É perfeitamente compreensível que quem adquiriu um comportamento desregulado ou vicioso tenha propensão para o justificar e até se auto-convença da normalidade do seu procedimento. O que espanta é a superficialidade com que tais procedimentos são olhados por outros como correctos e dignos de apoio legal, em nome da modernidade e do progresso – como se a modernidade implicasse necessariamente avanço civilizacional. A modernidade tanto “cria” progressos como retrocessos: o nazismo e o comunismo já foram muito modernos; e os modernos piersings e o nudismo já foram sinal de selvageria… O aborto oficializado, por exemplo, é um evidente retrocesso em direcção aos recuados tempos do direito de vida e morte sobre os filhos. Lamentamos hodiernamente a crise económica mundial, os danos causados no ambiente pela acção do homem, que muitos temem irremediáveis, o aumento da criminalidade organizada, a difusão do consumo de estupefacientes… E o que são tais crises senão retrocessos? Não só as civilizações avançam, regridem e morrem – sempre, é claro, nos tempos que foram as suas “modernidades” – como, também decorrem progredindo e regredindo simultaneamente, conforme os aspectos considerados. A par dos retrocessos, progredimos, por exemplo, no campo da electrónica ou da medicina…
Moderno e desejável não são pois sinónimos. Uma coisa não tem mesmo absolutamente nada a ver com a outra. Há, como sempre houve, inúmeros disparates modernos.
Esta entronização acrítica da modernidade – identificada com tudo o que se faz “lá fora”, sobretudo o mais aberrante – não passa da pacovice larvar da nossa índole colectiva, que importaria exorcizar.
Indiscutível é, de qualquer modo, que um disparate, antigo ou moderno, nunca pode constituir progresso.
Ora, é simples de ver que casamento entre pessoas do mesmo sexo – independentemente de questões de moralidade ou da natureza da homossexualidade – é um rematado disparate.
De facto, casamento existe e só existe – e, pois, também o respectivo enquadramento jurídico – porque a proliferação da espécie humana se faz pela junção de macho e fêmea.
Se o ser humano se reproduzisse por cissiparidade, como as bactérias, ou por auto-fecundação, como a ténia, alguém se lembraria de inventar um contrato de casamento?
Se os seres humanos tivessem todos a mesma conformação anatómica e, pois, para a conservação da espécie, fosse dispensável a união entre indivíduos de sexo distinto, a instituição “casamento” faria algum sentido? Teria sequer surgido?!
Em suma e repetindo: o contrato de casamento destina-se a enquadrar juridicamente situações inerentes à procriação. Só esse objectivo o originou e o justifica.
Do que evidentemente decorre que incluir nesse enquadramento situações estéreis por própria natureza é um contra-senso. Logicamente tão tolo como oferecer óculos a um cego ou música a um surdo.
Será que é também tolice, por inútil, tentar a cura da surdez e cegueira dos nossos governantes com radiações de lógica e bom-senso?
(Fonte: blogue ‘O Filosorfico’ AQUI)
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