A partir do dia 17 de dezembro, a espera de Jesus torna-se santamente impaciente: Aquele que há-de vir, virá sem demora, e já não haverá medo na nossa Terra, porque Ele é o nosso Salvador [9]. Quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, guardemos silêncio e deixemos que o Menino nos fale; gravemos no coração as Suas palavras, sem tirar os olhos do Seu rosto. Se O tomarmos nos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, dar-nos-á a paz do coração que jamais terá fim. Este Menino mostra-nos o que é verdadeiramente importante na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque não há lugar na estalagem para Ele e a Sua família. Encontra abrigo e proteção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais. E no entanto, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus [10].
Quando o trato com Deus adquire este sabor sereno e feliz tão caraterístico do presépio de Belém, nasce também à nossa volta, como fruto maduro, um ambiente familiar mais intenso e pleno de alegria, tão próprio destes dias. Por isso a Igreja nos exorta a dispor melhor o coração durante o Advento, e anima-nos a esquecer pequenas queixas, ruídos que nos distraem, a superficialidade do imediato... Talvez andemos ocupados com muitos assuntos, e nos falte sossego na intimidade com Deus. Se conseguirmos manter a calma no relacionamento com o Senhor, também a poderemos transmitir aos outros: o convívio mais próximo nos dias de Natal afastar-nos-á de discussões, aborrecimentos, impaciências ou ligeirezas, e poderemos saborear o descanso e a oração em conjunto, criar bons momentos em família, superar de preconceitos ou irritações que possam ter ficado na alma.
Não vos preocupeis se, apesar da nossa boa vontade, algumas vezes nos assaltam as distrações nas práticas de piedade. Mas lutemos por adquirir a necessária fortaleza sobrenatural e humana para as rejeitar. Renovemos com perseverança o nosso desejo de construir dentro de nós um presépio vivo, onde acolhamos Jesus, à base de tempos de oração diante do presépio, mesmo que por vezes nos pareça que estamos com a cabeça nas nuvens. Lembrai-vos então que S. Josemaria não desanimava ao ver-se assim, nalguns momentos seus diante do Senhor. Em 1931, anotava: Conheço um burrico de tão má condição que, se tivesse estado em Belém com a vaquinha, em vez de adorar, submisso, o Criador, teria mas é comido a palha da manjedoura[11]. Assim, enche-me de alegria que se mantenha em muitos países o costume cristão de fazer um presépio em casa.
Não deixeis de vos lembrar, especialmente nestes dias, das pessoas sós ou mais necessitadas, e a quem podemos ajudar de uma forma ou de outra, conscientes de que os primeiros beneficiados somos nós. Procurai comunicar esta solicitude tão cristã a familiares, amigos, vizinhos, colegas: que detalhe bem cristão, entre tantos outros, o de alguns fiéis da Obra que vão dar de comer e de beber a pessoas sem abrigo durante algumas noites, e também aos que se ocupam na vigilância do descanso dos cidadãos.
Antes de acabar estas linhas, quero agradecer de novo ao Santo Padre o afeto que me manifestou na audiência do passado dia 7 de novembro, e a bênção que deu aos fiéis e aos apostolados da Prelatura. Continuai a rezar pela sua pessoa e pelas suas intenções, com a firme esperança de que Jesus Cristo derrame abundantemente, no próximo Natal, os Seus dons sobre a Igreja, o Romano Pontífice e sobre todo o mundo.
E recorramos de modo muito filial a Nossa Senhora durante os dias da Novena à Imaculada Conceição. Sintamos a alegria santa de sermos filhos de tão boa Mãe, que com a sua atuação – como S. Josemaria lembrava – nos coloca face a face com Jesus. Esta íntima relação com ela também nos impelirá a aumentar com alegria a nossa proximidade com as doentes e os doentes. Não deixeis de meditar sobre o carinho e a paternal proximidade com que o nosso Fundador nos acompanhou já no primeiro Natal na História da Obra: a sós com Deus, com Maria e José, e com cada um e cada uma das suas filhas e dos seus filhos que viríamos ao Opus Dei.
[9]. Missal Romano, 19 de dezembro, Antífona de Entrada (cfr. Heb 10, 37).
[10]. Papa Francisco, Homilia, 24-XII-2015.
[11]. S. Josemaria, Apontamentos íntimos, n. 181 (25-III-1931). Cit. em J. L. Soria, “Maestro de buen humor”, Rialp, 3ª ed., Madrid 1994, p. 91.
(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de dezembro de 2016)
[10]. Papa Francisco, Homilia, 24-XII-2015.
[11]. S. Josemaria, Apontamentos íntimos, n. 181 (25-III-1931). Cit. em J. L. Soria, “Maestro de buen humor”, Rialp, 3ª ed., Madrid 1994, p. 91.
(D. Javier Echevarría excerto da carta do mês de dezembro de 2016)
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