«Uma senhora veio ao meu consultório com a sua filha de sete anos, que tinha uma irritação na garganta. Como a rapariga não abria a boca, fiz um sinal com a cabeça à senhora para que, com a sua autoridade materna, me facilitasse a minha missão médica.
- Querida, o doutor necessita ver a tua garganta. Não te importas de abrir a boca? Depois da consulta, prometo comprar-te um gelado.
A rapariga parou um momento a pensar. Depois, começou a clamar em altos brados:
- Não quero, não quero!
O que deveria ter sido um simples exame de poucos segundos converteu-se numa negociação materno-filial de vários minutos».
Ouvi esta narração há pouco tempo contada por um médico. Onde está o problema desta história? Na atitude mimada da rapariga?
Claro que não!
O único problema está na abdicação total da autoridade por parte da mãe.
Em vez de dizer à filha claramente o que devia fazer, a mãe da criança transformou a ordem que devia ter dado numa proposta negociável.
E, pior ainda, converteu a negociação numa espécie de suborno: se abres a boca agora, depois dou-te um gelado. Como se abrir a boca fosse uma acção de tão elevado mérito que “exigisse” uma generosa recompensa.
Quantos problemas na educação dos filhos procedem disto: da abdicação da autoridade dos pais. Com os filhos pequenos, não perguntes: ordena! (não significa que o faças como no serviço militar). Não negoceies: indica claramente o que devem fazer!
Porquê?
Porque possuis uma autoridade natural para indicar o bom caminho aos teus filhos. Porque se não exerces essa autoridade quando deves, eles, evidentemente, ficarão mal-educados. Não têm a capacidade, com essa idade, de se educarem a si mesmos.
Quando os filhos se tornam adolescentes, as explicações são mais apropriadas. No entanto, “explicar” não é sinónimo de “negociar”.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria
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