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segunda-feira, 16 de março de 2009
"Ano Sacerdotal" convocado por Bento XVI
Na manhã desta segunda-feira Bento XVI recebeu em audiência os participantes na assembleia plenária da Congregação para o Clero.
Nesta ocasião o Papa anunciou ter convocado um “Ano Sacerdotal” especial, de 19 de Junho 2009 a 19 de Junho de 2010. Ocorrem de facto os 150 anos da morte do Santo Cura d’Ars, João Maria Vianney, verdadeiro exemplo de Pastor ao serviço do rebanho de Cristo. O Santo Padre disse que tocará à Congregação para o Clero de acordo com os bispos diocesanos e com os superiores dos Institutos religiosos, promover e coordenar as várias iniciativas espirituais e pastorais que parecerão úteis para fazer perceber cada vez mais a importância do papel e da missão do sacerdote na Igreja e na sociedade contemporânea.
Bento XVI salientou no seu discurso aos participantes na plenária da congregação para o clero que a Igreja nunca poderá fazer a menos dos sacerdotes, cuja formação deve envolver as melhores energias eclesiais, sem cair numa interpretação errada do justo envolvimento dos leigos.
A consciência das mudanças sociais radicais dos últimos decénios – disse o Papa – deve mover as melhores energias eclesiais para cuidar da formação dos candidatos ao ministério sacerdotal.
Depois é necessário vigiar para que as novas estruturas ou organizações pastorais não sejam pensadas para um tempo no qual se deveria fazer a menos do ministério ordenado, partindo de uma interpretação errada da justa promoção dos leigos, porque em tal caso, lançar-se-iam os pressupostos para ulterior diluição do sacerdócio ministerial e as eventuais presumíveis soluções coincidiriam dramaticamente com as causas reais das problemáticas contemporâneas ligadas ao ministério.
No seu discurso o Santo Padre salientou também a urgência de recuperar a consciência que leva os padres a estarem presentes, a serem identificáveis e reconhecíveis seja pelo juízo de fé seja pelas virtudes pessoais, seja também pelo hábito, nos âmbitos da cultura e da caridade, desde sempre no coração da missão da Igreja.
(Fonte: site Radio Vaticana)
A Igreja é Una
«Que sejam um, assim como nós, clama Cristo a seu Pai; para que sejam todos um, como Tu, Pai, o és em Mim e eu em Ti, para que também eles sejam um em Nós (Jo, 17, 21). Brota constantemente dos lábios de Jesus Cristo esta exortação à unidade, porque todo o reino, dividido em facções contrárias, será desolado; e toda a cidade ou família, dividida em bandos, não subsistirá. Exortação que se converte em desejo veemente: Tenho também outras ovelhas que não são deste aprisco; e importa que eu as traga, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor (Jo, 10, 16).»
(“Amar a Igreja” 3 – S. Josemaría Escrivá)
(“Amar a Igreja” 3 – S. Josemaría Escrivá)
Importante Editorial no “Il Giornale” de Andrea Tornielli
Se se transformasse a Igreja num “Talk-Show”
Muitos dos comentários e das reacções à sentida carta de Bento XVI enviada aos Bispos de todo o mundo para explicar o verdadeiro significado da revogação da excomunhão aos “lefebvrianos” e extinguir a polémica suscitada pela entrevista negacionista de Mons. Williamson, deram indicações sobre a solidão do Papa, sobre os problemas do governo da Cúria, sobre a oposição por parte do episcopado progressista e sobre a rigidez de posições dos tradicionalistas, sobre os erros de comunicação. Concentrando-se em fugas de informação «lamentáveis», segundo a definição do director do L’Osservatore Romano, que num seu editorial http://spedeus.blogspot.com/2009/03/como-carta-aos-galatas.html suscitou a atenção mediática precisamente sobre este argumento.
No entanto o âmago da insólita mensagem papal – uma carta simultaneamente corajosa e humilde, com a qual Bento XVI assumiu como sua, a responsabilidade da máquina da Cúria – arriscou e arrisca a manter-se ainda alvo de atenção.
Na verdade, Ratzinger não esconde, nas sete páginas enviadas aos «irmãos no ministério episcopal», de haver sido profundamente atingido não pelas polémicas externas, da instrumentalização mediática do seu gesto de misericórdia e reconciliação para com os “lefebvrianos”, mas sobretudo pela dureza e pela hostilidade das reacções no campo católico, na Igreja. Bispos e Cardeais atacaram-no, considerando que o Pontífice quereria fazer uma inversão de marcha em relação ao Concílio Vaticano II. Uma «avalanche e protestos, cuja amargura revelava feridas existentes para além do momento».
Com o seu gesto solitário e sofrido, o Papa quis, uma vez mais, apelar a todos sobre a necessidade de uma visão diversa, a visão da fé: «E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor».
Não para alimentar o debate e o confronto interno à Igreja, não para fazer tábua rasa das diferenças e da diversidade, que desde sempre caracterizaram a «católica», que assim se chama precisamente porque inclui e não exclui, e que no seu interior a mesma fé pode ser vivida segundo experiências, modalidades e sensibilidades muito diversas entre si.
Não, a tristeza do Papa não foi determinada pelo facto que se tenham expresso juízos diferentes sobre a sua revogação da excomunhão. O sofrimento que transparece das páginas da carta tem a ver com o facto que naqueles juízos, naquelas críticas fizeram-lhe recordar a frase Paulina sobre os cristãos que se mordem e devoram mutuamente, a caridade estava ausente.
Prevaleceram as lógicas das facções contrapostas, que acabaram por transformar também a Igreja num “Talk-Show” ou num congresso partidário, com tantas correntes em confronto e aguerridas que apenas visam à obtenção do poder.
Este Papa de idade avançada, que no início do seu Pontificado afirmou que era seu dever «fazer resplandecer diante dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo: não a sua luz, mas aquela de Cristo», uma vez mais volta a pedir à Igreja e a todos os seus membros, como também à sua Cúria, uma mudança de visão e mentalidade.
Esta visão pode-se retirar no comentário publicado no “L’Osservatore Romano” de hoje pelo Bispo Rino Fisischella, dedicado ao caso da menina brasileira vítima de violação pelo padrasto, engravidando de dois gémeos e levada a abortar. Uma história trágica, que fez saltar o Bispo de Recife para ribalta das crónicas internacionais por haver anunciado de imediato que os médicos que praticaram o aborto estavam sujeitos à excomunhão. «Antes de pensar na excomunhão – escreve Fisischela – era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e elevá-la a um nível de humanidade da qual nós homens de Igreja deveremos ser anunciadores e mestres especializados».
Precisamente, esta mesma visão de misericórdia é aquela que Bento XVI testemunha à Igreja.
Pensar que o cerne do problema sejam apenas as poltronas da Secretaria de Estado – aonde no entanto existem inegáveis maus funcionamentos – ou o estudo de estratégias de comunicação mais eficazes, ou ainda a divisão segundo a lógica política entre conservadores e progressistas, significa, uma vez mais, reduzir a profundidade da lição papal à lógica do poder mundano.
O Papa não precisa de intérpretes autorizados: comunica muito bem e dá o melhor de si mesmo quando fala de improviso. Num momento da história em que Deus «desaparece do horizonte dos homens» é necessário redescobrir, que à Igreja não se podem aplicar as lógicas empresariais, nem pode ficar dobrada sobre si mesma, concentrada nos seus organigramas.
A Igreja vive totalmente aberta ao mundo e é exactamente por isso, que na próxima terça-feira, o Bispo de Roma parte para África, o continente esquecido.
Por Andrea Tornielli em “Il Giornale” – 15 de Março de 2009
http://www.ilgiornale.it/a.pic1?ID=336242&START=0&2col=
(Tradução e adaptação de JPR)
Muitos dos comentários e das reacções à sentida carta de Bento XVI enviada aos Bispos de todo o mundo para explicar o verdadeiro significado da revogação da excomunhão aos “lefebvrianos” e extinguir a polémica suscitada pela entrevista negacionista de Mons. Williamson, deram indicações sobre a solidão do Papa, sobre os problemas do governo da Cúria, sobre a oposição por parte do episcopado progressista e sobre a rigidez de posições dos tradicionalistas, sobre os erros de comunicação. Concentrando-se em fugas de informação «lamentáveis», segundo a definição do director do L’Osservatore Romano, que num seu editorial http://spedeus.blogspot.com/2009/03/como-carta-aos-galatas.html suscitou a atenção mediática precisamente sobre este argumento.
No entanto o âmago da insólita mensagem papal – uma carta simultaneamente corajosa e humilde, com a qual Bento XVI assumiu como sua, a responsabilidade da máquina da Cúria – arriscou e arrisca a manter-se ainda alvo de atenção.
Na verdade, Ratzinger não esconde, nas sete páginas enviadas aos «irmãos no ministério episcopal», de haver sido profundamente atingido não pelas polémicas externas, da instrumentalização mediática do seu gesto de misericórdia e reconciliação para com os “lefebvrianos”, mas sobretudo pela dureza e pela hostilidade das reacções no campo católico, na Igreja. Bispos e Cardeais atacaram-no, considerando que o Pontífice quereria fazer uma inversão de marcha em relação ao Concílio Vaticano II. Uma «avalanche e protestos, cuja amargura revelava feridas existentes para além do momento».
Com o seu gesto solitário e sofrido, o Papa quis, uma vez mais, apelar a todos sobre a necessidade de uma visão diversa, a visão da fé: «E que devemos aprender sem cessar a prioridade suprema: o amor».
Não para alimentar o debate e o confronto interno à Igreja, não para fazer tábua rasa das diferenças e da diversidade, que desde sempre caracterizaram a «católica», que assim se chama precisamente porque inclui e não exclui, e que no seu interior a mesma fé pode ser vivida segundo experiências, modalidades e sensibilidades muito diversas entre si.
Não, a tristeza do Papa não foi determinada pelo facto que se tenham expresso juízos diferentes sobre a sua revogação da excomunhão. O sofrimento que transparece das páginas da carta tem a ver com o facto que naqueles juízos, naquelas críticas fizeram-lhe recordar a frase Paulina sobre os cristãos que se mordem e devoram mutuamente, a caridade estava ausente.
Prevaleceram as lógicas das facções contrapostas, que acabaram por transformar também a Igreja num “Talk-Show” ou num congresso partidário, com tantas correntes em confronto e aguerridas que apenas visam à obtenção do poder.
Este Papa de idade avançada, que no início do seu Pontificado afirmou que era seu dever «fazer resplandecer diante dos homens e das mulheres de hoje a luz de Cristo: não a sua luz, mas aquela de Cristo», uma vez mais volta a pedir à Igreja e a todos os seus membros, como também à sua Cúria, uma mudança de visão e mentalidade.
Esta visão pode-se retirar no comentário publicado no “L’Osservatore Romano” de hoje pelo Bispo Rino Fisischella, dedicado ao caso da menina brasileira vítima de violação pelo padrasto, engravidando de dois gémeos e levada a abortar. Uma história trágica, que fez saltar o Bispo de Recife para ribalta das crónicas internacionais por haver anunciado de imediato que os médicos que praticaram o aborto estavam sujeitos à excomunhão. «Antes de pensar na excomunhão – escreve Fisischela – era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e elevá-la a um nível de humanidade da qual nós homens de Igreja deveremos ser anunciadores e mestres especializados».
Precisamente, esta mesma visão de misericórdia é aquela que Bento XVI testemunha à Igreja.
Pensar que o cerne do problema sejam apenas as poltronas da Secretaria de Estado – aonde no entanto existem inegáveis maus funcionamentos – ou o estudo de estratégias de comunicação mais eficazes, ou ainda a divisão segundo a lógica política entre conservadores e progressistas, significa, uma vez mais, reduzir a profundidade da lição papal à lógica do poder mundano.
O Papa não precisa de intérpretes autorizados: comunica muito bem e dá o melhor de si mesmo quando fala de improviso. Num momento da história em que Deus «desaparece do horizonte dos homens» é necessário redescobrir, que à Igreja não se podem aplicar as lógicas empresariais, nem pode ficar dobrada sobre si mesma, concentrada nos seus organigramas.
A Igreja vive totalmente aberta ao mundo e é exactamente por isso, que na próxima terça-feira, o Bispo de Roma parte para África, o continente esquecido.
Por Andrea Tornielli em “Il Giornale” – 15 de Março de 2009
http://www.ilgiornale.it/a.pic1?ID=336242&START=0&2col=
(Tradução e adaptação de JPR)
Vaticano coloca-se ao lado de menina brasileira
Criança de nove anos foi violada, engravidou e abortou. Presidente da Academia para a Vida lamenta que só se fale em excomunhões
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, D. Rino Fisichella, comentou este Domingo no jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, o caso da menina brasileira de nove anos que interrompeu a gravidez de dois gémeos concebidos após ter sido violada pelo seu padrasto.
Segundo este responsável, depois de toda a polémica gerada em torno do caso, chegou “o momento em que se deve olhar para o essencial e, por um momento, deixar de lado aquilo que não toca directamente o problema”.
“O caso na sua dramaticidade é simples. Uma menina de apenas nove anos, a quem chamaremos «Cármen», e a quem devemos olhar fixamente nos olhos, sem nos distrairmos sequer um minuto, para fazê-la entender o quanto lhe queremos bem”, escreve.
“«Cármen», em Alagoinha, foi violentada várias vezes pelo seu jovem padrasto, engravidou de dois gémeos e nunca mais teve uma vida tranquila. A ferida é profunda porque a violência destruiu-a por dentro e dificilmente lhe permitirá no futuro olhar os outros com amor”, aponta D. Fisichella.
Para o presidente da Academia Pontifícia para a Vida (APV), esta é uma história de violência quotidiana que apenas chegou às páginas dos jornais porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em excomungar os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez.
“Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida, pois estamos acostumados a ver todos os dias factos de uma gravidade sem igual, se não fossem as reacções causadas pela actuação do bispo. A violência sobre uma mulher é grave, e torna-se ainda mais deplorável quando perpetrada contra uma menina pobre, que vive em condições de degradação social”, pode ler-se no jornal do Vaticano.
D. Rino Fisichella diz que, em primeiro lugar, “«Cármen» deveria ter sido defendida, abraçada, acariciada com doçura para fazê-la sentir que estamos todos com ela; todos, sem excepção. Antes de pensar na excomunhão, era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e recolocá-la num nível de humanidade, da qual nós homens de Igreja devemos ser anunciadores e mestres”.
“Assim não foi feito e, infelizmente, a credibilidade do nosso ensinamento sofre com isso, pois aparece aos olhos de muitos como insensível, incompreensível e sem misericórdia. É verdade, «Cármen» trazia consigo outras vidas inocentes como a sua - não obstante serem frutos da violência - e foram ceifadas; isso, todavia, não basta para fazer um julgamento que pesa como uma guilhotina”, acrescenta.
A Academia Pontifícia para a Vida foi instituída por João Paulo II em 11 de Fevereiro de 1994, com o Motu Proprio “Vitae Mysterium”. Tem como objectivo o estudo, a informação e a formação sobre os principais problemas de bioética e de direito, relativos à promoção e defesa da vida, sobretudo na relação directa que estes têm com a moral cristã e com as directivas do magistério da Igreja Católica.
O presidente da APV admite que o caso da menina brasileira era complexo, dado que “por causa da sua tenra idade e das suas condições de saúde precárias, a sua vida corria sério risco por causa da gravidez”.
“O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado no seu íntimo. O médico traz consigo a sua história e a sua experiência; uma escolha como esta de ter de salvar uma vida, sabendo que coloca em sério risco outra, jamais é vivida com facilidade”, observa D. Fisichella.
“«Cármen» voltou a propor um caso moral entre os mais delicados; tratá-lo de forma rápida não faria justiça nem à sua frágil pessoa nem aos que estão envolvidos no caso. Como qualquer caso singular e concreto, merece ser analisado de forma peculiar, sem generalizações”, diz o presidente da APV.
Neste artigo do Osservatore Romano é afirmando que “a moral católica possui princípios dos quais não pode prescindir, mesmo o se quisesse. A defesa de uma vida humana desde a sua concepção pertence a um destes princípios e justifica-se pela sacralidade da existência”.
“Qualquer ser humano, de facto, desde o primeiro instante de vida traz consigo a imagem do Criador, e por isto estamos convictos de que devem ser reconhecidos os direitos e a dignidade de qualquer pessoa, o primeiro dentre todos o da sua intangibilidade e inviolabilidade”, prossegue.
Nesse contexto, afirma-se que “o aborto não-espontâneo sempre foi condenado pela lei moral como um acto intrinsecamente mau e este ensinamento permanece imutável nos nossos dias, desde os primórdios da Igreja”.
A colaboração formal com o aborto directo “constitui uma culpa grave que, quando realizada, exclui automaticamente da comunidade cristã”. Tecnicamente, o Código de Direito Canónico usa a expressão «latae sententiae» para indicar que a excomunhão acontece no momento em que o facto acontece.
Em relação ao que aconteceu no Brasil, o presidente da APV defende que “não era precisa tanta urgência e publicidade para declarar um facto que se realiza de maneira automática”.
“Do que se sente maior necessidade neste momento é o sinal de um testemunho de proximidade a quem sofre, um acto de misericórdia que, mesmo mantendo firme o princípio, é capaz de olhar além da esfera jurídica para atingir aquilo que o direito prevê como objectivo de sua existência: o bem e a salvação daqueles que crêem no amor do Pai e daqueles que acolhem o Evangelho de Cristo como as crianças, que Jesus chamava para junto de si e as abraçava dizendo que o reino dos céus pertence a quem é como elas”, diz ainda.
“«Cármen», estamos do teu lado. Partilhamos o sofrimento pelo qual passaste, queremos fazer de tudo para te restituir a dignidade que te foi tirada e o amor de que precisas ainda mais. São outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não os que te permitiram viver e ajudam a recuperar a esperança e a confiança, não obstante a presença do mal e a maldade de muitos", conclui o Arcebispo Fisichella.
Internacional Octávio Carmo 15/03/2009 22:09 5945 Caracteres 350 Aborto
(Fonte: site Agência Ecclesia)
O presidente da Pontifícia Academia para a Vida, D. Rino Fisichella, comentou este Domingo no jornal do Vaticano, “L’Osservatore Romano”, o caso da menina brasileira de nove anos que interrompeu a gravidez de dois gémeos concebidos após ter sido violada pelo seu padrasto.
Segundo este responsável, depois de toda a polémica gerada em torno do caso, chegou “o momento em que se deve olhar para o essencial e, por um momento, deixar de lado aquilo que não toca directamente o problema”.
“O caso na sua dramaticidade é simples. Uma menina de apenas nove anos, a quem chamaremos «Cármen», e a quem devemos olhar fixamente nos olhos, sem nos distrairmos sequer um minuto, para fazê-la entender o quanto lhe queremos bem”, escreve.
“«Cármen», em Alagoinha, foi violentada várias vezes pelo seu jovem padrasto, engravidou de dois gémeos e nunca mais teve uma vida tranquila. A ferida é profunda porque a violência destruiu-a por dentro e dificilmente lhe permitirá no futuro olhar os outros com amor”, aponta D. Fisichella.
Para o presidente da Academia Pontifícia para a Vida (APV), esta é uma história de violência quotidiana que apenas chegou às páginas dos jornais porque o Arcebispo de Olinda e Recife se apressou em excomungar os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez.
“Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida, pois estamos acostumados a ver todos os dias factos de uma gravidade sem igual, se não fossem as reacções causadas pela actuação do bispo. A violência sobre uma mulher é grave, e torna-se ainda mais deplorável quando perpetrada contra uma menina pobre, que vive em condições de degradação social”, pode ler-se no jornal do Vaticano.
D. Rino Fisichella diz que, em primeiro lugar, “«Cármen» deveria ter sido defendida, abraçada, acariciada com doçura para fazê-la sentir que estamos todos com ela; todos, sem excepção. Antes de pensar na excomunhão, era necessário e urgente salvaguardar a sua vida inocente e recolocá-la num nível de humanidade, da qual nós homens de Igreja devemos ser anunciadores e mestres”.
“Assim não foi feito e, infelizmente, a credibilidade do nosso ensinamento sofre com isso, pois aparece aos olhos de muitos como insensível, incompreensível e sem misericórdia. É verdade, «Cármen» trazia consigo outras vidas inocentes como a sua - não obstante serem frutos da violência - e foram ceifadas; isso, todavia, não basta para fazer um julgamento que pesa como uma guilhotina”, acrescenta.
A Academia Pontifícia para a Vida foi instituída por João Paulo II em 11 de Fevereiro de 1994, com o Motu Proprio “Vitae Mysterium”. Tem como objectivo o estudo, a informação e a formação sobre os principais problemas de bioética e de direito, relativos à promoção e defesa da vida, sobretudo na relação directa que estes têm com a moral cristã e com as directivas do magistério da Igreja Católica.
O presidente da APV admite que o caso da menina brasileira era complexo, dado que “por causa da sua tenra idade e das suas condições de saúde precárias, a sua vida corria sério risco por causa da gravidez”.
“O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado no seu íntimo. O médico traz consigo a sua história e a sua experiência; uma escolha como esta de ter de salvar uma vida, sabendo que coloca em sério risco outra, jamais é vivida com facilidade”, observa D. Fisichella.
“«Cármen» voltou a propor um caso moral entre os mais delicados; tratá-lo de forma rápida não faria justiça nem à sua frágil pessoa nem aos que estão envolvidos no caso. Como qualquer caso singular e concreto, merece ser analisado de forma peculiar, sem generalizações”, diz o presidente da APV.
Neste artigo do Osservatore Romano é afirmando que “a moral católica possui princípios dos quais não pode prescindir, mesmo o se quisesse. A defesa de uma vida humana desde a sua concepção pertence a um destes princípios e justifica-se pela sacralidade da existência”.
“Qualquer ser humano, de facto, desde o primeiro instante de vida traz consigo a imagem do Criador, e por isto estamos convictos de que devem ser reconhecidos os direitos e a dignidade de qualquer pessoa, o primeiro dentre todos o da sua intangibilidade e inviolabilidade”, prossegue.
Nesse contexto, afirma-se que “o aborto não-espontâneo sempre foi condenado pela lei moral como um acto intrinsecamente mau e este ensinamento permanece imutável nos nossos dias, desde os primórdios da Igreja”.
A colaboração formal com o aborto directo “constitui uma culpa grave que, quando realizada, exclui automaticamente da comunidade cristã”. Tecnicamente, o Código de Direito Canónico usa a expressão «latae sententiae» para indicar que a excomunhão acontece no momento em que o facto acontece.
Em relação ao que aconteceu no Brasil, o presidente da APV defende que “não era precisa tanta urgência e publicidade para declarar um facto que se realiza de maneira automática”.
“Do que se sente maior necessidade neste momento é o sinal de um testemunho de proximidade a quem sofre, um acto de misericórdia que, mesmo mantendo firme o princípio, é capaz de olhar além da esfera jurídica para atingir aquilo que o direito prevê como objectivo de sua existência: o bem e a salvação daqueles que crêem no amor do Pai e daqueles que acolhem o Evangelho de Cristo como as crianças, que Jesus chamava para junto de si e as abraçava dizendo que o reino dos céus pertence a quem é como elas”, diz ainda.
“«Cármen», estamos do teu lado. Partilhamos o sofrimento pelo qual passaste, queremos fazer de tudo para te restituir a dignidade que te foi tirada e o amor de que precisas ainda mais. São outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não os que te permitiram viver e ajudam a recuperar a esperança e a confiança, não obstante a presença do mal e a maldade de muitos", conclui o Arcebispo Fisichella.
Internacional Octávio Carmo 15/03/2009 22:09 5945 Caracteres 350 Aborto
(Fonte: site Agência Ecclesia)
A Sagrada Eucaristia
Na Eucaristia, partimos «o mesmo pão, que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver eternamente em Jesus Cristo»
(S. Inácio de Antioquia)
(S. Inácio de Antioquia)
O Evangelho do dia 16 de Março de 2009
São Lucas 4, 24-30
Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré
e falou ao povo na sinagoga, dizendo:
«Em verdade vos digo:
Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Digo-vos a verdade:
Havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias,
quando o céu se fechou durante três anos e seis meses
e houve uma grande fome em toda a terra;
contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas,
mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia.
Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu;
contudo, nenhum deles foi curado,
mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras,
todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade
e levaram-n’O até ao cimo da colina
sobre a qual a cidade estava edificada,
a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles,
seguiu o seu caminho.
Naquele tempo, Jesus veio a Nazaré
e falou ao povo na sinagoga, dizendo:
«Em verdade vos digo:
Nenhum profeta é bem recebido na sua terra.
Digo-vos a verdade:
Havia em Israel muitas viúvas no tempo do profeta Elias,
quando o céu se fechou durante três anos e seis meses
e houve uma grande fome em toda a terra;
contudo, Elias não foi enviado a nenhuma delas,
mas a uma viúva de Sarepta, na região da Sidónia.
Havia em Israel muitos leprosos no tempo do profeta Eliseu;
contudo, nenhum deles foi curado,
mas apenas o sírio Naamã».
Ao ouvirem estas palavras,
todos ficaram furiosos na sinagoga.
Levantaram-se, expulsaram Jesus da cidade
e levaram-n’O até ao cimo da colina
sobre a qual a cidade estava edificada,
a fim de O precipitarem dali abaixo.
Mas Jesus, passando pelo meio deles,
seguiu o seu caminho.
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