Obrigado, Perdão Ajuda-me
segunda-feira, 24 de maio de 2010
Publicado na internet o arquivo de Pio XII ao tempo em que foi núncio na Alemanha
Podem-se já encontrar na Internet os primeiros documentos, dos mais de 6.000 redigidos pelo que seria o Papa Pio XII durante o período em que ocupou a nunciatura na Alemanha, numa época em que presenciou o desenrolar dos acontecimentos desde o fim do império até à ascensão do nazismo. Um simpósio internacional celebrado em Münster forneceu-nos uma visão de conjunto sobre a edição online da correspondência da Nunciatura e sobre questões da investigação com ela relacionadas.
Münster. No debate público à volta de Pio XII e do seu suposto "silêncio" face ao Holocausto, reivindica-se de modo recorrente a abertura do Arquivo Secreto do Vaticano, exigência que comporta a acusação implícita de que o Vaticano alguma coisa oculta. Esta crítica será silenciada o mais tardar quando estiver à disposição dos estudiosos o apartado do Arquivo referente ao pontificado de Pio XII (1939-1948). Inquirido pelo diário italiano Il Messagero, o prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano Sergio Pagano declarou no passado mês de Janeiro que as "condições técnicas" se verificarão em 2014 ou 2015.
Os investigadores ocupam-se entretanto com o exame da documentação referente ao pontificado do seu antecessor, o Papa Pio XI (1922-1939), aberta em 2003 e 2006. Cerca de 30 professores oriundos de diversos países europeus criaram uma rede de investigação e estão a implementar um plano de avaliação das aproximadamente 100.000 actas do referido pontificado. O projecto é orientado pelos professores Hubert Wolf (Münster), Alberto Melloni (Bolonha) e Jean François Chauvard (Roma). A investigação histórica dedica especial interesse ao período em que Eugénio Pacelli, que viria a ser o Papa Pio XII, foi Núncio na Alemanha (1917-1929).
O arquivo de Pacelli na Internet
Sob a direcção de Hubert Wolf, catedrático da Universidade de Münster para História da Igreja nas Idades Média e Moderna, celebrou-se nessa cidade entre 24 e 26 de Março o simpósio internacional "Eugénio Pacelli, Núncio na Alemanha". O centro dos interesses reside na edição online dos documentos da Nunciatura redigidos por Eugénio Pacelli, uma ferramenta de trabalho de primeira ordem para se conhecer o pensamento do futuro Papa.
Aproximadamente 6.500 mensagens constituem este acervo documental da Nunciatura, que Eugénio Pacelli dirigiu ao seu superior, o cardeal secretário de Estado Pietro Gasparri (1914-1930), a quem o próprio Pacelli viria a suceder em 1930. A referida correspondência, de temáticas e extensão muito diversas, - desde telegramas de poucas linhas a pro-memorias de 100 páginas, e em muitos casos também com extensos anexos -, irão ser durante os próximos anos publicados na Internet, em cooperação com o Instituto Histórico Alemão de Roma e o Arquivo Secreto do Vaticano. Os documentos correspondentes ao ano de 1917 estão a partir de Março disponíveis em www.pacelli-edition.de.
Este lançamento deu azo a que a equipa dirigida por Hubert Wolf explicasse, no Simpósio "Eugénio Pacelli, Núncio na Alemanha" em que consiste o referido projecto. O núcleo da edição crítica das 478 comunicações conhecidas para o ano de 1917 é a comparação entre as minutas e os textos definitivos, tal como se encontram no Arquivo Secreto do Vaticano ou nos arquivos das nunciaturas de Munique e de Berlim, bem como na Secretaria de Estado.
Por exemplo, em duas áreas do mesmo écran podem-se visualizar a minuta e o documento correspondente, de modo a possibilitar uma comparação directa. Mediante excertos de textos reproduzidos a cores diferentes pode-se reconstruir a génese de um texto e as modificações que sofreu, pois, pelos cálculos do grupo de trabalho, aproximadamente um terço das minutas não tem por autor o próprio Pacelli, mas colaboradores seus. Um complexo sistema de busca permite encontrar o material de arquivo, tanto sob o ponto de vista temático como cronológico. A correspondência está redigida em italiano; os anexos, em diversas línguas. A "metalinguagem" da edição é, no entanto, o alemão, língua do texto que precede cada comunicação da Nunciatura e que resume o respectivo texto.
A edição online da correspondência da Nunciatura faz parte de um vasto contexto: as Edições digitais de fontes modernas (Digitale Editionen neuzeitlicher Quellen, abreviado DENQ), o projecto romano da Correspondência do Núncio Apostólico na Alemanha, Cesare Orsenigo (1930-1939) e a edição londrina British Envoys to Germany" (1816-1914). Sobre a edição da correspondência do sucessor de Pacelli como Núncio em Berlim, Cesare Orsenigo, elaborada pelo Instituto Histórico Alemão de Roma, o seu director Michael Matheus declarou estar o seu conteúdo disponível desde que o Arquivo do Vaticano disponibilizou as actas do pontificado de Pio XI, a 15 de Fevereiro de 2003. No entanto, o arquivo da Nunciatura de Berlim ficou praticamente destruído por um bombardeamento de 22 de Fevereiro de 1943, pelo que - ao contrário do que acontece com a correspondência de Pacelli - não se conservam as minutas, mas apenas os textos definitivos.
Se bem que o facto de se dispor das fontes "em casa" represente uma ajuda notável, o trabalho clássico nos arquivos continuará a ser imprescindível: "Continuaremos a ter a possibilidade - e a precisar - de ir aos arquivos", disse Michael Matheus no Simpósio de Münster. Não obstante, o director do Instituto Histórico Alemão de Roma considera a edição das fontes do projecto DENQ como uma visão de futuro para a investigação.
Novas possibilidades de investigação
Vários estudiosos intervieram no simpósio para falar sobre diversos campos de investigação para os quais esta edição online pode representar um importante instrumento de trabalho.
Emma Fattorini, professora de História Contemporânea na Universidade La Sapienza de Roma, dissertou sobre os "Primeiros passos diplomáticos da Cúria": em 1917, a Santa Sé não mantinha relações diplomáticas com a França, nem com a Alemanha ou com a Rússia. A abertura em 1917 de uma Nunciatura Apostólica em Munique fez com que Pacelli se convertesse no principal interlocutor da Cúria, não só para a Alemanha, mas igualmente para outros países da Europa Central e Oriental. Emma Fattorini focou em particular o papel do político alemão Matthias Erzberger, que se converteu em informador de grande importância para Eugénio Pacelli: a edição online pode fornecer dados significativos em relação à influência de Erzberger sobre a imagem de Pacelli na política alemã.
Após a exposição de Klaus Unterburger, docente da Universidade de Münster, sobre o cepticismo que despertava em Pacelli a teologia universitária alemã, Philipp Chenaux, professor de História Moderna da Igreja na Universidade Lateranense, referiu-se ao "cunho alemão" do Papa que se seguiu. Não se trata apenas da predilecção de Pacelli pelas virtudes ou pela técnica alemã, mas de questões que vão mais fundo, como seja a continuidade na política de Eugénio Pacelli, uma vez eleito Papa.
Assim sendo, Saul Friedländer considerava a germanofilia e o anti-comunismo de Pio XII como uma razão para o "silêncio" do Papa. A edição online da correspondência da Nunciatura pode contribuir com dados tanto sobre esta questão como sobre a diferente percepção da situação na Alemanha dos anos vinte por parte de Eugénio Pacelli e do cardeal secretário de Estado Pietro Gasparri, bem como, por exemplo, sobre a pergunta se Pacelli ou a Secretaria de Estado estavam a favor de uma concordata em separado com a Baviera.
Philipp Chenaux referiu-se igualmente à reacção do núncio ao Putsch de Hitler e Ludendorff de 9 de Novembro de 1923. Pacelli classificou o movimento de Hitler como "fanaticamente anti-católico". Durante o processo levantado contra Ludendorff em 1924, Eugénio Pacelli referiu-se ao nacionalismo como a "mais grave heresia do nosso tempo". Segundo Chenaux, uma possível razão para o suposto silêncio de Pio XII poderia encontrar-se nas palavras pronunciadas diante do núncio pelo arcebispo de Munique, cardeal Michael Faulhaber: "A guerra contra os judeus transformar-se-ia de imediato numa guerra contra os católicos".
A longa sombra de Hochhuth
Encontrando-se embora fora do limite cronológico abrangido pelo simpósio internacional, não podia faltar num congresso sobre Eugénio Pacelli a polémica gerada à volta da peça O Vigário de Rolf Hochhuth. O investigador norte-americano Mark Edward Ruff tentou uma "historização" da referida polémica, tendo-se referido não apenas às consequências dessa obra de teatro, que converteu o "Papa da paz" (1958) num "Papa que se cala" (1963). Ruff dirigiu a sua atenção em particular para a resposta das "redes católicas" à publicação de O Vigário. Mesmo que as respostas publicadas tenham despertado ainda mais interesse por O Vigário, na verdade a Igreja católica estava perante um dilema: se não respondia, podia dar a impressão de que tais acusações estavam certas. Pelo contrário, ao defender-se delas poderia estar a atrair ainda mais atenções sobre elas.
O projecto de investigação básica, financiado pela Fundação Alemã para a Investigação Científica (Deustsche Forschungsgemeinschaft, DFG) e que se prevê durar 12 anos, editará todas as fontes dos anos em que Pacelli foi núncio em Munique e em Berlim, ou seja, até 1929.
José M. García Pelegrín
Aceprensa
Münster. No debate público à volta de Pio XII e do seu suposto "silêncio" face ao Holocausto, reivindica-se de modo recorrente a abertura do Arquivo Secreto do Vaticano, exigência que comporta a acusação implícita de que o Vaticano alguma coisa oculta. Esta crítica será silenciada o mais tardar quando estiver à disposição dos estudiosos o apartado do Arquivo referente ao pontificado de Pio XII (1939-1948). Inquirido pelo diário italiano Il Messagero, o prefeito do Arquivo Secreto do Vaticano Sergio Pagano declarou no passado mês de Janeiro que as "condições técnicas" se verificarão em 2014 ou 2015.
Os investigadores ocupam-se entretanto com o exame da documentação referente ao pontificado do seu antecessor, o Papa Pio XI (1922-1939), aberta em 2003 e 2006. Cerca de 30 professores oriundos de diversos países europeus criaram uma rede de investigação e estão a implementar um plano de avaliação das aproximadamente 100.000 actas do referido pontificado. O projecto é orientado pelos professores Hubert Wolf (Münster), Alberto Melloni (Bolonha) e Jean François Chauvard (Roma). A investigação histórica dedica especial interesse ao período em que Eugénio Pacelli, que viria a ser o Papa Pio XII, foi Núncio na Alemanha (1917-1929).
O arquivo de Pacelli na Internet
Sob a direcção de Hubert Wolf, catedrático da Universidade de Münster para História da Igreja nas Idades Média e Moderna, celebrou-se nessa cidade entre 24 e 26 de Março o simpósio internacional "Eugénio Pacelli, Núncio na Alemanha". O centro dos interesses reside na edição online dos documentos da Nunciatura redigidos por Eugénio Pacelli, uma ferramenta de trabalho de primeira ordem para se conhecer o pensamento do futuro Papa.
Aproximadamente 6.500 mensagens constituem este acervo documental da Nunciatura, que Eugénio Pacelli dirigiu ao seu superior, o cardeal secretário de Estado Pietro Gasparri (1914-1930), a quem o próprio Pacelli viria a suceder em 1930. A referida correspondência, de temáticas e extensão muito diversas, - desde telegramas de poucas linhas a pro-memorias de 100 páginas, e em muitos casos também com extensos anexos -, irão ser durante os próximos anos publicados na Internet, em cooperação com o Instituto Histórico Alemão de Roma e o Arquivo Secreto do Vaticano. Os documentos correspondentes ao ano de 1917 estão a partir de Março disponíveis em www.pacelli-edition.de.
Este lançamento deu azo a que a equipa dirigida por Hubert Wolf explicasse, no Simpósio "Eugénio Pacelli, Núncio na Alemanha" em que consiste o referido projecto. O núcleo da edição crítica das 478 comunicações conhecidas para o ano de 1917 é a comparação entre as minutas e os textos definitivos, tal como se encontram no Arquivo Secreto do Vaticano ou nos arquivos das nunciaturas de Munique e de Berlim, bem como na Secretaria de Estado.
Por exemplo, em duas áreas do mesmo écran podem-se visualizar a minuta e o documento correspondente, de modo a possibilitar uma comparação directa. Mediante excertos de textos reproduzidos a cores diferentes pode-se reconstruir a génese de um texto e as modificações que sofreu, pois, pelos cálculos do grupo de trabalho, aproximadamente um terço das minutas não tem por autor o próprio Pacelli, mas colaboradores seus. Um complexo sistema de busca permite encontrar o material de arquivo, tanto sob o ponto de vista temático como cronológico. A correspondência está redigida em italiano; os anexos, em diversas línguas. A "metalinguagem" da edição é, no entanto, o alemão, língua do texto que precede cada comunicação da Nunciatura e que resume o respectivo texto.
A edição online da correspondência da Nunciatura faz parte de um vasto contexto: as Edições digitais de fontes modernas (Digitale Editionen neuzeitlicher Quellen, abreviado DENQ), o projecto romano da Correspondência do Núncio Apostólico na Alemanha, Cesare Orsenigo (1930-1939) e a edição londrina British Envoys to Germany" (1816-1914). Sobre a edição da correspondência do sucessor de Pacelli como Núncio em Berlim, Cesare Orsenigo, elaborada pelo Instituto Histórico Alemão de Roma, o seu director Michael Matheus declarou estar o seu conteúdo disponível desde que o Arquivo do Vaticano disponibilizou as actas do pontificado de Pio XI, a 15 de Fevereiro de 2003. No entanto, o arquivo da Nunciatura de Berlim ficou praticamente destruído por um bombardeamento de 22 de Fevereiro de 1943, pelo que - ao contrário do que acontece com a correspondência de Pacelli - não se conservam as minutas, mas apenas os textos definitivos.
Se bem que o facto de se dispor das fontes "em casa" represente uma ajuda notável, o trabalho clássico nos arquivos continuará a ser imprescindível: "Continuaremos a ter a possibilidade - e a precisar - de ir aos arquivos", disse Michael Matheus no Simpósio de Münster. Não obstante, o director do Instituto Histórico Alemão de Roma considera a edição das fontes do projecto DENQ como uma visão de futuro para a investigação.
Novas possibilidades de investigação
Vários estudiosos intervieram no simpósio para falar sobre diversos campos de investigação para os quais esta edição online pode representar um importante instrumento de trabalho.
Emma Fattorini, professora de História Contemporânea na Universidade La Sapienza de Roma, dissertou sobre os "Primeiros passos diplomáticos da Cúria": em 1917, a Santa Sé não mantinha relações diplomáticas com a França, nem com a Alemanha ou com a Rússia. A abertura em 1917 de uma Nunciatura Apostólica em Munique fez com que Pacelli se convertesse no principal interlocutor da Cúria, não só para a Alemanha, mas igualmente para outros países da Europa Central e Oriental. Emma Fattorini focou em particular o papel do político alemão Matthias Erzberger, que se converteu em informador de grande importância para Eugénio Pacelli: a edição online pode fornecer dados significativos em relação à influência de Erzberger sobre a imagem de Pacelli na política alemã.
Após a exposição de Klaus Unterburger, docente da Universidade de Münster, sobre o cepticismo que despertava em Pacelli a teologia universitária alemã, Philipp Chenaux, professor de História Moderna da Igreja na Universidade Lateranense, referiu-se ao "cunho alemão" do Papa que se seguiu. Não se trata apenas da predilecção de Pacelli pelas virtudes ou pela técnica alemã, mas de questões que vão mais fundo, como seja a continuidade na política de Eugénio Pacelli, uma vez eleito Papa.
Assim sendo, Saul Friedländer considerava a germanofilia e o anti-comunismo de Pio XII como uma razão para o "silêncio" do Papa. A edição online da correspondência da Nunciatura pode contribuir com dados tanto sobre esta questão como sobre a diferente percepção da situação na Alemanha dos anos vinte por parte de Eugénio Pacelli e do cardeal secretário de Estado Pietro Gasparri, bem como, por exemplo, sobre a pergunta se Pacelli ou a Secretaria de Estado estavam a favor de uma concordata em separado com a Baviera.
Philipp Chenaux referiu-se igualmente à reacção do núncio ao Putsch de Hitler e Ludendorff de 9 de Novembro de 1923. Pacelli classificou o movimento de Hitler como "fanaticamente anti-católico". Durante o processo levantado contra Ludendorff em 1924, Eugénio Pacelli referiu-se ao nacionalismo como a "mais grave heresia do nosso tempo". Segundo Chenaux, uma possível razão para o suposto silêncio de Pio XII poderia encontrar-se nas palavras pronunciadas diante do núncio pelo arcebispo de Munique, cardeal Michael Faulhaber: "A guerra contra os judeus transformar-se-ia de imediato numa guerra contra os católicos".
A longa sombra de Hochhuth
Encontrando-se embora fora do limite cronológico abrangido pelo simpósio internacional, não podia faltar num congresso sobre Eugénio Pacelli a polémica gerada à volta da peça O Vigário de Rolf Hochhuth. O investigador norte-americano Mark Edward Ruff tentou uma "historização" da referida polémica, tendo-se referido não apenas às consequências dessa obra de teatro, que converteu o "Papa da paz" (1958) num "Papa que se cala" (1963). Ruff dirigiu a sua atenção em particular para a resposta das "redes católicas" à publicação de O Vigário. Mesmo que as respostas publicadas tenham despertado ainda mais interesse por O Vigário, na verdade a Igreja católica estava perante um dilema: se não respondia, podia dar a impressão de que tais acusações estavam certas. Pelo contrário, ao defender-se delas poderia estar a atrair ainda mais atenções sobre elas.
O projecto de investigação básica, financiado pela Fundação Alemã para a Investigação Científica (Deustsche Forschungsgemeinschaft, DFG) e que se prevê durar 12 anos, editará todas as fontes dos anos em que Pacelli foi núncio em Munique e em Berlim, ou seja, até 1929.
José M. García Pelegrín
Aceprensa
24 de Maio: Jornada de Oração pela Igreja na China
Nesta segunda-feira, 24 de Maio, memória litúrgica de Nossa Senhora Auxiliadora, ocorre a Jornada de Oração pela Igreja na China, proposta por Bento XVI em 2007, na sua Carta à Igreja Católica na República Popular Chinesa. O próprio Papa recordou ontem, ao meio-dia, na Praça de São Pedro, esta ocorrência, convidando todos à oração:
“Ao mesmo tempo que os fiéis que estão na China rezam para que se aprofunde cada vez mais a unidade entre si e com a Igreja universal, que os católicos no mundo inteiro, especialmente os de origem chinesa, unam-se a eles na oração e na caridade, que os Espírito Santo infunde nos nossos corações especialmente nesta solenidade do Pentecostes”.
Bento escolheu esta data para convidar todos os fiéis a rezarem pela Igreja na China, porque é precisamente a 24 de Maio que tem lugar a grande peregrinação dos católicos chineses ao santuário mariano de Sheshan, invocada como “Auxílio dos Cristãos”.
(Fonte: site Radio Vaticana)
“Ao mesmo tempo que os fiéis que estão na China rezam para que se aprofunde cada vez mais a unidade entre si e com a Igreja universal, que os católicos no mundo inteiro, especialmente os de origem chinesa, unam-se a eles na oração e na caridade, que os Espírito Santo infunde nos nossos corações especialmente nesta solenidade do Pentecostes”.
Bento escolheu esta data para convidar todos os fiéis a rezarem pela Igreja na China, porque é precisamente a 24 de Maio que tem lugar a grande peregrinação dos católicos chineses ao santuário mariano de Sheshan, invocada como “Auxílio dos Cristãos”.
(Fonte: site Radio Vaticana)
Pequenez!
Disseram-me ontem, Senhor, que eu sou muito grande e tapo a vista aos outros.
Não que isso me incomodasse, pois tenho-o ouvido tantas vezes, e em tantos momentos da minha vida.
Mas fiquei a pensar nisso, até porque naquela altura respondi com um sorriso a quem mo dizia:
«Sabe, tenho tentado como João Baptista diminuir, para que Ele cresça, mas pelos vistos não tenho conseguido.»
E agora, Senhor, fiquei mesmo a pensar se eu serei “realmente grande”, ou melhor, se ainda me acho “grande”, e assim sendo não deixo que Tu cresças em mim.
Era uma procissão, Senhor, e queriam ver a imagem de Tua Mãe que passava, vinda da Capelinha das Aparições para Leiria, e não conseguiam porque eu lhes tapava a vista.
E eu fico a pensar:
Será que nessa minha “grandeza”, eu não deixo que os outros vejam que estás em mim, como neles também?
Será que sou eu que apareço muito mais, do que Tu apareces em mim?
Será que eu dou muito mais testemunho de mim, do que eu faço, do que testemunho a Tua presença na minha vida e das maravilhas que fazes em mim?
Será que eu acho que sou capaz de fazer alguma coisa, se não fores Tu a fazer em mim, na minha disponibilidade e entrega a Ti e aos outros?
E será que eu estou disponível para Ti e para os outros?
Ah, Senhor, que ao olhar para dentro de mim, afinal ainda vejo mais o meu tamanho exterior, do que a minha pequenez interior, e por isso mesmo, Senhor, em vez de Te “mostrar” em mim, ainda tapo a vista aos que querem “ver-Te”!
Perdoa-me, Senhor e deixa que faça minha a oração de João Baptista, «Ele é que deve crescer, e eu diminuir.» Jo 4,30.
Que esta oração saia do meu coração como um compromisso assumido, que só se tornará realidade se eu for realmente disponível e entregue à Tua presença em mim.
Então, Senhor, serei tão pequeno que ninguém me verá, mas por Tua graça, somente verão a Ti.
Monte Real, 24 de Maio de 2010
Joaquim Mexia Alves
Não que isso me incomodasse, pois tenho-o ouvido tantas vezes, e em tantos momentos da minha vida.
Mas fiquei a pensar nisso, até porque naquela altura respondi com um sorriso a quem mo dizia:
«Sabe, tenho tentado como João Baptista diminuir, para que Ele cresça, mas pelos vistos não tenho conseguido.»
E agora, Senhor, fiquei mesmo a pensar se eu serei “realmente grande”, ou melhor, se ainda me acho “grande”, e assim sendo não deixo que Tu cresças em mim.
Era uma procissão, Senhor, e queriam ver a imagem de Tua Mãe que passava, vinda da Capelinha das Aparições para Leiria, e não conseguiam porque eu lhes tapava a vista.
E eu fico a pensar:
Será que nessa minha “grandeza”, eu não deixo que os outros vejam que estás em mim, como neles também?
Será que sou eu que apareço muito mais, do que Tu apareces em mim?
Será que eu dou muito mais testemunho de mim, do que eu faço, do que testemunho a Tua presença na minha vida e das maravilhas que fazes em mim?
Será que eu acho que sou capaz de fazer alguma coisa, se não fores Tu a fazer em mim, na minha disponibilidade e entrega a Ti e aos outros?
E será que eu estou disponível para Ti e para os outros?
Ah, Senhor, que ao olhar para dentro de mim, afinal ainda vejo mais o meu tamanho exterior, do que a minha pequenez interior, e por isso mesmo, Senhor, em vez de Te “mostrar” em mim, ainda tapo a vista aos que querem “ver-Te”!
Perdoa-me, Senhor e deixa que faça minha a oração de João Baptista, «Ele é que deve crescer, e eu diminuir.» Jo 4,30.
Que esta oração saia do meu coração como um compromisso assumido, que só se tornará realidade se eu for realmente disponível e entregue à Tua presença em mim.
Então, Senhor, serei tão pequeno que ninguém me verá, mas por Tua graça, somente verão a Ti.
Monte Real, 24 de Maio de 2010
Joaquim Mexia Alves
A grande fraude
Estes dias revelaram velhas fraudes da política portuguesa: a fraude da facilidade a crédito; a fraude do sucesso no combate ao défice e do impacto económico do plano tecnológico, obras públicas e afins; a fraude da imunidade portuguesa na instabilidade internacional. Mas a maior de todas as fraudes, ultrapassando tudo o que o espírito político pode conceber, está nas despesas sociais e na ajuda aos pobres.
Durante décadas, os Governos, em especial de esquerda, fizeram juras solenes de compromisso com a justiça social e o apoio aos desfavorecidos. As despesas dos serviços de solidariedade aumentaram e os ministros repetidamente se auto congratulavam com iniciativas de promoção da igualdade. Agora, quando o descontrolo orçamental exige disciplina e austeridade, os primeiros cortes foram precisamente aí.
O Conselho de Ministros de 6 de Maio, "em cumprimento do PEC", aprovou reduções no acesso a prestações não contributivas, incluindo o rendimento social de inserção, e nas condições do subsídio de desemprego. Juntando insulto à injúria, o Governo mascarou as descidas de mera "harmonização de condições de acesso" e "promoção da empregabilidade". De facto, a motivação, como se vê na invocação do PEC, é a redução da despesa pública.
Num orçamento que ocupa metade do produto nacional, o Executivo não encontrou nada para cortar senão os apoios aos mais pobres. Aliás, na mesma data reafirmava a decisão de avançar com as grandes obras públicas, dois dias antes de recuar também aí. Já vieram muito mais cortes e impostos, mas o primeiro passo foi o mais simbólico. Com ele iam às malvas princípios ideológicos, promessas solenes e a mais elementar decência.
Esta fraude entronca numa outra, muito maior e influente, que vivemos há décadas. Desde a revolução, o aparelho de Estado decidiu nacionalizar a solidariedade. Alardeando as melhores intenções e menosprezando capacidades e propósitos da assistência comunitária e religiosa, os ministérios quiseram ocupar os sectores sociais. Fazem-no apenas com os nossos impostos que, dada a confrangedora incapacidade fiscal para conseguir justiça tributária, em Portugal são pagos pelos pobres, trabalhadores e classe média. Assim, expropriando a sociedade dos seus recursos, os políticos vêm pressurosos assegurar a promoção da justiça e igualdade. Mas fazem-no invadindo, espoliando e sufocando as múltiplas organizações que a sociedade e a Igreja operam há séculos.
O primeiro alvo foi o maior: as Misericórdias. O liberalismo só se atrevera a roubar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1851 e a República mal as agredira. Mas o 25 de Abril realizou a maior violência em 500 anos de história, nacionalizando todos os hospitais regionais logo em Dezembro de 1974 e sub-regionais em Novembro de 1975. Este foi o mote para o esforço de ocupação pública, executado de forma subtil, mas não menos sistemática.
Sucessivamente, o Estado cria instituições próprias perto de colégios, clínicas, centros paroquiais e obras sociais, tentando torná-los obsoletos. Nos que não consegue eliminar usa um método mais perverso: oferece apoio. Assim o Estado transforma em impostos e subsídios o que sempre foi solidariedade. Intromete-se entre os beneméritos e as organizações sociais, cobrando a generosidade de uns para a dar a outras. Com esta suposta benevolência estatal vem o controlo burocrático e a arbitrariedade ideológica.
Tudo isto é feito em nome da eficácia e segurança. Os trabalhadores e utentes das instituições acreditam mesmo que o serviço sendo do Estado é mais barato, sofisticado, estável e benéfico que se fosse privado. O mito permanece mesmo perante a evidência esmagadora do bloqueio e insensibilidade dos serviços públicos.
Esta magna tentativa para controlar o sector falhou. As IPSS permanecem a base da nossa acção social e a crise vem agora revelar a vacuidade das próprias garantias públicas. O Estado tem inegável papel neste campo, mas o equilíbrio social exige que ele abandone a arrogância hegemónica que o domina há décadas.
João César das Neves
(Fonte: DN online)
Durante décadas, os Governos, em especial de esquerda, fizeram juras solenes de compromisso com a justiça social e o apoio aos desfavorecidos. As despesas dos serviços de solidariedade aumentaram e os ministros repetidamente se auto congratulavam com iniciativas de promoção da igualdade. Agora, quando o descontrolo orçamental exige disciplina e austeridade, os primeiros cortes foram precisamente aí.
O Conselho de Ministros de 6 de Maio, "em cumprimento do PEC", aprovou reduções no acesso a prestações não contributivas, incluindo o rendimento social de inserção, e nas condições do subsídio de desemprego. Juntando insulto à injúria, o Governo mascarou as descidas de mera "harmonização de condições de acesso" e "promoção da empregabilidade". De facto, a motivação, como se vê na invocação do PEC, é a redução da despesa pública.
Num orçamento que ocupa metade do produto nacional, o Executivo não encontrou nada para cortar senão os apoios aos mais pobres. Aliás, na mesma data reafirmava a decisão de avançar com as grandes obras públicas, dois dias antes de recuar também aí. Já vieram muito mais cortes e impostos, mas o primeiro passo foi o mais simbólico. Com ele iam às malvas princípios ideológicos, promessas solenes e a mais elementar decência.
Esta fraude entronca numa outra, muito maior e influente, que vivemos há décadas. Desde a revolução, o aparelho de Estado decidiu nacionalizar a solidariedade. Alardeando as melhores intenções e menosprezando capacidades e propósitos da assistência comunitária e religiosa, os ministérios quiseram ocupar os sectores sociais. Fazem-no apenas com os nossos impostos que, dada a confrangedora incapacidade fiscal para conseguir justiça tributária, em Portugal são pagos pelos pobres, trabalhadores e classe média. Assim, expropriando a sociedade dos seus recursos, os políticos vêm pressurosos assegurar a promoção da justiça e igualdade. Mas fazem-no invadindo, espoliando e sufocando as múltiplas organizações que a sociedade e a Igreja operam há séculos.
O primeiro alvo foi o maior: as Misericórdias. O liberalismo só se atrevera a roubar a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa em 1851 e a República mal as agredira. Mas o 25 de Abril realizou a maior violência em 500 anos de história, nacionalizando todos os hospitais regionais logo em Dezembro de 1974 e sub-regionais em Novembro de 1975. Este foi o mote para o esforço de ocupação pública, executado de forma subtil, mas não menos sistemática.
Sucessivamente, o Estado cria instituições próprias perto de colégios, clínicas, centros paroquiais e obras sociais, tentando torná-los obsoletos. Nos que não consegue eliminar usa um método mais perverso: oferece apoio. Assim o Estado transforma em impostos e subsídios o que sempre foi solidariedade. Intromete-se entre os beneméritos e as organizações sociais, cobrando a generosidade de uns para a dar a outras. Com esta suposta benevolência estatal vem o controlo burocrático e a arbitrariedade ideológica.
Tudo isto é feito em nome da eficácia e segurança. Os trabalhadores e utentes das instituições acreditam mesmo que o serviço sendo do Estado é mais barato, sofisticado, estável e benéfico que se fosse privado. O mito permanece mesmo perante a evidência esmagadora do bloqueio e insensibilidade dos serviços públicos.
Esta magna tentativa para controlar o sector falhou. As IPSS permanecem a base da nossa acção social e a crise vem agora revelar a vacuidade das próprias garantias públicas. O Estado tem inegável papel neste campo, mas o equilíbrio social exige que ele abandone a arrogância hegemónica que o domina há décadas.
João César das Neves
(Fonte: DN online)
S. Josemaría nesta data em 1975
Durante a sua estada no Brasil, em 1974, comenta: “O Senhor quer que estejamos no mundo e que o amemos sem ser mundanos. O Senhor deseja que permaneçamos neste mundo – que agora está tão alvoroçado, onde se ouvem clamores de luxúria, de desobediência, de rebeldias que não levam a parte nenhuma – , para ensinarmos às pessoas a viver com alegria. Os homens estão tristes. Fazem muito ruído, cantam, dançam, gritam, mas choram. No fundo dos corações só há lágrimas: não são felizes, são desgraçados. E o Senhor, a vós e a mim, quer-nos felizes”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
A impaciência dos homens
Uma antiga lenda norueguesa conta a historia de um monge ancião chamado Haakon, que cuidava duma ermida na qual havia uma imagem de Cristo muito venerada e à qual acudia a rezar muita gente. Um dia, aquele bom monge, levado por um sentimento generoso, ajoelhou-se ante a cruz e disse: "Senhor, quero padecer por Ti. Deixa-me ocupar o Teu posto. Quero substituir-te na cruz". E ficou-se com o olhar fixo na imagem, como que esperando uma resposta. O Senhor abriu os Seus lábios e falou. As Suas palavras caíram do alto, sussurrantes e admoestadoras: "Meu irmão, acedo ao teu desejo, mas há-de ser com uma condição". "Qual, Senhor? Estou disposto a cumpri-la com a Tua ajuda!". "Escuta: aconteça o que acontecer, e vejas o que vires, hás-de guardar silêncio". Haakon respondeu: "Eu To prometo, Senhor!". E efectuou-se a troca.
Ninguém se apercebeu do truque. Ninguém reconheceu o eremita, suspenso com pelos cravos na cruz. O Senhor ocupava o posto de Haakon. E o monge por longo tempo cumpriu o compromisso. Não disse nada a ninguém. Mas uma manhã chegou à ermida um homem rico que, depois de ter estado um momento muito pensativo, deixou ali esquecida a sua carteira. Haakon apercebeu-se e calou-se. Tampouco disse nada quando um pobre que veio uma hora depois se apropriou da carteira do rico. E tampouco disse nada quando, passado pouco tempo, outro rapaz se prostrou na sua frente para lhe pedir a sua protecção antes de empreender uma longa viajem para o outro lado do oceano.
Mas de logo voltou a entrar o rico à procura da sua carteira e, ao não encontrá-la, pensou imediatamente no rapaz e disse-lhe: "Dá-me imediatamente a carteira que me roubaste!". O jovem, surpreendido, replicou: "Não roubei nada!". "Não mintas, devolve-ma já!". O rico atirou-se furioso contra ele. Então ouviu-se uma voz forte: "Não. Detêm-te!". O rico olhou para cima e viu que imagem lhe falava. Haakon, desde a cruz, defendeu o jovem e increpou o rico pela falsa acusação. O homem ficou espantado e saiu da ermida. O jovem também se foi porque tinha pressa em empreender a sua viajem.
Quando a ermida ficou deserta, Cristo dirigiu-se ao monge e disse-lhe: "Desce da cruz. Não serves para ocupar esse posto. Não soubeste guardar silêncio". "Senhor, como ia permitir essa injustiça?". Jesus ocupou a cruz de novo e o ermitão ficou-se prostrado perante Ele. Pela tarde, o Senhor tornou a falar-lhe: "Tu não sabias que ao rico lhe convinha perder a carteira, pois levava nela o preço da traição à sua mulher. O pobre, ao invés, tinha necessidade desse dinheiro. E quanto ao rapaz que ia ser atacado, as suas feridas tê-lo-iam impedido de realizar uma viajem que para ele seria fatal: há uns minutos o seu barco naufragou e ele perdeu a vida. Tu não sabias nada. Eu sim, sei. Por isso me calo tantas vezes."
Em muitas ocasiões perguntamo-nos por que razão Deus não nos responde, por que Se fica calado, porque não faz imediatamente o que para nós é talvez evidente. Muitas vezes desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte, que actuasse com mais força, que derrotasse de uma vez o mal e criasse um mundo melhor. Todavia, quando pretendemos organizar o mundo adoptando ou jogando o papel de Deus, o resultado é que, então, fazemos um mundo pior. Podemos e devemos influir para que o mundo melhore, mas sem esquecer nunca quem é o Senhor da história. Como assinalou Bento XVI, nós talvez soframos ante a paciência de Deus. Mas todos necessitamos da sua paciência. O mundo salva-se pelo Crucificado e não pelos crucificadores. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens.
(ALFONSO AGUILÓ, interrogantes.net, traduzido por AMA, 2010.05.20)
Ninguém se apercebeu do truque. Ninguém reconheceu o eremita, suspenso com pelos cravos na cruz. O Senhor ocupava o posto de Haakon. E o monge por longo tempo cumpriu o compromisso. Não disse nada a ninguém. Mas uma manhã chegou à ermida um homem rico que, depois de ter estado um momento muito pensativo, deixou ali esquecida a sua carteira. Haakon apercebeu-se e calou-se. Tampouco disse nada quando um pobre que veio uma hora depois se apropriou da carteira do rico. E tampouco disse nada quando, passado pouco tempo, outro rapaz se prostrou na sua frente para lhe pedir a sua protecção antes de empreender uma longa viajem para o outro lado do oceano.
Mas de logo voltou a entrar o rico à procura da sua carteira e, ao não encontrá-la, pensou imediatamente no rapaz e disse-lhe: "Dá-me imediatamente a carteira que me roubaste!". O jovem, surpreendido, replicou: "Não roubei nada!". "Não mintas, devolve-ma já!". O rico atirou-se furioso contra ele. Então ouviu-se uma voz forte: "Não. Detêm-te!". O rico olhou para cima e viu que imagem lhe falava. Haakon, desde a cruz, defendeu o jovem e increpou o rico pela falsa acusação. O homem ficou espantado e saiu da ermida. O jovem também se foi porque tinha pressa em empreender a sua viajem.
Quando a ermida ficou deserta, Cristo dirigiu-se ao monge e disse-lhe: "Desce da cruz. Não serves para ocupar esse posto. Não soubeste guardar silêncio". "Senhor, como ia permitir essa injustiça?". Jesus ocupou a cruz de novo e o ermitão ficou-se prostrado perante Ele. Pela tarde, o Senhor tornou a falar-lhe: "Tu não sabias que ao rico lhe convinha perder a carteira, pois levava nela o preço da traição à sua mulher. O pobre, ao invés, tinha necessidade desse dinheiro. E quanto ao rapaz que ia ser atacado, as suas feridas tê-lo-iam impedido de realizar uma viajem que para ele seria fatal: há uns minutos o seu barco naufragou e ele perdeu a vida. Tu não sabias nada. Eu sim, sei. Por isso me calo tantas vezes."
Em muitas ocasiões perguntamo-nos por que razão Deus não nos responde, por que Se fica calado, porque não faz imediatamente o que para nós é talvez evidente. Muitas vezes desejaríamos que Deus se mostrasse mais forte, que actuasse com mais força, que derrotasse de uma vez o mal e criasse um mundo melhor. Todavia, quando pretendemos organizar o mundo adoptando ou jogando o papel de Deus, o resultado é que, então, fazemos um mundo pior. Podemos e devemos influir para que o mundo melhore, mas sem esquecer nunca quem é o Senhor da história. Como assinalou Bento XVI, nós talvez soframos ante a paciência de Deus. Mas todos necessitamos da sua paciência. O mundo salva-se pelo Crucificado e não pelos crucificadores. O mundo é redimido pela paciência de Deus e destruído pela impaciência dos homens.
(ALFONSO AGUILÓ, interrogantes.net, traduzido por AMA, 2010.05.20)
Temas para reflexão
Espírito Santo e a Santíssima Virgem
A Mãe de Deus recebeu no Pentecostes a plenitude do Espírito Santo, e esse amor divino na alma comunicou-o àqueles que estavam a seu lado; eram, pelo seu amor a Deus, o empenho e o motivo da sua vida.
(FEDERICO DELCAUX, Santa Maria nos escritos do S. JOSEMARIA , Rei dos livros, nr. 96)
MÊS DE NOSSA SENHORA
Santo Rosário: Mistérios Gloriosos
3º Mistério: A vinda do Espírito Santo
Estão todos reunidos no Cenáculo. Maria está com eles. Ninguém fala. Uma espécie de torpor os invade. O Senhor, o doce Jesus Ressuscitado tinha subido ao Céu. Já não estava ali.
Custava a crer que depois da tragédia da paixão e Morte do Mestre, a Sua extraordinária Ressurreição, os dias que passara com eles, instruindo-os com as ultimas recomendações, como deviam fazer, como actuar, enfim, a tantas coisas que os seus espíritos simples não conseguiam abarcar na totalidade.
Era necessário partir. “Anunciai o Evangelho, o Meu Reino, ordenara o Senhor. E eles queriam cumprir fielmente o mandato. Mas como? Mal sabiam falar, nem na sua língua natal conseguiam ordenar as palavras de modo que o discurso da Redenção tivesse sentido, fosse compreendido?
Pedro é, talvez, o mais abatido de todos. Jesus tinha-o instituído em chefe da Sua Igreja. Era necessário dar ordens, instruções. Planear actividades de cada um. Eram tão poucos, e a tarefa que adivinhavam era tão grande!
Nossa Senhora com certeza rezava, incutindo serenidade, confiança.
Foi quando as línguas de fogo acompanhadas de vento forte, descem a pairar sobre as suas cabeças.
Que prodígio era aquele? Que mais lhes reservava o Senhor? De repente, tudo se torna claro como água, não há mistérios indecifráveis, não há dificuldades intransponíveis. Qualquer língua, qualquer idioma já não tem segredos. Olham-se a principio atónitos mas, depois, compreendem: O Espírito Santo que o Senhor prometera enviar-lhes, chegara e derramara sobre eles a Sua Sabedoria, a Sua Ciência, a Sua tremendíssima força e coragem.
(AMA, meditações sobre os Mistérios do Rosário, 1988.02.25)
A Mãe de Deus recebeu no Pentecostes a plenitude do Espírito Santo, e esse amor divino na alma comunicou-o àqueles que estavam a seu lado; eram, pelo seu amor a Deus, o empenho e o motivo da sua vida.
(FEDERICO DELCAUX, Santa Maria nos escritos do S. JOSEMARIA , Rei dos livros, nr. 96)
MÊS DE NOSSA SENHORA
Santo Rosário: Mistérios Gloriosos
3º Mistério: A vinda do Espírito Santo
Estão todos reunidos no Cenáculo. Maria está com eles. Ninguém fala. Uma espécie de torpor os invade. O Senhor, o doce Jesus Ressuscitado tinha subido ao Céu. Já não estava ali.
Custava a crer que depois da tragédia da paixão e Morte do Mestre, a Sua extraordinária Ressurreição, os dias que passara com eles, instruindo-os com as ultimas recomendações, como deviam fazer, como actuar, enfim, a tantas coisas que os seus espíritos simples não conseguiam abarcar na totalidade.
Era necessário partir. “Anunciai o Evangelho, o Meu Reino, ordenara o Senhor. E eles queriam cumprir fielmente o mandato. Mas como? Mal sabiam falar, nem na sua língua natal conseguiam ordenar as palavras de modo que o discurso da Redenção tivesse sentido, fosse compreendido?
Pedro é, talvez, o mais abatido de todos. Jesus tinha-o instituído em chefe da Sua Igreja. Era necessário dar ordens, instruções. Planear actividades de cada um. Eram tão poucos, e a tarefa que adivinhavam era tão grande!
Nossa Senhora com certeza rezava, incutindo serenidade, confiança.
Foi quando as línguas de fogo acompanhadas de vento forte, descem a pairar sobre as suas cabeças.
Que prodígio era aquele? Que mais lhes reservava o Senhor? De repente, tudo se torna claro como água, não há mistérios indecifráveis, não há dificuldades intransponíveis. Qualquer língua, qualquer idioma já não tem segredos. Olham-se a principio atónitos mas, depois, compreendem: O Espírito Santo que o Senhor prometera enviar-lhes, chegara e derramara sobre eles a Sua Sabedoria, a Sua Ciência, a Sua tremendíssima força e coragem.
(AMA, meditações sobre os Mistérios do Rosário, 1988.02.25)
Comentário ao Evangelho do dia:
Relato de três companheiros de São Francisco de Assis (c. 1244)
§§ 7-8 (a partir da trad. de Debonnet e Vorreux, Ed. Franciscaines, 1968, p.810)
Início da conversão de São Francisco
Certa noite, depois do seu regresso a Assis, os companheiros do jovem Francisco elegeram-no como chefe do grupo. Com tantas vezes tinha feito, mandou então preparar um sumptuoso banquete. Depois de saciados, saíram todos e percorreram a cidade, a cantar. Os companheiros, em grupo, iam à frente de Francisco; este, empunhando o bastão de chefe, fechava o cortejo, um pouco mais atrás, sem cantar, mergulhado nos seus pensamentos. E eis que, de súbito, o Senhor lhe aparece, enchendo-lhe o coração de uma doçura tal, que ele ficou sem conseguir falar, sem se mexer [...].
Quando os companheiros se voltaram para trás e o viram assim tão longe deles, voltaram atrás e aproximaram-se, receosos; encontraram-no mudado, como se fosse outro homem. Perguntaram-lhe: «Em que é que pensavas para te esqueceres assim de nos seguir? Estarias a pensar em arranjar mulher?» «Têm toda a razão! Decidi ter esposa, uma esposa mais nobre, mais rica e mais bela do que todas as que vocês já viram». Os companheiros puseram-se a troçar dele [...].
A partir daquele momento, ele fazia os possíveis para que Jesus Cristo lhe ocupasse a alma, e bem assim aquela pérola que tanto desejava comprar depois de tudo ter vendido (Mt 13, 46). Furtando-se frequentemente aos olhos dos que dele troçavam, ia muitas vezes – quase diariamente – rezar em segredo. De alguma maneira a isso era impelido pelo gozo antecipado daquela doçura extrema que tantas vezes o visitava e que com tanta força o atraía, estando ele na praça ou noutros locais públicos, para a oração.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
§§ 7-8 (a partir da trad. de Debonnet e Vorreux, Ed. Franciscaines, 1968, p.810)
Início da conversão de São Francisco
Certa noite, depois do seu regresso a Assis, os companheiros do jovem Francisco elegeram-no como chefe do grupo. Com tantas vezes tinha feito, mandou então preparar um sumptuoso banquete. Depois de saciados, saíram todos e percorreram a cidade, a cantar. Os companheiros, em grupo, iam à frente de Francisco; este, empunhando o bastão de chefe, fechava o cortejo, um pouco mais atrás, sem cantar, mergulhado nos seus pensamentos. E eis que, de súbito, o Senhor lhe aparece, enchendo-lhe o coração de uma doçura tal, que ele ficou sem conseguir falar, sem se mexer [...].
Quando os companheiros se voltaram para trás e o viram assim tão longe deles, voltaram atrás e aproximaram-se, receosos; encontraram-no mudado, como se fosse outro homem. Perguntaram-lhe: «Em que é que pensavas para te esqueceres assim de nos seguir? Estarias a pensar em arranjar mulher?» «Têm toda a razão! Decidi ter esposa, uma esposa mais nobre, mais rica e mais bela do que todas as que vocês já viram». Os companheiros puseram-se a troçar dele [...].
A partir daquele momento, ele fazia os possíveis para que Jesus Cristo lhe ocupasse a alma, e bem assim aquela pérola que tanto desejava comprar depois de tudo ter vendido (Mt 13, 46). Furtando-se frequentemente aos olhos dos que dele troçavam, ia muitas vezes – quase diariamente – rezar em segredo. De alguma maneira a isso era impelido pelo gozo antecipado daquela doçura extrema que tantas vezes o visitava e que com tanta força o atraía, estando ele na praça ou noutros locais públicos, para a oração.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 24 de Maio de 2010
São Marcos 10,17-27
17 Tendo saido para Se pôr a caminho, veio um homem a correr e, ajoelhando-se diante d'Ele, perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?». 18 Jesus disse-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.19 Tu conheces os mandamentos: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe”».20 Ele respondeu: «Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade».21 Jesus olhou para ele com afecto, e disse-lhe: «Uma coisa te falta: vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me».22 Mas ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens.23 Jesus, olhando em volta, disse aos discípulos: «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!».24 Os discípulos ficaram atónitos com estas palavras. Mas, Jesus de novo lhes disse: «Meus filhos, como é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas!25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus».26 Eles, cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: «Então quem pode salvar-se?».27 Jesus, olhando para eles, disse: «Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível».
17 Tendo saido para Se pôr a caminho, veio um homem a correr e, ajoelhando-se diante d'Ele, perguntou-Lhe: «Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?». 18 Jesus disse-lhe: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus.19 Tu conheces os mandamentos: “Não mates, não cometas adultério, não roubes, não digas falso testemunho, não cometas fraudes, honra teu pai e tua mãe”».20 Ele respondeu: «Mestre, todas estas coisas tenho observado desde a minha mocidade».21 Jesus olhou para ele com afecto, e disse-lhe: «Uma coisa te falta: vende tudo quanto tens, dá-o aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-Me».22 Mas ele, entristecido por estas palavras, retirou-se desgostoso, porque tinha muitos bens.23 Jesus, olhando em volta, disse aos discípulos: «Quão dificilmente entrarão no reino de Deus os que têm riquezas!».24 Os discípulos ficaram atónitos com estas palavras. Mas, Jesus de novo lhes disse: «Meus filhos, como é difícil entrarem no reino de Deus os que confiam nas riquezas!25 Mais fácil é passar um camelo pelo fundo de uma agulha, do que entrar um rico no reino de Deus».26 Eles, cada vez mais admirados, diziam uns para os outros: «Então quem pode salvar-se?».27 Jesus, olhando para eles, disse: «Para os homens isto é impossível, mas não para Deus, porque a Deus tudo é possível».
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