3. Muitos bens concedestes e concedeis ainda a miúdo aos vossos amigos, neste Sacramento, quando devotamente comungam, ó Deus meu, amparo da minha alma, reparador da humana fraqueza e dispensador de toda consolação interior. Porque lhes infundis abundantes consolações contra várias tribulações e os levantais do abismo do próprio abatimento à esperança da vossa proteção e os recreais e iluminais interiormente com a nova graça, de sorte que os mesmos que antes da comunhão se sentiam inquietos e sem afeto, depois de recreados com o manjar e a bebida celestiais se sentem melhorados e fervorosos. Tudo isso prodigalizais aos vossos escolhidos, para que verdadeiramente conheçam e evidentemente experimentem quanta fraqueza têm em si mesmos e quanta bondade e graça alcançam de vós. Pois de si mesmos são frios, tíbios e insensíveis; por vós, porém, tornam-se fervorosos, alegres e devotos. Quem, porventura, se chegará humilde à fonte da suavidade, que não receba dela alguma doçura? Ou quem, junto de um grande fogo, deixará de sentir algum calor? E vós sois a fonte sempre cheia e abundante; o fogo que sempre arde sem jamais se apagar.
4. Por isso, se me não é dado haurir da plenitude desta fonte, nem beber até me saciar, chegarei, todavia, meus lábios ao orifício do canal celeste, a fim de que receba daí ao menos uma gota, para refrigerar minha sede e não morrer de secura. E se não posso ainda ser todo celestial, nem tão abrasado como os querubins e serafins, contudo me empenharei por permanecer na devoção e dispor meu coração, para que pela recepção humilde deste vivificante Sacramento receba ao menos uma tênue faísca do divino incêndio. O que me falta, porém, ó bom Jesus, Salvador santíssimo, supri-o pela vossa bondade e graça, pois vos dignastes chamar-nos todos a vós, dizendo: Vinde a mim todos que penais e estais sobrecarregados, e eu vos aliviarei.
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