1. Pelo «caminho do justo descontentamento» têm ido e estão a ir-se embora as massas. Dói... Quantos ressentidos temos fabricado entre os que estão espiritual ou materialmente necessitados! É preciso voltar a meter Cristo entre os pobres e entre os humildes: precisamente entre esses é que Ele se sente melhor. Sulco, 228
2. «Os pobres – dizia aquele amigo nosso – são o meu melhor livro espiritual e o motivo principal das minhas orações. Dói-me a sua dor, e dói-me o sofrimento de Cristo neles. E, porque me dói, compreendo que O amo e que os amo». Sulco, 827
3. Servir e dar formação às crianças; tratar com carinho dos doentes. Para se fazer entender pelas almas simples, é preciso humilhar a inteligência; para compreender os pobres doentes, é preciso humilhar o coração. E assim, com o entendimento e com a carne ajoelhados, é fácil chegar a Jesus, pelo caminho seguro da miséria humana, da miséria própria, que leva a aniquilar-se, para deixar que Deus construa sobre o nosso nada. Forja, 600
4. Um homem ou uma sociedade que não reaja diante das tribulações ou das injustiças e se não esforce por as aliviar, não é um homem ou uma sociedade à medida do amor do Coração de Cristo. Os cristãos – conservando sempre a mais ampla liberdade quando se trata de estudar e de pôr em prática as diversas soluções, segundo um pluralismo bem natural – terão de convergir no mesmo anseio de servir a humanidade. Se não, o seu cristianismo não será a Palavra e a Vida de Jesus: será um disfarce, um embuste feito a Deus e aos homens. Cristo que passa, 167
5. Não é lícito encerrar-se numa religiosidade cómoda, esquecendo as necessidades dos outros. Quem deseja ser justo aos olhos de Deus também se esforça para que a justiça se realize de facto entre os homens. E não apenas. pelo bom motivo de que o nome de Deus não seja injuriado, mas porque ser cristão significa captar e corresponder a todos os anseios nobres do homem. Parafraseando um texto conhecido, do Apóstolo S. João, pode-se dizer que mente quem afirma que é justo com Deus mas não é justo com os outros homens; e a verdade não habita nele. Cristo que passa, 52
6. Compreende-se muito bem a impaciência, a angústia, os inquietos anseios daqueles que, com uma alma naturalmente cristã, não se resignam perante a injustiça individual e social que o coração humano é capaz de criar. Tantos séculos de convivência dos homens entre si, e ainda tanto ódio, tanta destruição, tanto fanatismo acumulado em olhos que não querem ver e em corações que não querem amar! Os bens da Terra, repartidos entre muito poucos; os bens da cultura, encerrados em cenáculos...E, lá fora, fome de pão e de sabedoria; vidas humanas – que são santas, porque vêm de Deus – tratadas como simples coisas, como números de uma estatística! Compreendo e compartilho dessa impaciência, levantando os olhos para Cristo, que continua a convidar-nos a pormos em prática o mandamento novo do amor. Cristo que passa, 111
7. Todas as situações que a nossa vida atravessa nos trazem uma mensagem divina, nos pedem uma resposta de amor, de entrega aos demais. (…) É preciso reconhecer Cristo que nos sai ao encontro nos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada; entrelaça-se com as demais. Nenhuma pessoa é um verso solto; todos fazemos parte de um mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade. Cristo que passa, 111
8. Viver pensando nos outros, usar as coisas de tal maneira que haja algo para oferecer aos outros, tudo isso são dimensões da pobreza que garantem o desprendimento efectivo. Temas actuais do Cristianismo, 111
9. Anuncia-se o Evangelho aos pobres (Mat. 11, 5), lemos na Escritura, precisamente como um dos sinais que dão a conhecer a chegada do Reino de Deus. Quem não amar e viver a virtude da pobreza não tem o espírito de Cristo. E isto é válido para todos, tanto para o anacoreta que se retira para o deserto, como para o cristão corrente que vive no meio da sociedade humana, usando dos recursos deste mundo ou carecendo de muitos deles. Temas actuais do Cristianismo, 110
10. Fazendo-me eco de uma expressão do Profeta lsaías – discite benefacere (1, 17) –, agrada-me dizer que é preciso aprender a viver toda a virtude, e talvez a pobreza muito especialmente. É necessário aprender a vivê-la para que não fique reduzida a um ideal sobre o qual se pode escrever muito, mas que ninguém realiza seriamente. É preciso fazer ver que a pobreza é um convite que o Senhor dirige a cada cristão e que é – portanto – chamada concreta que deve moldar toda a vida da humanidade. Temas actuais do Cristianismo, 110
Sem comentários:
Enviar um comentário