Porque estudamos os gregos e não estudamos tanto outros povos da Antiguidade? Porque tem tanta importância a cultura grega para a nossa cultura actual?
Perguntas como estas são feitas por
Ricardo Moreno, autor de um livro muito sugestivo: “Los griegos y nosotros:
De cómo el desprecio por la Antigüedad destruye la educación”.
É verdade que na Grécia Antiga se fizeram
coisas muito belas. Mas também é verdade que se fizeram coisas lindíssimas
tanto no Egipto como na Babilónia. No entanto, os gregos não só fizeram coisas
belas, mas reflectiram a fundo sobre o que significa a beleza.
Também desenvolveram a matemática,
como o fizeram de um modo parecido no Egipto e na Babilónia. Mas os gregos,
além disso, reflectiram sobre a natureza dos conceitos matemáticos. De igual
modo reflectiram sobre o amor e a amizade, a paz e a guerra, o heroísmo e a
covardia.
Eles não só produziam coisas, mas
reflectiam sobre aquilo que faziam. Ou seja, os gregos filosofavam.
E ao reflectirem com calma davam-se conta de que nem sempre a
técnica (por muito maravilhosa e inovadora que ela seja) está ao serviço do bem
integral do ser humano.
É uma ingenuidade perigosa pensar
que a técnica por si mesma significa um progresso do mundo actual. Para que
isso seja assim, ela deve estar acompanhada por uma reflexão que marque os seus
limites éticos e explore as suas possibilidades mais humanas.
A mesma energia atómica pode servir
para curar doenças ou para dizimar populações inteiras.
Duas grandes lições nos ensinaram os
gregos: o saber que reflexiona sobre si mesmo (filosofia) e o saber que é um
valor em si mesmo à margem da sua utilidade (cultura).
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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