O seu modo de argumentar parecia ter uma certa lógica. «Eu sou daqueles que pensam que todas as religiões são verdadeiras. Pondo de parte algumas degenerações fanáticas, todas levam o homem a fazer o bem, promovem sentimentos positivos e satisfazem a necessidade de transcendência que temos dentro de nós. No fundo, acaba por ser a mesma coisa escolher uma religião ou outra. Viva a liberdade! Quem sou eu para impor a minha religião aos outros?
«Que cada um escolha a sua própria religião. Que cada um escolha aquela que melhor se adapta ao seu modo de ser. Esta é a minha opinião e não acredito que esteja errada. Sobretudo, acho que é a única que pode ser considerada verdadeiramente tolerante. Quem acredita que a sua religião é a verdadeira acaba por ser um bocado fanático. E com pessoas fanáticas não é possível dialogar».
É verdade que todas as religiões, se o são de verdade, possuem algo de positivo. No entanto, isso não é a mesma coisa que afirmar que todas as religiões são verdadeiras. Não é sério dizer que podem ser verdadeiras ao mesmo tempo religiões que afirmam coisas diferentes e contraditórias. Assim como não é sério dizer que dois mais dois são aquilo que mais estiver de acordo com os sentimentos de cada um. A resposta é só uma. Não somos nós que a inventamos. A nós compete-nos somente descobri-la.
Se só existe um Deus, não pode haver mais do que uma verdade sobre Ele. E a descoberta do caminho para chegar a Deus é a mais importante da nossa vida. Dela depende a nossa eternidade. Viver de acordo com uma religião não é algo que esteja ao mesmo nível de escolher um produto num supermercado. Não tem a mesma importância que a selecção da cor de um automóvel que pretendemos comprar.
Uma pessoa não vive de acordo com uma religião porque isso lhe dê uma satisfação maior. Porque a faça sentir-se em harmonia com o universo. Nem porque lhe permita emitir suspiros mais ou menos celestiais. Uma pessoa vive de acordo com uma religião porque acredita que é o seu caminho para chegar a Deus. O seu caminho para que a sua vida tenha sentido. Para que a sua vida não termine no cemitério. Pelo contrário, para todos aqueles que se contentam com ficar por lá, não é necessária a procura de nenhuma religião. Nem é necessário ter a “dor de cabeça” de tentar encontrar a verdadeira.
Para os cristãos esse único caminho para chegar a Deus tem um nome: Jesus Cristo. Ele não é somente um homem especial. É Deus feito homem. Deus que se fez homem e morreu na Cruz para nos salvar. Não foram os cristãos que inventaram a Cruz por ela estar mais de acordo com os seus sentimentos. Foi Deus que escolheu esse modo concreto de nos salvar. Um modo que revela o seu infinito amor por nós e nos pede uma resposta.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria