Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

sábado, 12 de junho de 2010

16 a 18 Jun - Teatro "Mistérios da Missa" - Convento de Cardaes





















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A Cruz e a Igreja (Editorial ‘L’Osservatore Romano’)

A visita de Bento XVI a Chipre foi um sucesso que deve permanecer, como disse o próprio Papa ao despedir-se do país. Como sempre, são palavras escolhidas atentamente e não se referem apenas ao sucesso exterior da viagem, que é inegável, mas sobretudo ao seu significado mais profundo. O décimo sexto itinerário internacional do pontificado explicitamente apresentado como uma continuação do que se fez na Terra Santa foi de facto importante antes de tudo para a grande ilha mediterrânea, que festeja o cinquentenário da independência e sofre ainda hoje por uma divisão não natural. Como mostrou a própria localização da Nunciatura, onde o Papa hospedou nestes dias e que se encontra na "linha verde" controlada pelos militares das Nações Unidas no coração de uma capital dividida.

Mas o alcance da viagem, num país ortodoxo, é histórico pela ulterior aproximação a uma Igreja irmã conceituada e veneranda, que sob a guia do arcebispo Crisóstomo II se comprometeu com decisão no caminho ecuménico. Um processo interno às confissões cristãs que constitui também uma indicação e olha para o futuro numa região como o Próximo e o Médio Oriente atormentada e com muita frequência ensanguentada, onde o único percurso realista para uma paz concreta e duradoura é o confronto triplo entre cristãos, muçulmanos e judeus. Não obstante o re-explodir contínuo da violência num estado de tensão que parece insuperável, e também face às sombras de episódios horríveis como o massacre e o assassínio de um homem inerme, D. Luigi Padovese, testemunha corajosa da verdade e da paz de Cristo.

É o mistério da Cruz, do qual Bento XVI falou numa homilia memorável recordando em primeiro lugar que o homem não pode salvar-se a si mesmo das consequências dos próprios pecados: Cruz que então não é tanto sinal de sofrimento e de falência, quanto o símbolo mais eloquente do qual o mundo tem necessidade. Precisamente porque expressa a vitória, realizada por Cristo, sobre todo o mal, inclusive o último inimigo que é a morte, significando a verdadeira esperança que não desilude. E hoje no Próximo e Médio Oriente disse o Papa com a sua força mansueta cada cristão que abraça a Cruz e se confia ao seu mistério irradia esta esperança, não abandonando, apesar das dificuldades e perseguições crescentes, os lugares onde a Igreja nasceu e floresceu nos primeiros séculos.

Segundo uma tradição que remonta aos próprios apóstolos, os católicos e os cristãos mas também quem quer que se preocupe com os direitos do homem, começando pela liberdade de consciência e de religião não devem esquecer os seus irmãos que vivem nesta parte do mundo. A eles será dedicada a próxima assembleia especial do Sínodo dos Bispos, cujo documento de trabalho foi entregue pelo Papa aos representantes das comunidades católicas. Trata-se de um texto que confirma o realismo da Igreja e a sua disponibilidade para construir sociedades nas quais a convivência pacífica seja deveras possível. Graças ao mistério da Cruz, sinal da esperança trazida por Cristo e testemunhada pela Igreja ao mundo.

Giovanni Maria Vian - Director

(© L'Osservatore Romano - 12 de Junho de 2010)

L'Osservatore Romano edição em língua portuguesa de 12-VI-2010

Bento XVI encoraja a actividade do Banco Europeu para o Desenvolvimento a favor da solidariedade social


Vídeo em espanhol

Em 1956, o Conselho da Europa fundou um banco com uma vocação exclusivamente social, para dispor de um instrumento qualificado a fim de promover a sua própria política de solidariedade. Recebendo neste sábado, no Vaticano, o governador do Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, com outros dirigentes desta instituição e os Embaixadores europeus, Bento XVI encorajou “vivamente” a actividade deste Banco, recordando que o exercício da solidariedade constitui a sua razão original de ser, a própria vocação específica.

O Papa recordou que este Banco do Desenvolvimento se ocupou , desde os inícios, dos problemas relativos aos refugiados, estendendo depois as suas competências ao campo da coesão social, no seu conjunto.

“A Santa Sé não pode deixar de encarar com interesse uma estrutura que apoia com os seus empréstimos projectos sociais, preocupando-se com o desenvolvimento e respondendo a situações de urgência, contribuindo para melhorar as condições de vida de pessoas em dificuldade”.

Evocando a Encíclica “Caritas in veritate”, sobre a doutrina social da Igreja e o seu contributo positivo à construção da pessoa humana e da sociedade, declarou Bento XVI :

“Na esteira de Cristo, a Igreja vê o amor a Deus e ao próximo como um poderoso motor capaz de oferecer uma autêntica energia que poderá irrigar no seu conjunto o ambiente social, jurídico, cultural, político e económico”.

A relação, bem vivida, entre amor e verdade (considerou o Papa) é uma força dinâmica que regenera o conjunto dos elos interpessoais, oferecendo uma verdadeira novidade na reorientação da vida económica e financeira, transformando-a ao serviço do homem e da sua dignidade.

“A economia e a finança não existem para si mesmas, são um mero utensílio, um meio. O seu objectivo é unicamente a pessoa humana e a sua plena realização, em dignidade. É esse o único capital que é preciso absolutamente salvar. É neste capital que se encontra a dimensão espiritual da pessoa humana.

O Cristianismo permitiu à Europa compreender o que é a liberdade, a responsabilidade e a ética, que impregnam as suas leis e estruturas societárias. Marginalizar o cristianismo – nomeadamente pela exclusão dos símbolos que o manifestam – contribuiria para amputar o nosso continente da nascente fundamental que a alimenta sem cessar, contribuindo para a sua verdadeira identidade”.

(Fonte: site Radio Vaticana)

Para os apaixonados de futebol aqui vai o link a um site espanhol com um calendário muitíssimo bem feito, divirtam-se e usufruam.Bom Domingo do Senhor

http://www.marca.com/deporte/futbol/mundial/sudafrica-2010/calendario.html

Comentário ao Evangelho de Domingo feito por:

Santo Ambrósio (c. 340-397), Bispo de Milão e Doutor da Igreja
A Penitência, II, 8 (a partir da trad. SC 179, p. 175)
«A tua fé te salvou. Vai em paz»
«Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes» (Mt 9, 12). Mostra portanto ao médico o teu ferimento, para que possas ser curado. Mesmo que não Lho mostres, ele conhece-o, mas exige de ti que Lhe faças ouvir a tua voz. Limpa as tuas chagas com as tuas lágrimas. Foi assim que esta mulher de que o Evangelho fala se libertou do seu pecado e do mau odor do seu desregramento; foi assim que ela se purificou dos seus erros, lavando os pés de Jesus com as suas lágrimas.

Possas Tu, Jesus, reservar-me também o cuidado de Te lavar os pés, que sujaste quando caminhavas em mim! [...] Mas onde encontrarei a água viva com a qual Te possa lavar os pés? Se não tiver água, tenho as minhas lágrimas. Faz com que, ao lavar-Te os pés com elas, eu possa purificar-me! Como fazer de maneira a que digas de mim: «São-lhe perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou»? Confesso que a minha dívida é grande e que me foi «perdoado demasiado», a mim que fui arrancado ao ruído das altercações da praça pública e às responsabilidades da governação para ser chamado ao sacerdócio. Temo por isso ser considerado um ingrato se amar menos, quando fui tão perdoado.

Não posso comparar com qualquer um esta mulher que foi justamente preferida ao fariseu Simão, que convidara o Senhor para almoçar. No entanto, a todos aqueles que querem merecer o perdão, ela oferece um ensinamento ao beijar os pés de Cristo, ao lavá-los com as suas lágrimas, ao secá-los com os seus cabelos, ao ungi-los com perfume. [...] Se não pudermos igualá-la, Jesus sabe vir em auxílio dos fracos. Onde não houver ninguém que saiba preparar uma refeição, trazer perfume, trazer consigo uma fonte de água viva, (Jo 4, 10), Ele próprio vem.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho de Domingo dia 13 de Junho de 2010


São Lucas 7,36-50.8,1-3

36 Um dos fariseus pediu-Lhe que fosse comer com ele. Tendo entrado em casa do fariseu, pôs-Se à mesa.37 Uma mulher, que era pecadora na cidade, quando soube que Ele estava à mesa em casa do fariseu, levou um frasco de alabastro cheio de perfume.38 Colocando-se a Seus pés, por detrás d'Ele, começou a banhar-Lhe os pés com as lágrimas, e enxugava-os com os cabelos da sua cabeça, beijava-os, e ungia-os com o perfume.39 Vendo isto, o fariseu que O tinha convidado, disse consigo: «Se este fosse profeta, com certeza saberia de que espécie é a mulher que O toca: uma pecadora».40 Jesus então tomou a palavra e disse-lhe: «Simão, tenho uma coisa a dizer-te». Ele disse: «Mestre, fala».41 «Um credor tinha dois devedores: um devia-lhe quinhentos denários, o outro cinquenta.42 Não tendo eles com que pagar, perdoou a ambos. Qual deles, pois, o amará mais?».43 Simão respondeu: «Creio que aquele a quem perdoou mais». Jesus disse-lhe: «Julgaste bem».44 Em seguida, voltando-Se para a mulher, disse a Simão: «Vês esta mulher? Entrei em tua casa e não Me deste água para os pés; ela com as suas lágrimas banhou os Meus pés, e enxugou-os com os seus cabelos.45 Não Me deste o ósculo; porém ela, desde que entrou, não cessou de beijar os Meus pés.46 Não ungiste a Minha cabeça com óleo, porém esta ungiu com perfume os Meus pés.47 Pelo que te digo: São-lhe perdoados os seus muitos pecados porque muito amou. Mas, aquele a quem menos se perdoa, menos ama».48 Depois disse à mulher: «São-te perdoados os pecados».49 Os convidados começaram a dizer entre si: «Quem é Este que até perdoa pecados?».50 Mas Jesus disse à mulher: «A tua fé te salvou; vai em paz!».
Lc 8 1 Em seguida Jesus caminhava pelas cidades e aldeias, pregando e anunciando a boa nova do reino de Deus; andavam com Ele os doze2 e algumas mulheres que tinham sido livradas de espíritos malignos e de doenças: Maria, chamada Madalena, da qual tinham saído sete demónios,3 Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes, Susana, e outras muitas, que os serviam com os seus bens.

S. Josemaría Escrivá nesta data em 1974


Reza no santuário de Nossa Senhora de Luján na Argentina: “Fui por amor e disse: Senhora, aqui estou por amor, e apresentei-lhe a fé dos que estavam ali. Pedi pelas vossas intenções, por todo o trabalho, em benefício, em serviço de todas as almas deste país maravilhoso, onde gosto tanto de estar. Que bem se está aqui!”

(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)

A guerra de liberais e conservadores pelo legado do Cardeal Newman

Uma das maiores luminárias intelectuais da Inglaterra vitoriana vai ser beatificada em Inglaterra, no final deste ano. O significado deste gesto está a ser objecto de um conflito que nada tem de santo.
Em Setembro deste ano, o Papa Bento XVI vai beatificar o Cardeal John Henry Newman (1801-1890), famoso converso do anglicanismo que foi um dos grandes intelectuais da Inglaterra vitoriana, e tanto liberais como conservadores querem chamar Newman para o seu campo. Mas afinal, em que campo é que Newman se encontrava? Para responder a esta pergunta, MercatorNet entrevistou o P.e Juan R. Vélez, co-autor, com Michael Aquilina, de um livro que estará muito em breve nas bancas, Take Five: Meditations with John Henry Newman, e autor de uma biografia de Newman, ainda em preparação, que terá como título Passion for Truth: John Henry Newman.

O Papa foi recentemente acusado de estar a utilizar a figura do Cardeal Newman para promover a causa do catolicismo conservador. Afinal, Newman era liberal ou conservador?
Newman não raciocinava em termos de «liberalismo» e «conservadorismo». Mas reflectiu sobre o perigo do racionalismo que, do seu ponto de vista, era um inimigo do cristianismo. Por racionalismo entendia ele uma filosofia que substitui a revelação divina por ideias e conclusões humanas. Newman contestava vigorosamente a tese de que a religião é um produto do ser humano, sem pretensões de eternidade, e opunha-se ao subjectivismo religioso. Desde os tempos em que era um jovem clérigo anglicano de Oxford até ao momento em que foi nomeado cardeal da Igreja Católica, sempre combateu uma religião subjectiva, uma religião que não assentasse em verdades objectivas, reveladas por Deus ao homem.

Newman opunha-se aos teólogos «liberais» de Oxford, que não eram fiéis à Tradição da Igreja Anglicana. E também era contra o excesso de expressões emocionais no domínio religioso, e o excesso de confiança nas expressões emocionais, tão característico dos evangélicos do nosso tempo; com efeito, tanto os liberais como os evangélicos retiram importância à doutrina e à hierarquia. Assim, Newman opunha-se, quer a uma religiosidade de origem humana, quer a uma religiosidade emocional, mas não se considerava um conservador. Contudo, foi-se sentindo cada vez mais incomodado com os anglicanos High Church que, de uma maneira geral, não promoviam os aspectos espirituais e devocionais da religião cristã, preocupando-se essencialmente com as formas exteriores de culto, e em muitos casos omitindo certas coisas por razões práticas. Newman teve contacto com esta «religiosidade branda» quando, sendo ele um jovem clérigo, o bispo o censurou por não ter oficiado o casamento de uma jovem que, uns anos antes, se tinha recusado a ser baptizada.

Em 1845, imediatamente após ter sido recebido na Igreja Católica, Newman concluiu o seu 'Essay on the Development of Christian Doctrine'. Em que consiste o desenvolvimento, em termos doutrinais?
Durante cerca de 20 anos, enquanto foi aluno e depois professor em Oxford, Newman teve oportunidade de estudar as alterações de doutrina e de prática que o cristianismo foi sofrendo ao longo dos séculos e, durante muitos anos, admitiu a ideia protestante de que as doutrinas e as práticas católicas eram uma corrupção do cristianismo primitivo. Contudo, os estudos que fez sobre o cristianismo e os actos da Igreja Anglicana levaram-no a analisar melhor esta posição e ele começou a compreender que, com o passar do tempo, o cristianismo foi incorporando determinadas doutrinas e práticas religiosas, e que estas alterações tinham sido introduzidas por boas razões.

Por exemplo, chegou à conclusão de que a doutrina do Purgatório tinha sido um «desenvolvimento» na compreensão que o cristianismo foi tendo do modo como Deus perdoa através do sacramento da penitência. O Purgatório é uma solução para a penitência que a alma não fez na terra; o Purgatório purifica a alma do afecto ao pecado que ainda resta numa alma que morreu em estado de graça. E, embora o Purgatório não seja especificamente referido na Bíblia, esta doutrina acerca da purificação deve ser aceite porque se trata de um genuíno desenvolvimento da doutrina geral da Igreja.

Mas Newman considera que a doutrina da Igreja pode mudar?
Sim e não. Para ser mais preciso, a doutrina da Igreja desenvolve-se, que não é o mesmo que dizer que a doutrina da Igreja «evolui». A noção de evolução pressupõe que determinada coisa se transforma noutra coisa diferente; neste sentido, a doutrina da Igreja não evolui, e atribuir esta ideia a Newman é um erro. Newman argumentava que os desenvolvimentos podem ser bons ou maus, e que um mau desenvolvimento na doutrina da Igreja se chama corrupção da doutrina. Um exemplo de um bom desenvolvimento é a autoridade que o sucessor de São Pedro adquiriu; e o contrário - o menosprezo pelo cargo de Pedro, estabelecido pelo próprio Cristo - é efectivamente corrupção.

Newman considerava que a religião é um conjunto específico de verdades doutrinais e de práticas que não se alteram substancialmente; as formas e os elementos exteriores podem alterar-se e desenvolver-se, mas apenas de acordo com a realidade original. Por outro lado, pode-se alcançar uma articulação mais adequada e uma compreensão mais profunda destas verdades.

E vale a pena transmitir dogmas fossilizados, alegando que são de Tradição, sem os questionar?

Aqui, temos de distinguir a Tradição no domínio das convicções religiosas das tradições sociais e políticas. A primeira tem origem em Deus, enquanto as segundas são produtos humanos. A Tradição cristã é a transmissão, oral e escrita, daquilo que Deus revelou à Igreja através dos apóstolos e dos seus discípulos, sob a orientação do Espírito Santo.

No quadro desta tradição, temos a Tradição Apostólica, que entronca no tempo dos apóstolos ou dos seus discípulos; e a tradição eclesiástica, que é a tradição que se foi desenvolvendo nos séculos subsequentes, também sob a orientação do Espírito Santo, prometido por Cristo aos apóstolos e aos sucessores destes.

A Igreja acredita que Cristo transmitiu aos apóstolos, e aos sucessores imediatos destes, as doutrinas que queria que eles comunicassem aos bispos que viriam a suceder-lhes. A Tradição consiste na pregação oral, no exemplo e nas instituições, como é o caso dos sacramentos administrados pelos apóstolos. O Espírito Santo inspirou algumas pessoas a porem por escrito alguns elementos desta Tradição, que vieram a ser o Novo Testamento. O depósito da fé é constituído pela Tradição e pela Sagrada Escritura, e contém as verdades em que Deus quer que os homens acreditem e que deseja que eles ponham em prática. Para ser fiel àquilo que Deus revelou, qualquer desenvolvimento doutrinal tem de ser fiel à Tradição e à Sagrada Escritura.

Como foi que as doutrinas do cristianismo primitivo foram postas em causa ou rejeitadas?
A partir do século XVI, a Tradição Eclesiástica, e depois a Tradição Apostólica, começaram a ser postas em causa por diversas razões, resultantes de reacções a abusos cometidos por membros da Igreja, a uma confiança excessiva na razão humana que teve início com o advento da Renascença, e a um corte gradual com a autoridade de Roma.

Na Inglaterra do século XIX, havia duas práticas generalizadas que resultavam da Reforma protestante: a prática de uma Religião Bíblica, com exclusão de tudo aquilo que não estivesse explicitamente contido nas Escrituras, e o exercício do Juízo Privado em matérias religiosas.

Newman era um historiador da Igreja primitiva, de modo que a profunda análise que fez a este período e aos escritos dos Padres da Igreja proporcionou-lhe um conhecimento em primeira mão da Tradição da Igreja, permitindo-lhe descobrir que os Padres tinham sido testemunhas da Tradição e dos ensinamentos da Igreja acerca das Sagradas Escrituras. O estudo que fez dos Padres permitiu-lhe evitar estes erros e apontá-los a outros em sermões e ensaios.

Quer dar-nos exemplos de aplicações das ideias de Newman sobre o desenvolvimento? De que forma é que os critérios que ele propôs permitem sustentar ou excluir alterações de relevo na doutrina e na moral católicas?
Podemos perguntar-nos se Newman aceitaria um tipo de governo da Igreja em que o Papa não tivesse autoridade. Newman debateu-se com esta ideia durante anos antes de se converter ao catolicismo, acabando por compreender que a autoridade do Papa era um desenvolvimento do poder dado por Cristo a Pedro, e que portanto a negação desta autoridade seria contrária à doutrina inicial, e por isso inaceitável.

Num domínio completamente diferente, podemos perguntar-nos se Newman aceitaria o uso da contracepção. Naturalmente, não poderia aceitá-lo como um verdadeiro desenvolvimento na doutrina moral, porque se trata de um comportamento que não tem fundamento, nem na Sagrada Escritura, nem na Tradição e que, pelo contrário, foi proibido, por exemplo no caso de Onan.

Ou então, num domínio ainda mais contestado no nosso tempo, aceitaria Newman alterações à prática do celibato dos sacerdotes católicos de rito latino? Newman começaria por chamar a atenção para o facto de São Pedro e outros apóstolos - mas não todos - serem casados; São João e São Paulo eram celibatários. Passaria depois a citar a passagem do Evangelho de São Mateus em que Jesus afirma que alguns recebem o dom do celibato em função do Reino dos Céus. E é provável que, em seguida, argumentasse que, guiada pelo Espírito Santo, a Igreja cedo reconheceu os benefícios do celibato: por volta do ano 300 o celibato era a norma no Ocidente e a Igreja tinha alcançado uma compreensão mais ampla das vantagens, espirituais e pastorais, do celibato. Em qualquer circunstância, Newman olharia para a Sagrada Escritura e para a Tradição, tal como as entendeu o magistério da Igreja, para avaliar da validade de quaisquer desenvolvimentos.

Assim sendo, o que seria, para Newman, um verdadeiro desenvolvimento na doutrina da Igreja?
É muito provável que Newman considerasse verdadeiros desenvolvimentos da doutrina católica as diversas componentes da doutrina social da Igreja, como a noção de bem comum e de subsidiariedade, bem como a doutrina da colegialidade dos bispos, ensinada pelo Concílio Vaticano II.

O próprio Newman contribuiu para uma série de desenvolvimentos da teologia católica, como por exemplo uma visão mais espiritual do Purgatório e uma compreensão mais profunda do papel dos leigos na Igreja. São temas acerca dos quais há muito a dizer, em especial quanto à influência de Newman no sentido da promoção de leigos católicos bem formadso, que ecoa os ensinamentos do Concílio Vaticano II - concílio que, aliás, também sublinhou, tal como Newman tinha sublinhado, que todos os cristãos são chamados por Deus a uma vida de santidade.

Assim sendo, à pergunta: «Newman era um liberal (dissimulado) ou um conservador?», a resposta terá de ser que não era liberal nem conservador. Era um homem que se apoiava na Sagrada Escritura e na Tradição da Igreja, e que tomava o magistério da Igreja como base para todos os seus ensinamentos, orientações e decisões em matérias doutrinais. Newman proporcionou aos cristãos e teólogos futuros ferramentas que lhes permitem avaliar a solidez dos desenvolvimentos doutrinais, mostrando que os desenvolvimentos verdadeiros não podem deixar de estar enraizados na Tradição e de ser fiéis à Escritura, bem como ao magistério da Igreja.

A comunidade homossexual da Grã-Bretanha tem tentado apresentar o Cardeal Newman como um homossexual latente. O que é que lhe parece esta ideia?
As amizades íntimas e duradouras que Newman cultivou com alguns pares do sexo masculino têm sido apresentadas como um forte indício de homossexualidade. Trata-se de uma expressão da tendência contemporânea para ver os amigos essencialmente em termos de relações sexuais. Ian Ker, um estudioso de Newman, já deixou bem claro que não há qualquer indicação de que Newman padecesse de atracção por pessoas do mesmo sexo. Dito isto, é doutrina da Igreja Católica que, em si mesmas, as inclinações homossexuais não são pecaminosas; todas as pessoas, sejam casadas ou solteiras, são chamadas por Deus a viver a castidade, cada uma de acordo com o seu estado.

Os críticos têm afirmado que Newman se opunha firmemente à ideia da sua própria beatificação, e que chegou mesmo a tomar medidas destinadas a impedir que os seus restos mortais fossem objecto de culto. O Papa estará a cometer um erro ao beatificá-lo?
Newman tinha uma consciência muito aguda das suas tendências pecaminosas, nomeadamente o orgulho e o excesso de sensibilidade. Com o passar dos anos, a consciência de não ter correspondido às graças que recebeu de Deus foi fazendo crescer nele um sentido ainda mais apurado da santidade divina e do seu próprio nada. Por este motivo, a ideia de ser considerado um santo ter-lhe-á parecido totalmente repugnante. Os verdadeiros santos não se consideram tal; pelo contrário, vêem-se a si próprios como pecadores arrependidos. Após uma análise cuidadosa da vida e da obra de Newman, o Papa Bento XVI reconheceu a santidade do Venerável John Henry Newman e prepara-se para o contar no número dos bem-aventurados.

Fonte: MercatorNet AQUI
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Juan R. Vélez é um sacerdote católico de Los Angeles. Antes de ser sacerdote, exerceu medicina.
Aceprensa

Tema para reflexão

Pais e filhos

A verdade é que o casamento, como instituição natural, tem, por vontade do Criador, como fim primeiro e fundamental, não o aperfeiçoamento pessoal dos esposos, mas a procriação e educação dos filhos (...). Aos esposos que usam o matrimónio como acto específico do seu estado, impõem a natureza e o Criador a função de promover à conservação do género humano.

(PIO XII, Alocução no Congresso da União Católica Italiana das parteiras, Roma, 1951.10.29) (citação AMA)

Agradecimento: António Mexia Alves

Meditação de Francisco Fernández Carvajal

Comentário ao Evangelho do dia feito por:

Bem aventurada Isabel da Santíssima Trindade (1880-1906), carmelita
Último retiro, 15º dia (OC, Cerf 1991, p. 184)

«Maria conservava todas estas coisas ponderando-as no seu coração» (Lc 2, 19)

«A Virgem guardava estas coisas no seu coração.» Toda a sua história pode resumir-se nestas palavras! Foi no seu coração que viveu, e em tal profundidade, que o olhar humano não consegue acompanhá-la. Quando leio no Evangelho: «Por aqueles dias, Maria pôs-se a caminho e dirigiu-se à pressa para a montanha, a uma cidade da Judeia» (Lc 1, 39) para ir cumprir o seu serviço de caridade junto de sua prima Isabel, vejo-a passar tão bonita, tão calma, tão majestosa, tão recolhida interiormente com o Verbo de Deus. Como se a sua oração fosse continuamente: «Eis aqui». Quem? «A serva do Senhor» (Lc 1, 38), a última das Suas criaturas: Ela, a sua Mãe! Foi tão verdadeira na sua humildade porque permaneceu esquecida, alheada, liberta de si própria. Por isso pôde cantar: «O Todo-poderoso fez em mim maravilhas; de hoje em diante, me chamarão bem-aventurada todas as gerações» (Lc 1, 49.48).

Esta Rainha das Virgens é também Rainha dos mártires. Mas será ainda no seu coração que a espada a trespassará (Lc 2, 35), porque com Ela tudo se passa interiormente. [...] Oh! Como é bela de contemplar durante o seu longo martírio, tão serena, envolvida numa espécie de majestade que respira ao mesmo tempo força e doçura! É como se tivesse aprendido com o próprio Verbo como devem sofrer os que o Pai escolheu como vítimas, aqueles que Ele decidiu unir à grande obra da redenção, aqueles que «conheceu e predestinou para serem uma imagem idêntica à do Seu Filho» (Rom 8, 29), crucificado por amor. Ela está junto à cruz, de pé, com força e coragem.

(Fonte: Evangelho Quotidiano)

O Evangelho do dia 12 de Junho de 2010

São Lucas 2,41-51

41 Seus pais iam todos os anos a Jerusalém pela festa da Páscoa.42 Quando chegou aos doze anos, indo eles a Jerusalém segundo o costume daquela festa,43 acabados os dias que ela durava, quando voltaram, o Menino ficou em Jerusalém, sem que os Seus pais o advertissem.44 Julgando que Ele fosse na comitiva, caminharam uma jornada, e depois procuraram-n'O entre os parentes e conhecidos.45 Não O encontrando, voltaram a Jerusalém à procura d'Ele.46 Aconteceu que, três dias depois, encontraram-n'O no templo sentado no meio dos doutores, ouvindo-os e interrogando-os.47 E todos os que O ouviam estavam maravilhados da Sua sabedoria e das Suas respostas.48 Quando O viram, admiraram-se. E Sua mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Eis que Teu pai e eu Te procurávamos cheios de aflição».49 Ele disse-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que devo ocupar-Me nas coisas de Meu Pai?».50 Eles, porém, não entenderam o que lhes disse.51 Depois desceu com eles e foi para Nazaré; e era-lhes submisso. A Sua mãe conservava todas estas coisas no seu coração.