. Bayart, eds. Franciscanas 1944, p. 170)

Pentecostes é a palavra grega que quer dizer «quinquagésimo». Este quinquagésimo dia, que o povo judaico festejava, contava-se a partir do dia em que tinham imolado o cordeiro pascal; e isto porque, cinquenta dias depois da saída do Egipto, a Lei foi dada no cume incendiado do monte Sinai. Assim também, no Novo Testamento, cinquenta dias depois da Páscoa de Cristo, o Espírito Santo descia sobre os apóstolos e aparecia-lhes sob a forma de fogo. A Lei foi dada sobre o monte Sinai, o Espírito sobre o monte Sião; a Lei foi dada no cume da montanha, o Espírito no Cenáculo.

«Todos os discípulos estavam reunidos no mesmo lugar. Subitamente fez-se ouvir um grande barulho». [...] Como diz o salmo, «o ímpeto do rio alegra a cidade de Deus» (45, 5). Um grande barulho acompanha a chegada Daquele que vem ensinar os fiéis. Notai como isso está de acordo com o que lemos no Êxodo: «Era já chegado o terceiro dia, e já tinha amanhecido, eis senão quando começaram a ouvir-se trovões, e o fuzilar de relâmpagos; e uma nuvem muito espessa cobriu o monte e um som de buzina muito forte atroava e todo o povo se atemorizou» (19, 16). O primeiro dia foi a Incarnação de Cristo; o segundo dia foi a Sua Paixão; o terceiro dia é a missão do Espírito Santo. Chegou este dia: ouve-se o trovão, faz-se um grande barulho; brilham os relâmpagos, os milagres dos apóstolos; uma espessa nuvem – a compunção do coração e a penitência – cobre a montanha, o povo de Jerusalém (Act 2, 37-38). [...]

«Apareceu-lhes então como línguas de fogo». As línguas, as da serpente, de Eva e de Adão, tinham aberto à morte o acesso a este mundo. [...] É por isso que o Espírito aparece sob a forma de línguas, opondo línguas às línguas, curando pelo fogo o veneno mortal. [...] «Eles começaram a falar.» Eis o sinal da plenitude; o vaso repleto transborda; o fogo não pode conter-se. [...] Estas línguas diversas são as diferentes lições que Cristo nos deixou, como a humildade, a pobreza, a paciência, a obediência. Falamos essas línguas diversas quando damos ao próximo o exemplo dessas virtudes. Viva está a palavra, quando falam as obras. Façamos falar as nossas obras!

O Evangelho de Domingo dia 27 de abril de 2014

Chegada a tarde daquele mesmo dia, que era o primeiro da semana, e estando fechadas as portas da casa onde os discípulos se encontravam juntos, por medo dos judeus, foi Jesus, colocou-Se no meio deles e disse-lhes: «A paz esteja convosco!». Dito isto, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos alegraram-se muito ao ver o Senhor. Ele disse-lhes novamente: «A paz esteja convosco. Assim como o Pai Me enviou, também vos envio a vós». Tendo dito esta palavras, soprou sobre eles e disse-lhes: «Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos». Tomé, um dos doze, chamado Dídimo, não estava com eles quando veio Jesus. Os outros discípulos disseram-lhe: «Vimos o Senhor!». Mas ele respondeu-lhes: «Se não vir nas Suas mãos a abertura dos cravos, se não meter a minha mão no Seu lado, não acreditarei». Oito dias depois, estavam os discípulos outra vez em casa e Tomé com eles. Veio Jesus, estando as portas fechadas, colocou-Se no meio deles e disse: «A paz esteja convosco». Em seguida disse a Tomé: «Mete aqui o teu dedo e vê as Minhas mãos, aproxima também a tua mão e mete-a no Meu lado; e não sejas incrédulo, mas fiel!». Respondeu-Lhe Tomé: «Meu Senhor e Meu Deus!». Jesus disse-lhe: «Tu acreditaste, Tomé, porque Me viste; bem-aventurados os que acreditaram sem terem visto». Outros muitos prodígios fez ainda Jesus na presença de Seus discípulos, que não foram escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos a fim de que acrediteis que Jesus é o Messias, Filho de Deus, e para que, acreditando, tenhais a vida em Seu nome.

Jo 20, 19-31