Obrigado, Perdão Ajuda-me

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As minhas capacidades estão fortemente diminuídas com lapsos de memória e confusão mental. Esta é certamente a vontade do Senhor a Quem eu tudo ofereço. A vós que me leiam rogo orações por todos e por tudo o que eu amo. Bem-haja!

quinta-feira, 5 de março de 2020

Nós os Poucos...: Opus Dei: um segredo muitissimo mal guardado.

Oratório São Josemaria em Lisboa (foto: JPR)
Vi que está a ser discutido na Assembleia da República um projecto de lei do PAN que quer obrigar os titulares de cargos público a declarar se pertencem a alguma sociedade secreta ou discreta. Entre os exemplos apontados no tal
projecto de lei está o Opus Dei.
 

Ante de mais, não posso deixar de comentar a total incompetência e inépcia dos deputados do PAN. Escrevem leis como quem manda postas de pescadas no Facebook, incapazes de distinguir entre um legislador e um comentador das redes sociais.

O PAN é verdadeiramente o partido anti-sistema: não tem qualquer noção de leis,de direito, de política. Têm por junto uma agenda que querem impor a qualquercusto sem pensar nas consequências. E o pior é que tem conseguido, às vezes comconsequências desastrosas, como no caso da proibição dos canis de abate.

Mas a incompetência do PAN é todo outro artigo. A mim o que me espanta neste projecto de lei é a insistência nesta lenda negra sobre o Opus Dei ser secreto, ou mesmo discreto. É digno de quem vai buscar as suas informações ao Google ou ao Dan Brown.

Eu não sou, nem nunca fui, do Opus Dei. Contudo tenho bastantes parentes que pertencem à Obra. Para além disso ao longo da vida conheci muitas pessoas ligadas a esta prelatura. Sacerdotes, numerários, supra-numerários, alunos e professores dos colégios da Fomento, miúdos que participam nas actividades dos clubes, adultos que frequentam os meios de formação, nas recolecções, nos retiros. Já estive em várias casas, centros e colégio do Opus Dei. E há uma coisa que posso garantir: ali não há nada de secreto.

Sempre ouvi falar de maneira completamente livre sobre a vida do Opus Dei. Sempre ouvi falar daquilo que era ensinado, dos livros de São Josemaria, dos acampamentos, das actividades para os miúdos. Aliás, uma experiência que tenho é que é sempre arriscado visitar um centro do Opus Dei quando se está com pouco tempo, porque inevitavelmente teremos direito a uma vista guiado e detalhada a todo centro.

Ainda há poucos meses fui fazer uma conferência a uma cidade fora de Lisboa, onde conheci um numerário do Opus Dei, que mesmo tendo acabado de me conhecer fez questão de me levar ao centro onde morava e mostrar (com orgulho evidente) a casa toda assim como explicar-me todas as actividades que lá faziam.

Se há algum segredo no Opus Dei então escondem-no muito mal. Aliás, esta teoria de uma associação secreta, fechada, é absolutamente contrária ao carisma da Obra.

São Josemaria sempre pregou a santidade quotidiana, no dia-a-dia. É do carisma do Opus Dei estar no mundo, não fugir ou esconder-se do mundo.

E há outro erro grave que o PAN comete, o de achar que por pertencerem ao Opus Dei os políticos de alguma maneira tem uma obediência qualquer. É absurdo e é desconhecer completamente a história política do país. Basta pensar em Adelino Amaro da Costa e João Mota Amaral, ambos famosos membros da Obra que nem por isso estavam politicamente alinhados. Aliás, conheço pessoas do Opus Dei com as mais variadas posições políticas.

Dada a lenda negra que se tentou criar à volta de um suposto secretismo do Opus Dei a verdade é que há poucas realidades da Igreja tão abertas e tão escrutinadas como esta prelatura. Mais ou menos toda a informação sobre a Obra pode ser encontrada no seu próprio site. Para além disso na última década foram publicadas dezenas de entrevistas de membros do Opus Dei que responderam sem qualquer problema a todas as perguntas que lhes foram feitas, desde os sacrifícios pessoais até aos bens da prelatura.

Esta tentativa de incluir o Opus Dei numa suposta lista de associações secretas ou discretas é absurda. É fruto ou da ignorância (que abunda no PAN) ou da má
vontade.

Deixo uma última questão: espero que Ferro Rodrigues, que ainda recentemente deu provas de grande preocupação com a Constituição, não se esqueça de informar os senhores do PAN do número 3 do artigo 41º da CRP: Ninguém pode ser perguntado por qualquer autoridade acerca das suas
convicções ou prática religiosa, salvo para recolha de dados estatísticos não
individualmente identificáveis, nem ser prejudicado por se recusar a responder.


Eu bem sei que o PAN acha que o Estado tudo pode, desde decidir que
espectáculos os portugueses devem ver até que comida devem comer. Felizmente ainda há a Constituição para travar estes déspotas animalistas.

P.S.: Não é o tema do artigo, mas não gostava de acabar este artigo sem dizer uma coisa: como disse conheço muitas pessoas do Opus Dei. Sempre me impressionou a sua Fé, a sua disciplina, a sua simpatia e disponibilidade. A sociedade estaria bastante melhor não só se houvesse mais gente no Opus Dei, mas se mais deles se dedicassem à política.

Fonte: Nós os poucos… AQUI

(Nota de JPR: a minha situação é exactamente a mesma do autor do texto, texto esse, que subscrevo até ao último ponto final. Obrigado à Obra por tudo o que deu, dá e dará)

As almas s​antas têm ​que ser fe​lizes

Contava-te que até pessoas que não receberam o baptismo, me disseram comovidas: "É verdade, eu compreendo que as almas santas têm que ser felizes, porque olham os acontecimentos com uma visão que está por cima das coisas da terra, porque vêem as coisas com olhos de eternidade". – Oxalá não te falte esta visão! – acrescentei depois –, para que sejas consequente com o tratamento de predileção que recebeste da Trindade. (Forja, 1017)

Asseguro-te que, se nós, os filhos de Deus, quisermos, contribuiremos poderosamente para iluminar o trabalho e a vida dos homens, com o resplendor divino – eterno! – que o Senhor quis depositar nas nossas almas.

– Mas "quem diz que mora em Jesus, deve seguir o caminho que Ele seguiu", como ensina S. João: caminho que conduz sempre à glória, passando – sempre também – através do sacrifício. (Forja, 1018)

– Meu Senhor Jesus: faz com que sinta, que secunde de tal modo a tua graça, que esvazie o meu coração..., para que o enchas Tu, meu Amigo, meu Irmão, meu Rei, meu Deus, meu Amor! (Forja, 913)

São Josemaría Escrivá

Não, não... Ya, ya...

Sabemos como é a vida cristã em terras lusitanas. Vamos menos à Missa, adiamos a confissão. Há poucos padres, poucas vocações e algum escândalo eclesiástico. É verdade que também há conversões na universidade, pelo menos em Lisboa, e que intelectuais, que ridicularizavam a doutrina católica, têm hoje a máxima consideração por ela. Apesar de tudo, em muitos ambientes, o panorama é desalentador, tal como em grande parte da Europa.

Fora a América Latina, que é conhecida na Igreja como o «Continente da Esperança», como vai o resto do mundo? Na Ásia, há uma explosão de conversões, mas a percentagem de católicos ainda é pequena. Em África, a evangelização continua a fazer grandes avanços, mas o continente ainda não é maioritariamente católico. No cômputo global, de 1999 para 2009, houve um aumento de 5000 padres no mundo. Fora da Europa, a evolução mundial mais do que compensa a nossa crise. E nos Estados Unidos?

Anne Hendershott, professora de sociologia na Universidade Franciscana de Steubenville e na Universidade de Nova York e antes na Universidade de San Diego, suspeitou que a tribo dos católicos merecia uma investigação. É normal, os sociólogos andam sempre à procura de grupos estranhos, de modo que lançou a equipa a explorar o filão. Fizeram o trabalho de campo à maneira americana: viajaram, recolheram imenso material. Números, estatísticas, dados. Um esforço enorme!

Recentemente, os resultados foram publicados num livro intitulado «Renewal» (renovação), escrito pela própria Hendershott em co-autoria com Christopher White, um dos seus colaboradores seniores.

Os livros norte-americanos costumam oferecer uma imagem predominantemente negativa da Igreja católica e, em particular, do sacerdócio. Por exemplo, o livro «Why Priests?» conclui que os padres são uma «failed tradition» (sem reparar no contra-senso de classificar como falhada uma tradição que dura há 2000 anos). Outro livro intitula-se «The Death of Priesthood», (o fim dos padres). Outro chama-se «Full pews and empty altars» (os bancos da igreja cheios e os altares vazios). Outro estudo, na mesma linha, é «The emerging Catholic Church» (A Igreja católica que aí vem). A opinião negativa sobre a Igreja parece maioritária e, a julgar pela maioria dos autores, os padres estão para acabar.

Neste contexto, os dados recolhidos por Anne Hendershott e pela sua equipa surgiram como absolutamente surpreendentes. A primeira novidade é que, em vez de enumerar os defeitos da Igreja, a nova investigação compila factos sociológicos. A surpresa vem daí. Teoricamente, a Igreja está em declínio nos EUA; na realidade o número de vocações aumentou em muitas dioceses nos últimos 10 anos, com aceleração crescente.

Outra descoberta é que os principais contestatários são as mesmas pessoas desde o tempo do Concílio; a idade média dos sobreviventes é muito elevada, sobretudo comparada com a média etária dos padres, cada vez mais baixa nos Estados Unidos. Sociologicamente, os velhinhos que gritam pela insurreição estão a encontrar o olhar compadecido das novas gerações, que acha os protestos decadentes. Os que queriam mudar a moral profetizaram durante 50 anos que «os jovens iam abandonar a Igreja»; extrapolaram cientificamente a curva do declínio e prometeram que a Igreja desaparecia se as mulheres não fossem padres. Afinal, as ordenações foram cada vez mais numerosas nos últimos 10 anos. A realidade pergunta aos idosos profetas: «...têm mesmo a certeza?».

O livro «Renewal», de Hendershott e White, procura a explicação para este «volte-face» da Igreja católica norte-americana. Como não é um tratado de religião, mas um estudo sociológico, investiga quem são os «transformational leaders». As estatísticas identificam as dioceses em que houve maior subida de vocações como aquelas em que os bispos são mais inequivocamente claros e fiéis ao Papa, o que levou a descobertas sociológicas inesperadas.

Em geral, em comparação com os políticos, a capacidade de liderança dos bispos é um êxito, sobretudo naqueles bispos que afirmam mais claramente a doutrina da Igreja. Então – pergunta de sociólogo –, isso quer dizer que os bispos têm geralmente carisma de «leaders»? Não! É que este povo católico tem um comportamento sociológico peculiar... Os bispos podem ter uma liderança que inspira e arrasta, mas não têm necessariamente carisma de «leaders» no sentido tradicional, não galvanizam audiências, nem cultivam a oratória, alguns até são tímidos. Ao contrário dos políticos, os bispos mais empolgantes e que atraem mais vocações são os muito claros, muito ortodoxos e corajosos, não os tribunos fantásticos, ou os negociadores habilidosos. É curiosa a hipótese científica apresentada por Anne Hendershott, numa longa entrevista à televisão, a propósito deste livro: o carisma dos bispos não seria comparável ao dos políticos, seria uma espécie de carisma sacramental, uma graça que eles recebem no momento da ordenação episcopal...

Outro dado estatístico. Apesar dos escândalos de 2002, os padres actuais nos Estados Unidos são muito felizes e estão entusiasmados com a sua missão (97%), procuram ser piedosos, têm muita iniciativa, vão ao encontro das pessoas. Este ambiente atrai de tal modo as novas gerações, que os seminários se estão a encher exponencialmente e vários seminários começaram a rejeitar candidatos, por falta de lugar.

Hendershott e White prometeram que está para breve um outro livro. Vão chamar-lhe «Beyond the Catholic Culture Wars» (Para além das guerras culturais católicas). A equipa tem imenso material para publicar e o público quer saber mais, depois do furor do «Renewal».

Na Europa, a crise é devastadora; em todo o resto do mundo, a Igreja está cada vez mais forte.
                                                                     José Maria C.S. André
«Correio dos Açores»,  «Verdadeiro Olhar»,  «ABC Portuguese Canadian Newspaper», 28-II-2015

«A verdade…

… não pode nem deve ter outra arma senão ela própria. Aquele que acredita é alguém que achou na verdade a pérola pela qual se dispõe a dar tudo o resto, inclusivamente a si mesmo».

(Joseph Ratzinger - A Caminho de Jesus Cristo)

«É lei primária na história que o que se escreve deve ser conforme com os acontecimentos tal como realmente sucederam».

(Bento XV [quinze] - Spiritus Paraclitus, EB2, n. 457)

«A causa dos nossos males vem da ignorância dos livros sagrados».

(São João Crisóstomo - Homilia sobre Col, ad loc.)