Palavras de Bento XVI no concerto pelos 80 anos do Estado da Cidade do VaticanoParticulares expressões de agradecimento foram dirigidas pelo Sumo Pontífice aos membros da Our Lady's Choral Society e da rte Concert Orchestra, durante o concerto que lhe foi oferecido na tarde de quinta-feira 12 de Fevereiro na Sala Paulo vi, por ocasião das manifestações para o octogésimo aniversário da constituição do Estado da Cidade do Vaticano. No final da execução musical, Bento XVI desejou recordar que o Vaticano é o centro visível da unidade da Igreja católica, espalhada por todos os confins do mundo.
Senhores Cardeais
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Ilustres Senhores e Senhoras
No final desta bonita tarde, estou feliz por dirigir uma cordial saudação a todos vós, que participastes no concerto promovido por ocasião do 80º aniversário de fundação do Estado da Cidade do Vaticano. Saúdo as Autoridades religiosas, civis e militares, as ilustres Personalidades, com um pensamento especial para os Prelados da Cúria Romana e os colaboradores dos vários departamentos do Governatorato do Vaticano aqui reunidos para recordar, também com esta iniciativa, uma celebração tão significativa. Desejo sobretudo manifestar a minha gratidão ao Senhor Cardeal Giovanni Lajolo, Presidente da Comissão para o Estado da Cidade do Vaticano, a quem estou grato inclusive pelas expressões de carinho e devoção, que me dirigiu no início do concerto. Estendo a minha saudação ao Secretário-Geral, D. Renato Boccardo, bem como aos outros responsáveis do Governatorato e exprimo o meu reconhecimento naturalmente a todos aqueles que cooperaram de vários modos para a organização e a realização deste acontecimento musical.
Persuadido de que estou a interpretar os sentimentos de todos os presentes, desejo dirigir uma especial palavra de agradecimento e de apreço aos componentes da RTE Concert Orchestra (Orquesta da Radiotelevisão Irlandesa), aos coristas da Our Lady's Choral Society, de Dublin, ao Director Proinnsias O Duinn, ao Maestro do Coro Paul Ward e aos solistas. Desejo reservar uma breve saudação à numerosa representação de fiéis de Dublin, vindos para acompanhar o Coral da sua Cidade.
Foi-nos oferecida a execução de trechos do célebre oratório Messiah de Georg Friedrich Händel, capaz de criar uma fascinante atmosfera espiritual, graças a uma rica antologia de textos sagrados do Antigo e do Novo Testamento, que constituem como que o tecido de toda a partitura musical. A Orquestra e o Coro conseguiram igualmente evocar de maneira admirável a figura do Messias, de Cristo, à luz das profecias messiânicas veterotestamentárias. Assim, a riqueza do contraponto musical e a harmonia do canto ajudaram-nos a contemplar o intenso e arcano mistério da fé cristã. Mais uma vez, parece evidente como a música e o canto, graças ao seu hábil entrelaçamento com a fé, podem revestir um exímio valor pedagógico no âmbito religioso. A música, como arte, pode ser um modo particularmente grandioso de anunciar Cristo, uma vez que consegue tornar perceptível o seu mistério com uma eloquência inteiramente sua.
Este concerto, com que se tencionava fazer memória de um aniversário significativo para o Estado da Cidade do Vaticano, insere-se no programa do Congresso organizado para esta circunstância, sobre o tema: "Um pequeno território para uma grande missão". Sem dúvida, não é este o momento para um discurso a respeito de tal acontecimento histórico, ao qual diversos especialistas estão a oferecer no Congresso a contribuição da sua competência, sob inúmeros aspectos. Além disso, terei a oportunidade de me encontrar com os participantes destes dias de estudo no próximo sábado, e de lhes dirigir a minha palavra. Também nesta circunstância, faço questão de agradecer a quantos contribuíram para tornar solene uma celebração tão significativa para a Igreja católica. Comemorando os oitenta anos da Civitas Vaticana, sente-se a necessidade de reconhecer o mérito daqueles que foram e são os protagonistas destas oito décadas de história de um pequeno espaço de terra. Em primeiro lugar, gostaria de recordar o protagonista principal, o meu venerado Predecessor Pio XI. Ao anunciar a assinatura dos Pactos lateranenses e sobretudo a constituição do Estado da Cidade do Vaticano, ele desejou referir-se a São Francisco de Assis. Disse que a nova realidade soberana era, para a Igreja como também para o Pobrezinho, "aquele tanto de corpo que era suficiente para conservar unida a alma" (cf. Discurso de 11 de Fevereiro de 1929). Peçamos ao Senhor, que orienta solidamente a sorte da "Barca de Pedro" no meio das vicissitudes nem sempre tranquilas da história, que continue a velar sobre este pequeno Estado. Peçamos-lhe, principalmente, que assista com o poder do seu Espírito Aquele que está ao timão da Barca, o Sucessor de Pedro, a fim de que possa desempenhar com fidelidade e eficazmente o seu ministério, como fundamento da unidade da Igreja católica, que possui no Vaticano o seu centro visível e que se espalha até aos confins do mundo. Confio esta oração à intercessão de Maria, Virgem Imaculada e Mãe da Igreja, e enquanto renovo em nome dos presentes um cordial agradecimento aos idealizadores desta tarde, aos valorosos membros da orquestra, aos cantores, de maneira particular aos solistas, asseguro a cada um uma recordação na oração e, sobre todos, imploro a Bênção de Deus.