Num destes dias enviaram-me uma mensagem que contava a história que abaixo reproduzo.
Conta uma história que dois amigos caminhavam pelo deserto. Num determinado momento da viagem, começaram a discutir. Um dos amigos deu uma bofetada no outro. Magoado, mas sem dizer nada, escreveu na areia: “Hoje o meu melhor amigo deu-me uma bofetada!”
Continuaram a caminhar até que encontraram um oásis. Decidiram tomar banho. O amigo que tinha sido esbofeteado começou a afogar-se, mas o seu amigo salvou-o. Depois de recuperar-se, escreveu numa pedra: “Hoje o meu melhor amigo salvou-me a vida!”
O amigo que tinha dado a bofetada e salvo o seu melhor amigo, perguntou: “Quando te magoei escreveste na areia. Porquê?”
O outro amigo respondeu: “Quando alguém nos ofende devemos escrever na areia, onde os ventos do perdão possam apagá-lo. Mas quando alguém faz uma coisa boa, por nós ou para nós, devemos gravá-la na pedra, onde nenhum vento possa apagá-lo”.
Fiquei a pensar nesta história, em como ela retrata bem, (ao contrário), esta situação nas nossas vidas.
Com efeito, quando alguém nos magoa, nos ofende, “guardamos” essa ofensa, essa mágoa e deixamos muitas vezes que ela tome conta da nossa vida.
Mas quando alguém nos faz bem, agradecemos na hora, talvez ainda recordemos um pouco, mas muito rapidamente esquecemos, e às vezes até com o passar do tempo começamos a desvalorizar a ajuda que nos deram, deixando que pensamentos como, “não fez mais que a sua obrigação”, ou, “eu também lhe fazia o mesmo se pudesse”, tomem conta de nós e vão apagando da nossa memória o bem que nos fizeram.
O curioso é que, quando guardamos a ofensa, a mágoa, ela vai tomando conta da nossa vida e vai crescendo na dor e na amargura, de tal modo que, muitas vezes nos começa a levar para sentimentos de vingança, ou no mínimo de sentimentos onde desejamos que aquele, ou aquela que nos fez mal, sofra também o que nós sofremos, ou talvez até mais um pouco.
Assim, normalmente o que fazemos é “escrever o mal que nos fazem na pedra, e o bem que nos fazem na areia”.
Percebemos então que somos muito mais vulneráveis ao mal, e à tentação que ele nos traz, do que apegados ao bem, e ao amor que ele nos quer fazer viver.
Mas o que é interessante e que nós a maior parte das vezes não nos apercebemos, é que o mal, a falta de perdão, quando o permitimos, nos vai envenenando a vida, nos vai tornando amargos, rancorosos, não só com quem nos ofendeu, mas também com aqueles que nos rodeiam, e que por isso mesmo se vão afastando de nós.
Por outro lado o bem, se o guardamos, traz-nos alegria, paz, serenidade e vontade de viver, que se vai transmitindo àqueles que nos rodeiam e os torna também a eles mais felizes e desejosos de estarem connosco e partilharem connosco as suas alegrias e tristezas.
Sabemos tudo isto, sentimo-lo sem dúvida, e no entanto quando somos ofendidos a nossa primeira reacção não é normalmente o perdão.
E no entanto se fosse, seriamos bem mais felizes!!!
Monte Real, 31 de Maio de 2010
Joaquim Mexia Alves
http://queeaverdade.blogspot.com/2010/05/graca-do-perdao.html
1 comentário:
Mais que a pedra o coração é o lugar ideal para gravar as coisas boas.
Corre o risco de ficar "cheio"? Óptimo, assim não caberá nele nada de mau.
Bem hajas pelo escrito
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