«O povo que andava nas trevas viu uma grande luz» (Is 9, 1). É uma afirmação profética do Antigo Testamento. É o anúncio solene da primeira Noite de Natal. São palavras do Livro de Isaías proclamadas, todos os anos, no começo da primeira leitura da Missa do Galo. Uma Missa à meia-noite, onde tudo no exterior é escuridão e frio. Tudo no exterior são trevas. Uma Missa onde a palavra «luz» está constantemente presente. Uma luz que, ano após ano, continua a vir ao mundo nessa Noite que é única, porque não há outra como ela. No entanto, muitos continuam nas trevas. Pensam – erradamente – que nas trevas há mais liberdade, mais alegria, mais capacidade de ser-se feliz aqui e agora.
«O Natal é luz» – dizia o Papa Bento XVI, há uns anos atrás, numa Noite de Natal. O Natal é uma irrupção da luz de Deus neste nosso mundo cheio de escuridão. E a luz é sempre fonte de vida e de genuína alegria. Porque a luz permite-nos viver, crescer e alegrar-nos. Basta pensar no gratuito contentamento que recebemos num dia ensolarado.
A luz também nos indica o caminho a seguir. Se só há escuridão ao nosso redor, não podemos mover-nos. Corremos o risco de cair nalgum precipício. Também isto se aplica ao Natal, à vinda de Deus ao mundo. Sem a luz de Deus, o homem não sabe para onde ir. Nem sequer se compreende a si próprio, porque não se vê. É a luz de Deus que revela ao homem quem ele é – a grandeza da sua vocação e do seu destino eterno. Longe dessa luz, o homem vive inquieto e não se sente seguro. Não possui uma esperança digna desse nome – acaba por se contentar com uma vida sem sentido. Tem a sensação de caminhar para o nada, para o vazio, para o fim da linha.
A luz permite ao homem ver – conhecer aquilo que o rodeia. Não um conhecimento qualquer, mas o conhecimento da realidade – da verdade. E a verdade é que Deus se fez homem e veio a este mundo para nos salvar, resgatar e libertar. E também para nos indicar o caminho que conduz à verdadeira Vida – a única que possui uma luz que nunca se apaga. A luz gera calor, dizia o Papa, e por isso também significa amor. Onde há amor levanta-se uma luz no mundo. Pelo contrário, onde há ódio, o mundo permanece nas trevas, na escuridão e na morte.
No presépio está a grande luz que o mundo espera. O Natal é verdadeiramente luz para todo o homem e mulher de boa vontade. Preparemo-nos bem – espiritualmente – para a Noite de Natal. Não sejamos parte desse povo que continua a andar nas trevas por se fechar à luz que vem de Deus. Que a luz deste Natal ilumine – de verdade – os nossos corações! Que o Menino Jesus encontre, em cada um de nós, um coração bondoso e aberto! Um coração que Ele possa encher com a sua luz e os seus dons!
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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