No dia dos Fiéis Defuntos, Bento XVI dedicou a catequese da audiência geral à atitude do cristão perante a morte e na sua relação com os irmãos já falecidos.
“A solenidade de todos os Santos e a Comemoração de todos os fiéis defuntos dizem-nos que só quem pode reconhecer na morte uma grande esperança, é que pode viver uma vida a partir da esperança”.
“Se reduzimos o homem exclusivamente à sua dimensão horizontal, ao que se pode experimentar empiricamente, a própria vida perde o seu sentido mais profundo. O homem tem necessidade de eternidade e qualquer outra esperança é para ele demasiado breve, limitada demais”.
“O homem só se explica se há um Amor que supere todo o isolamento, mesmo o da morte, numa totalidade que transcenda também o espaço e o tempo. O homem é explicável, encontra o seu sentido mais profundo, somente se há Deus”.
Evocando Jesus que, depois da ressurreição, se faz companheiro dos discípulos de Emaús, o Papa sublinhou que em Cristo Deus se mostrou verdadeiramente, se tornou acessível, tendo amado tanto o mundo ao ponto de dar-lhe o Filho unigénito para que, quem crê nele tenha a vida eterna.
"Deslocando-nos aos cemitérios, a rezar com afeto e amor pelos nossos defuntos, somos uma vez mais convidados a renovar com coragem e com força a nossa fé na vida eterna, e a viver com esta grande esperança, testemunhando-a ao mundo”.
Ouçamos as palavras pronunciadas em português:
"Queridos irmãos e irmãs,
Hoje a Igreja nos convida a pensar em todos aqueles que nos precederam, tendo concluído o seu caminho terreno. Na comunhão dos Santos, existe um profundo vínculo entre nós que ainda caminhamos nesta terra e a multidão de irmãos e irmãs que já alcançaram a eternidade. Em definitiva, o homem tem necessidade da eternidade; mas por que experimentamos o medo diante da morte? Dentre as várias razões, está o fato de que temos medo do nada, de partir para o desconhecido. Não podemos aceitar que de improviso caia, no abismo do nada, tudo aquilo que de belo e de grande tenhamos feito durante a nossa vida. Sobretudo, sentimos que o amor requer a eternidade, não pode ser destruído pela morte assim num momento. Além disso, assusta-nos a morte, por causa do juízo sobre as nossas ações que a ela se segue. Mas Deus manifestou-Se enviando o seu Filho Unigénito para que todo aquele que acredita não se perca, mas tenha a vida eterna. É consolador saber que existe um Amor que supera a morte, um amor que é o próprio Deus que se fez homem e afirmou: «Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá» (Jo 11,25).
Saúdo com afeto os peregrinos de língua portuguesa, em particular os brasileiros vindos de diversas cidades do Estado de São Paulo. Exorto-vos a construir a vossa vida aqui na terra trabalhando por um futuro marcado por uma esperança verdadeira e segura, que abra para a vida eterna. Que Deus vos abençoe!"
Rádio Vaticano
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