No dia 10 de janeiro de 2019 a TVI exibiu no Jornal da 8 uma reportagem da autoria da jornalista Ana Leal. A mesma baseou-se na manipulação de um conjunto de gravações, obtidas de forma ilegal, onde tentou passar uma ideia falsa da minha pessoa e da minha prática profissional.
Ao abrigo do direito de resposta e a fim de repor a verdade, enviei TVI o seguinte comunicado que não foi transmitido:
1. Não faço, nem defendo, terapias de conversão. Não defendo qualquer tipo de condicionamento da pessoa. Defendo que a pessoa deve ser livre de escolher o seu estilo de vida e quando se sente desconfortável com alguma circunstância da sua vida, deverá poder procurar o apoio de um terapeuta. O trabalho deste é ajudar a crescer em liberdade e autoconsciência de modo a poder escolher o que entende ser melhor para si.
2. A minha abordagem clinica é existencialista e personalista. Significa que considero que é inerente à dignidade humana ser amado e não alvo de instrumentalização ideológica.
3. Na prática clínica não faço intervenções da área da religião. Como cidadã, reservo-me o direito de guiar grupos de acompanhamento espiritual e pastoral, que não são relações terapêuticas e nada têm a ver com a minha profissão.
Em relação ao trabalho jornalístico da Ana Leal e da TVI:
1. É lamentável a forma criminosa como os dados foram recolhidos, a ausência de contraditório na própria reportagem e a forma tendenciosa como foi montada e como foram colocadas as questões.
2. É gravíssimo que a jornalista tenha aceitado ser cúmplice da devassa de dois espaços da maior intimidade: o local de encontro das pessoas com o sacerdote e com o psicólogo ou psiquiatra.
3. É igualmente grave que a TVI tenha exibido imagens onde estão identificadas outras pessoas que têm direito à sua privacidade. Posso ser a voz deles, mas não posso evitar que vejam as suas vidas expostas pelos atos criminosos de pessoas sem escrúpulos.
Cada um é livre de escolher o seu caminho sem ser condicionado por ditaduras ideológicas. Como disse o psicanalista Bruno Bettelheim “A paz numa sociedade totalitária conquista-se à custa da morte da alma”. É contra esta paz forçada de um povo anestesiado que eu luto, a favor da liberdade individual de cada um, sempre.
Maria José Vilaça
Algumas notas que acrescento agora:
Não confundo surtos psicóticos com atração pelo mesmo sexo. O que passou na reportagem foi um truque de edição de imagens.
A reportagem mistura gravações atuais com imagens gravadas em 2008.
A Ana Leal, vendo a totalidade das gravações, escolheu conscientemente as partes a mostrar, de modo a deturpar o meu pensamento.
Digo a todas as pessoas que atendo, com atração pelo mesmo sexo, que não faço terapias de conversão.
A TVI protegeu o autor das gravações, mas não se preocupou em proteger o direito à privacidade das pessoas filmadas, algumas das quais já foram identificadas por terceiros.
A existência de uma sociedade secreta é uma falsidade. A Igreja respeita o desejo de anonimato das pessoas que se dirigem livremente a ela.
Como é publico A Igreja proporciona grupos de autoajuda e acompanhamento de pessoas nas mais diversas situações.
O objetivo de linchamento público fica comprovado com a passagem de conversas que nada têm a ver com o tema da reportagem.
Recebo, no meu consultório, pessoas ateias, de diversas denominações cristãs e de outras religiões não cristãs e não faço qualquer distinção entre as pessoas que acompanho.
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