Obrigado, Perdão Ajuda-me
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Amar a Cristo...
Humildemente Te rogo querido Jesus, que me ilumines e ajudes a juntar as peças do puzzle já como dizias aos Teus discípulos eu também sou «Homens de pouca fé, porque estais a discorrer entre vós por não terdes trazido pão?» (Mat 16, 8) e ainda não consegui juntá-las, salvo se for essa a tua vontade e então «não se faça, contudo, a minha vontade, mas a Tua» (Lc 22, 42)
JPR
JPR
Imitação de Cristo, 1,3,2
Que se nos dá dos géneros e das espécies dos filósofos? Aquele a quem fala o Verbo eterno se desembaraça de muitas questões. Desse Verbo único procedem todas as coisas e todas o proclamam e esse é o princípio que também nos fala (Jo 8,25). Sem ele não há entendimento nem reto juízo. Quem acha tudo neste Único, e tudo a ele refere e nele tudo vê, poderá ter o coração firme e permanecer em paz com Deus. Ó Deus de verdade, fazei-me um convosco na eterna caridade! Enfastia-me, muita vez, ler e ouvir tantas coisas; pois em vós acho tudo quanto quero e desejo. Calem-se todos os doutores, emudeçam todas as criaturas em vossa presença; falai-me vós só.
Orar é falar com Deus. Mas de quê?
Escreveste-me: "Orar é falar com Deus. Mas de quê?". De quê?! D'Ele e de ti; alegrias, tristezas, êxitos e fracassos, ambições nobres, preocupações diárias..., fraquezas; e acções de graças e pedidos; e Amor e desagravo. Em duas palavras: conhecê-Lo e conhecer-te – ganhar intimidade! (Caminho, 91)
Uma oração ao Deus da minha vida. Se Deus é vida para nós, não deve causar-nos estranheza que a nossa existência de cristãos tenha de estar embebida de oração. Mas não penseis que a oração é um acto que se realiza e se abandona logo a seguir. O justo encontra na lei de Iavé a sua complacência e procura acomodar-se a essa lei durante o dia e durante a noite. Pela manhã penso em ti; e, durante a tarde, dirige-se a ti a minha oração como o incenso. Todo o dia pode ser tempo de oração: da noite à manhã e da manhã à noite. Mais ainda: como nos recorda a Escritura Santa, também o sono deve ser oração.
(...) A vida de oração tem de fundamentar-se, além disso, em pequenos espaços de tempo, dedicados exclusivamente a estar com Deus. São momentos de colóquio sem ruído de palavras, junto ao Sacrário sempre que possível, para agradecer ao Senhor essa espera – tão só! – desde há vinte séculos. A oração mental é diálogo com Deus, de coração a coração, em que intervém a alma toda: a inteligência e a imaginação, a memória e a vontade. Uma meditação que contribui a dar valor sobrenatural à nossa pobre vida humana, à nossa vida corrente e diária.
Graças a esses tempos de meditação, às orações vocais, às jaculatórias, saberemos converter a nossa jornada, com naturalidade e sem espectáculo, num contínuo louvor a Deus. Manter-nos-emos na sua presença, como os que estão enamorados dirigem continuamente o seu pensamento à pessoa que amam, e todas as nossas acções – inclusivamente as mais pequenas – encher-se-ão de eficácia espiritual.
Por isso, quando um cristão se lança por este caminho de intimidade ininterrupta com o Senhor – e é um caminho para todos, não uma senda para privilegiados – a vida interior cresce, segura e firme; e o homem empenha-se nessa luta, amável e exigente ao mesmo tempo, por realizar até ao fim a vontade de Deus. (Cristo que passa, 119)
São Josemaría Escrivá
Hoje o Antigo de dias faz-se menino - A festa do Senhor na tradição bizantina
Nas Igrejas orientais a festa de 2 de Fevereiro é uma das doze grandes do ano litúrgico. Já testemunhada na segunda metade do século IV, realça o encontro entre a humanidade, representada pelos anciãos Simeão e Ana, e a divindade, o próprio Cristo Senhor.
A iconografia tem poucas variantes, desde os mosaicos romanos de Santa Maria em Trastevere até aos Balcãs, com Cristo, Maria e Simeão como figuras centrais, José e Ana em segundo plano. Nalguns ícones Maria tem o menino no colo, noutros é Simeão que o carrega, recordando o Grande ingresso na Divina liturgia bizantina, quando o bispo recebe os dons do pão e do vinho, preparados para os depor sobre o altar.
Simeão, acolhendo Cristo, torna-se aquele que professa a fé da Igreja.
A profissão de fé dos quatro primeiros concílios ecuménicos é posta nos lábios de Simeão; inclusive no momento da apresentação do candidato à ordenação episcopal, que pronuncia três profissões de fé ligadas aos quatro concílios. Num texto, o próprio Simeão torna-se figura de Cristo na sua descida à mansão dos mortos: "Agora, deixa que eu vá embora, ó Soberano, para anunciar a Adão que vi o Deus existente desde antes dos séculos, sem mudança, feito menino".
O encontro entre a humanidade envelhecida, simbolizada por Simeão e Ana, e a nova humanidade em Cristo, faz-nos retomar um versículo do profeta Daniel (7, 9) em chave cristológica: "O Antigo de dias, que se tornou menino na carne, foi levado ao santuário pela Virgem Mãe. Para mim é menino o Antigo de dias; o Deus puríssimo submete-se às purificações, para confirmar que realmente é a minha carne que assumiu da Virgem. Simeão, iniciado nos mistérios, reconhece o próprio Deus, surgido na carne". Quem tem a visão do profeta constata como um ancião "antigo de dias" agora aparece "menino novo", como é cantado na liturgia do Natal.
Maria, Mãe de Deus, é apresentada nos textos litúrgicos como aquela que carrega Jesus. Um deles entrou na celebração romana: "Adorna o teu tálamo, ó Sião, e recebe o rei Cristo; abraça Maria, a porta celeste, porque ela se tornou trono de querubins, ela carrega o rei da glória; a Virgem é nuvem de luz porque traz em si, na carne, o Filho que existe já antes da estrela da manhã".
Num longo tropário de André de Creta, os braços que carregam Cristo não são de Maria mas do ancião Simeão, ambos figuras da Igreja que levam Cristo aos homens, introduzindo de modo discreto a figura de José, em segundo plano também na iconografia: "Aquele que é levado pelos querubins e celebrado pelos serafins, apresentado hoje no templo sagrado segundo a Lei, tem por trono os braços de um ancião; pela mão de José recebe dons dignos de Deus: sob forma de um casal de rolas, eis a Igreja incontaminada e o novo povo eleito das nações, juntamente com as duas pequenas pombas para significar que ele é príncipe do antigo e do novo pacto. Simeão, acolhendo o cumprimento do oráculo que tinha recebido, bendiz a Virgem Mãe de Deus Maria, simbolicamente, anunciando-lhe a paixão daquele que nasceu dela, e a ele pede para ser libertado da vida, bradando: Agora, deixa que eu vá embora, ó soberano, como me tinha anunciado, porque te vi, luz sempiterna e Senhor salvador do povo que de Cristo toma o nome".
MANUEL NIN
(© L'Osservatore Romano - 4 de Fevereiro de 2012)
A iconografia tem poucas variantes, desde os mosaicos romanos de Santa Maria em Trastevere até aos Balcãs, com Cristo, Maria e Simeão como figuras centrais, José e Ana em segundo plano. Nalguns ícones Maria tem o menino no colo, noutros é Simeão que o carrega, recordando o Grande ingresso na Divina liturgia bizantina, quando o bispo recebe os dons do pão e do vinho, preparados para os depor sobre o altar.
Simeão, acolhendo Cristo, torna-se aquele que professa a fé da Igreja.
A profissão de fé dos quatro primeiros concílios ecuménicos é posta nos lábios de Simeão; inclusive no momento da apresentação do candidato à ordenação episcopal, que pronuncia três profissões de fé ligadas aos quatro concílios. Num texto, o próprio Simeão torna-se figura de Cristo na sua descida à mansão dos mortos: "Agora, deixa que eu vá embora, ó Soberano, para anunciar a Adão que vi o Deus existente desde antes dos séculos, sem mudança, feito menino".
O encontro entre a humanidade envelhecida, simbolizada por Simeão e Ana, e a nova humanidade em Cristo, faz-nos retomar um versículo do profeta Daniel (7, 9) em chave cristológica: "O Antigo de dias, que se tornou menino na carne, foi levado ao santuário pela Virgem Mãe. Para mim é menino o Antigo de dias; o Deus puríssimo submete-se às purificações, para confirmar que realmente é a minha carne que assumiu da Virgem. Simeão, iniciado nos mistérios, reconhece o próprio Deus, surgido na carne". Quem tem a visão do profeta constata como um ancião "antigo de dias" agora aparece "menino novo", como é cantado na liturgia do Natal.
Maria, Mãe de Deus, é apresentada nos textos litúrgicos como aquela que carrega Jesus. Um deles entrou na celebração romana: "Adorna o teu tálamo, ó Sião, e recebe o rei Cristo; abraça Maria, a porta celeste, porque ela se tornou trono de querubins, ela carrega o rei da glória; a Virgem é nuvem de luz porque traz em si, na carne, o Filho que existe já antes da estrela da manhã".
Num longo tropário de André de Creta, os braços que carregam Cristo não são de Maria mas do ancião Simeão, ambos figuras da Igreja que levam Cristo aos homens, introduzindo de modo discreto a figura de José, em segundo plano também na iconografia: "Aquele que é levado pelos querubins e celebrado pelos serafins, apresentado hoje no templo sagrado segundo a Lei, tem por trono os braços de um ancião; pela mão de José recebe dons dignos de Deus: sob forma de um casal de rolas, eis a Igreja incontaminada e o novo povo eleito das nações, juntamente com as duas pequenas pombas para significar que ele é príncipe do antigo e do novo pacto. Simeão, acolhendo o cumprimento do oráculo que tinha recebido, bendiz a Virgem Mãe de Deus Maria, simbolicamente, anunciando-lhe a paixão daquele que nasceu dela, e a ele pede para ser libertado da vida, bradando: Agora, deixa que eu vá embora, ó soberano, como me tinha anunciado, porque te vi, luz sempiterna e Senhor salvador do povo que de Cristo toma o nome".
MANUEL NIN
(© L'Osservatore Romano - 4 de Fevereiro de 2012)
«Jesus foi para um lugar solitário e ali Se pôs em oração»
Jean Tauler (c. 1300-1361), dominicano em Estrasburgo
Sermão 15, para a véspera dos Ramos
Quando o Filho de Deus «levantando os olhos ao céu disse: 'Pai, glorifica o Teu Filho'» (Jo 17,1), ensinou-nos através desta acção que devemos levantar bem alto todos os nossos sentidos, as nossas mãos, as nossas faculdades, a nossa alma, e rezar n'Ele, com Ele e por Ele. Eis a obra melhor e mais santa que o Filho de Deus realizou na terra: adorar Seu bem amado Pai. Mas isto ultrapassa em muito qualquer raciocínio, e não conseguimos de maneira nenhuma alcançá-lo e compreendê-lo se não for no Espírito Santo. Santo Agostinho e Santo Anselmo dizem-nos que a oração é «uma elevação da alma para Deus». [...]
Eu digo-te apenas isto: liberta-te de ti mesmo e de todas as coisas criadas, e eleva plenamente a tua alma para Deus, acima de todas as criaturas, no abismo profundo. Mergulha o teu espírito no espírito de Deus com verdadeiro abandono [...], numa verdadeira união com Deus. [...] Pede a Deus tudo o que Ele quer que Lhe seja pedido, o que tu desejas e o que os homens desejam de ti. E acredita nisto: aquilo que uma pequena e insignificante moeda é, comparada com cem mil moedas de ouro, eis o que é toda a oração externa, comparada com esta oração que é uma verdadeira união com Deus, com esta fusão do espírito criado no espírito incriado de Deus. [...]
Se te pediram uma oração, é bom que a faças de maneira exterior, como te pediram e como tu te comprometeste a fazer. Mas ao fazê-lo leva a tua alma para as alturas e para o deserto interior, conduz para aí todo o teu rebanho como Moisés (Ex 3,1). [...] «Os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade» (Jo 4,23). É nesta oração interior que se completam todas as práticas, todas as fórmulas e todos os tipos de oração que, desde Adão até agora, foram oferecidos, e que serão oferecidos até ao último dia. Tudo isto é levado à sua perfeição num instante, neste recolhimento verdadeiro e essencial.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Sermão 15, para a véspera dos Ramos
Quando o Filho de Deus «levantando os olhos ao céu disse: 'Pai, glorifica o Teu Filho'» (Jo 17,1), ensinou-nos através desta acção que devemos levantar bem alto todos os nossos sentidos, as nossas mãos, as nossas faculdades, a nossa alma, e rezar n'Ele, com Ele e por Ele. Eis a obra melhor e mais santa que o Filho de Deus realizou na terra: adorar Seu bem amado Pai. Mas isto ultrapassa em muito qualquer raciocínio, e não conseguimos de maneira nenhuma alcançá-lo e compreendê-lo se não for no Espírito Santo. Santo Agostinho e Santo Anselmo dizem-nos que a oração é «uma elevação da alma para Deus». [...]
Eu digo-te apenas isto: liberta-te de ti mesmo e de todas as coisas criadas, e eleva plenamente a tua alma para Deus, acima de todas as criaturas, no abismo profundo. Mergulha o teu espírito no espírito de Deus com verdadeiro abandono [...], numa verdadeira união com Deus. [...] Pede a Deus tudo o que Ele quer que Lhe seja pedido, o que tu desejas e o que os homens desejam de ti. E acredita nisto: aquilo que uma pequena e insignificante moeda é, comparada com cem mil moedas de ouro, eis o que é toda a oração externa, comparada com esta oração que é uma verdadeira união com Deus, com esta fusão do espírito criado no espírito incriado de Deus. [...]
Se te pediram uma oração, é bom que a faças de maneira exterior, como te pediram e como tu te comprometeste a fazer. Mas ao fazê-lo leva a tua alma para as alturas e para o deserto interior, conduz para aí todo o teu rebanho como Moisés (Ex 3,1). [...] «Os verdadeiros adoradores hão-de adorar o Pai em espírito e verdade» (Jo 4,23). É nesta oração interior que se completam todas as práticas, todas as fórmulas e todos os tipos de oração que, desde Adão até agora, foram oferecidos, e que serão oferecidos até ao último dia. Tudo isto é levado à sua perfeição num instante, neste recolhimento verdadeiro e essencial.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho de Domingo dia 5 de Fevereiro de 2012
Logo que saíram da sinagoga, foram a casa de Simão e de André, com Tiago e João. A sogra de Simão estava de cama com febre. Falaram-Lhe logo dela. Jesus, aproximando-Se e tomando-a pela mão, levantou-a. Imediatamente a deixou a febre, e ela pôs-se a servi-los. Ao anoitecer, depois do sol-posto, traziam-Lhe todos os enfermos e possessos, e toda a cidade se tinha juntado diante da porta. Curou muitos que se achavam atacados com várias doenças, expulsou muitos demónios, e não permitia que os demónios dissessem quem Ele era. Levantando-Se muito antes de amanhecer, saiu e foi a um lugar solitário e lá fazia oração. Simão e os seus companheiros foram procurá-l'O. Tendo-O encontrado, disseram-Lhe: «Todos Te procuram». Ele respondeu: «Vamos para outra parte, para as aldeias vizinhas, a fim de que Eu também lá pregue, pois para isso é que Eu vim». E andava pregando nas sinagogas, por toda a Galileia, e expulsava os demónios.
Mc 1, 29-39
Mc 1, 29-39
Esmola
«Recebi tudo, e em abundância. Estou bem provido, depois que recebi de Epafrodito a vossa oferta: foi um suave perfume, um sacrifício que Deus aceita com agrado. Em recompensa, o meu Deus proverá magnificamente a todas as vossas necessidades, segundo a sua glória, em Jesus Cristo».
(Filipenses 4, 18-19)
« … que quem distribui esmolas o faça com despreocupação e alegria, já que quanto menos reserve para si, maior será o lucro que obterá»
(Sermão 10 sobre a Quaresma – São Leão Magno)
(Filipenses 4, 18-19)
« … que quem distribui esmolas o faça com despreocupação e alegria, já que quanto menos reserve para si, maior será o lucro que obterá»
(Sermão 10 sobre a Quaresma – São Leão Magno)
Deus é bom e ama-nos
«Mesmo “depois de Auschwitz”, depois das trágicas catástrofes da história, Deus permanece Deus; Ele permanece bom, com uma bondade indestrutível, permanece o Salvador, em Cujas mãos a actividade cruel e destrutiva do homem é transformada pelo Seu amor. O homem não é o único actor da história e por isso a morte não tem a última palavra nela. O facto de existir um outro actor é âncora firme e segura duma esperança que é maior e mais forte que todos os medos do mundo».
(Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger)
(Olhar para Cristo – Joseph Ratzinger)
O relativismo ético-social
Passamos a ocupar-nos do relativismo ético-social. Esta expressão significa não só que o relativismo atual tem muitas e evidentes manifestações no âmbito ético-social, mas também – e principalmente – que se apresenta como se estivesse justificado por razões ético-sociais. Isto explica tanto a facilidade com que se difunde quanto a escassa eficácia que têm certos intentos de combatê-lo.
Vejamos como Habermas formula essa justificação ético-social. Na sociedade atual encontramos um pluralismo de projetos de vida e de concepções do bem humano. Este fato nos propõe a seguinte alternativa: ou se renuncia à pretensão clássica de pronunciar juízos de valor sobre as diversas formas de vida que a experiência nos oferece ou, então, se há de renunciar a defender o ideal da tolerância, para o qual cada concepção da vida vale tanto como qualquer outra, ou, pelo menos, tem o mesmo direito a existir [1]. A mesma ideia é expressa de modo mais sintético por um conhecido jurista argentino: «Se a existência de razões para modos de vida não fosse utilizada para justificar o emprego da coação, a tolerância seria compatível com os compromissos mais profundos» [2]. A força deste tipo de raciocínio consiste em que, historicamente, tem ocorrido muitas vezes que nós, os homens, temos sacrificado violentamente a liberdade sobre o altar da verdade. Por isso, com um pouco de habilidade dialética não é difícil fazer passar por defesa da liberdade atitudes e concepções que, na realidade, caem no extremo oposto de sacrificar violentamente a verdade sobre o altar da liberdade.
Isto se vê claramente no modo em que a mentalidade relativista ataca os seus adversários. A quem afirme, por exemplo, que a heterossexualidade pertence à essência do casamento, não se lhe diz que essa tese é falsa, mas se lhe acusa de fundamentalismo religioso, de intolerância ou de espírito anti-moderno. Menos ainda se lhe dirá que a tese contrária é verdadeira, isto é, não se tentará demonstrar que a heterossexualidade nada tem a ver com o casamento. O característico da mentalidade relativista é pensar que esta tese é uma das teses que existe na sociedade juntamente com a sua contrária e, talvez, com outras mais, e que, em definitiva, todas têm igual valor e o mesmo direito a serem socialmente reconhecidas. Ninguém é obrigado a se casar com uma pessoa do mesmo sexo, mas quem quiser fazê-lo deve poder fazê-lo. É o mesmo raciocínio com o qual se justifica a legalização do aborto e de outros atentados contra a vida de seres humanos que, pelo estado em que se encontram, não podem reivindicar ativamente os seus direitos, e cuja colaboração não é necessária a nós. Ninguém é obrigado a abortar, mas quem pensar que deve fazê-lo, deve poder fazê-lo.
Pode-se criticar a mentalidade relativista de muitas formas, conforme as circunstâncias. Mas o que nunca se deve fazer é reforçar, com as próprias palavras ou atitudes, aquilo que nessa mentalidade é mais persuasivo. Isto é: quem ataca o relativismo não pode dar a impressão de que está disposto a sacrificar a liberdade sobre o altar da verdade. Pelo contrário, deve-se demonstrar que se é muito sensível ao facto – de per si, bastante claro – que a passagem da perspectiva teórica à perspectiva ético-política tem de se fazer com muito cuidado. Uma coisa é ser inadmissível que aqueles que afirmam e aqueles que negam o mesmo tenham igualmente razão; outra coisa seria dizer que só os que pensam de um determinado modo podem desfrutar de todos os direitos civis de liberdade no âmbito do Estado. Deve-se evitar qualquer tipo de confusão entre o plano teórico e o plano ético-político: uma coisa é a relação da consciência com a verdade e outra, bem diferente, é a justiça para com as pessoas. Seguindo esta lógica, poder-se-á mostrar depois, de modo crível, que de uma afirmação que pretende dizer como as coisas são, isto é, de uma tese especulativa, só cabe dizer que é verdadeira ou falsa. As teses especulativas não são nem fortes nem débeis, nem privadas nem públicas, nem frias nem quentes, nem violentas nem pacíficas, nem autoritárias nem democráticas, nem progressistas nem conservadoras, nem boas nem más. São simplesmente verdadeiras ou falsas. O que pensaríamos de quem, ao expor uma demonstração matemática ou uma explicação médica, começasse a dizer que esses conhecimentos científicos têm só uma validade privada ou então que constituem uma teoria muito democrática? Se existe completa certeza de que um fármaco permite deter um tumor, trata-se, pura e simplesmente, de uma verdade médica, e não há nada mais a se acrescentar. Porém, é cabível qualificar uma forma de conceber os direitos civis ou a estrutura do Estado de autoritária ou de democrática, de justa ou de injusta, de conservadora ou de reformista. Ao mesmo tempo, é preciso recordar que existem realidades, como o casamento, que são, a uma só vez, objeto de um conhecimento verdadeiro e de uma regulação prática segundo a justiça. Em caso de conflito, é preciso encontrar o modo de salvar tanto a verdade quanto a justiça para com as pessoas, para o qual se há de ter muito em conta – entre outras coisas – o aspecto “expressivo” ou educativo das leis civis [3].
No Discurso de 22 de dezembro de 2005, Bento XVI distinguiu com muita nitidez a relação da consciência com a verdade das relações de justiça entre as pessoas. Transcrevo um parágrafo muito significativo: «se a liberdade religiosa for considerada como expressão da incapacidade do homem para encontrar a verdade e, consequentemente, tornar-se uma canonização do relativismo, então passa impropriamente de necessidade social e histórica para o nível metafísico. Assim, priva-se-lhe do seu verdadeiro sentido, com a consequência de não poder ser aceite por quem crê que o homem é capaz de conhecer a verdade de Deus e, com base na dignidade interior da verdade, está ligado a tal conhecimento.
Uma coisa completamente diversa é, porém, considerar a liberdade de religião como uma necessidade derivante da convivência humana, aliás, como uma consequência intrínseca da verdade que não pode ser imposta do exterior, mas que o homem deve fazer sua mediante um processo do convencimento. O Concílio Vaticano II, com o Decreto sobre a liberdade religiosa, reconhecendo e fazendo seu um princípio essencial do Estado moderno, recuperou novamente o património mais profundo da Igreja» [4].
Bento XVI dá mostras de um fino discernimento quando reconhece que no Concílio Vaticano II a Igreja fez seu um princípio ético-político do Estado moderno, e que o fez recuperando algo que pertencia à tradição católica. Sua posição está cheia de matizes. E, desse modo, esclarece que «quem pensava que com este “sim” fundamental para a era moderna se dissipassem todas as tensões e a “abertura ao mundo” assim realizada transformasse tudo em pura harmonia, tinha subestimado as tensões internas e também as contradições da mesma era moderna; tinha subestimado a perigosa fragilidade da natureza humana que em todos os períodos da história e em cada constelação histórica é uma ameaça para o caminho do homem». E se afirma que «não podia ser intenção do Concílio abolir esta contradição do Evangelho em relação aos perigos e aos erros do homem», diz também que é um bem fazer todo o possível por evitar as «contradições erróneas ou supérfluas, para apresentar a este nosso mundo a exigência do Evangelho em toda a sua grandeza e pureza» [5]. E, assinalando o fundo do problema, acrescenta que «[o] passo dado pelo Concílio em direção à era moderna, que de modo tão impreciso foi apresentado como “abertura ao mundo” pertence definitivamente ao perene problema da relação entre fé e razão, que se apresenta sempre de novas formas» [6].
O raciocínio de Bento XVI mostra um modo de fazer frente de modo justo e matizado a uma posição tremendamente insidiosa como é a do relativismo ético-social.
Vejamos como Habermas formula essa justificação ético-social. Na sociedade atual encontramos um pluralismo de projetos de vida e de concepções do bem humano. Este fato nos propõe a seguinte alternativa: ou se renuncia à pretensão clássica de pronunciar juízos de valor sobre as diversas formas de vida que a experiência nos oferece ou, então, se há de renunciar a defender o ideal da tolerância, para o qual cada concepção da vida vale tanto como qualquer outra, ou, pelo menos, tem o mesmo direito a existir [1]. A mesma ideia é expressa de modo mais sintético por um conhecido jurista argentino: «Se a existência de razões para modos de vida não fosse utilizada para justificar o emprego da coação, a tolerância seria compatível com os compromissos mais profundos» [2]. A força deste tipo de raciocínio consiste em que, historicamente, tem ocorrido muitas vezes que nós, os homens, temos sacrificado violentamente a liberdade sobre o altar da verdade. Por isso, com um pouco de habilidade dialética não é difícil fazer passar por defesa da liberdade atitudes e concepções que, na realidade, caem no extremo oposto de sacrificar violentamente a verdade sobre o altar da liberdade.
Isto se vê claramente no modo em que a mentalidade relativista ataca os seus adversários. A quem afirme, por exemplo, que a heterossexualidade pertence à essência do casamento, não se lhe diz que essa tese é falsa, mas se lhe acusa de fundamentalismo religioso, de intolerância ou de espírito anti-moderno. Menos ainda se lhe dirá que a tese contrária é verdadeira, isto é, não se tentará demonstrar que a heterossexualidade nada tem a ver com o casamento. O característico da mentalidade relativista é pensar que esta tese é uma das teses que existe na sociedade juntamente com a sua contrária e, talvez, com outras mais, e que, em definitiva, todas têm igual valor e o mesmo direito a serem socialmente reconhecidas. Ninguém é obrigado a se casar com uma pessoa do mesmo sexo, mas quem quiser fazê-lo deve poder fazê-lo. É o mesmo raciocínio com o qual se justifica a legalização do aborto e de outros atentados contra a vida de seres humanos que, pelo estado em que se encontram, não podem reivindicar ativamente os seus direitos, e cuja colaboração não é necessária a nós. Ninguém é obrigado a abortar, mas quem pensar que deve fazê-lo, deve poder fazê-lo.
Pode-se criticar a mentalidade relativista de muitas formas, conforme as circunstâncias. Mas o que nunca se deve fazer é reforçar, com as próprias palavras ou atitudes, aquilo que nessa mentalidade é mais persuasivo. Isto é: quem ataca o relativismo não pode dar a impressão de que está disposto a sacrificar a liberdade sobre o altar da verdade. Pelo contrário, deve-se demonstrar que se é muito sensível ao facto – de per si, bastante claro – que a passagem da perspectiva teórica à perspectiva ético-política tem de se fazer com muito cuidado. Uma coisa é ser inadmissível que aqueles que afirmam e aqueles que negam o mesmo tenham igualmente razão; outra coisa seria dizer que só os que pensam de um determinado modo podem desfrutar de todos os direitos civis de liberdade no âmbito do Estado. Deve-se evitar qualquer tipo de confusão entre o plano teórico e o plano ético-político: uma coisa é a relação da consciência com a verdade e outra, bem diferente, é a justiça para com as pessoas. Seguindo esta lógica, poder-se-á mostrar depois, de modo crível, que de uma afirmação que pretende dizer como as coisas são, isto é, de uma tese especulativa, só cabe dizer que é verdadeira ou falsa. As teses especulativas não são nem fortes nem débeis, nem privadas nem públicas, nem frias nem quentes, nem violentas nem pacíficas, nem autoritárias nem democráticas, nem progressistas nem conservadoras, nem boas nem más. São simplesmente verdadeiras ou falsas. O que pensaríamos de quem, ao expor uma demonstração matemática ou uma explicação médica, começasse a dizer que esses conhecimentos científicos têm só uma validade privada ou então que constituem uma teoria muito democrática? Se existe completa certeza de que um fármaco permite deter um tumor, trata-se, pura e simplesmente, de uma verdade médica, e não há nada mais a se acrescentar. Porém, é cabível qualificar uma forma de conceber os direitos civis ou a estrutura do Estado de autoritária ou de democrática, de justa ou de injusta, de conservadora ou de reformista. Ao mesmo tempo, é preciso recordar que existem realidades, como o casamento, que são, a uma só vez, objeto de um conhecimento verdadeiro e de uma regulação prática segundo a justiça. Em caso de conflito, é preciso encontrar o modo de salvar tanto a verdade quanto a justiça para com as pessoas, para o qual se há de ter muito em conta – entre outras coisas – o aspecto “expressivo” ou educativo das leis civis [3].
No Discurso de 22 de dezembro de 2005, Bento XVI distinguiu com muita nitidez a relação da consciência com a verdade das relações de justiça entre as pessoas. Transcrevo um parágrafo muito significativo: «se a liberdade religiosa for considerada como expressão da incapacidade do homem para encontrar a verdade e, consequentemente, tornar-se uma canonização do relativismo, então passa impropriamente de necessidade social e histórica para o nível metafísico. Assim, priva-se-lhe do seu verdadeiro sentido, com a consequência de não poder ser aceite por quem crê que o homem é capaz de conhecer a verdade de Deus e, com base na dignidade interior da verdade, está ligado a tal conhecimento.
Uma coisa completamente diversa é, porém, considerar a liberdade de religião como uma necessidade derivante da convivência humana, aliás, como uma consequência intrínseca da verdade que não pode ser imposta do exterior, mas que o homem deve fazer sua mediante um processo do convencimento. O Concílio Vaticano II, com o Decreto sobre a liberdade religiosa, reconhecendo e fazendo seu um princípio essencial do Estado moderno, recuperou novamente o património mais profundo da Igreja» [4].
Bento XVI dá mostras de um fino discernimento quando reconhece que no Concílio Vaticano II a Igreja fez seu um princípio ético-político do Estado moderno, e que o fez recuperando algo que pertencia à tradição católica. Sua posição está cheia de matizes. E, desse modo, esclarece que «quem pensava que com este “sim” fundamental para a era moderna se dissipassem todas as tensões e a “abertura ao mundo” assim realizada transformasse tudo em pura harmonia, tinha subestimado as tensões internas e também as contradições da mesma era moderna; tinha subestimado a perigosa fragilidade da natureza humana que em todos os períodos da história e em cada constelação histórica é uma ameaça para o caminho do homem». E se afirma que «não podia ser intenção do Concílio abolir esta contradição do Evangelho em relação aos perigos e aos erros do homem», diz também que é um bem fazer todo o possível por evitar as «contradições erróneas ou supérfluas, para apresentar a este nosso mundo a exigência do Evangelho em toda a sua grandeza e pureza» [5]. E, assinalando o fundo do problema, acrescenta que «[o] passo dado pelo Concílio em direção à era moderna, que de modo tão impreciso foi apresentado como “abertura ao mundo” pertence definitivamente ao perene problema da relação entre fé e razão, que se apresenta sempre de novas formas» [6].
O raciocínio de Bento XVI mostra um modo de fazer frente de modo justo e matizado a uma posição tremendamente insidiosa como é a do relativismo ético-social.
Ángel Rodríguez Luño, Doutor em Filosofia e Educação, e professor de Teologia Moral da Pontificia Università della Santa Croce (Roma)
[1] Cf. Habermas, J. Teoria della morale. Bari-Roma : Laterza, 1995, p. 88 (original: Erläuterungen zur Diskursrthik, Frankfurt am Main : Suhrkamp, 1991).
[2] Nino, C. S. Ética y derechos humanos. Un ensayo de fundamentación. Barcelona : Ariel, 1989, p. 195.
[3] Chama-se aspecto “expressivo” das leis civis o fato inegável de que as leis, além de permitir ou de proibir algo, expressam uma concepção do homem, da vida, do casamento e, desse modo, têm um efeito educativo de sinal positivo ou negativo.
[4] Bento XVI. Discurso à Cúria Romana por ocasião do Natal, 22-XII-2005.
[5] Ibidem.
[6] Ibidem.
(Fonte: excerto retirado do site do Opus Dei – Brasil AQUI)
[2] Nino, C. S. Ética y derechos humanos. Un ensayo de fundamentación. Barcelona : Ariel, 1989, p. 195.
[3] Chama-se aspecto “expressivo” das leis civis o fato inegável de que as leis, além de permitir ou de proibir algo, expressam uma concepção do homem, da vida, do casamento e, desse modo, têm um efeito educativo de sinal positivo ou negativo.
[4] Bento XVI. Discurso à Cúria Romana por ocasião do Natal, 22-XII-2005.
[5] Ibidem.
[6] Ibidem.
(Fonte: excerto retirado do site do Opus Dei – Brasil AQUI)
A nossa luta pela santidade
«Temos de nos sustentar uns aos outros, para que a luta pessoal pela santidade seja constante, firme, alegre; começando e recomeçando em cada dia, para aprender a amar a Deus em tudo».
(Carta de Agosto 2008 do Prelado do Opus Dei - D. Javier Echevarría)
(Carta de Agosto 2008 do Prelado do Opus Dei - D. Javier Echevarría)
S. Josemaría Escrivá nesta data em 1975
Pela tarde chega à Venezuela onde leva a cabo uma das suas viagens de catequese. Na fotografia aparece com D. Álvaro del Portillo no aeroporto de Maiquetía, Caracas. Não passaram mais de vinte horas desde que desembarcou, quando diz: “Não vi nada de Caracas mas, ao subir até aqui, vi esses bairros miseráveis. No Opus Dei, há lugar para todos. A vocação não é só para os universitários. Têm de se relacionar com os ricos, sim, mas também com essa gente que tem fome, e sobretudo fome de Deus. A Obra é para todos”.
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
(Fonte: site de S. Josemaría Escrivá http://www.pt.josemariaescriva.info/)
Lição da história
«Naturalmente, em primeiro lugar, é possível ver na relação entre ‘mansidão’ e promessa de terra uma normal lição da história: os conquistadores vão e voltam; permanecem os simples, os humildes, aqueles que cultivam a terra e não cessam de semear e colher entre tribulações e alegrias».
(“Jesus de Nazaré” – Joseph Ratzinger / Bento XVI)
(“Jesus de Nazaré” – Joseph Ratzinger / Bento XVI)
«Teve compaixão deles»
Isaac o Sírio (sec. VII), monge perto de Mossul, santo das Igrejas Ortodoxas
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60 (a partir da trad. Touraille, DDB 1981, p. 325)
Se David apelida Deus de justo e recto, o Seu Filho revelou-nos que Ele é bom e manso. [...] Longe de nós o pensamento injusto de que Deus não Se compadece. [...] Como é admirável a compaixão de Deus! Quão maravilhosa é a graça de Deus nosso Criador, tão poderosa que tudo sofre! Que bondade incomensurável, da qual Ele investe a nossa natureza de pecadores para a recrearmos. Que dizer da Sua glória? Ele perdoa quem O ofendeu e blasfemou, Ele renova esta poeira sem alma [...], e faz do nosso espírito disperso e dos nossos sentidos extraviados uma natureza dotada de razão e capaz de pensar. O pecador não está em condições de compreender a graça da sua ressurreição. [...] O que é a geena face à ressurreição, quando Ele nos erguer da condenação, concedendo a este corpo perecível a graça de se revestir de incorruptibilidade? (1Cor 15, 53). [...]
Vós que tendes discernimento, vinde e admirai. Quem é aquele que, dotado de uma inteligência sábia e maravilhosa, admira a graça do nosso Criador como ela merece? Esta graça é a retribuição dos pecadores. Porque, em vez do que eles merecem com toda a justiça, Ele dá-lhes a Sua ressurreição. Em vez de corpos que profanaram a Sua Lei, Ele reveste-os da glória da incorruptibilidade. Esta graça – a ressurreição que nos é dada depois de termos pecado – é maior que a primeira, que nos deu quando nos criou, enquanto não existíamos. Glória à Tua graça incomensurável, Senhor! Apenas me posso calar face às vagas da Tua graça. Sou incapaz de Te dizer a gratidão que Te devo.
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60 (a partir da trad. Touraille, DDB 1981, p. 325)
Se David apelida Deus de justo e recto, o Seu Filho revelou-nos que Ele é bom e manso. [...] Longe de nós o pensamento injusto de que Deus não Se compadece. [...] Como é admirável a compaixão de Deus! Quão maravilhosa é a graça de Deus nosso Criador, tão poderosa que tudo sofre! Que bondade incomensurável, da qual Ele investe a nossa natureza de pecadores para a recrearmos. Que dizer da Sua glória? Ele perdoa quem O ofendeu e blasfemou, Ele renova esta poeira sem alma [...], e faz do nosso espírito disperso e dos nossos sentidos extraviados uma natureza dotada de razão e capaz de pensar. O pecador não está em condições de compreender a graça da sua ressurreição. [...] O que é a geena face à ressurreição, quando Ele nos erguer da condenação, concedendo a este corpo perecível a graça de se revestir de incorruptibilidade? (1Cor 15, 53). [...]
Vós que tendes discernimento, vinde e admirai. Quem é aquele que, dotado de uma inteligência sábia e maravilhosa, admira a graça do nosso Criador como ela merece? Esta graça é a retribuição dos pecadores. Porque, em vez do que eles merecem com toda a justiça, Ele dá-lhes a Sua ressurreição. Em vez de corpos que profanaram a Sua Lei, Ele reveste-os da glória da incorruptibilidade. Esta graça – a ressurreição que nos é dada depois de termos pecado – é maior que a primeira, que nos deu quando nos criou, enquanto não existíamos. Glória à Tua graça incomensurável, Senhor! Apenas me posso calar face às vagas da Tua graça. Sou incapaz de Te dizer a gratidão que Te devo.
S. João de Brito
"A Linguagem da cruz é loucura para os que perdem, mas para aqueles que se salvam, para nós, é poder de Deus" 1Cor 1,18
O santo de hoje, chamado São João de Brito (1647 - 1693), sempre foi venerado com especial fervor pelo povo português. O Papa Pio XII estendeu seu culto à Igreja Universal, canonizando-o em 1947. Apesar de nobre e algo doente, conseguiu não só entrar na Companhia de Jesus mas transformar-se, a partir de seus vinte e seis anos, em missionário de espantosa actividade. Na Índia, assumiu a língua e costumes locais, para melhor poder espalhar a Boa Nova do Evangelho. Morreu martirizado, durante um trágico levantamento contra os cristãos.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O santo de hoje, chamado São João de Brito (1647 - 1693), sempre foi venerado com especial fervor pelo povo português. O Papa Pio XII estendeu seu culto à Igreja Universal, canonizando-o em 1947. Apesar de nobre e algo doente, conseguiu não só entrar na Companhia de Jesus mas transformar-se, a partir de seus vinte e seis anos, em missionário de espantosa actividade. Na Índia, assumiu a língua e costumes locais, para melhor poder espalhar a Boa Nova do Evangelho. Morreu martirizado, durante um trágico levantamento contra os cristãos.
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
«Jesus viu uma grande multidão e teve compaixão deles»
São Cesário de Arles (470-543), monge e bispo
Sermão Morin 26, §§2-5; PLS IV*, 297-299
A verdadeira misericórdia que está nos céus (cf. Sl 35, 6) é Cristo nosso Senhor. De tão doce e boa que é, sem que ninguém a procurasse, a misericórdia desceu espontaneamente dos céus e baixou-se para nos elevar. [...]
E Cristo prometeu ficar connosco até ao fim dos tempos, como Ele mesmo disse no Evangelho: «Eis que Eu estarei convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Vede a Sua bondade, meus irmãos; Ele, que já está no céu à direita do Pai, continua a desejar penar connosco na terra. Quer ter fome e sede connosco, quer sofrer connosco, quer ser um estrangeiro connosco e nem sequer Se recusa a morrer e a ser encarcerado connosco (Mt 25, 35ss.). [...] Vede que grande amor Ele tem por nós: na Sua indizível ternura quer sofrer em nós todos esses males.
Sim, a verdadeira misericórdia vinda do céu, isto é, Cristo Senhor nosso, criou-te quando ainda não existias, procurou-te quando andavas perdido e resgatou-te quando tinhas sido vendido. [...] E ainda agora Cristo Se digna incorporar-Se na humanidade todos os dias; mas, infelizmente, nem todos os homens aceitam abrir a porta do seu coração.
Sermão Morin 26, §§2-5; PLS IV*, 297-299
A verdadeira misericórdia que está nos céus (cf. Sl 35, 6) é Cristo nosso Senhor. De tão doce e boa que é, sem que ninguém a procurasse, a misericórdia desceu espontaneamente dos céus e baixou-se para nos elevar. [...]
E Cristo prometeu ficar connosco até ao fim dos tempos, como Ele mesmo disse no Evangelho: «Eis que Eu estarei convosco até ao fim dos tempos» (Mt 28, 20). Vede a Sua bondade, meus irmãos; Ele, que já está no céu à direita do Pai, continua a desejar penar connosco na terra. Quer ter fome e sede connosco, quer sofrer connosco, quer ser um estrangeiro connosco e nem sequer Se recusa a morrer e a ser encarcerado connosco (Mt 25, 35ss.). [...] Vede que grande amor Ele tem por nós: na Sua indizível ternura quer sofrer em nós todos esses males.
Sim, a verdadeira misericórdia vinda do céu, isto é, Cristo Senhor nosso, criou-te quando ainda não existias, procurou-te quando andavas perdido e resgatou-te quando tinhas sido vendido. [...] E ainda agora Cristo Se digna incorporar-Se na humanidade todos os dias; mas, infelizmente, nem todos os homens aceitam abrir a porta do seu coração.
«Encheu-Se de piedade para com eles»
Isaac, o Sírio (século VII), monge perto de Mossul, santo das Igrejas ortodoxas
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60
Não chames a Deus simplesmente justo. Porque não é em relação ao que tu fazes que Ele revela a Sua justiça. Se David Lhe chama justo e recto (cf. Sl 32,5), o Seu Filho revelou-nos que Ele é sobretudo bom e manso: «é bom até para os ingratos e os maus.» (Lc 6,35). [...] Onde está a justiça de Deus? Não será em que «quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»? (Rm 5,8) E, se Deus Se mostra compassivo aqui na terra, acreditemos que Ele o é desde toda a eternidade.
Longe de nós esse pensamento injusto de que Deus não Se compadece. O próprio ser de Deus não muda, como mudam os seres que morrem [...]; nada falta nem nada se acrescenta ao que Ele tem, como acontece às criaturas. Mas esta compaixão que Deus tem desde o início tê-la-á sempre, para a eternidade. [...] Como disse o bem-aventurado Cirilo, no seu comentário do Génesis, venera a Deus por amor e não por causa desse duro nome de justiça que Lhe impuseram. Ama-O como Ele deve ser amado: não pela recompensa que Ele te dará, mas pelo que recebemos, por este mundo que Ele criou para nos oferecer. Quem poderá dar-Lhe seja o que for em retribuição pelo que Ele fez por nós? Entre as nossas obras, que Lhe poderíamos oferecer? No início, quem O persuadiu a criar-nos? E quem Lhe reza por nós, quando não O reconhecemos? Que admirável é a compaixão de Deus! Que maravilha é a graça de Deus, nosso criador! [...] Quem poderá dizer a Sua glória?
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
Discursos ascéticos, 1ª série, nº 60
Não chames a Deus simplesmente justo. Porque não é em relação ao que tu fazes que Ele revela a Sua justiça. Se David Lhe chama justo e recto (cf. Sl 32,5), o Seu Filho revelou-nos que Ele é sobretudo bom e manso: «é bom até para os ingratos e os maus.» (Lc 6,35). [...] Onde está a justiça de Deus? Não será em que «quando ainda éramos pecadores é que Cristo morreu por nós»? (Rm 5,8) E, se Deus Se mostra compassivo aqui na terra, acreditemos que Ele o é desde toda a eternidade.
Longe de nós esse pensamento injusto de que Deus não Se compadece. O próprio ser de Deus não muda, como mudam os seres que morrem [...]; nada falta nem nada se acrescenta ao que Ele tem, como acontece às criaturas. Mas esta compaixão que Deus tem desde o início tê-la-á sempre, para a eternidade. [...] Como disse o bem-aventurado Cirilo, no seu comentário do Génesis, venera a Deus por amor e não por causa desse duro nome de justiça que Lhe impuseram. Ama-O como Ele deve ser amado: não pela recompensa que Ele te dará, mas pelo que recebemos, por este mundo que Ele criou para nos oferecer. Quem poderá dar-Lhe seja o que for em retribuição pelo que Ele fez por nós? Entre as nossas obras, que Lhe poderíamos oferecer? No início, quem O persuadiu a criar-nos? E quem Lhe reza por nós, quando não O reconhecemos? Que admirável é a compaixão de Deus! Que maravilha é a graça de Deus, nosso criador! [...] Quem poderá dizer a Sua glória?
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
O Evangelho do dia 4 de Fevereiro de 2012
Tendo os Apóstolos voltado a Jesus, contaram-Lhe tudo o que tinham feito e ensinado, e Ele disse-lhes: «Vinde à parte, a um lugar solitário, e descansai um pouco». Porque eram muitos os que iam e vinham e nem sequer tinham tempo para comer. Entrando, pois, numa barca, retiraram-se à parte, a um lugar solitário. Porém, viram-nos partir, e muitos perceberam para onde iam e acorreram lá, a pé, de todas as cidades, e chegaram primeiro que eles. Ao desembarcar, viu Jesus uma grande multidão e teve compaixão deles, porque eram como ovelhas sem pastor, e começou a ensinar-lhes muitas coisas.
Mc 6, 30-34
Mc 6, 30-34
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