Meu Senhor Jesus, quão depressa será pobre aquele que, amando-Vos de todo o coração, não puder suportar ser mais rico do que o seu Bem-Amado! Quão depressa será pobre aquele que, sabendo que tudo o que for feito a um destes pequeninos é a Vós que é feito e que tudo o que o não for também o não será a Vós (Mt 25,40.45), aliviar toda a miséria ao seu alcance! Quão depressa será pobre aquele que receber com fé as palavras que dizem: «Se queres ser perfeito, vende o que tens e dá o dinheiro aos pobres. Felizes os pobres. Todo aquele que tiver deixado os seus bens por causa do Meu nome, receberá cem vezes mais e terá por herança a vida eterna» (Mt 19,21.29; 5,3; 19,29), e tantas outras como estas!
Deus meu, não me parece que seja possível a todas estas almas, ao ver-Vos pobre, permanecerem ricas por vontade e assim se reverem maiores do que o seu Mestre, o seu Bem-Amado, ou, se depender delas, não quererem ser parecidas convosco em tudo, sobretudo nas Vossas humilhações [...]. Seja como for, não consigo conceber o amor sem a necessidade imperiosa de tornar conformes, semelhantes e, acima de tudo, cor-respondidas, todas as dores, todas as penas, todas as asperezas da vida. Por mim, meu Deus, não me é possível ser rico e viver desafogadamente dos meus bens quando Vós fostes pobre e vivestes com dificuldades, tirando laboriosamente o sustento duma custosa profissão. Não sei amar assim.
Não convém que o servo seja «maior do que o seu Senhor» (Jo 13,16), nem que a esposa seja rica quando o Esposo é pobre [...]. E é-me impossível compreender o amor sem esta procura de identificação [...], sem esta necessidade de partilha de todas as cruzes.
Beato Charles de Foucauld (1858-1916), eremita e missionário no Saara
Retiro de Nazaré (1897)
(Fonte: Evangelho Quotidiano)
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