Escândalos na Igreja
O Pe. Roger J. Landry foi ordenado sacerdote em 1999 na Diocese de Fall River pelo Bispo Sean O’Malley, OFM Cap.. Depois de obter a licenciatura de biologia pela Universidade de Harvard, o Pe. Landry fez seus estudos para o sacerdócio em Maryland, Toronto e, durante vários anos em Roma. Depois de sua ordenação sacerdotal, o Bispo O’Malley enviou-o de regresso para Roma para concluir seus estudos de graduação em teologia moral e bioética. Actualmente é vigário paroquial na Paróquia do Espírito Santo em Fall River e capelão na escola secundária Bishop Connoly.
Qual deve ser a nossa resposta aos terríveis escândalos na Igreja?
Muitas pessoas vieram-me falar deste assunto. Muitas outras também gostariam, mas evitaram, creio que por respeito e para não chamar a atenção para um facto desagradável. Mas para mim era óbvio que tinham isso presente. Por isso, hoje, quero enfrentar este assunto com frontalidade. Vocês têm direito. Não podemos fingir como se não houvesse acontecido. E eu quero debater qual deve ser a nossa resposta como fiéis católicos a este terrível escândalo.
Em primeiro lugar, é preciso entender o acontecimento à luz da nossa fé no Senhor. Antes de escolher seus primeiros discípulos, Jesus subiu a montanha para orar durante toda a noite. Nesse tempo tinha muitos seguidores. Falou com seu Pai na oração sobre quais escolheria para que fossem seus doze apóstolos, os doze que Ele formaria intimamente, os doze que enviaria a pregar a Boa Nova em Seu nome. Deu-lhes poder de expulsar os demónios. Deu-lhes poder para curar os doentes. Eles viram como Jesus operou muitos milagres. Eles mesmos fizeram, em Seu nome, numerosos milagres.
Mas, apesar de tudo, um deles foi um traidor. O traidor tinha seguido o Senhor, tivera os pés lavados pelo Senhor, viu-O caminhar pelas águas, ressuscitar pessoas e perdoar os pecadores. O Evangelho diz que ele permitiu que Satanás entrasse nele e logo vendeu o Senhor por 30 moedas, e entregou-o no Horto de Getsemani, simulando um acto de amor, um beijo. “Judas!”, disse o Senhor no horto do Getsemani, “com um beijo entregas o Filho do Homem”. Jesus não o escolheu para que o traísse. Ele escolheu-o para que fosse como os demais. Mas Judas foi sempre livre e usou sua liberdade para permitir que Satanás entrasse nele e, por sua traição, terminou fazendo com que Jesus fosse crucificado e morto. Portanto, entre os primeiros doze que o próprio Jesus escolheu, um deles foi um terrível traidor. ÀS VEZES, OS ESCOLHIDOS DE DEUS TRAEM. Este é um facto que devemos assumir. É um facto que a Igreja primitiva assumiu. Se o escândalo de Judas tivesse sido a única coisa com que os membros da Igreja primitiva se tivessem preocupado, a Igreja teria acabado antes de começar. Em vez disso, a Igreja reconheceu que não se deve julgar algo (religioso) a partir daqueles que não o praticam, mas olhando para os que praticam.
Em vez de ficarem paralisados em torno daquele que traiu Jesus, concentraram-se nos outros onze. Graças ao trabalho, pregação, milagres e amor por Cristo desses homens, aqui estamos hoje. É graças aos onze - todos os quais, excepto São João, foram martirizados por Cristo e pelo Evangelho, pelo qual estiveram dispostos a dar suas vidas para proclamá-Lo - que nós chegamos a escutar a palavra salvífica de Deus e recebemos os sacramentos da vida eterna.
Somos hoje confrontados pela mesma realidade. Podemos concentrarmo-nos naqueles que traíram o Senhor, naqueles que abusaram, em vez de amar a quem estavam chamados a servir. Ou podemos como a Igreja nascente, concentrarmo-nos nos demais, naqueles que permaneceram fiéis, nesses sacerdotes que continuam oferecendo suas vidas para servir a Cristo e para servir a todos por amor. Os meios de comunicação quase nunca prestam atenção aos “onze” bons, aqueles a quem Jesus escolheu e que permaneceram fiéis, que viveram uma vida de santidade silenciosa. Mas nós, a Igreja, devemos ver o terrível escândalo que estamos testemunhando a partir de uma perspectiva autêntica e completa.
O escândalo, infelizmente, não é algo novo para a Igreja. Houve muitas épocas em sua história em que esteve pior do que agora. A história da Igreja é como a definição matemática do cosseno, ou seja, uma curva oscilatória com movimento pendular, com altos e baixos ao longo dos séculos. Em cada uma dessas épocas em que a Igreja chegou ao ponto mais baixo, Deus suscitou grandes santos que levaram a Igreja de volta a sua verdadeira missão. Como se naqueles momentos de escuridão, a Luz de Cristo brilhasse mais intensamente. Eu gostaria de destacar um par de santos que Deus suscitou nesses tempos tão difíceis, porque a sua sabedoria pode realmente guiar-nos durante este tempo difícil.
São Francisco de Sales foi um santo que Deus fez surgir justamente depois da reforma protestante. A reforma protestante não brotou fundamentalmente por aspectos teológicos ou por problemas de fé - ainda que as diferenças teológicas apareceram depois - mas, por questões morais.
Houve um sacerdote agostiniano, Martinho Lutero, que foi a Roma durante o papado mais notório da história, o do Papa Alexandre VI. Este Papa jamais ensinou nada que fosse contra a fé - o Espírito Santo não permitiu - mas, foi simplesmente, um homem mau. Teve nove filhos de seis diferentes concubinas. Promoveu acções contra aqueles que considerava seus inimigos. Martinho Lutero visitou Roma durante seu papado e perguntava-se como Deus podia permitir que um homem tão mau fosse a cabeça visível da Sua Igreja . Regressou a Alemanha e observou todo tipo de problemas morais. Os padres tinham, publicamente, casos com mulheres. Alguns tratavam de obter dinheiro vendendo bens espirituais. Grassava uma imoralidade terrível entre os leigos. Ele escandalizou-se com esses abusos desenfreados, como teria ocorrido com qualquer um que ame a Deus, reagiu precipitadamente e com fúria, e fundou a sua própria igreja. Naqueles mesmos tempos, Deus suscitou muitos santos que combateram essa situação equivocada e trouxeram de volta as pessoas para a Igreja fundada por Cristo. São Francisco de Sales foi um deles. Colocando em risco a própria vida, entrou na Suíça, onde os calvinistas dominavam e eram muito populares, pregando o Evangelho com verdade e amor. Foi espancado várias vezes nas estradas e abandonado como morto. Um dia perguntaram-lhe qual era a sua posição em relação ao escândalo que causavam tantos dos seus irmãos sacerdotes. O que disse é tão importante para nós como o foi para os que o escutaram. Ele não ficou enrolando. “Aqueles que cometem esse tipo de escândalos são culpáveis do equivalente espiritual a um assassinato, destruindo com seu mau exemplo a fé das outras pessoas em Deus”. Mas, ao mesmo tempo advertiu aos seus ouvintes: “Mas eu estou aqui hoje entre vocês para evitar-lhes um mal ainda pior. Enquanto que aqueles que causam o escândalo são culpados de assassinato espiritual, os que acolhem o escândalo - aqueles que permitem que os escândalos destruam sua fé - são culpados de suicídio espiritual. São culpáveis de cortar pela raiz sua vida com Cristo, abandonando a fonte da vida nos Sacramentos, especialmente a Eucaristia.” São Francisco de Sales andou entre os suíços e os habitantes da Savóia tratando de prevenir que cometessem um suicídio espiritual por causa dos escândalos. E eu estou aqui hoje para vos pregar o mesmo.
Qual deve ser a nossa reacção? Outro grande santo que viveu antes, em tempos particularmente difíceis, também pode nos ajudar. O grande São Francisco de Assis viveu ao redor do ano 1200, que foi uma época de imoralidade terrível na Itália central. Os padres davam exemplos espantosos. A imoralidade dos leigos era ainda pior. O próprio São Francisco, sendo jovem, tinha escandalizado outras pessoas com sua maneira despreocupada de viver. Converteu-se, fundou a ordem franciscana e ajudou a Deus a reconstruir a Sua Igreja e chegou a ser um dos maiores santos de todos os tempos.
Certa vez, um dos irmãos franciscanos lhe fez-lhe uma pergunta. Esse frei era muito susceptível aos escândalos. “Irmão Francisco, que farias se soubesses que o sacerdote que está celebrando a Missa tem três concubinas ao seu lado?” Francisco, sem duvidar um instante, respondeu bem devagar: “Quando chegar a hora da Santa Comunhão, iria receber o Sagrado Corpo do meu Senhor das mãos ungidas do sacerdote.”
Onde queria chegar Francisco? Queria deixar clara uma verdade formidável da fé e um dom extraordinário do Senhor. Não importa quão pecador seja um padre, sempre e quando tenha a intenção de fazer o que faz a Igreja - na Missa, por exemplo, converter o pão e vinho na carne e sangue de Cristo, ou na confissão, não importa quão pecador seja, perdoar os pecados do penitente - o próprio Cristo actua nos sacramentos através desse ministro.
Seja o Papa João Paulo II que celebre a Missa, ou um sacerdote condenado a morte por um crime, em ambos os casos é o próprio Cristo quem actua e nos dá Seu Corpo e Seu Sangue. Dessa forma, o que Francisco estava dizendo, ao responder a pergunta do seu irmão religioso, que receberia o Sagrado Corpo do Seu Senhor das mãos ungidas do sacerdote, é que não ia permitir que a maldade ou imoralidade do padre o levasse a cometer suicídio espiritual.
Cristo pode continuar actuando, e de facto actua, inclusive através do mais pecador dos sacerdotes. E graças a Deus que assim o faz! Se sempre tivéssemos que depender da santidade pessoal do sacerdote, teríamos um grave problema. Os sacerdotes são escolhidos por Deus entre os homens e são tentados como qualquer ser humano e caem em pecado como qualquer ser humano. Mas Deus já sabia disso desde o princípio. Onze dos primeiros doze apóstolos se dispersaram quando Cristo foi preso, mas regressaram; um dos doze traiu o Senhor e infelizmente nunca regressou. Deus fez os sacramentos “à prova de sacerdote”, ou seja, independente da sua santidade pessoal. Não importa quão santos ou maus sejam, sempre que tenham a intenção de fazer o que a Igreja faz, o próprio Cristo actua, tal como actuou através de Judas quando Judas expulsou os demónios e curou os doentes.
Por isso, pergunto-vos novamente: Qual deve ser a resposta da Igreja a esses actos? Falou-se muito a esse respeito nos media. A Igreja precisa trabalhar melhor, assegurando que ninguém com inclinação para a pedofilia seja ordenado? Com certeza. Mas isto não seria suficiente. A Igreja deve actuar melhor ao tratar desses casos quando sejam notificados? A Igreja mudou a sua maneira de abordar esses casos e hoje a situação é muito melhor do que era nos anos oitenta, mas sempre pode ser aperfeiçoada. Mas ainda isso não seria suficiente. Temos que fazer mais para apoiar as vítimas desses abusos? Sim, temos que fazê-lo, por justiça e por amor! Mas tampouco isso é o adequado… A única resposta adequada a este terrível escândalo, a única resposta autenticamente católica a este escândalo - como São Francisco de Assis reconheceu em 1200, como São Francisco de Sales reconheceu em 1600 e incontáveis outros santos reconheceram em cada século - é a SANTIDADE! Toda crise que enfrenta a Igreja, toda crise que o mundo enfrenta, é uma crise de santidade” A santidade é crucial, porque é o rosto autêntico da Igreja.
Há sempre pessoas - um sacerdote encontra-se com elas regularmente e vocês devem conhecer várias delas também - que usam desculpas para justificar porque não praticam sua fé, porque lentamente estão cometendo suicídio espiritual. Pode ser porque uma freira se portou mal com eles quando tinham 9 anos. Porque não entendem os ensinamentos da Igreja sobre algum tema particular.
Indubitavelmente haverá muitas pessoas actualmente - e vocês encontram-se com elas - que dirão: “Para quê praticar a fé, para quê ir a Igreja, se a Igreja não pode ser verdadeira, quando os assim chamados escolhidos, são capazes de fazer esse tipo de coisa que estamos lendo?” Este escândalo é como um cabide enorme onde alguns procuram pendurar sua justificativa para não praticar a fé. Por isso é que a santidade é tão importante.
Essas pessoas necessitam encontrar em todos nós uma razão para ter fé, uma razão para ter esperança, uma razão para responder com amor ao amor do Senhor. As bem-aventuranças que lemos no Evangelho são uma receita para a santidade. Todos precisamos vivê-las melhor. Os padres precisam ser mais santos? Certamente. Precisam os frades e freiras de serem mais santos e darem um melhor testemunho de Deus e do Céu? Sem a menor dúvida. Mas todas as pessoas na Igreja precisam fazer o mesmo, inclusive os leigos! Todos temos vocação para ser santos e esta crise é um chamado para que despertemos.
Estes são tempos duros para o sacerdote. São tempos duros para os católicos. Mas também são tempos magníficos para ser um sacerdote e para ser um católico. Jesus disso nas bem-aventuranças: “Bem-aventurados serão quando os injuriarem, vos perseguirem e disserem falsamente todo tipo de maldades contra vocês por minha causa. Alegrem-se e regozijem-se porque será grande a sua recompensa nos céus, pois da mesma forma perseguiram aos profetas antes de vocês.” Eu experimentei essa bem-aventurança, da mesma forma que outros sacerdotes que conheço. No começo desta semana, quando terminei de fazer ginástica numa academia local, eu saía do vestiário usando o meu cabeção e uma mãe, mal me viu, afastou rapidamente seus filhos do caminho e protegeu-os enquanto eu passava. Ficou me olhando quando passei e, quando já me havia afastado o suficiente, respirou aliviada e soltou os seus filhos. Como se eu fosse atacá-los no meio da tarde em plena academia! Mas enquanto todos nós talvez tenhamos que padecer tais insultos e falsidades por causa de Cristo, de facto, devemos regozijar-nos. É um tempo fantástico para ser cristão actualmente, porque é um tempo em que Deus realmente necessita de nós para mostrar Seu verdadeiro rosto. Em tempos passados nos EUA, a Igreja era respeitada. Os sacerdotes eram respeitados. A Igreja tinha reputação de santidade e bondade. Mas hoje já não é assim.
Um dos maiores pregadores na história norte-americana, o Bispo Fulton J. Sheen costumava dizer que preferia viver nos tempos em que a Igreja sofre em vez de florescer tranquilamente, nos tempos em que a Igreja tem que lutar, quando a Igreja tem que ir contra a cultura. São épocas para que os verdadeiros homens e mulheres dêem um passo à frente. “Até os cadáveres podem ir a favor da corrente”, costumava dizer o bispo, indicando que muitas pessoas dão testemunho quando a Igreja é respeitada, “mas são necessários verdadeiros homens e mulheres para nadar contra a corrente.”
Como isso é verdadeiro! É preciso ser um verdadeiro homem e uma verdadeira mulher para manter-se flutuando e nadar contra a corrente que se move em oposição à Igreja. É preciso ser um verdadeiro homem e uma verdadeira mulher para reconhecer que quando se nada contra a corrente das críticas, estamos mais seguros que quando apenas permanecemos agarrados por inércia na rocha sobre a qual Cristo fundou sua Igreja. Estamos num desses tempos difíceis. É um dos grandes momentos para ser cristão.
Algumas pessoas prevêem que nesta região a Igreja passará por tempos difíceis e talvez seja assim, o mais a Igreja sobreviverá, por que o Senhor assegurou a sua sobrevivência. Uma das maiores réplicas na história aconteceu há justamente 200 anos. O imperador Napoleão engolia os países da Europa com os seus exércitos, com a intenção final de dominar totalmente o mundo. Naquela ocasião disse uma vez ao Cardeal Consalvi: “Vou destruir sua Igreja”. O cardeal respondeu: “Não, não poderá”. Napoleão, com seus 1,50 m de altura, disse outra vez: “Eu destruirei a vossa Igreja.” O cardeal disse confiante: “Não, não poderá. Nem nós fomos capazes de fazê-lo!”.
Se os papas ruins, os sacerdotes infiéis e os milhares de pecadores na Igreja não tiveram êxito em destruí-la a partir de dentro - como dizia implicitamente ao general - como crê que poderá fazê-lo? O cardeal referia-se a uma verdade cruel. Mas Cristo nunca permitirá que sua Igreja fracasse. Ele prometeu que as portas do inferno não prevaleceriam sobre a sua Igreja, que a barca de Pedro, a Igreja que navega no tempo rumo ao seu porto eterno no céu, nunca naufragará, não porque aqueles que vão nela não cometam todos os pecados possíveis para afundá-la, mas porque Cristo, que também está na barca, nunca permitirá que isso aconteça. Cristo continua na barca e ele nunca a abandonará.
A magnitude de este escândalo poderia ser tal que de agora em diante vocês tenham dificuldade em confiar nos sacerdotes tanto como o faziam no passado. Isto pode acontecer e talvez não seja tão ruim. Mas nunca percam a confiança no Senhor! É a sua Igreja! Mesmo quando alguns dos seus eleitos O tenham traído, ele chamará outros que serão fiéis, que vos servirão com o amor com que vocês merecem ser servidos, tal como ocorreu depois da morte de Judas, quando os onze apóstolos ficaram de acordo e permitiram que o Senhor escolhesse alguém para tomar o lugar de Judas, e escolheram o homem que terminou sendo São Matias, que proclamou fielmente o Evangelho até ser martirizado.
Este é um tempo em que todos nós precisamos esforçarmo-nos ainda mais em ser santos! Estamos chamados a ser santos, e como necessitamos ver esse rosto bonito e radiante da Igreja! Vocês são parte da solução, uma parte crucial da solução. Quando caminhem para receberem o Sagrado Corpo do Senhor das mãos ungidas deste sacerdote, peçam-Lhe que os encha de um real desejo de santidade, um real desejo de mostrar Seu autêntico rosto.
Uma das razões pelas quais estou aqui como sacerdote é porque sendo jovem, impressionaram-me negativamente alguns sacerdotes que conheci. Via-os celebrar a Missa e quase sem reverência deixavam cair o Corpo do Senhor na patena, como se tivessem nas mãos algo de pouco valor em vez do Criador e Salvador de todos, em vez do meu Criador e Salvados. Lembro ter dito ao Senhor, reiterando meu desejo de ser sacerdote: “Senhor, deixa-me ser sacerdote para que possa tratar-Te como Tu o mereces!”. Isso deu-me um desejo ardente de servir o Senhor. Talvez este escândalo permita que vocês façam o mesmo. Este escândalo pode ser algo que os conduza pelo caminho do suicídio espiritual ou algo que os inspire a dizer, finalmente, “Quero ser santo, para que eu e a Igreja possamos glorificar Teu nome como Tu o mereces, para que outros possam encontrar-Te no amor e na salvação que eu Te encontrei”. Jesus está connosco, como prometeu, até o final dos tempos. Ele continua na barca.
Tal como a partir da traição de Judas, Ele alcançou a maior vitória na história do mundo, a nossa salvação por meio da sua Paixão, morte e Ressurreição, também através deste episódio Ele pode trazer, e quer trazer, um novo renascimento da santidade, para lançar uns novos Actos dos Apóstolos do século XXI, com cada um de nós - e isso inclui você - assumindo um papel de protagonista. Agora é o tempo para que os verdadeiros homens e mulheres da Igreja se ponham em pé. Agora é o tempo dos santos. Como irá você responder?
(Fonte: ‘Fé, Verdade e Caridade’ AQUI com adaptação de JPR)
Agradecimento a uma leitora do blogue
Obrigado, Perdão Ajuda-me
terça-feira, 13 de abril de 2010
O Cardeal Schönborn – “O importante é que se saiba a verdade”
Entrevista do Cardeal Arcebispo de Viena a Maria Teresa Martinengo do diário italiano de Turim ‘La Stampa’ e publicada hoje AQUI
O Cardeal Christoph Schönborn, o carismático Arcebispo de Viena deu voz às vitimas de padres pedófilo, que pediu em nome da Igreja o seu perdão, que conjuntamente com a Conferência Episcopal Austríaca reclamou «verdade e justiça sobre os abusos sexuais», porque frequentemente «os culpados foram mais protegidos que as vítimas», é inquestionavelmente uma das personalidades inspiradores do documento publicado ontem pelo Vaticano. Schönborn ontem encontrava-se em Turim presidindo a uma peregrinação de duzentos fiéis da sua Diocese ao Sudário para uma meditação diante do mesmo. Encontrámo-lo da parte da tarde, no Arcebispado, durante uma pausa da visita. Sobre o documento em si preferiu não comentá-lo. «Não posso, não falarei de um texto que não li na integra», mas aceitou falar da «ferida» da pedofilia e das iniciativas adoptadas em Viena.
Eminência, os passos empreendidos por si e pelos Bispos austríacos nas últimas semanas – a declaração à imprensa dos Bispos, a celebração na Sé Catedral de Santo Estêvão coma s vítimas de abusos e a nomeação de uma senhora como advogada independente das vítimas – resultaram numa viragem?
«Foi um momento importante a realização da Liturgia Penitencial na Sé na quarta-feira da Semana Santa, antecedendo os dias mais relevantes da Páscoa. Naquele final de dia rezámos diante de Deus para pedir o perdão para a Igreja, para todos nós, porque a Igreja é una. Foi uma atitude correcta pedir perdão a Deus e às vítimas em nome de toda a Igreja Austríaca.
Até ontem expoentes da hierarquia eclesial continuavam a minimizar, recordando que o pior sucede dentro das famílias, nas escolas. Porquê?
«É verdade que existem estatísticas, sobretudo na Alemanha, que confirmam uma percentagem mínima de abusos sexuais no âmbito eclesial se comparados com a totalidade, mas a gravidade destes abusos, o Santo Padre expressou-o de forma muito clara à Igreja da Irlanda, é que foram cometidos por pessoas que representam a bondade, a proximidade na caridade, o amor de Deus. É certo, que poder-se-á dizer que a comunicação social exagerou na atenção dedicada a estes fenómenos no meio eclesial. Talvez assim seja, mas para nós Igreja o que é verdadeiramente importante é dizer a verdade, e se esta é grave, dar conta da gravidade da verdade»
Da parte dos opositores, o Papa foi acusado de não haver intervindo com suficiente firmeza…
«O Santo Padre sempre foi de uma clareza acima de qualquer dúvida, Testemunha-o o seu comportamento no caso do meu predecessor: Ratzinger, enquanto Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1995, desejou criar uma comissão de investigação com o único encargo de clarificar as acusações de pedofilia dirigidas ao Arcebispo Hans Hermann Groer, mas foi impedido pela ala da Cúria Romana favorável ao abafar da situação. Existe porém uma outra interpretação, aquela que diz os ataques provêm dos inimigos da Igreja, mas isto não é razão para se dizer que os factos não existem»
Na Quarta-feira da Semana Santa, na Sé Catedral de Viena a celebração terminou num Acto de Contrição. Entre as tantas expressões fortes, qual é aquela que melhor sintetiza o que se passou?
«Falei de “Vergiftung” (envenenamento), ou seja, do facto que a imagem de Deus possa ser “envenenada” por toda uma vida. Por isso o abuso em âmbito eclesial é indubitavelmente mais grave que o praticado por outros».
Aquela celebração foi precedida de uma outra incitativa de grande impacto com vista à transparência, a declaração dos Bispos, a comissão de investigação…
«Na declaração, enquanto Bispos Austríacos agradecemos às vítimas terem falado, agradecemos-lhes pela coragem de romperem o silêncio, pedimos a outros de se manifestarem, porque estamos convictos que só a verdade liberta as vítimas, mas também a nós. Depois, dotámos cada diocese austríaca de responsáveis para atender as vítimas que desejem falar».
Haveis também encarregado uma personalidade política de instituir uma comissão de investigação…
«Instituímos uma advogada das vítimas independente da Igreja na pessoa de Waltraud Klassnic, governadora da Stiria há muitos anos. Esta Senhora, muito conhecida e respeitada na Áustria, encontra-se no processo de criação de uma comissão. Encarregámos esta comissão independente de examinar tudo o que chegue ao seu conhecimento, incluindo no que respeita a eventuais suicídios e ajudas financeiras às vítimas».
Foi aluno do Cardeal Ratzinger, e é-lhe muito próximo. Falou-lhe da experiência da Semana Santa?
«Não tive a oportunidade, mas o Santo Padre encontrou-se vítimas, testemunhei-o nas JMJ de Sidney. É uma pessoa que, desde sempre, tem uma grande sensibilidade para estas feridas. É um homem que ama a verdade, sempre o conheci assim, com esta coragem pela verdade. Quer se goste ou não, faça-nos mal ou não, a verdade liberta-nos.
A publicação do documento (da Santa Sé AQUI) de ontem é uma etapa fundamental nesta direcção. Será que poderá afirmá-lo?
«Talvez o faça, mas após haver lido o texto».
O Sudário, ao qual decidiu vir como peregrino, ajuda a reflectir também sobre estas feridas?
«O Sudário diz-nos: “Convertei-vos”, ou, como disse São Francisco, “Porque é que o amor não é amado?”»
(Tradução e adaptação da responsabilidade de JPR)
O Cardeal Christoph Schönborn, o carismático Arcebispo de Viena deu voz às vitimas de padres pedófilo, que pediu em nome da Igreja o seu perdão, que conjuntamente com a Conferência Episcopal Austríaca reclamou «verdade e justiça sobre os abusos sexuais», porque frequentemente «os culpados foram mais protegidos que as vítimas», é inquestionavelmente uma das personalidades inspiradores do documento publicado ontem pelo Vaticano. Schönborn ontem encontrava-se em Turim presidindo a uma peregrinação de duzentos fiéis da sua Diocese ao Sudário para uma meditação diante do mesmo. Encontrámo-lo da parte da tarde, no Arcebispado, durante uma pausa da visita. Sobre o documento em si preferiu não comentá-lo. «Não posso, não falarei de um texto que não li na integra», mas aceitou falar da «ferida» da pedofilia e das iniciativas adoptadas em Viena.
Eminência, os passos empreendidos por si e pelos Bispos austríacos nas últimas semanas – a declaração à imprensa dos Bispos, a celebração na Sé Catedral de Santo Estêvão coma s vítimas de abusos e a nomeação de uma senhora como advogada independente das vítimas – resultaram numa viragem?
«Foi um momento importante a realização da Liturgia Penitencial na Sé na quarta-feira da Semana Santa, antecedendo os dias mais relevantes da Páscoa. Naquele final de dia rezámos diante de Deus para pedir o perdão para a Igreja, para todos nós, porque a Igreja é una. Foi uma atitude correcta pedir perdão a Deus e às vítimas em nome de toda a Igreja Austríaca.
Até ontem expoentes da hierarquia eclesial continuavam a minimizar, recordando que o pior sucede dentro das famílias, nas escolas. Porquê?
«É verdade que existem estatísticas, sobretudo na Alemanha, que confirmam uma percentagem mínima de abusos sexuais no âmbito eclesial se comparados com a totalidade, mas a gravidade destes abusos, o Santo Padre expressou-o de forma muito clara à Igreja da Irlanda, é que foram cometidos por pessoas que representam a bondade, a proximidade na caridade, o amor de Deus. É certo, que poder-se-á dizer que a comunicação social exagerou na atenção dedicada a estes fenómenos no meio eclesial. Talvez assim seja, mas para nós Igreja o que é verdadeiramente importante é dizer a verdade, e se esta é grave, dar conta da gravidade da verdade»
Da parte dos opositores, o Papa foi acusado de não haver intervindo com suficiente firmeza…
«O Santo Padre sempre foi de uma clareza acima de qualquer dúvida, Testemunha-o o seu comportamento no caso do meu predecessor: Ratzinger, enquanto Perfeito da Congregação para a Doutrina da Fé em 1995, desejou criar uma comissão de investigação com o único encargo de clarificar as acusações de pedofilia dirigidas ao Arcebispo Hans Hermann Groer, mas foi impedido pela ala da Cúria Romana favorável ao abafar da situação. Existe porém uma outra interpretação, aquela que diz os ataques provêm dos inimigos da Igreja, mas isto não é razão para se dizer que os factos não existem»
Na Quarta-feira da Semana Santa, na Sé Catedral de Viena a celebração terminou num Acto de Contrição. Entre as tantas expressões fortes, qual é aquela que melhor sintetiza o que se passou?
«Falei de “Vergiftung” (envenenamento), ou seja, do facto que a imagem de Deus possa ser “envenenada” por toda uma vida. Por isso o abuso em âmbito eclesial é indubitavelmente mais grave que o praticado por outros».
Aquela celebração foi precedida de uma outra incitativa de grande impacto com vista à transparência, a declaração dos Bispos, a comissão de investigação…
«Na declaração, enquanto Bispos Austríacos agradecemos às vítimas terem falado, agradecemos-lhes pela coragem de romperem o silêncio, pedimos a outros de se manifestarem, porque estamos convictos que só a verdade liberta as vítimas, mas também a nós. Depois, dotámos cada diocese austríaca de responsáveis para atender as vítimas que desejem falar».
Haveis também encarregado uma personalidade política de instituir uma comissão de investigação…
«Instituímos uma advogada das vítimas independente da Igreja na pessoa de Waltraud Klassnic, governadora da Stiria há muitos anos. Esta Senhora, muito conhecida e respeitada na Áustria, encontra-se no processo de criação de uma comissão. Encarregámos esta comissão independente de examinar tudo o que chegue ao seu conhecimento, incluindo no que respeita a eventuais suicídios e ajudas financeiras às vítimas».
Foi aluno do Cardeal Ratzinger, e é-lhe muito próximo. Falou-lhe da experiência da Semana Santa?
«Não tive a oportunidade, mas o Santo Padre encontrou-se vítimas, testemunhei-o nas JMJ de Sidney. É uma pessoa que, desde sempre, tem uma grande sensibilidade para estas feridas. É um homem que ama a verdade, sempre o conheci assim, com esta coragem pela verdade. Quer se goste ou não, faça-nos mal ou não, a verdade liberta-nos.
A publicação do documento (da Santa Sé AQUI) de ontem é uma etapa fundamental nesta direcção. Será que poderá afirmá-lo?
«Talvez o faça, mas após haver lido o texto».
O Sudário, ao qual decidiu vir como peregrino, ajuda a reflectir também sobre estas feridas?
«O Sudário diz-nos: “Convertei-vos”, ou, como disse São Francisco, “Porque é que o amor não é amado?”»
(Tradução e adaptação da responsabilidade de JPR)
Ex-presidente do Município de Nova Iorque de origem judaica: Ataques à Igreja e ao Papa são manifestação anti-católica dos meios de comunicação
Ed Kock é um judeu que foi presidente do Município de Nova Iorque, Estados Unidos, entre 1978 e 1989, escreveu um artigo no jornal israelita Jerusalem Post no qual assinala: "acredito que os contínuos ataques dos meios de comunicação à Igreja Católica e a Bento XVI converteram-se em manifestações de anti-catolicismo e que a série de artigos sobre os mesmos eventos não têm já a intenção de informar mas sim de ‘castigar’".
No seu artigo sobre a campanha difamatória empreendida por diversos meios para apresentar o Santo Padre como "encobridor" de abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, Koch comenta que este tipo de crimes são uma coisa "horrenda" e sublinha como o Papa Bento XVI "em várias ocasiões, em nome da Igreja, admitiu as culpas e pediu perdão".
Para o ex-presidente de Nova Iorque "muitos dos que nos meios atacam a Igreja e o Papa hoje o fazem evidentemente com prazer, e em qualquer caso com malícia".
Isto acontece, em opinião de Ed Kock, porque "existem muitos nos meios, inclusive entre os católicos assim como entre outras pessoas, que objectam ou se irritam pela posição da Igreja que é contrária a todo aborto e ao matrimónio entre pessoas do mesmo sexo, favorece a manutenção da regra do celibato para os sacerdotes assim como a exclusão das mulheres no sacerdócio. É contrária às medidas de controle da natalidade, ao uso libertino dos preservativo e fármacos (anticoncepcionais), assim como contrária ao divórcio civil".
Embora ele mesmo possa não estar de acordo com estas posições, explica Koch, considera no entanto, que a Igreja Católica tem "o direito de exigir a seus próprios fiéis o cumprimento de todas as suas obrigações religiosas e o direito de sustentar-se no que (Ela) crê".
Para o ex-edil a Igreja Católica é "uma força positiva no mundo" e que a importância de milhões de católicos é importante para a paz e a prosperidade.
Finalmente Ed Kock reitera que "os actos cometidos por membros do clero católico são actos terríveis" e adverte citando o Evangelho de São João: "quem de vós esteja livre de pecado, que atire a primeira pedra".
(Fonte: ‘ACI Digital com adaptação de JPR)
No seu artigo sobre a campanha difamatória empreendida por diversos meios para apresentar o Santo Padre como "encobridor" de abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero, Koch comenta que este tipo de crimes são uma coisa "horrenda" e sublinha como o Papa Bento XVI "em várias ocasiões, em nome da Igreja, admitiu as culpas e pediu perdão".
Para o ex-presidente de Nova Iorque "muitos dos que nos meios atacam a Igreja e o Papa hoje o fazem evidentemente com prazer, e em qualquer caso com malícia".
Isto acontece, em opinião de Ed Kock, porque "existem muitos nos meios, inclusive entre os católicos assim como entre outras pessoas, que objectam ou se irritam pela posição da Igreja que é contrária a todo aborto e ao matrimónio entre pessoas do mesmo sexo, favorece a manutenção da regra do celibato para os sacerdotes assim como a exclusão das mulheres no sacerdócio. É contrária às medidas de controle da natalidade, ao uso libertino dos preservativo e fármacos (anticoncepcionais), assim como contrária ao divórcio civil".
Embora ele mesmo possa não estar de acordo com estas posições, explica Koch, considera no entanto, que a Igreja Católica tem "o direito de exigir a seus próprios fiéis o cumprimento de todas as suas obrigações religiosas e o direito de sustentar-se no que (Ela) crê".
Para o ex-edil a Igreja Católica é "uma força positiva no mundo" e que a importância de milhões de católicos é importante para a paz e a prosperidade.
Finalmente Ed Kock reitera que "os actos cometidos por membros do clero católico são actos terríveis" e adverte citando o Evangelho de São João: "quem de vós esteja livre de pecado, que atire a primeira pedra".
(Fonte: ‘ACI Digital com adaptação de JPR)
S. Josemaría nesta data em 1973
Pronuncia a homilia “Sacerdote para a eternidade”, em que diz: “Peço a todos os cristãos que rezeis muito por nós, sacerdotes, para que saibamos realizar santamente o Santo Sacrifício. Rogo-vos que mostreis um amor tão delicado à Santa Missa, que nos leve a nós, sacerdotes, a celebrá-la com dignidade – com elegância – humana e sobrenatural: com asseio nos paramentos e nos objectos destinados ao culto, com devoção, sem pressas”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Dez tendências que estão a mudar a Igreja - Como vê o vaticanista John L. Allen o futuro da Igreja Católica no século XXI
Como será a Igreja católica no século XXI? John Allen, jornalista perito em informação religiosa, destaca no seu novo livro The Future Church (1) as tendências que estão a mudar a Igreja, especialmente no que respeita aos paradigmas que predominam desde o Vaticano II.
John L. Allen, nortea-mericano, jornalista e autor de vários livros, apresenta, em The Future Church: How Ten Trends are Revolutionizing the Catholic Church, uma visão de conjunto dos desafios que enfrenta uma Igreja milenária, ao lidar com mudanças que podem colocar os católicos perante complicados dilemas.
Allen refere dez tendências religiosas, políticas e científicas que, em sua opinião, terão grande influência na maior comunidade cristã do mundo. Dedica a cada tendência um capítulo em que descreve a sua forma actual e prevê as suas consequências, distinguindo as que considera quase certas, prováveis, possíveis e improváveis. Allen expressa-se como o que é: "um jornalista, não um sacerdote, nem um teólogo nem membro de qualquer associação académica ".
Que se entende por tendência
Os leitores anglófonos dos Estados Unidos e de otros países já conhecem John Allen, o principal jornalista do National Catholic Reporter - uma considerada publicação com sede nos EUA, de inclinações de esquerda em política, e que acolhe nas suas páginas escritores católicos progressistas. Os habituais artigos de Allen revelam um trabalho de investigação, que também se manifesta no livro, e dão a conhecer, além disso, o pensamento de informadores de renome, entre os quais se contam teólogos, bispos, cardeais e incluso o Papa Bento XVI, quando cardeal Ratzinger. A sua visão é ampla e, sem dúvida, católica (quer dizer, universal), especialmente para um norte-americano.
A experiência dos católicos nos EUA. está, naturalmente, matizada pela história do seu país e, por vezes, constitui motivo de irritação para outros católicos, em particular, para os de fora da Europa. Os católicos norte-americanos costumam impor o seu próprio paradigma, quando examinam o modo como a fé católica é vivida fora da sua pátria. Allen não é completamente imune a essa atitude, nem mesmo quando se ocupa de questões tão diversas como o apogeu do Islão, o pentecostalismo, o ecologismo e a queda demográfica da Europa.
Allen assegura que as dez tendências de que se ocupa "revolucionarão" a Igreja católica e, como jornalista, oferece, de forma equânime, descrições, mais que receitas, para defrontar as mudanças que, segundo acredita, transformarão essa Igreja de maneira radical. Abstém-se de identificar tais tendências como boas ou más, limitando-se a qualificá-las de inter-relacionadas e, praticamente, inevitáveis.
As dez tendências descritas por Allen são: 1) Uma Igreja mundial, 2) Catolicismo evangélico, 3) O Islão, 4) A nova demografia, 5) O alargamento do papel dos leigos, 6) A revolução biotecnológica, 7) Globalização, 8) A ecologia, 9) Multi-polarização e 10) Pentecostalismo. A estas se acrescentam "Tendências que não são tendências" e "Catolicismo no século XXI". Como se vê, não é necessário que seja uma tendência especificamente católica, mas algo que afecte o catolicismo de modo significativo.
Para que possa falar-se de tendências, diz Allen, devem estas ser à escala mundial, ter repercussões de âmbito popular, envolver a hierarquia oficial, não serem ideológicas, disporem de capacidade de profetizar e possibilidade de explicar diversos factores. Questões como a crise de abusos sexuais ficam, por conseguinte, fora do que se entende por "tendências". Contudo, o capítulo intitulado "Tendências que não são tendências", embora breve, é tão magistral e interessante como os que o precedem.
A queda demográfica Norte-Sul
Em relação a "A nova demografia" da Igreja católica, Allen observa que, a meados do século XXI, a Nigéria, Uganda e a República Democrática do Congo figurarão entre as dez maiores nações católicas do mundo, substituindo a Espanha, por exemplo. Assim, a Igreja que ele descreve terá lançado raízes para lá da Cristandade europeia, vendo-se, entretanto, afectada por outra tendência: "a globalização". Supõe que se porá o ênfase em interrogações e se adoptem pontos de vista que não estejam de acordo com os dos católicos da Europa e América do Norte.
Por exemplo, embora os católicos norte-americanos politicamente conservadores possam aplaudir a rejeição africana do preservativo e do aborto, podem não sentir-se cómodos com uma crescente denúncia africana do cada vez maior e mais dissoluto consumismo ocidental, e de um desenfreado capitalismo a expensas dos pobres. Em África e na América Latina, a introdução de línguas e costumes nativos poderá ser uma ameaça para uma hierarquia, que procura apoiar as diferenças culturais, sem deixar de ser fiel ao Magistério e a antiquíssimas liturgias.
Por estranho que pareça, o uso do latim na missa pode servir realmente de ponte entre idiomas e culturas díspares.
Catolicismo evangélico
O que Allen descreve como "catolicismo evangélico" não é um movimento sectário, mas uma tendência, que está subjacente às restantes descritas no livro. Esta tendência emergiu durante o pontificado de João Paulo II. A partir de então, diz Allen, "o catolicismo foi-se tornando cada vez mais evangélico, mantendo a sua identidade com firmeza e sem deixar-se intimidar; mais interessado em evangelizar a cultura do que adaptar-se a ela".
Entre as suas linhas definidoras contam-se: uma clara aceitação do pensamento, as práticas e o discurso católicos (por outras palavras, da ortodoxia), um desejo de proclamar a identidade católica, e a fé vivida como escolha pessoal, mais do que como herança cultural. Daí que os católicos evangélicos possam acabar por entrar em conflito com o laicismo europeu e com a "separação entre Igreja e Estado" na América do Norte.
No seu capítulo sobre o Islão, Allen oferece-nos uma atraente visão do que poderia ser uma futura cooperação entre a Igreja Católica e a fé de Maomé. Das duas correntes principais do Islão, a xiita e a sunita, o autor pensa que a primeira tem mais probabilidades de forjar uma aliança com a Igreja Católica, devido às afinidades que têm: uma teologia do sacrifício e a expiação, a crença no livre arbítrio, peregrinações, santuários onde têm lugar curas, veneração de santos... Estas afinidades não deveriam fazer desistir do diálogo com o Islão sunita - dominado na actualidade pelo wahabismo, que impera na Arábia Saudita - nem com a fé xiita extremista, personificada pelo violento clérigo Muqtada Al-Sadr. A tendência islâmica está, naturalmente, relacionada tanto com a "globalização" como com a "nova demografia". Por exemplo, Allen refere que o crescimento demográfico islâmico está a decair, e que o catolicismo continua a crescer em África.
O último capítulo de Future Church oferece um útil resumo do livro. Unindo os fios condutores dos dez capítulos anteriores, Allen apresenta quatro linhas principais de desenvolvimento, que podem constituir o futuro rumo da Igreja. Estas "notas sociológicas", que vão manifestar-se durante o resto do século actual, são: "'mundial, firme, pentecostal e extrovertida'". Em síntese, Allen vê a Igreja do futuro como "conservadora na moral", "avançada na justiça social", "bíblica", "jovem e optimista", e "não identificada com europeus e norte-americanos", entre outros aspectos. Estes não são mais que os subconjuntos da nota sociológica intitulada "global", e os restantes subconjuntos fazem da obra de Allen não só um desafio, mas uma inspiração para os católicos de todo o mundo.
A Igreja num novo mundo
Na Introdução do livro, John Allen sintetiza assim as mudanças com que a Igreja católica se confronta.
- Uma Igreja, que esteve dominada no século XX pelo hemisfério Norte, isto é, por europeus e norte-americanos, depara-se agora com dois terços dos seus membros que vivem na África, Ásia e América Latina. A internacionalização do governo da Igreja católica atingirá um nível até agora desconhecido.
- Uma Igreja, cuja preocupação depois do Vaticano II (1962-1965) foi aggiornamento, como "actualização para se abrir ao mundo moderno", hoje está reafirmando oficialmente tudo o que a distingue da modernidade: as suas tradicionais características católicas de pensamento, discurso e práticas. Esta política da identidade é, em parte, uma reacção contra um secularismo desenfreado.
- Uma Igreja, cujas relações inter-religiosas estiveram dominadas, nos últimos quarenta anos, pelo diálogo com o judaísmo, está, agora, a esforçar-se por chegar a um acordo com um Islão fortalecido, não só no Médio Oriente, África e Ásia, mas também no seu próprio espaço europeu.
- Uma Igreja, que historicamente dedicou uma grande parte do seu trabalho pastoral aos jovens, tem de enfrentar, começando pelo Norte, o mais rápido envelhecimento da população da história.
- Uma Igreja, que se apoiou no clero para o múnus pastoral e a liderança, agora tem cada vez mais leigos, que fazem ambas as coisas em grande número e de uma forma surpreendentemente variada.
- Uma Igreja habituada a debater temas bioéticos, que estiveram presentes durante séculos - aborto, controlo de natalidade -, confronta-se agora com um brave new world de clonagem, avanços genéticos, híbridos que cruzam as espécies. A sua doutrina moral esforça-se desesperadamente por manter-se em dia com os avanços científicos.
- Uma Igreja, cuja doutrina social se forjou nos primeiros tempos da Revolução Industrial, tem agora de enfrentar o mundo globalizado do século XXI, cheio de diferentes entidades como corporações multinacionais e organizações intergovernamentais, que não existiam quando estabeleceu a sua própria visão de uma sociedade justa.
- Uma Igreja, cujas preocupações sociais se centraram quase exclusivamente nos seres humanos, encontra-se agora num mundo em que a preservação da Terra requer novas reflexões morais e teológicas.
- Uma Igreja, cuja diplomacia se apoiou sempre na grande potência católica do momento, move-se agora num mundo multipolar, no qual a maioria dos pólos importantes não são católicos, nem sequer cristãos.
- Uma Igreja habituada a ver os "outros" cristãos como ortodoxos, anglicanos e protestantes, hoje está a assistir a um avanço dos pentecostais, que disparou de 5% para 20% em todo o mundo, em apenas um quarto de século, em parte pela absorção de um número significativo de católicos. A própria Igreja católica está a ser "pentecostalizada" através do movimento carismático.
Martin Barillas
________________________________________
NOTAS
(1) John L. Allen. The Future Church: How Ten Trends Are Revolutionizing the Catholic Church. Doubleday. New York (2009). 480 págs. 28 $.
Aceprensa
John L. Allen, nortea-mericano, jornalista e autor de vários livros, apresenta, em The Future Church: How Ten Trends are Revolutionizing the Catholic Church, uma visão de conjunto dos desafios que enfrenta uma Igreja milenária, ao lidar com mudanças que podem colocar os católicos perante complicados dilemas.
Allen refere dez tendências religiosas, políticas e científicas que, em sua opinião, terão grande influência na maior comunidade cristã do mundo. Dedica a cada tendência um capítulo em que descreve a sua forma actual e prevê as suas consequências, distinguindo as que considera quase certas, prováveis, possíveis e improváveis. Allen expressa-se como o que é: "um jornalista, não um sacerdote, nem um teólogo nem membro de qualquer associação académica ".
Que se entende por tendência
Os leitores anglófonos dos Estados Unidos e de otros países já conhecem John Allen, o principal jornalista do National Catholic Reporter - uma considerada publicação com sede nos EUA, de inclinações de esquerda em política, e que acolhe nas suas páginas escritores católicos progressistas. Os habituais artigos de Allen revelam um trabalho de investigação, que também se manifesta no livro, e dão a conhecer, além disso, o pensamento de informadores de renome, entre os quais se contam teólogos, bispos, cardeais e incluso o Papa Bento XVI, quando cardeal Ratzinger. A sua visão é ampla e, sem dúvida, católica (quer dizer, universal), especialmente para um norte-americano.
A experiência dos católicos nos EUA. está, naturalmente, matizada pela história do seu país e, por vezes, constitui motivo de irritação para outros católicos, em particular, para os de fora da Europa. Os católicos norte-americanos costumam impor o seu próprio paradigma, quando examinam o modo como a fé católica é vivida fora da sua pátria. Allen não é completamente imune a essa atitude, nem mesmo quando se ocupa de questões tão diversas como o apogeu do Islão, o pentecostalismo, o ecologismo e a queda demográfica da Europa.
Allen assegura que as dez tendências de que se ocupa "revolucionarão" a Igreja católica e, como jornalista, oferece, de forma equânime, descrições, mais que receitas, para defrontar as mudanças que, segundo acredita, transformarão essa Igreja de maneira radical. Abstém-se de identificar tais tendências como boas ou más, limitando-se a qualificá-las de inter-relacionadas e, praticamente, inevitáveis.
As dez tendências descritas por Allen são: 1) Uma Igreja mundial, 2) Catolicismo evangélico, 3) O Islão, 4) A nova demografia, 5) O alargamento do papel dos leigos, 6) A revolução biotecnológica, 7) Globalização, 8) A ecologia, 9) Multi-polarização e 10) Pentecostalismo. A estas se acrescentam "Tendências que não são tendências" e "Catolicismo no século XXI". Como se vê, não é necessário que seja uma tendência especificamente católica, mas algo que afecte o catolicismo de modo significativo.
Para que possa falar-se de tendências, diz Allen, devem estas ser à escala mundial, ter repercussões de âmbito popular, envolver a hierarquia oficial, não serem ideológicas, disporem de capacidade de profetizar e possibilidade de explicar diversos factores. Questões como a crise de abusos sexuais ficam, por conseguinte, fora do que se entende por "tendências". Contudo, o capítulo intitulado "Tendências que não são tendências", embora breve, é tão magistral e interessante como os que o precedem.
A queda demográfica Norte-Sul
Em relação a "A nova demografia" da Igreja católica, Allen observa que, a meados do século XXI, a Nigéria, Uganda e a República Democrática do Congo figurarão entre as dez maiores nações católicas do mundo, substituindo a Espanha, por exemplo. Assim, a Igreja que ele descreve terá lançado raízes para lá da Cristandade europeia, vendo-se, entretanto, afectada por outra tendência: "a globalização". Supõe que se porá o ênfase em interrogações e se adoptem pontos de vista que não estejam de acordo com os dos católicos da Europa e América do Norte.
Por exemplo, embora os católicos norte-americanos politicamente conservadores possam aplaudir a rejeição africana do preservativo e do aborto, podem não sentir-se cómodos com uma crescente denúncia africana do cada vez maior e mais dissoluto consumismo ocidental, e de um desenfreado capitalismo a expensas dos pobres. Em África e na América Latina, a introdução de línguas e costumes nativos poderá ser uma ameaça para uma hierarquia, que procura apoiar as diferenças culturais, sem deixar de ser fiel ao Magistério e a antiquíssimas liturgias.
Por estranho que pareça, o uso do latim na missa pode servir realmente de ponte entre idiomas e culturas díspares.
Catolicismo evangélico
O que Allen descreve como "catolicismo evangélico" não é um movimento sectário, mas uma tendência, que está subjacente às restantes descritas no livro. Esta tendência emergiu durante o pontificado de João Paulo II. A partir de então, diz Allen, "o catolicismo foi-se tornando cada vez mais evangélico, mantendo a sua identidade com firmeza e sem deixar-se intimidar; mais interessado em evangelizar a cultura do que adaptar-se a ela".
Entre as suas linhas definidoras contam-se: uma clara aceitação do pensamento, as práticas e o discurso católicos (por outras palavras, da ortodoxia), um desejo de proclamar a identidade católica, e a fé vivida como escolha pessoal, mais do que como herança cultural. Daí que os católicos evangélicos possam acabar por entrar em conflito com o laicismo europeu e com a "separação entre Igreja e Estado" na América do Norte.
No seu capítulo sobre o Islão, Allen oferece-nos uma atraente visão do que poderia ser uma futura cooperação entre a Igreja Católica e a fé de Maomé. Das duas correntes principais do Islão, a xiita e a sunita, o autor pensa que a primeira tem mais probabilidades de forjar uma aliança com a Igreja Católica, devido às afinidades que têm: uma teologia do sacrifício e a expiação, a crença no livre arbítrio, peregrinações, santuários onde têm lugar curas, veneração de santos... Estas afinidades não deveriam fazer desistir do diálogo com o Islão sunita - dominado na actualidade pelo wahabismo, que impera na Arábia Saudita - nem com a fé xiita extremista, personificada pelo violento clérigo Muqtada Al-Sadr. A tendência islâmica está, naturalmente, relacionada tanto com a "globalização" como com a "nova demografia". Por exemplo, Allen refere que o crescimento demográfico islâmico está a decair, e que o catolicismo continua a crescer em África.
O último capítulo de Future Church oferece um útil resumo do livro. Unindo os fios condutores dos dez capítulos anteriores, Allen apresenta quatro linhas principais de desenvolvimento, que podem constituir o futuro rumo da Igreja. Estas "notas sociológicas", que vão manifestar-se durante o resto do século actual, são: "'mundial, firme, pentecostal e extrovertida'". Em síntese, Allen vê a Igreja do futuro como "conservadora na moral", "avançada na justiça social", "bíblica", "jovem e optimista", e "não identificada com europeus e norte-americanos", entre outros aspectos. Estes não são mais que os subconjuntos da nota sociológica intitulada "global", e os restantes subconjuntos fazem da obra de Allen não só um desafio, mas uma inspiração para os católicos de todo o mundo.
A Igreja num novo mundo
Na Introdução do livro, John Allen sintetiza assim as mudanças com que a Igreja católica se confronta.
- Uma Igreja, que esteve dominada no século XX pelo hemisfério Norte, isto é, por europeus e norte-americanos, depara-se agora com dois terços dos seus membros que vivem na África, Ásia e América Latina. A internacionalização do governo da Igreja católica atingirá um nível até agora desconhecido.
- Uma Igreja, cuja preocupação depois do Vaticano II (1962-1965) foi aggiornamento, como "actualização para se abrir ao mundo moderno", hoje está reafirmando oficialmente tudo o que a distingue da modernidade: as suas tradicionais características católicas de pensamento, discurso e práticas. Esta política da identidade é, em parte, uma reacção contra um secularismo desenfreado.
- Uma Igreja, cujas relações inter-religiosas estiveram dominadas, nos últimos quarenta anos, pelo diálogo com o judaísmo, está, agora, a esforçar-se por chegar a um acordo com um Islão fortalecido, não só no Médio Oriente, África e Ásia, mas também no seu próprio espaço europeu.
- Uma Igreja, que historicamente dedicou uma grande parte do seu trabalho pastoral aos jovens, tem de enfrentar, começando pelo Norte, o mais rápido envelhecimento da população da história.
- Uma Igreja, que se apoiou no clero para o múnus pastoral e a liderança, agora tem cada vez mais leigos, que fazem ambas as coisas em grande número e de uma forma surpreendentemente variada.
- Uma Igreja habituada a debater temas bioéticos, que estiveram presentes durante séculos - aborto, controlo de natalidade -, confronta-se agora com um brave new world de clonagem, avanços genéticos, híbridos que cruzam as espécies. A sua doutrina moral esforça-se desesperadamente por manter-se em dia com os avanços científicos.
- Uma Igreja, cuja doutrina social se forjou nos primeiros tempos da Revolução Industrial, tem agora de enfrentar o mundo globalizado do século XXI, cheio de diferentes entidades como corporações multinacionais e organizações intergovernamentais, que não existiam quando estabeleceu a sua própria visão de uma sociedade justa.
- Uma Igreja, cujas preocupações sociais se centraram quase exclusivamente nos seres humanos, encontra-se agora num mundo em que a preservação da Terra requer novas reflexões morais e teológicas.
- Uma Igreja, cuja diplomacia se apoiou sempre na grande potência católica do momento, move-se agora num mundo multipolar, no qual a maioria dos pólos importantes não são católicos, nem sequer cristãos.
- Uma Igreja habituada a ver os "outros" cristãos como ortodoxos, anglicanos e protestantes, hoje está a assistir a um avanço dos pentecostais, que disparou de 5% para 20% em todo o mundo, em apenas um quarto de século, em parte pela absorção de um número significativo de católicos. A própria Igreja católica está a ser "pentecostalizada" através do movimento carismático.
Martin Barillas
________________________________________
NOTAS
(1) John L. Allen. The Future Church: How Ten Trends Are Revolutionizing the Catholic Church. Doubleday. New York (2009). 480 págs. 28 $.
Aceprensa
A pobreza no seu sentido mais lato
«Mas o coração das pessoas que nada possuem pode estar endurecido, envenenado, corrompido: cheio interiormente de cobiça pelo que não possui, esquecido de Deus e ávido apenas de bens materiais».
(“Jesus de Nazaré” – Joseph Ratzinger / Bento XVI)
(“Jesus de Nazaré” – Joseph Ratzinger / Bento XVI)
Tema para reflexão
Imaginação e distracção
Não te distraias, não deixes a imaginação à solta: vive dentro de ti e estarás mais perto de Deus. (S. JOSEMARIA, Forja, 1023)
Evangelium Vitae 18c
«Chega assim a uma viragem de trágicas consequências, um longo processo histórico, o qual, depois de ter descoberto o conceito de "direitos humanos" — como direitos inerentes a cada pessoa e anteriores a qualquer Constituição e legislação dos Estados —, incorre hoje numa estranha contradição: precisamente numa época em que se proclamam solenemente os direitos invioláveis da pessoa e se afirma publicamente o valor da vida, o próprio direito à vida é praticamente negado e espezinhado, particularmente nos momentos mais emblemáticos da existência, como são o nascer e o morrer.»
(JOÃO PAULO II, Evangelium Vitae, 18c)
Agradecimento: António Mexia Alves
Não te distraias, não deixes a imaginação à solta: vive dentro de ti e estarás mais perto de Deus. (S. JOSEMARIA, Forja, 1023)
Evangelium Vitae 18c
«Chega assim a uma viragem de trágicas consequências, um longo processo histórico, o qual, depois de ter descoberto o conceito de "direitos humanos" — como direitos inerentes a cada pessoa e anteriores a qualquer Constituição e legislação dos Estados —, incorre hoje numa estranha contradição: precisamente numa época em que se proclamam solenemente os direitos invioláveis da pessoa e se afirma publicamente o valor da vida, o próprio direito à vida é praticamente negado e espezinhado, particularmente nos momentos mais emblemáticos da existência, como são o nascer e o morrer.»
(JOÃO PAULO II, Evangelium Vitae, 18c)
Agradecimento: António Mexia Alves
Comentário ao Evangelho do dia feito por:
Santa Teresa Benedita da Cruz [Edith Stein] (1891-1942), carmelita, mártir, co-padroeira da Europa
Poesia Pentecostes 1942 (a partir da trad. Malgré la nuit, Ad solem 2002, p. 121)
«Não sabes de onde vem nem para onde vai»
Quem és, suave luz que me sacias
E que iluminas as trevas do meu coração?
Guias-me como a mão de uma mãe,
e se me soltasses
não mais poderia dar um só passo.
És o espaço
que envolve o meu ser e me protege.
Longe de Ti, naufragaria no abismo do nada
de onde me tiraste para me criar para a luz.
Tu, mais próximo de mim
do que eu própria,
mais intimo do que as profundezas da minha alma,
e contudo incompreensível e inefável,
para além de qualquer nome,
Espírito Santo, Amor Eterno!
Não és Tu o doce maná
que do coração do Filho
transborda para o meu,
o alimento dos anjos e dos bem-aventurados?
Aquele que Se elevou da morte à vida
também me despertou do sono da morte para uma vida nova.
E, dia após dia,
continua a dar-me uma nova vida,
de que um dia a plenitude me inundará por completo,
vida procedente da Tua vida, sim, Tu mesmo,
Espírito Santo, Vida Eterna!
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Poesia Pentecostes 1942 (a partir da trad. Malgré la nuit, Ad solem 2002, p. 121)
«Não sabes de onde vem nem para onde vai»
Quem és, suave luz que me sacias
E que iluminas as trevas do meu coração?
Guias-me como a mão de uma mãe,
e se me soltasses
não mais poderia dar um só passo.
És o espaço
que envolve o meu ser e me protege.
Longe de Ti, naufragaria no abismo do nada
de onde me tiraste para me criar para a luz.
Tu, mais próximo de mim
do que eu própria,
mais intimo do que as profundezas da minha alma,
e contudo incompreensível e inefável,
para além de qualquer nome,
Espírito Santo, Amor Eterno!
Não és Tu o doce maná
que do coração do Filho
transborda para o meu,
o alimento dos anjos e dos bem-aventurados?
Aquele que Se elevou da morte à vida
também me despertou do sono da morte para uma vida nova.
E, dia após dia,
continua a dar-me uma nova vida,
de que um dia a plenitude me inundará por completo,
vida procedente da Tua vida, sim, Tu mesmo,
Espírito Santo, Vida Eterna!
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 13 de Abril de 2010
São João 3,7-15
7 Não te maravilhes de Eu te dizer: É preciso que nasçais de novo.8 O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem nem para onde vai; assim é todo aquele que nasceu do Espírito».9 Nicodemos disse-Lhe: «Como pode ser isto?».10 Jesus respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?11 «Em verdade, em verdade te digo que Nós dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não recebeis o Nosso testemunho.12 Se, quando vos falo das coisas terrenas, não Me acreditais, como Me acreditareis, se vos falar das celestes?13 Ninguém subiu ao céu, senão Aquele que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu.14 E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do Homem,15 a fim de que todo o que crê n'Ele tenha a vida eterna.
7 Não te maravilhes de Eu te dizer: É preciso que nasçais de novo.8 O vento sopra onde quer, e tu ouves a sua voz, mas não sabes donde ele vem nem para onde vai; assim é todo aquele que nasceu do Espírito».9 Nicodemos disse-Lhe: «Como pode ser isto?».10 Jesus respondeu-lhe: «Tu és mestre em Israel e não sabes estas coisas?11 «Em verdade, em verdade te digo que Nós dizemos o que sabemos e damos testemunho do que vimos, mas vós não recebeis o Nosso testemunho.12 Se, quando vos falo das coisas terrenas, não Me acreditais, como Me acreditareis, se vos falar das celestes?13 Ninguém subiu ao céu, senão Aquele que desceu do céu, o Filho do Homem, que está no céu.14 E como Moisés levantou no deserto a serpente, assim também importa que seja levantado o Filho do Homem,15 a fim de que todo o que crê n'Ele tenha a vida eterna.
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