“Não abandono a Igreja, pelo contrário. Continuarei a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor”: palavras de Bento XVI pronunciadas em seu último Angelus como Pontífice.
A Praça S. Pedro estava lotada este domingo para este evento histórico. Faixas e cartazes em várias línguas demonstraram o carinho dos fiéis. Desde as primeiras horas da manhã, a Praça aos poucos foi sendo tomada por religiosas, sacerdotes, turistas, mas principalmente por famílias com crianças e muitos jovens.
Ao meio-dia, assim que a cortina da janela de seus aposentos se abriu, Bento XVI foi aclamado pela multidão.
Comentando o Evangelho da Transfiguração do Senhor, o evangelista Lucas ressalta o facto de que Jesus se transfigurou enquanto rezava: a sua é uma experiência profunda de relacionamento com o Pai durante uma espécie de retiro espiritual que Jesus vive sobre um alto monte na companhia de Pedro, Tiago e João.
Meditando sobre esta passagem do Evangelho, explicou o Pontífice, podemos tirar um ensinamento muito importante. Antes de tudo, a primazia da oração, sem a qual todo o trabalho de apostolado e de caridade se reduz ao ativismo. Na Quaresma, aprendemos a dar o justo tempo à oração, pessoal e comunitária, que dá fôlego à nossa vida espiritual. Além disso, a oração não é um isolar-se do mundo e de suas contradições.
A existência cristã – disse o Papa, citando sua Mensagem para a Quaresma –, consiste num contínuo subir o monte do encontro com Deus, para depois descer trazendo o amor e a força que dele derivam, a fim de servir nossos irmãos e irmãs com o mesmo amor de Deus.
“Queridos irmãos e irmãs, esta Palavra de Deus eu a sinto de modo particular dirigida a mim, neste momento da minha vida. O Senhor me chama a "subir o monte”, para me dedicar ainda mais à oração e à meditação. Mas isto não significa abandonar a Igreja, ao contrário. Se Deus me pede isso, é precisamente para que eu possa continuar a servi-la com a mesma dedicação e o mesmo amor com o qual eu fiz até agora, mas de um modo mais adequado à minha idade e às minhas forças.”
Na saudação em várias línguas, Bento XVI falou também em português:
“Queridos peregrinos de língua portuguesa que viestes rezar comigo o Angelus: obrigado pela vossa presença e todas as manifestações de afeto e solidariedade, em particular pelas orações com que me estais acompanhando nestes dias. Que o bom Deus vos cumule de todas as bênçãos”.
Rádio Vaticano
Vídeos em espanhol e inglês
Obrigado, Perdão Ajuda-me
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Imitação de Cristo, 3, 54, 6 - Dos diversos movimentos da natureza e da graça
A natureza atribui tudo a si, em proveito seu peleja a porfia. A graça, porém, atribui tudo a Deus, de quem tudo dimana como de sua origem; nenhum bem atribui a si com arrogante presunção, não questiona, nem prefere a sua opinião à dos outros, mas em todo juízo e parecer se sujeita à sabedoria eterna e ao divino exame. A natureza deseja saber segredos e ouvir novidades, quer exibir-se em público e experimentar muitas coisas pelos sentidos; deseja ser conhecida e fazer aquilo donde lhe resultem louvor e admiração. A graça não cuida de novidades e curiosidades, porque tudo isso nasce da corrupção antiga, pois nada há de novo e estável sobre a terra. Ensina, pois, a refrear os sentidos, a evitar a vã complacência e ostentação, a ocultar humildemente o que provoque admiração e louvor, busca em todas as coisas e ciências proveito espiritual e a honra e glória de Deus. Não quer que a louvem, nem às suas obras, mas que Deus seja bendito em seus dons, que ele prodigaliza a todos por mera bondade.
Bom Domingo do Senhor!
Roguemos ao Senhor que nos faça gozar do esplendor do Seu Reino tal como nos narra o Evangelho de hoje (Lc 9, 28b-36) e fez ver a Pedro, João e Tiago. Permite-nos, Senhor, que um dia venhamos a montar a nossa tenda junto de Ti, de Elias e Moisés!
O anúncio da Palavra
«A fim de que se abra um caminho para o âmago da Palavra bíblica enquanto Palavra de Deus, esta mesma Palavra deve ser antes anunciada para o exterior.»
(Bento XVI - Encontro com o mundo da cultura no Collège des Bernardins em Paris a 12.09.2008)
«Levou-os, só a eles, a um monte elevado»
São João Damasceno (c. 675-749), monge, teólogo, Doutor da Igreja
Homilia para a festa da Transfiguração; PG 96, 545
Noutros tempos, no monte Sinai, o fumo, a tempestade, a escuridão e o fogo (Ex 19, 16ss.) revelavam a extrema condescendência de Deus, anunciando que Aquele que dava a Lei era inacessível [...] e que o criador Se fazia conhecer pelas suas obras. Mas agora, tudo está cheio de luz e de esplendor. Porque o artífice e o Senhor de todas as coisas veio do seio do Pai. Não abandonou a morada que Lhe pertencia, isto é, o Seu assento no seio do Pai, mas desceu para estar com os escravos. Tomou a condição de servo e tornou-se homem na sua natureza e no seu comportamento (Fil 2, 7), para que Deus, que é incompreensível para os homens, pudesse ser compreendido. Por Si e em Si, Ele mostra o esplendor da natureza divina.
Outrora, Deus tinha estabelecido o homem em união com a Sua própria graça. Quando insuflou o espírito de vida no novo homem formado do barro, quando lhe comunicou o que tinha de melhor, honrou-o com a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1, 27). Deu-lhe o Paraíso como morada e fez dele o irmão íntimo dos anjos. Mas, como escurecemos e fizemos desaparecer a imagem divina debaixo da lama dos nossos desejos desregrados, o Misericordioso decidiu-Se a uma segunda comunhão connosco, muito mais segura e extraordinária do que a primeira. Permanecendo na elevação da Sua divindade, aceita também o que está abaixo dela, criando em Si mesmo a natureza humana; mistura o arquétipo com a imagem e, nela, mostra hoje a Sua própria beleza.
O Seu rosto resplandece como o sol porque, na Sua divindade, Ele Se identifica com a luz imaterial; por isso Se tornou o Sol de justiça (Mal 3, 20). Mas as Suas vestes tornam-se brancas como a neve, porque recebem a glória por revestimento e não por união, por relação e não por natureza. E «uma nuvem de luz os cobriu com a sua sombra» tornando sensível o resplendor do Espírito.
Homilia para a festa da Transfiguração; PG 96, 545
Noutros tempos, no monte Sinai, o fumo, a tempestade, a escuridão e o fogo (Ex 19, 16ss.) revelavam a extrema condescendência de Deus, anunciando que Aquele que dava a Lei era inacessível [...] e que o criador Se fazia conhecer pelas suas obras. Mas agora, tudo está cheio de luz e de esplendor. Porque o artífice e o Senhor de todas as coisas veio do seio do Pai. Não abandonou a morada que Lhe pertencia, isto é, o Seu assento no seio do Pai, mas desceu para estar com os escravos. Tomou a condição de servo e tornou-se homem na sua natureza e no seu comportamento (Fil 2, 7), para que Deus, que é incompreensível para os homens, pudesse ser compreendido. Por Si e em Si, Ele mostra o esplendor da natureza divina.
Outrora, Deus tinha estabelecido o homem em união com a Sua própria graça. Quando insuflou o espírito de vida no novo homem formado do barro, quando lhe comunicou o que tinha de melhor, honrou-o com a Sua própria imagem e semelhança (Gn 1, 27). Deu-lhe o Paraíso como morada e fez dele o irmão íntimo dos anjos. Mas, como escurecemos e fizemos desaparecer a imagem divina debaixo da lama dos nossos desejos desregrados, o Misericordioso decidiu-Se a uma segunda comunhão connosco, muito mais segura e extraordinária do que a primeira. Permanecendo na elevação da Sua divindade, aceita também o que está abaixo dela, criando em Si mesmo a natureza humana; mistura o arquétipo com a imagem e, nela, mostra hoje a Sua própria beleza.
O Seu rosto resplandece como o sol porque, na Sua divindade, Ele Se identifica com a luz imaterial; por isso Se tornou o Sol de justiça (Mal 3, 20). Mas as Suas vestes tornam-se brancas como a neve, porque recebem a glória por revestimento e não por união, por relação e não por natureza. E «uma nuvem de luz os cobriu com a sua sombra» tornando sensível o resplendor do Espírito.
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