Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

Fazer da sua vida diária um testemunho de Fé

Muitas realidades materiais, técnicas, económicas, sociais, políticas, culturais..., abandonadas a si mesmas, ou nas mãos de quem carece da luz da nossa fé, convertem-se em obstáculos formidáveis à vida sobrenatural: formam como que um couto cerrado e hostil à Igreja. Tu, por seres cristão – investigador, literato, cientista, político, trabalhador... –, tens o dever de santificar essas realidades. Lembra-te de que o universo inteiro – escreve o Apóstolo – está a gemer como que em dores de parto, esperando a libertação dos filhos de Deus. (Sulco, 311)

Já falámos muito deste tema noutras ocasiões, mas permiti-me insistir de novo na naturalidade e na simplicidade da vida de S. José, que não se distinguia da dos seus vizinhos nem levantava barreiras desnecessárias.

Por isso, ainda que possa ser conveniente nalguns momentos ou em algumas situações, habitualmente não gosto de falar de operários católicos, de engenheiros católicos, de médicos católicos, etc., como se se tratasse de uma espécie dentro dum género, como se os católicos formassem um grupinho separado dos outros, dando assim a sensação de que existe um fosso entre os cristãos e o resto da humanidade. Respeito a opinião oposta, mas penso que é muito mais correcto falar de operários que são católicos, ou de católicos que são operários; de engenheiros que são católicos ou de católicos que são engenheiros. Porque o homem que tem fé e exerce uma profissão intelectual, técnica ou manual, está e sente-se unido aos outros, igual aos outros, com os mesmos direitos e obrigações, com o mesmo desejo de melhorar, com o mesmo empenho de se enfrentar com os problemas comuns e de lhes encontrar a solução.

O católico, assumindo tudo isto, saberá fazer da sua vida diária um testemunho de Fé, de Esperança e de Caridade; testemunho simples, normal, sem necessidade de manifestações aparatosas, pondo de manifesto – com a coerência da sua vida – a presença constante da Igreja no mundo, visto que todos os católicos são, eles mesmos, Igreja, pois são membros, com pleno direito, do único Povo de Deus. (Cristo que passa, 53)

São Josemaría Escrivá

HÁ MOMENTOS!

Há momentos
em que Ele chega,
toma-nos pela mão,
ou seja,
entra-nos no coração,
e diz-nos,
como se nós não soubéssemos:
Amo-te, meu filho!

Paramos tudo,
quase deixamos de viver,
(esta vida terrena, claro),
e perguntamos,
certos da resposta:
és Tu, Senhor?

E Ele sorri,
olha-nos nos olhos,
e diz:
Alguma vez duvidaste,
que Eu morri por ti?

Envergonhados,
baixamos a cabeça,
pomos a mão no peito,
e respondemos:
Só Tu,
Senhor,
és a nossa certeza!

O Seu sorriso,
abre-se ainda mais,
enche-nos de compaixão,
e diz-nos,
olhando-nos nos olhos,
com a voz repassada de amor:
Toma tudo o que Eu te dou,
e ama os outros,
como Eu te amo!
Ama-os,
com o Meu amor!

Marinha Grande, 25 de Fevereiro de 2017

Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.pt/2017/02/ha-momentos.html

Pintar a dor de vermelho

Os gritos do sofrimento do resto do mundo não chegam às aconchegadas terras da Europa ocidental. Mantém-se a guerra nas fronteiras da Ucrânia, travam-se combates sangrentos na Síria, no Iraque, no Sudão do Sul, morrem rohingyas, curdos, palestinianos, paquistaneses, nigerianos, congoleses, venezuelanos, coreanos do Norte... Contam-se por milhares os prisioneiros torturados.

A aflição destas multidões não nos pode deixar alheios.

Na passada sexta-feira, 23 de Fevereiro (2018), os católicos, os outros cristãos e mesmo os não cristãos acolheram o desafio lançado há duas semanas pelo Papa Francisco:
«Diante da trágica persistência de situações de conflito em diversas partes do mundo, convido todos a um especial dia de oração e jejum pela paz, a 23 de Fevereiro, sexta-feira da primeira semana de Quaresma. Oferecemos este dia em particular pelas populações da República Democrática do Congo e do Sudão do Sul».

O nosso Pai celeste ouve sempre os seus filhos que a Ele bradam na dor e na angústia (...). Dirijo um urgente apelo para que também nós ouçamos este brado e, cada um de nós, em consciência, diante de Deus, se pergunte: “O que posso fazer pela paz?”».

Ontem, sábado 24 de Fevereiro (2018), a Fundação Pontifícia «Ajuda à Igreja que Sofre», iluminou de vermelho cinco locais do mundo, em solidariedade com os que sofrem a perseguição religiosa. O Santuário de Cristo-Rei, em frente de Lisboa; a igreja dos Congregados, em Braga; o Coliseu de Roma, onde multidões de cristãos perderam a vida nos primeiros séculos do cristianismo; a catedral maronita de Santo Elias, em Alepo (Síria); e a Igreja de São Paulo, em Mossul (Iraque). Neste dois últimos casos, pretende-se chamar a atenção para o acentuar da violência religiosa na Síria e no Iraque.

Em ocasiões anteriores, a «Ajuda à Igreja que Sofre» projectou luz vermelha sobre outros edifícios marcantes, como o parlamento inglês e a catedral de Westminster, em Londres, assim como igrejas e escolas britânicas. Também a fontana di Trevi, em Roma, a estátua de Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, a basílica do Sacré Coeur, em Paris, ou a catedral de Manila, nas Filipinas.

A iniciativa intitula-se «Combater a indiferença» porque o primeiro passo é despertar o mundo para a perseguição religiosa e mobilizar a opinião pública.

Mas o objectivo de fundo é aprendermos a rezar, com o coração, com as palavras, oferecendo também a Deus sacrifícios – como pediu o Papa.

Cristo jejuou, especialmente naquele período que corresponde hoje à Quaresma. Nossa Senhora em Fátima pediu aos Pastorinhos que oferecessem sacrifícios. Francisco repete os apelos ininterruptos da Igreja. Como reagimos?

Os convites desta sexta-feira e deste sábado foram especiais, mas o apelo mantém-se.

Em última instância, é nestas ocasiões que se demonstra a fé na eficácia da oração e do sacrifício. O Papa deu-nos o seu testemunho: «O nosso Pai celeste ouve sempre os seus filhos que a Ele bradam na dor e na angústia!». Eu também tenho fé? Até onde vai a minha resposta?
José Maria C.S. André
25-II-2018
Spe Deus

O DIREITO: PODER OU RAZÃO?

A lei não pode ser um instrumento do poder das minorias contra a maioria, mas um garante da justiça e da solidariedade social

Sempre que surgem questões ditas fracturantes, há quem defenda a necessidade do reconhecimento jurídico dessas novas realidades.

É verdade que o ordenamento jurídico deve conhecer bem a realidade social que pretende regular. Também é certo que o direito positivo, numa sociedade laica, não tem por que obedecer a exigências de ordem sobrenatural, mesmo quando a sociedade se reconhece maioritariamente cristã. Mas destes princípios não decorre, ao contrário do que alguns afirmam, a absoluta arbitrariedade da ordem jurídica, nem a sua subserviência em relação ao poder emergente.

O direito não cria a realidade, mas ordena-a para o bem comum, segundo os princípios da justiça social. Não é o ordenamento jurídico que cria o ser humano, tão-só verifica a sua existência e reconhece os direitos e deveres inerentes à sua condição. Seria portanto aberrante atribuir este estatuto jurídico, por absurda hipótese, a algum ser não humano, ou negá-lo, como aconteceu com os escravos, a alguém dotado dessa natureza.

A este propósito, recorde-se que a lei é, sobretudo, uma ordenação da razão e não apenas, nem principalmente, uma expressão da vontade popular. O ser humano e a família não são aquilo que o povo quiser: são realidades naturais que o direito não pode deixar de reconhecer, pelo menos no que se refere à sua essência. Não cabe ao legislador, mesmo que mandatado pelo voto maioritário, estabelecer quando começa, ou termina, uma vida humana: é ao cientista que compete uma tal verificação. Depois de atestada essa realidade, o jurista fará decorrer as consequências previstas na lei, mas sem entrar na apreciação do acto em si, cuja avaliação não lhe compete. O direito não sabe, nem tem por que saber, quando surge ou se extingue a vida humana, mas não pode deixar de reconhecer o que é óbvio, não só em relação à vida como também ao que respeita à geração e à família, e daí extrair as respectivas consequências jurídicas. É o médico que está em condições de diagnosticar a existência de uma nova vida, ou de atestar um óbito, mas é o jurista que deverá depois desencadear os efeitos jurídicos decorrentes desses factos, na medida em que sejam juridicamente relevantes.

Se a noção clássica de lei sublinha o seu carácter racional e a sua intrínseca relação com o bem comum, a moderna definição de lei prende-se sobretudo com instâncias volitivas: a norma seria, sobretudo, a expressão jurídica da vontade popular ou, como diria Rousseau, da vontade geral. Ora, como a história demonstra com eloquência, nem sempre a vontade das maiorias é justa, porque também houve tiranos que, como Hitler, chegaram ao poder por via democrática. Não basta que a norma cumpra alguns requisitos formais, como seja o facto de emanar do órgão capaz de a produzir com eficácia; tem que ser também legítima, ou seja, justa, porque adequada ao bem comum. Um direito que é apenas a voz do poder preponderante, seja este ditatorial ou democrático, dificilmente poderá ser instrumento eficaz na construção de uma sociedade justa. Até porque os não-nascidos, as crianças, sobretudo as que são órfãs, os pobres e os doentes nunca serão, em princípio, um poder capaz de expressar de forma eficaz as suas legítimas pretensões, que o direito, contudo, não pode deixar de tutelar.

Mais do que qualquer outro princípio, interessa ao direito a defesa dos mais necessitados. O poder legislativo não pode ser um instrumento das maiorias contra as minorias, nem destas contra a maioria, mas um meio pelo qual, no mais escrupuloso respeito pela dignidade e liberdade dos cidadãos, se defenda, na verdade, a justiça e o bem comum.

P. Gonçalo Portocarrero de Almada na Voz da Verdade, de 16-2-2014