"Deveis responder [por isso] diante Deus Todo-poderoso e perante os tribunais devidamente constituídos". A frase é de Bento XVI, dirigida aos sacerdotes e religiosos que cometeram abusos sexuais de crianças, e segue-se a uma constatação não menos pesada: “Traístes a confiança depositada em vós por jovens inocentes e pelos seus pais”.
O Papa – que age, normalmente, como pai – assumiu, este fim-de-semana, na carta enviada à Igreja irlandesa, sobre a pedofilia, a pose difícil e austera do juiz. Justifica-se. O escândalo que envolve a Igreja daquele país, cúmplice na ocultação, durante décadas, de um enorme número de caso de abusos sexuais, impunha uma contrição sem precedentes e a afirmação clara de que tal encobrimento: nunca mais!
Não se espera o aplauso das vítimas. Compreende-se, como reconhece Bento XVI, que lhes seja difícil “perdoar e reconciliar-se com a Igreja”. Mas esta não é uma entidade abstracta e não se confunde com a hierarquia. É constituída pela comunidade dos crentes unidos pela mesma fé.
Não adianta alegar que a percentagem de padres pedófilos é idêntica à de outras profissões ligadas a crianças ou que na Igreja católica estes crimes não são mais frequentes do que noutras confissões. Sendo verdade, não adianta recordar que Cristo nos ensina a condenar o erro e amar os que erram.
Com o Papa, enquanto crente, junto a minha voz ao pedido de desculpas, partilhando com ele a mesma enorme vergonha e remorso.
Graça Franco
(Fonte: site Rádio Renascença)
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