Obrigado, Perdão Ajuda-me

Obrigado, Perdão Ajuda-me
As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

domingo, 10 de setembro de 2017

A força do silêncio

Acabei de ler há poucos dias um livro fantástico. Daqueles que, no final, levam uma pessoa a sentir-se diferente, enriquecida, com um novo raio de luz que permite interpretar melhor esta nossa fugaz existência nesta terra.

Chama-se “A força do silêncio” e foi escrito pelo Cardeal Robert Sarah. É um livro que recomendo vivamente. Sobretudo, por um motivo muito concreto: porque sem silêncio não há repouso, nem serenidade, nem vida interior. E o homem atual necessita destas realidades como do pão para a boca.

Como é possível escrever quase trezentas páginas sobre o silêncio?! Ainda por cima, sem ser pesado, com uma escrita amena e aprazível. Penso que isto só se consegue porque as palavras foram meditadas e ponderadas com quietude e sossego. Assim, e por esse motivo, não cansam. Muito pelo contrário: iluminam!

E o objetivo do livro é plenamente alcançado: fazer meditar em que necessitamos muito mais do silêncio do que imaginamos. Sem ele, não conseguimos viver de um modo divino ­ e nem sequer humano!

Sem ele, deixamo-nos arrastar pelo barulho que abunda à nossa volta: dentro e fora de nós.

«Se a palavra caracteriza o homem, é o silêncio que o define. Porque a palavra só adquire sentido em função do silêncio».

Para dizer algo que ajude, que seja construtivo para aqueles com quem convivemos, temos de ponderá-lo em silêncio. De outro modo, a palavra em vez de ajudar pode tornar-se pesada. Em vez de curar, pode ferir. Em vez de ser veículo da verdade e da caridade, pode semear a discórdia e a desunião.

A caridade genuína nasce do silêncio. Somente se soubermos amadurecer com o silêncio da vida interior é que teremos palavras eternamente vivas para aqueles que nos rodeiam. Palavras construtivas, que elevam, iluminam e confortam.

Pe. Rodrigo Lynce de Faria

São Josemaría Escrivá nesta data em 1939

Começa a pregar um retiro para universitários em Burjasot, Valência (Espanha). A José Orlandis, um dos assistentes, dirá um destes dias: “Esta manhã ofereci a Missa pela Polónia. Esse povo católico, vítima da agressão dos nazis, está a sofrer uma prova tremenda e passa por horas muito difíceis. É preciso rezar pela Polónia”.

Bom Domingo do Senhor!

Façamos sempre conforme o Senhor nos ensina no Evangelho de hoje (Mt 18, 15-20) pratiquemos a correção fraterna e deixemo-nos surpreender pela bondade do próximo.

Louvado seja Jesus Cristo Nosso Senhor que Luz e Verdade!

A viagem secreta

Francisco acaba de viajar secretamente à Colômbia (de 6 a 10 de Setembro), pelo menos parece, quando olhamos as capas dos jornais.

Com poucas excepções, a comunicação social é tremendamente previsível. Como são as mesmas agências que distribuem fotografias e histórias em todo o mundo, encontramos imagens semelhantes em jornais concorrentes ou de países afastados. É impossível um jornal destacar uma equipa de reportagem para a Coreia do Norte, outra equipa para o Médio Oriente, e para a Nigéria, para o Quénia, etc. Por outro lado, os acontecimentos marcantes sucedem-se aleatoriamente nos recantos mais afastados do planeta. Quando um jornal de Lisboa é informado de um atentado em Barcelona, a notícia já está no ar, as fotografias já chegaram e não há nada a fazer. Se o jornal enviar um repórter para cobrir o acontecimento, ele aterra em Barcelona tarde demais, demora tempo a compreender os pormenores e entretanto perdeu a oportunidade. Não há nada a fazer. Um jornalista não pode estar sempre presente, tem de trabalhar com as agências, as declarações oficiais e outras. Não é o ideal, mas quem conhece as manhas do sistema consegue escapar a algumas ratoeiras.

Uma dificuldade recorrente é confirmar a informação. As agências dizem que os terroristas atacaram uma cidade do Iraque... será verdade? Qual a verdadeira dimensão do atentado? As agências atribuem umas declarações idiotas ao ditador norte-coreano... a citação está correcta? Quem traduziu as palavras? Muitos de nós já assistimos a acontecimentos que foram relatados de forma totalmente errada numa colecção incontável de jornais. Uma vez despachada a notícia, o circuito de divulgação fá-la circular instantaneamente por todo o globo; ninguém tem tempo de verificar os factos e, depois, é impossível voltar atrás. A fonte original estava inquinada por um equívoco, ou baseou-se no seu preconceito, ou aproveitou a vulnerabilidade da cadeia comunicativa para manipular a opinião pública. Tudo pode acontecer.

A qualidade do jornalismo joga-se na capacidade de ouvir várias fontes independentes e conhecer o histórico de cada uma. É impossível viajar para todo o lado, mas pode-se construir uma rede ampla de contactos, que proporcione testemunhos fiáveis de vários pontos de vista, para prevenir enviesamentos.

Ainda assim, não basta. As agências noticiosas têm as suas próprias agendas, mais ou menos assumidas, de modo que não se pode contar só com elas, é preciso alargar o próprio radar ao que elas deixam de fora. Nestes dias, rebentou uma bomba nuclear na Coreia do Norte; o furacão Irma deixou um rasto de destruição na Florida e nas Caraíbas; o referendo na Catalunha promete enfrentamentos sérios; a situação no Brasil é escaldante, com acusações judiciais à Odebrecht e aos políticos do PT; nos EUA debate-se a lei dos «dreamers», da segurança social, as relações com os russos. Haverá espaço livre? Sobram uns rodapés para a incursão na Síria e as declarações de Israel de que só atacou alvos militares; e ainda alguns títulos do desporto, as peripécias do Brexit, a impugnação das eleições em Angola, os atentados na Nigéria e nos Camarões, as dezenas de mortos nos incêndios em Portugal, os milhões de euros perdidos pelo Novo Banco... Sobra espaço? Já não, a viagem do Papa à Colômbia já não coube nas capas dos jornais. No entanto, revestiu-se da maior importância.

Depois de um esforço imenso, liderado pela Santa Sé, conseguiu-se que o processo de pacificação chegasse a um final feliz. Fruto desta viagem é que, a partir de 1 de Outubro, começa o cessar-fogo completo, além de outros gestos de reconciliação. Para trás, ficam 70 anos de luta armada, semeados de mortos e feridos.

O Papa encerrou ao mesmo tempo um capítulo triste da história da Igreja, porque os principais promotores da guerrilha eram ex-padres – mais de 500, nalgumas épocas do conflito – vários dos quais tinham como companheiras, ex-freiras. Às mãos desta turma, morreram muitos cristãos fiéis. Nesta viagem, o Papa Francisco canonizou dois deles, o pároco Pedro María Ramirez, assassinado em 1948, e o bispo de Arauca, Jesús Emilio Jaramillo, assassinado em 1989. A repugnância popular pelo assassínio deste último levou a guerrilha a perder apoio, mas a violência arrastou-se ainda por muitos anos.

Paulo VI viajou à Colômbia em 1968, onde teve uma recepção atribulada. Há 31 anos, João Paulo II também semeou paz, no meio de imensas dificuldades. Agora, Francisco celebrou a Missa para um milhão de pessoas. Por fim, a reconciliação.

Contudo, o trabalho não acabou. No avião, comentava aos jornalistas; «Vamos sobrevoar a Venezuela e rezamos por esse país, para que encontre a paz e a estabilidade...».
José Maria C.S. André
10-IX-2017
Spe Deus

«Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, Eu estou no meio deles»

Tertuliano (c. 155-c. 220), teólogo
A Penitência, 10

Vivendo entre irmãos, servos do mesmo amo e para quem tudo é comum, a esperança, o receio, a alegria, o desgosto, o sofrimento (pois têm uma mesma alma, vinda do mesmo Senhor e Pai), porque crês que eles são diferentes de ti? Porque receias que aqueles que conheceram as mesmas quedas se regozijem com as tuas? O corpo não pode regozijar-se com o mal que acontece a um dos seus membros; aflige-se por inteiro e por inteiro se esforça por curá-lo.

Onde dois fiéis estiverem unidos, aí está a Igreja, mas a Igreja é Cristo. Portanto, quando beijas os joelhos dos teus irmãos, é Cristo que tocas, é a Cristo que imploras. E quando, por seu lado, os teus irmãos choram por ti, é Cristo que sofre, é Cristo que suplica ao Seu Pai. Aquilo que o Filho pede é rapidamente concedido.